Crônica das Origens da Família

Biografias


192. Félix Mendes da Silva

Félix nasceu em Cotia no dia 27 de dezembro de 1723, filho de Luis Mendes de Almeida e Escolástica Machado da Silva (ACMSP, Livro n° 10.3.32, Batismos Cotia, fls. 3).

"Felix. Filho legitimo de Luís Mendes de Almeyda, ede Escolastica da Sylva. Nasceo aos vinte, e sette de Desembro era de mil Sette Centos, e vinte e tres. Foy bautizado aos sinco de Janero de mil Sette Centos, e vinte, e quatro por mim Salvador Garcia Pontes vigario desta freguesia. Foram Padrinhos Manuel Mendes de Almeyda, e Maria Gomes casados. E logo lhe puz os Sanctos oleos. Do que para constar fiz este termo. Dia e era ut supra.

Salvador Garcia Pontes"

Sebastiana foi natural de Sorocaba, filha de Sebastião Bicudo de Proença e Isabel Pedroso do Prado.

Casaram-se na terra da noiva no dia 3 de novembro de 1757 (ACDS, Livro s/n°, Casam. Sorocaba, fls.178).

Félix, em 1748, foi o testamenteiro do pai. Em 1753 de seu avô homônimo e, em 1761, testemunha do casamento de seu irmão Francisco.

Sebastiana faleceu em 13 de novembro de 1768 com 30 e tantos anos, no sítio em que moravam, no bairro Boa Vista (a certidão de óbito diz Piragibu-mirim). Foi sepultada na matriz de Sorocaba.

Félix ainda vivia em 1771 nesse sítio.

Já no ano seguinte Félix volta a se casar com Maria de Campos Correia, nascida cerca de 1746 (ou 1743), filha de Antonio Correia da Silva e Cecília Maria Ribeiro de Campos.

Residiram em Caputera (Sorocaba), onde já estavam em 1783.

Em 1790 Félix entra na justiça cível de Sorocaba contra Antonio de Aguiar de Almeida, seu consogro, biografado nesta obra, pedindo uma escrava como pagamento de uma dívida. Em Sorocaba (freguesia de N. Sra. da Ponte), Félix alcançou sentença favorável a 16 de janeiro daquele mesmo ano.

Ele morreu com 60 anos de idade, na vila de Sorocaba, no dia 5 de abril de 1798 (ACDS, Livro n° Batismos Sorocaba, 1772-1804, fls. 140), com testamento ditado a 6 de dezembro de 1797.


194. Inácio de Godói Siqueira

Inácio nasceu em Parnaíba a 4 de setembro de 1737, filho de Francisco de Godói da Silva e Mariana de Siqueira de Morais.

Paula nasceu em Cotia por volta de 1754, filha de João Antunes Pais e Rita Maria de Camargo.

Paula foi inicialmente casada com Sebastião Ferreira de Albernaz, nascido em Taubaté, filho de Geraldo Luís Pinheiro da Veiga e Úrsula dos Santos. Esse casamento celebrou-se em Sorocaba a 4 de dezembro de 1768 e Sebastião faleceu muito pobre em Rio Abaixo, distrito de Sorocaba, aos 40 anos de idade, a 7 de dezembro de 1772.

Uma vez viúva, Paula se casou com o titular em Sorocaba no dia 20 de julho de 1775 (ACDS, Livro s/n°, Casam. Sorocaba, fls. 69).

Passaram a residir em Indaiatuba, então bairro de Sorocaba, onde, com um par de escravos, plantavam para sustento. De lá passaram para o bairro de Campo Largo.

Inácio morreu na freguesia de N.Sra. da Ponte, aos 40 anos de idade, no dia 3 de junho de 1784.

No ano de 1785 Paula Maria foi inventariante de seu segundo sogro.

No ano de 1789 o bairro onde residiam era chamado de Itanguá e, no ano seguinte de Campo Largo, o que nos convida a supor tratar-se de lugar fronteiriço aos dois bairros.

Em 1791 Paula se mudou para o bairro Rio Abaixo e, em 1795, para o bairro Tavaovi. No ano seguinte, nesse bairro, era vizinha de sua filha Maria.


196. Vital Cardoso Flores

Vital nasceu em São Paulo por volta de 1718, filho de Manuel Cardoso Flores e Maria Martins Bonilha.

