Francisco nasceu na freguesia de São João Batista de Cepins, em Portugal. Foi filho de Manuel Fernandes Romindo e Maria Pereira.
Maria nasceu em Ventosa, bairro de Mascano, no dia 24 de agosto de 1738, filha de Alexandre Pires e Maria Baptista.
Francisco e Maria se casaram na freguesia de Ventosa, Aveiro, a 23 de novembro de 1768.
Residiam no local chamado Fontes, em Aveiro.
Antonio nasceu no dia 21 de agosto de 1761 na freguesia de S. Pedro de Castelões de Cambra, na Vila da Freira, em Aveiro, Portugal. Foi filho de Manuel da Silva e Maria Martins.
Joaquina Angélica nasceu em São Paulo (SP), onde foi batizada no dia 9 de junho de 1765, filha de Manuel Pereira Crispim e Francisca Maria da Encarnação(ACMSP, Sé, Batizados, um dos livros, fls. 165v, transcrito nos autos dos banhos de casamento):
"Aos nove de Junho de mil settecentos e sessenta e sinco com minha licença bautizou o Pe Ignacio de Azevedo a Joaquina, filha de Manoel Pereira Crispim, e de sua mulher Francisca Maria da Encarnasam: foram Padros. Francisco (...) Aires e sua mulher Joanna Bautista todos desta Freguesia, de que fis este assento, que assignei. O Coadjutor Antonio de Ramos Borba"
Antônio partiu do Porto para o Rio de Janeiro em 1781. De lá, três ou quatro meses depois, veio para São Paulo, estabelecendo-se em Cotia.
Conheceu Joaquina Angélica em São Paulo e após habilitação canônica (ACMSP, Habil. Matr., proc. 5.75.1506, fls. 2), com ela se casou em 1783, como mostra a seguinte certidão (ACMSP, Cas. Sé, Livro 1-2-16, fls. 17):
"Aos tres de Julho de mil settecentos e oitenta e tres annos nesta Sé pelas oito horas da manham feitas as denunciasoins sem impedimento, com Provizam em minha prezença e das Testemunhas o Doutor Miguel Carlos de Carvalho e de Marcelino Francisco da Silva, se recebeu em Matrimonio Antonio Martins da Silva natural da freguezia de Casteloins Arcebispado de Braga filho legitimo de Manuel da Silva, e de Maria Martins, nam dis o nome dos Avos; com Joaquina Angelica de Vasconcellos natural desta Cidade filha legitima de Manuel Pereira Crispim, e de Francisca Maria da Encarnaçam neta pela parte paterna de Luis Pereira, e de Maria Correia, aquelle do Conselho de Baiam, e do paso da Regoa esta; pela parte materna de Alexandre Francisco, natural de Santarem, e de Gertrudes Maria natural desta Cidade e ambos os contrahentes naturaes e freguezes desta Sé, e logo receberam as bensoins de que fis este assento que assignei.
O Cura Firmiano Dias Xavier"
Em 1798, Antonio era comerciante de tecido que mandava buscar no Rio de Janeiro e sargento do corpo de milícias da cidade (cargo que exercia ainda em 1805).
No ano de 1804 a 1807 residia na rua do Rosário (atual Rua XV de Novembro). Em 1813 aparece morando na Travessa do Comércio.
Em 1814 adoece seriamente. No ano de 1815 residiam na rua Cachoeira, iniciada no Campo dos Curros, no bairro de Santa Efigênia, quando Antonio era alferes.
Ele faleceu em São Paulo no dia 28 de setembro de 1815 e foi sepultado no cemitério da Ordem Terceira de São Francisco. Deixou muitíssimos côvados de tecidos (panos e retalhos), além de instrumentos de barbearia, carpintaria e sapataria (certamente de uso doméstico).
Joaquina vivia de suas costuras em 1836, morando com a filha Ana Maria (que tinha renda do aluguel de uma sua casa). Morreu a 1ð de fevereiro de 1843 ( o inventário diz 1844) e foi enterrada no mesmo cemitério que o marido.
132. Clemente José Gomes Camponeses
Clemente José nasceu na freguesia de N. Sra. da Encarnação de Alcorim, em Lisboa, Portugal. No Arquivo Nacional da Torre do Tombo há a seguinte certidão:
"Aos dezanove dias do mes de Janeiro de mil sette Centos e quarenta baptisei a Clemente filho de Domingos Gomes da Freguesia da See de Faro; e de sua mulher Maria Rita na dita Sée baptizados, e recebidos na Misericórdia desta cidade moradores na Travessa da Agua de Flor. Foi Padrinho Leandro Joze.
O Coadjutor Carlos Antonio Noronha"
Clemente José foi filho, como se vê acima, de Domingos Gomes Camponeses e Maria Rita Rodrigues.
Ana Maria, abandonada pelos pais, foi batizada no dia 30 de janeiro de 1747, exposta na casa de Isabel Pais (ACMSP, Sé, Batizados, um dos livros, fls. 144, transcrito no processo de habilitação canônica para o casamento deles):
"Aos trinta dias do mês de Janeiro de mil e settecentos e quarenta e sette baptizou e pos os Santos Oleos nesta Sé o P. Coadjutor a Anna Maria, digo, o P. Coadjutor João Roiz' Pais a Anna Maria, exposta e caza de Maria Pais: forão padrinhos João de Brito, casado, e Anna Maria, mer de Antonio da Costa Varela, fregueses desta Cide, de que fis este assento que assiney. Manuel (...) Vas.
