João nasceu no sítio de seu pai, no bairro de Mato Alto, em Piracicaba, no dia 24 de novembro de 1876. Foi filho de José Mendes Martins e Umbelina Mendes de Almeida.
João Mendes estudou uns poucos meses em escola particular, mas sempre se interessou por ler e estudar. Gostava muito de problemas aritméticos e sempre estava lendo algum livro. Gostava de novela de rádio, mas só idoso teve um aparelho desses, quando se mudou para Piracicaba.
Anna Olympia (Nicota), nasceu em Tietê no dia 30 de outubro de 1882, filha de João Pedro da Silveira e Ana Augusta da Silveira. Ela perdeu o pai aos dezesseis anos de idade e a mãe aos dezenove.
Quinze dias após o nascimento de Anna, sua mãe ficou muito doente e o bebê foi levado pelos tios Salvador Raimundo da Silva Coelho e Olympia Corrêa da Silveira, vivendo na fazenda Congonhal, no bairro de Salto das Pederneiras, no município de Tietê.
Nicota estudou em Sorocaba onde aprendeu a ler e a escrever.
De volta à casa dos tios, cuidava da casa e fazia todos os afazeres domésticos (cozinha, costura, trabalhava no monjolo etc.). Lá recebeu a notícia da morte da mãe.
Ia umas poucas vezes a Piracicaba, fazer compras. Outras vezes ia a festas em Saltinho, as quais muito prazer lhe davam.
João e Anna Olympia casaram-se em Piracicaba no dia 3 de janeiro de 1903, tendo o casamento sido tratado entre Salvador (tio da Nicota) e João Mendes (ACDPirac, Livro nº 10 de Casamentos, fls. 24).
Iniciaram a vida conjugal numa casa que o pai de João mandara construir para eles a pouco mais de cem metros de sua própria casa, no Mato Alto.
O casal criou a preta Brasileta até ela se casar com Paulino. Essa Brasileta foi filha de Rosa, ex-escrava de Salvador Raimundo Coelho.
Rosa se casou e foi para Tietê com seu marido Quirino e Maria Isabel (menor, irmã de Rosa). Lá, Rosa e Quirino tiveram Brasileta e Isaías.
Quirino era muito ciumento. Numa tarde, Rosa voltou do ribeirão com uma bacia de roupa lavada. Quando deitou a bacia no chão, o marido veio por trás e com uma foice degolou a infeliz.
Sabendo do ocorrido, Salvador e sua mulher Olympia foram de cabriolé buscar as crianças. Ficaram com Maria Isabel e Isaías. Confiaram Benedito à filha Isabel (mulher de Vital Mendes Martins) e Brasileta à sobrinha Nicota.
Só em 1940 saíram de Mato Alto para o Barreirinho, trabalhando com o genro Benedito Mendes Pereira, como terceiro dessas terras. Nelas plantavam fumo, arroz, feijão, milho, algodão e café. Nessa ocasião se casa o filho Francisco, que passou a morar em casa perto da deles e que com eles trabalhava a terra. Depois, o casal foi para o bairro Manduca Coelho, onde arrendou um terreno para plantar algodão.
A filha Zica disse que moraram no Salto das Pederneiras (entre 1945 e 1949). No Manduca Coelho, não demorou muito tempo mudando-se para a fazenda Primavera da Usina Central, onde viveram por 1 ou 2 anos. Nessa, investiu o resto do dinheiro que ainda sobrava da venda do sítio de café do Mato Alto à família Urbano. Ali plantou cana-de-açúcar para a Usina. O empreendimento, contudo, fracassou e a família empobrecida deslocou-se para o bairro Frota, na saída para São Manuel, em 1950, onde seus filhos lavravam cana e cereais em terra arrendada (Chácara Boa Vista).
Já nessa época João não podia trabalhar com os filhos, por ser muito idoso para tanto. Aliás, desde o Manduca Coelho que João não ia com os filhos à roça. Sua participação restringia a levar-lhes a refeição, o que fazia com pontualidade e dedicação notáveis.
Assim, em 1956 deixou os filhos cada um por sua conta plantando cana-de-açúcar e foi morar com a esposa e o filho Marino, então casado e motorista do Frigorífico de Piracicaba, numa casa na Vila Resende, subúrbio de Piracicaba.
Estabeleceu-se na rua Campinas (bairro Jaraguá) até que se desocupasse a casa na rua Erotildes de Campos. De lá foram para a rua Barão de Valença, na Vila Resende.
Na cidade, Nicota teve um derrame. Eles tinham ido à casa da filha Olímpia , para que ela fosse ao dentista. Nicota passou mal e foi chamado o Dr. Correia, que a medicou. Vendo João Mendes, o médico disse que ele estava mais doente que ela. De fato, enquanto ela se recuperou lentamente, João adoeceu dias depois e faleceu a 15 de novembro de 1958, em sua casa na Vila, sendo seu corpo levado para o cemitério daquela cidade.
Viúva, Anna Olympia mudou-se para a casa da filha Lázara. Mulher calma e trabalhadeira, quando lhe faltou o serviço de casa a que estava acostumada, dedicou-se às orações, outra de suas atividades, com mais frequência. Senhora de elevadas virtudes cristãs, mais de uma vez foi surpreendida pela filha doando roupas e agasalhos a pedintes. Repreendida, limitava-se a responder que ele (pedinte) precisava mais das roupas que ela. Tinha por traços marcantes a calma e a bondade.
Nicota gostava de passear de carro, de vez em quando ia dar uma volta pela cidade quando o filho Marino arrumou emprego de motorista no frigorífico.
Com a filha morou até 1964, quando faleceu a 12 de outubro. Foi sepultada, também, no Cemitério público de Piracicaba.