Rita Maria, na certidão de casamento chamada de Rita Maria BARBOSA, foi filha de Francisco Barbosa de Almeida e Francisca Correia de Campos.

Em 1767 Vital residia em Porto Feliz, onde era soldado auxiliar e onde tinha sítio com 400 braças de testada por uma légua de sertão no qual, além de criar gado, plantava milho e feijão. Com ele moravam sua irmã Rosa e onze escravos.

Casaram-se em Porto Feliz no dia 23 de novembro de 1778.

Vital faleceu cerca de 1781, ano em que foi iniciado o inventário de seus bens.


198. Antônio de Aguiar de Almeida

Antonio nasceu cerca de 1764 e foi filho de Antonio de Aguiar e Silva e Ana Antonia de Almeida.

Isabel Maria foi filha de Félix Mendes da Silva e Sebastiana de Almeida Pimentel, nascendo em Sorocaba no ano de 1765.

Residiam em Araraitaguaba, onde Antonio foi processado por seu sogro por uma dívida, sendo-lhe exigido, em sentença, a cessão de uma escrava como pagamento. Tal ocorreu no ano de 1790.

Em 1798 estavam no bairro Palmital. Em 1801 Antonio vendeu o sítio e foi morar com a mãe viúva. Daí saíram em 1803 para o bairro de Itaqui.

No ano de 1807 vai para o bairro de Indaiatuba, de onde se muda em 1811 para o de Avecuia. Em 1814 é novamente encontrado em Indaiatuba.

Antonio faleceu em Porto Feliz com inventário datado de 13 de março de 1816. Isabel seria, talvez, aquela falecida no dia 12 de dezembro de 1847 em Araçariguama.


204. Paulo João Nepomuceno

Paulo João foi filho de Antonio da Rosa Pereira e de Luzia Joana de Deus e nasceu em Cotia por volta de 1760.

Quando jovem (1776) teve uma doença de nome "gôta coral".

Rita Maria, natural de Sorocaba, onde nasceu cerca de 1768 (ou 1758 ?), foi filha de Antonio Pedroso de Abreu e Isabel Soares de Araújo.

Paulo e Rita casaram-se em Sorocaba no dia 25 de fevereiro de 1786.

Residiram entre 1786 e 1818 em Sorocaba, onde com o auxílio de meia dezena de escravos plantavam milho, feijão, arroz, amendoim e algodão, além de criarem vacas e porcos em sítio no bairro Ipanema, na 4a Cia. de Ordenanças de Sorocaba.

Em 1796, quando da morte do pai, foi nomeado tutor de seu irmão Joaquim, desarrazoado.


208. Rafael Leme de Oliveira

Rafael nasceu em Itu em 1730, filho de Francisco Leme de Alvarenga e Rosa de Oliveira.

"Raphael, filho de Francisco Leme, e Roza de Oliveira foy baptizado por mim Coadjutor nesta Matris, e lhe pus os Santos oleos: forão (padri)nhos João Gonçalves Tavares e Anna de Souza. Aos dezenove de Septembro de mil eCette Centos etrinta annos Francisco..."

Ana nasceu em Araçariguama no dia 7 de outubro de 1736, filha de Antonio da Silveira Gularte e Maria Leite da Silva (ACMSP, Livro nð 10.1.45, Batismos Araçariguama, fls. 108v).

"Anna filha de Antonio da Silveyra e de Sua molher Maria Leyte nasceu aos Sette de Outubro demil Sette Centoz, trinta, eSeis annoz, foy bautizada aos catorze do mesmo mez. eera pelo Padre Antonio Barcellar da Companhia de Jesus de licença minha: foram padrinhos o mesmo Padre Bautizante, e Potencia Leyte Solteyra filha de Joam dos San(tos) Leyte, elhepos os Santos Oleos; de que para constar fis este aos vinte, enove do mesmo mez, eera ut Supra.

Ignacio de Almeida Lara"

Para casarem-se, Rafael e Ana responderam a processo matrimonial iniciado a 12 de novembro de 1753 (ACMSP, Hab. Matr., proc. ________, fls. ___).