Como piloto-praticante, Clemente José saiu de Lisboa nas naus da guarda-costa em 1754. Nesse ofício esteve por seis anos, indo de Lisboa à Bahia, regressando à capital do Reino e, daí, para o Rio de Janeiro. Tudo isso vai declarado no processo de banhos canônicos para o casamento, que respondeu em São Paulo (ACMSP, Hab. Matr., proc. 4.84.640, fls. 73 a 104).
No Rio de Janeiro esteve por três ou quatro anos residindo na freguesia de Santa Rita. Em abril de 1762, veio para São Paulo, onde conheceu Ana Maria, com quem se casou na igreja da Sé.
"Aos onze de Fevereyro de mil e sete centos e sesenta e quatro annos nesta se de manha, feitas as denunciaçoens Costumadas sem se descobrir impedimento algum como me constou de Provizão do Muito Reverendo Doutor Vigario Geral Antonio de Torres e Cunha que fica em poder do Muito Reverendo Doutor Cura Antonio de Tolledo Lara, de cuja licença em minha prezença e das testemunhas Hyeronimo de Crasto Guimaraens e Antonio Bernardino de Senna pessoas conhecidas, se receberão solemnemente em face da Igreja por palavras por Procuração que em seu nome aprezentou o Capitam Felix Eloy do Valle como procurador de Clemente Joze Gomes Camponezes, filho legitimo de Domingos Gomes Camponezes, e de sua mulher Maria Ritta natural da freguezia de Nossa Senhora da Encarnação do Patriarcado de Lisboa. Com Anna Maria da Purificação filha de Pays incognitos natural desta Sé, e Logo lhe dey as bençoens Conforme os Ritos Ceremoneais da Igreja Cujos Avos paterno e materno não souberão dizer, freguezes desta Se deque fiz este asento em que me asignei.
O Coadjutor Ignacio Francisco de Morais"
Em 1775 o casal residia numa travessa da "rua que vai para São Gonçalo" (onde hoje está a escadaria da Catedral de São Paulo). Era proprietário, também, de sítio em Pinheiros, no qual mantinha seis escravos para cuidar das lavouras de cereais. Tinha negócios com o Rio de Janeiro.
No ano seguinte, Clemente José foi acionado, na Vara Cível, por dívida de 17$775 réis, levantados para a aquisição do sítio em Pinheiros. O requerimento com o qual o pe. Salvador de Camargo Lima acusou Clemente José tem o seguinte teor:
"Diz O Pe Salvador de Camargo Lima, que quer fazer citar a Clemente Jozê Gomes camponezes mor no trð desta Cide. em q' pede a coantia de 17775 Reis de mayor quantia com Consta de Sua obrigação inSerta no Recibo junto, pa. conhecimto de Seo Signal, e obrigação, epa todos os mais termos, e actos judiciais the final Snnca, e Sua execução Como para de Sehaver por Reconhecido a Sua Reveria, e Se aSignarem os des dias eSer condenado.
PaVmce lhe faça mce mar q' o Supdo Seja Citado pa o q' dto fica na forma Asima"
O recibo de que fala o pe. Salvador é o que reproduzimos, datado de 28 de novembro de 1772.
Pouco depois, em princípios de 1777, o titular, que perdeu o processo acima aberto, é condenado em outro processo cível. O juiz que acompanhou o caso expediu o seguinte mandado:
"Mando aquaisquer officiais de justiça desta Cidade que perante mim Servirem que em observancia desta mandado indo por mim assignado na forma delle em Seu Cumprimento, Requeira a Clemente Joze Gomes Camponezes para que pague ao Sargento mor Manuel Joze Gomes aquantia de quatrocentos edois mil Seiscentos e vinte e quatro reis quelhe he adever Conforme Confessou em audiencia naqual ficou ..... dopreceito, e não pagando no termo premptorio de vinte e quatro horas Se fará penhora penhora (sic!) filhada (r)eal apreenção em beins que bastem para a Solução da Refferida quantia, epara as mais Custas que a(pa)recerem emthé Competente excueção (sic!); a que afim ocumprão: Dado epassado nesta Cidade de Sam Paulo aos 7 dias do mes de Fevereyro de 1777 annos -- eu João Baptista de Morais escrivão oescrevi -- Sales"
E nesse prazo, talvez dilatado por um fim de semana, Clemente José não pôde cumprir a sentença e os oficiais de justiça compareceram a seu sítio para penhora de bens, passando o seguinte relatório:
"Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jezus Christo de Mil e Cete Centos e Cetenta e Cete, aos dez dias do mez de fevereiro do dito anno Nesta Parajem chamada Bayrro dos Pinheiros em o citio âonde Exziste o Exzecutado Clemente Joze Gomes Campunez onde Eu escrivão âdiante numiado fui vindo Junto Com o Meirinho geral Vicente vieira dos Santos Caxoeira...".
Nessa visita dos oficiais de justiça, foi feito um levantamento dos bens do executado, a saber: dois cavalos, selas, dois arados, esporas com fivelas, martelos e escravos. Esses bens foram deixados com Bento Leme da Silva, constituído em fiel depositário, como consta do mesmo relatório: "fes o dito Meirinho depozito dos Referidos beins eescravos em ...... e puder de Bento Leme da Silva oqual Recebeu e ce obrigou as Leis de fiel depuzitario Exceto morte e fuga e logo o dito Meirinho nutificou ao depuzitario para não despor dos Referidos beins Sem ordem da Justiça deste Juizo e para constar lavrei este auto em que Seâsignou odepuzitario Junto com o Meirinho. Eu Jozê Ribains (?) Bacellar escrivão das Exzecucoins que este escrevi"
Clemente José foi também funcionário público, aposentando-se como Oficial da Fazenda.
