Crônica das Origens da Família

Biografias


24.José Mendes Martins

25. Umbelina Mendes de Almeida

          José nasceu na fazenda do pai, no bairro de Mato Alto, a 6 de agosto de 1833, primogênito de Félix Mendes Camargo e Maria Martins de Aguiar.

          Umbelina foi filha de Antonio Mendes de Almeida e Maria Luísa da Rosa, nascendo a 7 de setembro de 1841. Foi batizada pelos tios e futuros sogros Félix e Maria (ACDPirac., Livro nº 4, Batismos de Piracicaba, fls. 138).

          Casaram-se em Piracicaba, no dia 27 de dezembro de 1859 (ibidem, Livro nº 3, Casam. Piracicaba, fls. ).

          Em 1862 moravam com os pais de José.

          Enquanto a saúde e a idade permitiram, José participou de tropas de burros a Santos para levar café para a exportação. Essas viagens duravam mais ou menos dois meses, por caminhos íngremes e à beira dos desfiladeiros da Serra do Mar. Já velho, quando soube que o trem iria descer a serra manifestou forte ceticismo. Dizia que se de burro já era difícil, como haveria a locomotiva de fazê-lo?.

          Residiam no Mato Alto onde plantavam café para vender e gêneros de consumo (milho, feijão, arroz e outros). Tinham, também para uso familiar, gado e cavalos. Entre eles o cavalo Sanho, que só ele montava quando ia inspecionar o cafezal. O café era vendido a compradores que iam buscá-lo (entre os quais Bartolo Pivetta e Clorindo Cassano). Uma ocasião José Mendes levou café diretamente a Santos, em tropa, mas levou prejuízo. Lembram seus netos que certa feita um comprador perguntou quanto queria pela saca de café. Diante da resposta de 28 mil réis, esse comprador ofereceu 30 mil réis, dizendo ser preço que tinha pago a um outro vendedor. Esse negócio dá a medida da honestidade de certas pessoas.

          O café era transportado em lombo de burro ou em carroça da fazenda para Piracicaba.

          José tinha um livro de homeopatia, a partir do qual aviava receitas para os vizinhos e empregados. Seu filho João herdou o livro e os fregueses do pai.

          Tinham casa na rua Ipiranga, da qual alugavam parte para um sapateiro. Nessa casa ficavam sempre que iam a Piracicaba.

          José tinha boa saúde, mas não podia com carne de porco. Velho, foi acometido de câncer nos lábios. O Dr. Coriolano quis operá-lo, mas ele não aceitou. Foi pensado em Piracicaba e voltou ao sítio, onde passava os dias em sua rede.

          Os netos lembram deles como pessoas muito claras. José usando barbas, muito sério e íntegro. Umbelina era baixinha e gordinha, ambos muito católicos. Frades de Piracicaba iam frequentemente celebrar missa em sua casa.

          Criaram Benedita Mendes, nascida em 1888 (e vivente em 1987), filha de uma escrava do casal. Essa Benedita foi casada com Francisco de Carvalho.

          Umbelina também passava seu tempo em rede, deixando à filha adotiva Benedita a administração da casa. Sofria de diabete e das pernas.

          Ele gostava muito de quermesses, leilões e festas religiosas. E suas diversões praticamente se resumiam a esses eventos.

          Umbelina faleceu de arteriosclerose a 6 de maio de 1916 (Cart. Godoy, Livro XX-XIX de Óbitos, fls. 67) e foi de coche a Piracicaba, onde foi sepultada na quadra 32, rua 4, do Cemitério Municipal. O marido morreu a 16 de outubro de 1923. Ambos foram enterrados no Cemitério de Piracicaba. Do sepultamento de José, seu neto Francisco Silveira Mendes se lembrava que o féretro partiu levando o caixão num coche aberto do Mato Alto a Piracicaba, puxado por duas parelhas de cavalos.

          O casal deixou o sítio (68 alqueires) no Mato Alto, onde plantou 18 mil pés de café, e uma casa na rua Boa Morte, esquina com a rua Ipiranga.