Em 1763 Rafael depôs a favor de seu sogro, contra Luís Pedroso de Barros (aqui biografado com sua esposa Escolástica de Almeida) em processo que o segundo moveu contra o primeiro e do qual falaremos quando biografarmos Luís Pedroso. Nessa ocasião, Rafael se declarava tropeiro no Caminho de Santos, residente em Itu.

Moravam em sítio em Aputribu, às margens do rio Tietê (até o córrego Gerobetuba), avaliado em 500$000 em 1765. Nele tinham engenho de açúcar e mantinham dezoito escravos trabalhando as terras. Em 1782 foram morar com o filho Rafael, de onde não saíram antes de 1784.

Em 1785 o casal batizou o sobrinho José, filho de Joaquim da Silveira Leite, cujo primeiro batizado (tendo Maria Leite da Silva, avó do batizando, como madrinha) não foi confirmado.

Rafael faleceu, por fim, em Itu no dia 9 de outubro de 1789, sendo sepultado na Igreja do Carmo (ACDS, Livro s/nð, Óbitos Itu, fls. 12). Ana morreu a 31 de janeiro de 1807, sendo sepultada na Ordem Terceira do Carmo de Itu, ordem da qual era irmã terceira, ao pé do altar de Santa Ana. Fez testamento a 22 de dezembro de 1807, onde declara naturalidade, filiação, cônjuge e descendência.


210. Salvador do Amaral

Salvador nasceu em Itu, filho de Luís Nogueira e Maria Pires.

Maria foi filha de Antonio Luís Coelho e Maria Leite de Miranda.

Ainda solteiro, Salvador vivia em Porto Feliz como soldado auxiliar e tropeiro no caminho de Goiás. Tinha patrimônio orçado em 200$000.

Casaram-se em Araraitaguaba no dia 7 de dezembro do ano de 1772 (ACDS, Livro s/nð, Casam. Porto Feliz, fls. 17v).

Morta Maria, Salvador se casou em Sorocaba (1781) com Joana Pais de Camargo, filha de João Pais e Rita Maria de Camargo, aqui biografados.

Por fim, em 1790, Salvador morreu em seu sítio no bairro dos Pilões, em Porto Feliz. Joana então se casou no mesmo lugar, em 1796, com Domingos Soares Pais, filho de Bernardo Bicudo Chassim e Verônica Dias Pais Leite.

Ela viveu pelo menos até 1830, quando ditou seu testamento, onde se declarava viúva de Domingos Soares de quem não teve filhos.


212. Félix Antônio de Oliveira

Félix Antonio nasceu em Itu por volta de 1735, filho de Sebastião de Oliveira e Escolástica de Jesus de Almeida.

Domingas Maria nasceu cerca de 1746, filha de Francisco Leme de Alvarenga e Rosa de Oliveira.

Em 1765 Félix Antonio, além do sítio, tinha tropas no caminho de Curitiba (?), num patrimônio avaliado em 300$000.

O casal residia em 1776 no bairro de Piraí de Cima, em Parnaíba, onde tinha sítio de milho e algodão, além de algumas cabeças de gado. Só em 1793 mudaram-se. Foram para Aputribu de onde, com seus dezesseis escravos, se transferem no ano de 1798 para o bairro do Taquaral, onde plantam milho, cana e feijão. Nesse local, Félix Antonio instala engenho de açúcar e aguardente.

Em 1782 ele era sargento em Piraí de Cima.

Morrendo seu pai, ele trouxe sua mãe para morar com eles, pois dessa forma seria melhor atendida, uma vez que havia 24 escravos à sua disposição.

Félix teve seus bens inventariados em 1822, deixando sítio em Piraí de Cima, margeando o Tietê, e terras nos campos da Boavista.


214. André Dias de Almeida

André, nasceu por volta de 1730 e foi filho de André Dias de Almeida e Apolônia da Veiga Leme.

Francisca foi filha de Antonio Luís Coelho e Maria Leite de Miranda.

Ele explorou as terras vizinhas aos rios Ivaí e Iguatemi (atual Tietê). Como capitão, serviu no estabelecimento fundado às margens desse último nos anos 1767 a 1772. Em 1778 o cap. André destruiu dois quilombos nos sertões às margens do rio Tietê, que existiam há mais de trinta anos. Por esse seu serviço foi elogiado em ofício de 9 de de dezembro de 1778, firmado pelo governador de São Paulo.