Homem muito instruído e religioso, ele deixou uma considerável biblioteca (para os padrões coloniais), composta dos seguintes títulos: "Horas Marianas", "Arte da Gramatica Portuguesa", "Prosódia Latina", "Dicionário Latino", "Compêndio de Honra Sensível", "Meditações de Santo Agostinho", "Entretenimento sobre a Religião Cristã", "Traslado das Obrigações das Pessoas do Mundo", "Espírito do Cristianismo", "Vida Cristã", "Obrigações Cristãs e Civis", "Carta de Guia para Casados", "Compêndio de História Sagrada", "Diálogos de História Sagrada".
Em 1794 já residia na Rua Direita, na cidade. Em 1797 estava na rua "do Pe Joaquim Elias". Nessa casa Clemente José faleceu no dia 26 de julho de 1804. Ana da Purificação vivia com os filhos Gertrudes,Maria e Ana em 1805 numa chácara onde 8 escravos plantavam para o gasto da família. Ela morreu a 11 de junho de 1816.
Deixaram a fazenda de gado denominada Rio Verde, às margens do rio Pinheiros, bem como um terreno entre o Rio Verde e a Água Branca e casas na rua Direita.
134. Domingos Francisco Andrade Tenente
Domingos nasceu na freguesia de Santa Leocádia de Fradelos, Famalicão, Arcebispado de Braga. Diz sua certidão de batismo:
"Domingos, filho de Josefa, solteira do lugar de Boeira desta freguesia de Santa Leocadia de Fradelos, nasceu aos dezanove do mes de Março de mil setecentos e trinta; e aos vinte e um do mesmo mes e era foi por mim baptizado e foram padrinhos Domingos Gonçalves deste lugar da Igreja e Luisa filha de Domingos João Vieira do lugar de Agua Levada desta mesma freguesia e foram mais testemunhas João de Azevedo deste mesmo lugar da Igreja, e João Coelho do Calvario, todos desta freguesia de Santa Leocadia de Fradelos.
O abade Francisco de Moura Teixeira"
O fato de sua mãe -- Josefa Francisca de Andrade -- ser solteira viria a causar problemas para a ordenação sacerdotal de Manuel Francisco, filho de Domingos Francisco.
Gertrudes Jacinta, batizada em São Paulo a 27 de setembro de 1753, foi filha de Manuel Joaquim de Toledo Piza e Maria Furquim de Almeida:
"Aos vinte e sette dias domes de Setembro de mil settecentos e cincoenta e tres annos, bautizou e pos os santos oleos com licença minha o Padre Simão de Tolledo Rodovalho a Gertrudes, filha de Manoel Joaquim de Tolledo e sua mer Maria Furquim da Lus: forão padros omesmo padre Simão de Tolledo, Vigrð de Araritaguaba, e Antonia de Medeiros, mer de Floriano de Tolledo, todos desta frega, de que fis este assento, que assignei. Manoel Jozeph Vaz"
Ainda antes de se casar, Domingos Francisco foi provisionado como guarda-mór substituto nas minas do distrito de S. João de Atibaia, com nombramento de 27 de maio de 1766, quando tinha dezesseis anos que estava no Brasil. Residia nessa época na rua "do canto da Lapa (perto do Mosteiro de São Bento) até a Misericórdia" e tinha um patrimônio avaliado em 400$000. Em 1767, com o patrimônio triplicado, mudou-se para a Rua Direita.
Eles se habilitaram para o casamento em 1771 (ACMSP, Hab. Matr., proc. 5.23.924, fls. 1 a 6).
Domingos Francisco e Gertrudes Jacinta se casaram na casa do pai da noiva no dia 21 de dezembro de 1771, como se vê na certidão seguinte (ACMSP, Cas. Sé, Livro 2-2-22, fls. 48v):
"Aos vinte e hum de Dezembro de mil sette centos e settenta e hum, de manhã, sem empedimento, com provizão na prezença do muito Reverendo Conego Faustino Xavier do Prado, de minha licença, em caza do Guardamor Manuel Joaquim de Tolledo com licença especial, sendo testemunhas o Cyrurgião Jeronimo Rodrigues e Eu Cura desta Sé, Gaspar de Souza Leal, seReceberão em matrimonio com palavras de prezente, por marido e mulher, o Tenente Domingos Francisco de Andrade, filho de Pay incognito, e de Jozefa Francisca de Andrade, natural da freguesia de Santa Leocadia de Fradellos, Arcebispado de Braga, com Dona Gertrudes Jacinta Maria de Tolledo, filha legitima do Guardamor Manuel Joaquim de Tolledo, e de sua mulher Dona Maria Forquim de Almeida, natural desta cidade, e ambos meus freguezes, e logo lhes não Conferio as bençoas por ser tempo prohibido. Declaro que não me dicerão quem erão seus avoz: de que para constar fis este assento que com todos assignei. Receberão as bençoes findo o tempo prohibido.
