José nasceu em Capivari (SP), no dia 20 de outubro de 1848 (ou 1838 conforme várias listas eleitorais), filho de Roque Teixeira de Souza e sua terceira esposa Ana Martins da Silva.
Primeiramente foi casado (por volta de 1865) com sua meio-sobrinha Luísa Olímpia Rodrigues, filha de Antonio Manuel Rodrigues e Gertrudes Teixeira de Souza (ACDPirac, Casam. Tietê, s/nº, fls. 86v). Em 1871 o casal vivia como lavradores em Tietê.
Luísa Olímpia morreu em 25 de fevereiro de 1885, sem testamento, e foi sepultada no cemitério do Bom Retiro, próximo ao Arraial de São Bento.
Ela deixou como herança algumas juntas de bois, algum gado e o sítio Bom Retiro (18 alqueires, dividido com Francisco de Almeida Prado, Francisco José da Rosa, Amâncio da Silva Guimarães, Francisco da Luz e Joaquim Teixeira).
Para não deixar os filhos sem mãe, como alega no processo de dispensa matrimonial corrido em Sorocaba, José voltaria a se casar neste ano mesmo. A 15 de agosto de 1885 recebeu por esposa à sua parenta (sobrinha de sua finada mulher e neta materna de sua meio-irmã Gertrudes) Carolina da Silva Martins (depois "Martins da Silva"), nascida a 20 de janeiro de 1871, filha de Amâncio da Silva Guimarães e Ana Ribeiro Rodrigues.
José continuou morando no 8º Quarteirão de Tietê (Arraial de São Bento), onde herdou parte dos bens da mulher. Já ali morava com a primeira esposa e lá continuou com a segunda.
Foi tutor de seus cunhados quando faleceram seus sogros (1891 e 1893).
Carolina vivia com os pais e teve sua infância rodeada pela pobreza, como alega no processo que correu para casar-se com seu marido e parente. O sítio de seu pai apenas produzia para subsistência. O que equivale a dizer que viviam de dieta pouco diversificada, sem condições de adquirir nada que pudesse significar maior conforto material. Seus passeios resumiam-se a esporádicas visitas a parentes em Capivari ou festas religiosas locais. Além do mais, justificou seu casamento com José pela "estreiteza" do lugar e que, sendo aparentada do marido, poderia ser melhor mãe para os filhos dele que uma estranha à família.
No Arraial, José amealhou fortuna adquirindo pequenos sítios de lavradores em dificuldades financeiras. Dessa forma fundou em Pederneiras a fazenda Bom Jardim, conhecida por Fazenda Velha, com 100 alqueires, no bairro da Milhã. Neles plantava cereais, café e criava gado e porcos. Desses, vendia caminhões e caminhões para o mercado de Tietê. Além disso, arrendava outros sítios para plantio.
Também conseguiu dinheiro vendendo o café que lhe traziam os escravos de cafeicultores. Quando os cativos dos sítios vizinhos roubavam café de seus amos, vendiam-no para José, em troca de panos e mantimentos do armazém dele.
Em sua fazenda Bom Jardim, foi despachante, cuidando de registros civis e de terras. Todas as vezes que alguém necessitava de uma escritura, de um registro de propriedade, de uma certidão, procurava o Teixeira, que ia conseguí-la em Tietê.
Foi talvez um abolucionista de primeira hora, posto que jamais tivesse tido escravos por ser contra este regime.
Tinha uma estranha obsessão por dinheiro, a ponto de obrigar a própria mulher e filhas a venderem galinhas e porcos que elas criavam para pagar os artigos que tiravam de seu armazém na fazenda do Bom Retiro. Talvez fosse uma lição de que o necessário só seria obtido pelo trabalho. Nunca ninguém soube dizer o que realmente José queria com essa avareza.
Consta que era um homem ciumento. Ele estava velho (aliás, era assim que Carolina a ele se referia, na sua ausência, é claro) e ela jovem e bonita. O ciúme, aliado à arteriosclerose, tornou a vida do casal mais difícil. Em algumas ocasiões sua mente, já fraca, imaginava que a esposa iria traí-lo. Ficava fulo, armava-se com uma faca e gritava que ia matar Carolina. Esta, com medo, escondia-se no chiqueiro ou no paiol, lá dormindo enquanto o filho Ataliba vigiava o pai. Após raiar o dia, José invariavelmente perguntava onde Carolina estivera e a paz voltava ao lar até o próximo ataque de ciúmes dele.