Residiam em Araraitaguaba, onde André faleceu cerca de 1780.

Tinham sítio de milho, arroz, feijão e amendoim e, também criavam gado (cerca de 40 bovinos e 30 suínos, conforme o censo de 1776).


224. Ângelo da Silveira Leite

Ângelo nasceu em Araçariguama, sendo ali mesmo batizado, filho de Joaquim da Silveira Leite e Ana Maria de Abreu Barbosa (ACMSP, Livro nð 10.1.53, Batismos Araçariguama, fls. 39v e Livro nð 10.1.26, Batismos Araçariguama, fls. 78v):

"Aos vinte, e quatro dias do mes de Julho de mil, sette centos e settenta, e nove annos nesta Matris de Nossa Senhora da Penha de Araçariguama, Baptizei a o Innocente Angelo, filho de Joaquim da Silveira, e de sua mulher Anna Maria de Abreu, e lhe pus os Santos oleos; forão Padrinhos Luis Mendes Vieira, cazado com Ignes Barboza, e Maria Leite viuva do defunto Antonio da Silveira, todos moradores e freiguezes desta freguezia; de que para constar fis este assento no mesmo dia, mes, eera ut supra.

O Vigrð Antonio Ferreira de Meyrelles"

Antônia, filha de Antônio de Morais Navarro e Albina Francisca de Almeida, nasceu na mesma vila (ACMSP, Livro nð 10.1.44, Batismos Araçariguama, fls. 140). Sua certidão de batismo reza:

"Aos quinze dias domes de Mayo de mil setecentos, e oitenta, e dois annos nesta Freguezia, e Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de Araçariguama baptizei a innocente Antonia, filha de Antonio de Morais, e de sua mulher Albina Francisca de Almeida, e lhe pus os Santos Oleos: forão Padrinhos Joaquim da Silveira cazado com Anna de Abreu, e Francisca Rodrigues Buena, filha solteira do defunto Bras de Almeida, todos moradores e freguezes desta freguezia; do que para constar fiz este assento no mesmo dia, mes, eera ut supra.

O Vigrð Antonio Ferreira de Meirelles"

Casaram-se em 1797, após dispensados do impedimento de parentesco (ACMSP, Habil. Matrim., proc. 6.45.2016, fls. 1 a 5).

Entre 1802 e 1816, Ângelo foi soldado do Corpo de Dragões. Tinha nesta ocasião um sítio no qual plantava algodão, milho e feijão. E era também possuidor de uma tropa com dezesseis animais, que usava para comerciar com Santos.

Em 1803 Antônia batizou o sobrinho Luís Pedroso de Barros, aqui biografado.

O casal passou alguns anos em Parnaíba. Voltando a Araçariguama, Antônia morreu no dia 12 de maio de 1834, com 50 anos de idade, de hidropisia. Seu corpo foi sepultado na Matriz de São Roque (ACMSP, Livro nð 10.1.49, Óbitos Araçariguama, fls. 47v).

Dois anos depois, Ângelo voltava a se casar, em Parnaíba, com Maria da Silveira Leite, nascida em 1812. Extraímos cópia da certidão desse casamento (ACMSP, Livro nð 10.1.26, Casam. Araçariguama, fls.37v):

"Aos sette de abril de mil oitocentos e trinta e seis, nesta Matriz com provisão do Reverendo Vigario da vara em minha presença e das testemunhas Antonio da Silveira Leite, e Francisco da Silveira Barbosa, se receberam por marido e mulher Angelo da Silveira, fregues de Araçariguama, viuvo de Antonia de Almeida Buena com Maria da Silveira Leite, filha de Francisco da Silveira Barboza e sua mulher Anna Gertrudes de Camargo, estes dispensados do segundo grau de parentesco por consanguinidade, e do quarto misto ao terceiro por afinidade. Todos freguezes desta.

O Vigrð Bras Luiz de Lima"

Mas esse casamento durou pouco, eis que a primeiro de setembro de 1847, vítima de uma picada de cobra, Ângelo morreu em Araçariguama, sendo sepultado ao lado da primeira esposa, na matriz de São Roque (ACMSP, Livro nð 10.1.49, Óbitos Araçariguama, fls. 71v).

Outras fontes:

DAESP, Col. População, Itu, anos 1802 a 1846 e Araçariguama, ano 1846.