Gaspar de Souza Leal"
Como se vê da certidão acima, Domingos Francisco era, por ocasião de seu casamento, tenente. Nessa qualidade esteve servindo em Guatemim e Cuiabá, hoje no Mato Grosso do Sul, até, pelo menos, 1775. Voltando, foi morar na casa do sogro na rua São Bento, onde já estavam a mulher e os filhos. Quando o sogro foi para Parnaíba em 1784, ficou com a casa dele. Tinha nesta época cerca de uma dezena de escravos que para ele trabalhavam no sítio que o casal comprou.Em 1772, mais precisamente a 9 de julho de desse ano, Domingos Francisco, então sargento-mór em Parnaíba, onde tinha terras de cultura, tenta, com outros interessados, embargar a venda de um sítio na Ponte de Cotia. O sítio, com capela e duas casas, havia sido posto à venda por sua proprietária Brígida Maria de Santa Teresa. Domingos Francisco e outros entraram na Vara Cível alegando que o sítio estava gravado por hipoteca a eles. Para tanto, constituiu Manuel da Rosa Silva seu advogado (procurador, na linguagem da época). O cap. Antonio José Pereira, que recebera por cessão as duas casas do sítio, entra no processo nomeando Manuel Pereira Crispim seu procurador, visando salvaguardar seus direitos sobre as casas.
Domingos Francisco perde a causa, o que lhe custa 24$762 a título de custas do processo.
Cinco anos depois, no dia 7 de julho de 1777, Domingos Francisco recorre outra vez à justiça cível, com o seguinte arrazoado:
"Diz o Guardamor Dos Franco de Andre destaCide queelleqr fazer Citar a Rita Ferreira Sejana moradoranamesma pa falar ahu Lð q' elleqr peder aqta de 124$640 r, eSeposto Seja cazada com Franco Castanheda qSeachaauzte, Comtudo não perciza o dð Seumarido deSer citado porqto a Supda hemer q'negocia poresta Cidade epor toda parte Com Lca e faculdade e do dð Seu marido e porisso Sem autoride e Lca delle pode ser obrigada pelos contratos enegossiosq faz pelo q' PaVmce lhe fassa amce mdar SeCite a Supda pa napra auda deste Juizo falar ao dð Libelo, e por mayor cautella conceder uma Lca pa ella Ser Citada epoder qtar emJuizo
ERM
Mas Rita provou que negociava pelos filhos e não por ela. Assim, o guarda-mór se viu obrigado a esperar por Francisco Castanheda para reaver seu dinheiro.
Ainda nesse ano, Domingos Francisco volta à Vara Cível. Desta feita como o réu de uma ação movida pelo licenciado José Francisco de Sales, por um crédito de três contos, seiscentos e dois mil e quinhentos e dezoito réis (3.602$518), passado a 1ð de agosto de 1772 para ser pago em duas parcelas, vencíveis a cada ano seguinte.
Além de pedir a condenação do réu pela quantia de oitocentos e tantos mil réis, e respectivos juros, o licenciado ainda solicita, a 21 de maio de 1778, a auditoria do empréstimo nos seguintes termos:
"Diz Joze Franco de Salez desta Cide em que na Cauza q' tras neste Juizo com Domingos Franco de Andre, juntarão contas depte a pte Sobre o pal, e juros, de .... proferio Vmce conte em aquel... achou o Supe prejudicado, em pal, e juros, epor muitas mais demandas Requereo o Supe ao Ilmo Exmo Snr Gal, pa que foce Servido mdar se examinaçe....tra Comta, por dous Contadores de boa notta, ao que foy Servido o mesmo Snr aSim mdar como Semostra pello despaxo junto, em q' manda Se .... Supe; coSudð pa reqr deSdeja Se .... o Supe, em Anto Ferz' Outeiro Lima Contador de boa Notta nesta Cide Requer o Supe; q' Vmce Se Sirva mdar q' o Escrivão Cite ao Supdo Domingos Franco de Andre; pa q' napra Audiencia de vmce da .... o Supte; edadas as de terminaçõens dos mesmos, Sejuntem estas aos Autos, pa vmce fazer cumprir Com o despaxo junto do Exmo Sñr Gal, portanto
Pavmce Seija Servido aSim o mdar
ERM"
Domingos Francisco, no entanto, mostra que já entregara a Antonio Dias do Prado, caixeiro do licenciado, a quantia de 900$567 na vila de Cuiabá, no dia 4 de outubro do ano anterior (1777). Assim, com despacho de 30 de junho de 1778, o juiz dá por encerrado o caso.
Em 1782, no dia 11 de junho, ele recorre novamente à justiça cível por terem invadido suas terras. A petição, contra os tios de sua mulher, é do seguinte teor:
"Diz o Goardamor Domos Franco de Andrade desta Cidade q. entre os mais beiñs dequeestá deposse pacificamte amais dedes, 20, 30, 50, emais annos, possuy, eSeos passados tambem aSim hum Citio naparagem chamada Buassava Com hú pasto grde Sercado de Valos efexado ....... aomesmo Citio, Cuju Valado, não Sô Serca os Campos q. Servem de pasto aos animais do Supe, mas tambem varios matos mto precizos, enesessarios pa o mister do Citio domesmo, aConteceu q. no dia vinte Cinco do mes de Mayo proximopassado deste preze anno foi Antonio João de Tolledos Com esCravos seus, emais algúas pessoas alugadas, ou Comvidadas pa o adjutorio do Seu Servð dar principio a Rossar e deRubar hú Capam de mato q. seacha dentro dos valados do Supe; edeSuasposse, e Continuando Com a Rossada ate oprezte aCabou de Rossar, e deRubar o mato doReferido Capam Contra avontade doSupe, no q. lhe cometeo forsa ecspolio, e como não quer della dezistir, epertende beneficiar as terras pa Lavoura, quer o Supe fazer citar ao Supdo. ea Sua mulher pa ......... de forsa nova pello que.