José, talvez já adoentado, fez testamento no dia 1º de março de 1919. Dele se lembram os netos como um velho alto e claro que os assustava. Aos netos ameaçava pegá-los, ou dizia (da filha de Belentina e dos filhos dela): "olha a coisa ruinzona e as coisas ruinzinhas".
Doente, tinha se mudado para Piracicaba, inicialmente morando na rua Boamorte e depois na rua D. Pedro II. Lá seu estado se agravou e no dia 30 de junho (1º de julho, diz o inventário) de 1925 ele morreu. Seu corpo foi levado para o Cemitério Municipal, onde foi enterrado.
Deixou cem alqueires de terras no bairro Pederneiras, vários créditos hipotecários e uma caderneta da Caixa Econômica.
Tornando-se viúva, Carolina voltou ao Arraial. Com a herança do marido, pôde fazer o que não fizera até então: promovia festas, recepções aos parentes, viajava. Autoritária como sempre foi, não admitia as críticas dos genros, que veladamente maldiziam a dissipação da herança que, em última análise, passaria para as mãos deles após a morte de Carolina. Os críticos mais azedos eram, sem dúvida, Bento de Moraes e Antônio de Moraes. O segundo tinha algum salvo-conduto por cuidar dos negócios e bens de Carolina. Às vezes, quando a briga entre ela e Antonio esquentava por demais, Carolina mais tarde se desculpava, dizendo estar muito nervosa. Mas, ainda assim, as relações entre ambos era apenas formal, tanto que Antônio não pronunciava o nome dela em hipótese alguma.
Neste estado de coisas, Carolina aproveitando os últimos anos de vida e os genros temendo não herdarem nada, a matrona viajou em março de 1934. O destino não é bem conhecido por ninguém. Uns dizem que Carolina foi pagar uma promessa em Aparecida do Norte, outros que ia pagar uma dívida de Bento de Moraes em Piracicaba. Esse dizia que ela fôra desmanchar um seu negócio de algodão. Talvez apenas o álcool tivesse fornecido esta hipótese a Bentinho. O fato é que Carolina voltava de Piracicaba de ônibus e Bentinho foi esperá-la na estrada.
Dia 11 de março de 1934 (o inventário de bens dela diz 10 de março), uma tarde quente. Na estrada, Bento suava e arquitetava. No ônibus, sobre o caminho de terra e pedregulhos, o calor se misturava à poeira. Carolina ansiava por chegar em casa e livrar-se do pó num banho confortador.
Chegando ao lugar onde devia saltar do ônibus e tomar uma estrada para o sítio, Carolina divisou Bento esperando. De assalto, um inquietação tomou Carolina. Que fazia Bentinho ali na espera ? Algo teria acontecido em casa ? Estaria ele tramando alguma contra ela ?.
Parado o ônibus, ela desceu e viu o genro se aproximando. Rápido como um raio, ela sacou uma arma, que luziu duas vezes. No ônibus, estarrecidos, os passageiros ouviram dois estampidos e viram alguém fugindo a cavalo. No chão, sem vida, estava Carolina que até há alguns momentos atrás estivera ao lado deles no ônibus.
O corpo da matrona permaneceu na estrada durante todo o dia à espera do legista, ao lado da condução que a trouxera à morte. Por fim, ao entardecer foi levado a Piracicaba, onde recebeu sepultura no Cemitério Municipal, ao lado do marido (Cart. Reg. Civil de Tietê, Óbitos, Livro C2, fls. 101 e 101v).
Bento foi preso em Cerquilho, para onde havia fugido em seguida ao crime. Em 11 de abril desse mesmo ano, Bentinho nomeia procurador em sua chácara Paraíso, o que demonstra ter conseguido a liberdade.
Ela deixou 100 alqueires de terras no Arraial de São Bento, 1 lote no mesmo bairro (8 1/3 alqueires, comprados ao Dr. Fernando Ferraz de Arruda), um prédio na rua D. Pedro II (em Piracicaba, havido em hasta pública) e alguns créditos hipotecários.