Pavmce Seja Servð mdar passar mandado pa o Supdo aSua mer serem Citados pa vir jurar testemunhas na dita forma eprovado o que basta ser Estituido a Sua antiga posse Com os furtos, perdas e danos q. lhe (hajam?) Cauzado, outro Sim tambem Sejam Citados pa. não Continuar aperturbar mais ao Supte naSua posse Com ....ena de .....Cauzados, eposse ........ do noantigo estado, eprotesta Seligar Somte Sobre o possesorio.
ERM"
Apesar desse documento qualificar Domingos Francisco como guarda-mór, há outros contemporâneos que o tratam como tenente.
Sob pena de absolver os réus, o juiz que recebe o processo acima iniciado, exige que Domingos e a mulher passassem procuração para um advogado representá-los em juízo. A procuração do casal é reproduzida em anexo. Feitas as diligências de praxe, o tenente venceu a causa, sendo Antonio João obrigado a devolver a posse da terra a ele, além de ressarcí-lo dos prejuízos.
Mas não foi este o último contacto de Domingos com a justiça cível. A 4 de abril de 1788 foi novamente obrigado a recorrer a ela para salvaguardar seus direitos.
"Diz Domos Franco de Andre desta Cide q. aelle Supe lhe hé devedor Joze Anselmo mor na Frega de Sto. Amaro, pr Credð aqta de nove mil Reis, e Seus Juroz q. vencidoz forem, epor q' lhe tem pedido varias vezes elle não quer Satisfazer o quer fazer Citar pa apra audiencia de vmce viReconhecer Seu Signal co obrigação, e aSignação dedes Dias ficando, outroSim citado pa todos os mais tros judiciaes e extrajudiciaes Rer final Snnca eSua exzecução por isso Pavmce Seja Servð mdar passar mdo pa q' qlqr official de juzta ouventenaria cite ao Supte pa o Referido eConstando Se ocult ....... Se obServe a forma da Ley.
ERM"
O réu José Anselmo confessou a dívida, porém insistiu em que esta não estava ainda vencida. De qualquer forma, a 9 de setembro desse mesmo ano, o tenente passava recibo dando quitação plena ao devedor.
Domingos Francisco tinha, além do sítio em Parnaíba e da casa na Rua São Bento, casas na vila que lhe proporcionava rendimentos de aluguel.
Em 1805 e 1806 aparece no recenseamento de São Paulo como guarda-mór. Entretanto, o censo paulistano de 1808 nos informa que era tenente reformado e aposentado no cargo de Oficial de Contadoria, residindo com mulher, filho e sete escravos na 2a. Cia. de Ordenanças.
Domingos Francisco faleceu como guarda-mór em São Paulo no dia 20 de setembro de 1809, sendo seu corpo sepultado no cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, da qual era irmão.
Gertrudes ainda vivia na rua de São Bento em 1825. Em 1829/1830 estava morando com o filho sacerdote na Rua do Curral. Com eles residiam as menores Carolina (nascida em 1814), Brandina (nascida em 1815) e Maria (nascida em 1820), talvez netas de Gertrudes.
O casal expôs a enjeitada Maria, em sua casa.
140. sargento José Alves de Toledo
José nasceu em Taubaté por volta de 1762 (1772, segundo declaração de 1833, quando disse ter 61 anos). O genealogista Helvécio de Vasconcelos Castro Coelho, acredita que ele seja neto de Manuel Pedroso de Toledo e Maria Vieira da Conceição (Silva Leme, V, p. 565/4-7 e Pedro Taques - II/245).
Maria nasceu cerca de 1767 no bairro de Una, caminho entre Taubaté e Pindamonhangaba. Foi filha de Antonio de Freitas de Andrade e Maria da Silva Leme.
Em 1781 José se casou com Quitéria Maria de Jesus, nascida em 1764, filha de Salvador Cordeiro Gil e Maria da Silva Moreira (nascida em 1770). O casal ficou residindo na vila (1a. Cia. de Ordenanças).
Em 1790 mais ou menos Quitéria falece na 3a. Cia de Ordenanças, para onde o casal havia se mudado. Essa casa foi deixada por Salvador Cordeiro Gil e nela morava a mãe de Quitéria.
José, que fôra soldado e cabo de esquadra (entre 1783 e 1790), passou a alferes nesse ano. Seu nombramento, contudo, só saiu em 23 de junho de 1804 e foi confirmado pelo rei, no Rio de Janeiro, a 29 de março de 1811.
No posto de alferes, José voltou a se casar. No dia 8 de julho de 1792, às nove horas da manhã, recebe por mulher na Matriz de Taubaté à filha de Antonio de Freitas. Nesse mesmo ano, a 29 de dezembro, ele se habilita como herdeiro do sogro recém-finado.
Como militar, José aparece no recenseamento de 1794 como cabo da 4a. Esquadra e, de 1799 a 1803, como sargento. Em 1811, novamente como alferes, posto no qual foi reformado.
Além do soldo de militar, ele teve casas de aluguel na vila de Taubaté e duas tabernas no mesmo local, nas quais vendia vinho, vinagre, bacalhau, azeitonas, passas, sal, aguardente, azeite-doce, etc. Em 1799 já morava outra vez na vila, ainda que mantivesse o sítio no qual produzia para o consumo familiar. Residiu na rua das Flores, de onde se mudou em 1814 para a rua das Tropas. Nessa casa morreu sua segunda esposa em 1816. Em 1818 é encontrado na rua do Gado.
Mantinha tropas para o Rio de Janeiro, de onde trazia os artigos que vinham de Portugal e que abasteciam suas tabernas. Em 1814, por exemplo, ano em que morre a primeira sogra, encontrava-se na Corte quando o recenseador passa por sua casa.
Em 1830 José ainda vivia na vila como taberneiro e alferes. Em 1833 tinha sua loja.
José, que até o terceiro quartil do século XVIII se chamou José Lopes de ALVARENGA, nome com o qual, aliás, o registra o genealogista Silva Leme, nasceu em Mogi das Cruzes. Sua certidão de batismo reza:
"Aos vinte, etres de Março demil, eSeteCentos e vinte annos bautizei epus os Santos oleos ao innoCente Jozeph filho de Guilherme Lopes Alcoforado, e de Sua molher Thereza Franca: foi Padrinho o licençiado Domingos Lopes de Godoy.
O Pe João Martins Bonilha"
Primeiramente José se casou com Escolástica de Godói Moreira, nascida em São Paulo e batizada no dia 27 de agosto de 1709 pelo padre José de Seabra, filha de João de Godói Moreira e sua segunda esposa Catarina de Lemos. João de Godói foi inventariado em 1748 e Catarina em 1751.
Escolástica morou pouco tempo na terra natal, mudando-se, com os pais, para Mogi. No processo de dispensa matrimonial, que correu em São Paulo, consta a seguinte declaração: "diz Escollastica de Godoy Filha Legitima de João de Godoy edeSua Mulher Catharina deLemos Ja Fallecidos que os dittos Seus Pais em algum tempo forão freguezes destaCidade porem morando eVivendo .... daVa deMogi de Santa Anna dasCruzes .... a Supe SeCriou eSempre Viveo athe o prezente he fregueza porem foi Baptizada nesta Cidade".
Para se casarem, José e Escolástica respondem, como vimos, a um processo de dispensa matrimonial eclesiástico, iniciado a 14 de junho de 1751, por serem parentes.
Casados, moram no sítio de Beira Aio, bairro de Itapeti, entre 1765 e 1783. Nesses anos, José foi lavrador e cabo de esquadra. Daí passam para um sítio em Parateí, duas léguas e meia distante da vila.
Nele, já octogenária, Escolástica faz seu testamento a 20 de agosto de 1793.
Com o documento no alforje, vai à vila a cavalo, acompanhada de um casal de escravos, para que o tabelião o aprove.
Chegando a Mogi, hospeda-se na casa do cap. Feliciano Duarte, onde recebe o tabelião José Joaquim de Godói, que aprovou o documento.
Poucos meses depois, a 3 de novembro de 1793, Escolástica morre em seu sítio no bairro do Taboão, sem sacramentos por ser rápido seu desenlace. Envolto num lençol azul, seu corpo foi levado à Matriz de Mogi das Cruzes, onde recebeu sepultura. Deixou seus bens para o marido.
Mas a validade de seu testamento foi contestada, a 18 de agosto do ano seguinte, por sua irmã Maria de Morais Godói. Por ser a única filha viva de João de Godói Moreira, Maria interpõe recurso judicial exigindo a metade do espólio de Escolástica. Seu requerimento afirma:
"Diz D. Maria de Morais Godoy da va de Mogi das Cruzes q. ella qr. fazer citar a Joze Lopes de Morais do trð da mma. va. como ttrð de Escolastica de Godoy Mora. pa aprezentação de hum Libelo Civel napra auda. deste Juizo depois q...tação xegar aesta Cide noqual Libelo expora a Supe mor a sua intenção, Sendo logo Citado pa todos os tros. eactos judiciaes eextrajudiciaes e final Snnca e Sua execução e pa não deispor de Coiza algua da ultma pena deo fazer bem, e Requer pr Seos bens.
Pava Seja Servð mdar. passar mdo. pa Ser o Supdo Citado pa o ql. dito fica Cazo de ocultarsse Cite comtra Carta eobservada a fra da Ley.
ERM
Em São Paulo, na audiência de 21 de agosto de 1794, Maria explica que requer metade dos bens da falecida irmã, pois esta não deixou filhos vivos. Alega, para isto, que o testamento deixado pela irmã era viciado, tanto por conter apenas três assinaturas, quando a lei exigia cinco, quanto por não estar assinado pela finada. Mostra que, no lugar da assinatura existe apenas uma cruz, o que era impróprio para mulheres, sendo correto alguém assinar a seu rogo, com menção explícita desse fato. O auto cível mostra Maria alegando que antes do "faleCemto. da Referida ttdra. EsColastica de Godoiz mora mer q' foi do R (...) foy feyto (testamento) em 20 de Agosto de 1793 pouCo mais de 2 mezes antes da morte da ttdra ". e ainda que "a ttdra. EsColastica de Godois Mora. ao tempo de Sua morte, eatempo em q' sefes o dð ttð tinha de ide 90 annos pouCo mais ou menos, eemRazão diSto ja era deCrepita", sendo fácil obter seu assentimento para qualquer ato.
José, através de seus procuradores João Moreira da Rocha e Miguel Carlos Aires de Carvalho, contraditou a apelante afirmando que o tabelião que aprovou o testamento escreveu ter achado a falecida em perfeito juízo. E que a idade não priva juridicamente as pessoas de disporem de seus bens como melhor lhes convier. E, por fim, afirmou que, por ser ato solene, poder-se-ia obter não cinco, mas sete testemunhas; e que só três havia por ter o tabelião colhido as assinaturas que achou necessárias.
Mas José perdeu a causa e teve de dar à cunhada metade dos bens inventariados.
O tempo passou e às onze horas da manhã do dia 6 de setembro de 1795, conforme certidão que extraímos na Cúria mogiana, José se casa com a titular, nascida em Taubaté no ano de 1766 e filha de Ildefonso Barbosa do Prado e Úrsula Leite de Miranda.
Residiram algum tempo em Taboão, no sítio que José possuia. Nele plantavam feijão, milho e algodão. Mas, em 1796, Maria Joaquina já estava de volta a Taubaté, deixando o marido em Mogi.
Em 1801 José, já octogenário e abandonado pela esposa, não tem ânimo para sequer dirigir sua propriedade. Assim, nesse ano, sua terra nada produz, tendo ele de se sustentar da caridade pública. Nos anos seguintes também a produção é pequena, mas já suficiente para sustentar-se, plantando feijão, milho e algodão.
Assim ficou até morrer em 1810, mais ou menos. Em sua casa fica morando sua parenta Escolastica de Morais (nascida cerca de 1761).
Maria Joaquina volta a Taubaté. Provavelmente confundida com a parnaibana Joaquina Leite, é recenseada como meretriz pelo sargento José Alves de Toledo, futuro sogro de uma de suas filhas e aqui biografado. Tanto é que nos anos seguintes aparece como fiadeira. Apesar desta nossa ressalva, aparentemente sua vida não devia ser de uma honestidade ímpar. Desde o seu casamento com um homem excessivamente idoso (na distante Mogi) até o abandono do lar, tudo leva à conclusão de que Maria Joaquina não primava pela seriedade.
Em Taubaté residia vizinha à mãe, na rua do Tanque, com três escravos. Nos anos que passam, até 1821, exerce o ofício de fiadeira ou costureira. Em 1822 aparece administrando taberna. Desse ano até 1831 residiu no bairro do Coração de Jesus, na mesma vila.
Teria falecido entre 1831 e 1837.
Thomas Fenton, nascido em Whitby (Condado de Yorkshire, Inglaterra) a 1ð de junho de 1783 e falecido em Centre Rawdon a 2 de julho de 1861, foi filho do inglês Richard Fenton.
Em 1814 ele recebeu dada de terras em Mill Village, perto de Schubenacadie (também no condado de Hants). Em 1838 eram fazendeiros em Rawdon.
Casou-se com Elizabeth Withrow, nascida em Rawdon a 17 de julho (ou junho?) de 1784 e falecida a 5 de setembro de 1858.
Ambos jazem no cemitério anglicano de Centre Rawdon
José nasceu na freguesia do Salão, filho de Manuel Pinheiro e Catarina Dias.
Casou-se com Antônia Maria de Jesus, nascida no dia 19 de março de 1762 na freguesia do Salão e batizada no dia 28 na igreja paroquial de N. Sra. do Socorro, filha de José Tomás da Silveira e Ana Maria.
Quando a filha Rita Inácia da Conceição se habilitou para casar-se com José Inácio de Araújo em 1803, ela declarou que tinha vindo de sua terra com seus pais há três anos (ACMRJ, Habil. Matrim., proc. 59.141).
Testemunha em 1813 no Rio de Janeiro, ele declarou estar com 50 anos de idade, residir na rua do Fogo, vivendo de suas carroças (AN, MDP, Emancipações, cx. 777, doc. 6).
Universidade do Minho - Núcleo de Estudos de População e Sociedade-NEPS (site em http://www.neps.ics.uminho.pt), base Salão
Joaquim Dutra da Silva, batizado em São Salvador a 25 de janeiro de 1762 e primeiro casado com Ana Joaquina.
Depois ele se casou na matriz de São Salvador a 17 de julho de 1786 Clara Maria de Jesus, filha de Antonio Vaz Pereira e Tomásia Maria de Jesus.
Parece que moravam para os lados da Lagoa de Cima, nas proximidades de São Fidélis e viviam em 1838.
Foi para Cantagalo, onde se casou com Maria Juliana do Livramento (ou LEITE em alguns papéis), natural da freguesia do Mártir São Manuel, no Rio da Pomba, filha de Manuel Teixeira Leite e Urbana Antônia Pereira.
Todos os documentos indicam que moravam perto de onde é hoje Euclidelândia ou sua vizinha Laranjais (a primeira no município de Cantagalo e a segunda no de Itaocara).
Maria Juliana faleceu em Cantagalo no dia 10 de julho de 1820, aos 37 anos de idade, de uma hidropesia, e foi sepultada dentro da igreja matriz. Deixou fazenda e escravos.
175. Maria Juliana do Livramento
Ela morreu de uma hidropsia aos 37 anos de idade
176. Sebastião de Souza Nogueira
Sebastião foi filho de Manuel Henriques Nogueira e Joana de Souza Maciel e nasceu por volta de 1771.
Marcela Maria nasceu cerca de 1785, filha de Francisco Bernardino e Maria dos Santos.
Sebastião faleceu em 1851, como consta da certidão abaixo, achada nos livros de óbito da igreja de São Gonçalo:
"Aos desoito dias do mez de julho de mil oito centos, e cincoenta, e hum, nesta Matriz de Sam Gonçalo falleceu com todos os Sacramentos, o adulto de nome Sebastião de Sousa Nogueira, de idade de oitenta annos, casado com Marcella Maria; foi amortalhado em preto, encommendado por mim, e mais dous Sacerdotes e sepultado no Rosario, de que fiz este aSento.
O Vigarð Mel Je de Faria"
Ele deixou vultuoso patrimônio, avaliado em 4:464$000 (quatro contos, quatrocentos e sessenta e quatro mil réis), representado por terras, benfeitorias, animais e escravos. Era dono de fazenda com 1.103 braças de testada por 408 braças de comprimento em Coqueiros, limítrofes às do Colégio; sítio no lugar chamado Casa Velha (certamente herdada dos pais), que faz frente com terras do Visconde e fundos para o córrego de Paulo de Marins, confrontando com Antonio da Costa Pinto e Manuel Henriques Nogueira; sítio na Lagoa do Lixo. Outro sítio no Marcelo, com testada no córrego Jenipapo e fundos para a Lagoa Feia. Outro sítio com as mesmas divisas, vizinho a José de Souza Maciel e José Dias Maciel.
Dois anos depois falecia Marcela:
"Aos desasete dias do mez de Abril de mil oito centos, e cincoenta e trez nesta Matriz de Sam Gonçalo, falleceu com todos os Sacramentos a adulta de nome Marcella Maria dos Santos, de idade de cessenta, e oito annos, viuva de Sebastião de Sousa Nogueira, foi amortalhada em habito preto, e encommendada por mim, e outro sacerdote, e Sepultada na capella do Rosario, de que fiz este asento, que assignei.
O vigario Manuel Jose de Faria"
178. Vicente Ferreira Nogueira
Ele foi batizado em São Gonçalo no dia 31 de janeiro de 1784.
Vicente ainda vivia em 1841. Luiza faleceu a 18 de julho de 1874, viúva. Seu inventário foi iniciado em 10 de agosto daquele ano e nele consta que deixou aos herdeiros a fazenda Chapéu de Sol, com 150 braças de testada por 260 de fundos, com engenho, casas e benfeitorias. Deixou também fazenda no Pau Amarelo, na estradinha que vai para o Sabão, com 400 braças de testada por 200 de fundos. Também tinha terras no Marcelo e em Baixa Grande, estas com pastos e criadouros. E, ainda, terras em São Martinho, aforadas ao Mosteiro de São Bento. Nelas criavam gado (15 bois de serviços, 6 garrotes, 16 vacas, 10 cavalos e 4 éguas), com o auxílio de 18 escravos.
Foi sepultada na matriz de São Gonçalo.
180. José Antonio Pereira de Carvalho
José Antonio nasceu no Bispado de Braga, Portugal.
Ana Maria nasceu na freguesia de S. Gonçalo de Campos, filha de José de Oliveira Bastos e Antonia Maria.
José Antonio veio de Portugal ao Rio de Janeiro, transferindo-se para Campos, onde aforou terras na freguesia de São Gonçalo, no local depois denominado Santo Amaro. Casou-se na matriz de São Salvador a Consta que José Antonio teria sido sepultado na antiga capela de Santo Amaro, construída pelos frades beneditinos como já explicamos.
Ana Maria vivia em 1828, pois a 6 de setembro daquele ano, com Amaro Henriques, batizou José, neto de Amaro. Já em 7 de maio de 1816 havia batizado a neta Ana, filha de João Pereira de Carvalho e no dia 26 de julho de 1814, com o marido, a neta Maria, irmã de Ana retro.
Ana Maria assinou testamento a 27 de maio de 1831, o qual foi aberto a 8 de julho do mesmo ano. Nele declarou a naturalidade e os nomes dos pais, marido e filhos. Residia, então, no sítio do Nogueira. Foi sepultada na capela da Ordem Terceira de São Francisco, na qual era irmã.
Quitéria foi batizada em São Gonçalo a 22 de março de 1757
Residiam em Santo Amaro de Campos, quando Amaro Henriques batizou o neto José, filho de André Pinto de Faria, no dia 6 de setembro de 1828. Em 8 de agosto de 1813, já batizara Maria, filha de João Pereira de Carvalho.
Quitéria, em 11 de março de 1827 batizou a neta homônima, filha de Manuel de Souza Gomes.
Em 1808 Quitéria -- chamada de MENDONÇA -- batizou outra neta homônima, filha de José Joaquim da Silva e sua primeira esposa, junto com um cidadão de nome Pedro Pereira do Rosário.
Quitéria faleceu em fins de 1824 ou princípios de 1825, pois a 27 de janeiro desse ano inicia-se o inventário dos bens do casal. Não fez testamento e foi sepultada na matriz de S. Gonçalo. Deixou 33,5 braças de terras na Ponta do Guari, com casas, no Campo Limpo.
Amaro Henriques faleceu a 1ð de maio de 1836, com inventário, deixando 38,5 braças de terra no lugar chamado "do Ubás".