Muito pouco se sabe desta figura. Sobre ele há, entretanto, muitas histórias.
Teria nascido em Vousela (Livros da Câmara de São Paulo - livro da Câmara de Santo André, ano de 1553, folhas huma e dezoito ), termo de Viseu, por onde corre o rio Vouga, entre o Viseu e Albergaria-a-Velha (Portugal), filho de João Velho Maldonado e Catarina Afonsa de Balbode.
Consta que em Portugal foi escudeiro de uma das esposas de D. Manuel, o Venturoso. Deixou a corte e as armas para viajar à América, onde naufragou perto de Bertioga. Este episódio parece por demais fantasioso.
Segundo opinião de Ary da Matta, era náufrago, desertor ou degredado da expedição exploradora de 1501 ou daquela de 1503.
Registra-se que ele já teria sido visto em São Vicente em 1527 por Diogo Garcia e em 1531 em Cananéia por Pedro Lopes.
Numa carta do pe. Manuel da Nóbrega, datada de 31 de agosto de 1533, o sacerdote dá conta que "está um João Ramalho (em São Vicente), o mais antigo homem que está na terra" E segue: "e com muitos filhos, todos de uma filha dos maiores e mais principais desta terra". Coabitava, com M'bicy (ou Bartira), batizada como Isabel Dias, filha do maioral Tibiriçá.
Noticiava, ainda, esta carta que João era parente do padre (Manuel de) Paiva e que, quando veio a esta terra, que haverá 40 anos ou mais, lá deixou mulher viva, de nome Catarina Fernandes das Vacas, que estava prenhe quando ele partiu. Ela ainda vivia em 1582, pois o testamento de João chama Bartira de sua criada.
Este fato gerou violento conflito. Em fins de 1550, ele recebeu a visita do padre Lenardo Nunes, que o queria casar como exemplo para os demais índios. João se nega alegando já ser casado em Portugal. O padre tomou o argumento como desculpa vazia e o proibiu de assitir ao culto religioso, expulsando-o da igreja. André Ramalho, o primogênito de João, partiu para agredir o padre, sendo contido por Bartira. João se revoltou profundamente contra os religiosos, a ponto de mais tarde ser tomado como herege ou judeu. No dia 22 de abril de 1568, carta de Baltazar Fernandes reconhecia que João "não queria nada de Deus.
Comandou, junto com o sogro Tibiriçá, a recepção a Martim Afonso de Souza acompanhados de cerca de 500 guaianás.
Em 1554, ajudou no estabelecimento da vila de São Paulo de Piratininga.
Depois, em 1560, colaborou ativamente na fundação da vila de Santo André, no topo da Serra do Mar, onde ergueu uma capelinha a Santo André, em homenagem a seu primogênito, deste nome. Nesta vila foi alcaide-mor e mais tarde capitão-mor.
Chefiou como capitão de guerra, por nomeação de 28 de maio de 1562, assinada por João Colaço, expedição para aprisionar índios do vale do Paraíba. A bandeira foi nomeada a pedido do povo e da Câmara de São Paulo.
No dia 9 de julho de 1563, a vila de São Paulo sofreu ataque dos carijós das redondezas.
Procurado para exercer o cargo de vereador em São Paulo, recusou-se em carta de 15 de fevereiro de 1564, declarando ser um homem velho, com mais de 70 anos.
Ditou testamento em 1580 e a 4 de agosto de 1584 já era defunto, pois um documento transcrito por Waldemar Silveira afirma: "Ano de 1584, aos quatro de Agosto nesta villa de Sam Paulo nas pozadas de fonçalo frz' o velho sapateiro aparecerão belchior frz' e sua molher maria rodrigues e por elle foi dito a mim Tabelião que Joam ramalho, que santa glória aja ..."
Marcha para o Oeste, p. 7 a 9, 83, 89, 104, 109 e 171
Hélio Viana, p. 161
Tito Lívio, 57 a 61
AP, Prim. Povoadores, p. 81 a 91
EM, I, 196
Matta, p. 23
WFS, Prim. Povoadores Vicentinos, p. 24
Antônio teria nascido na Riba da Bestança, na Beira (Portugal), filho de Francisco Pinto e Marta Teixeira.
O frei Gaspar da Madre de Deus disse que ele veio ao Brasil com seus irmãos Francisco e Rui em 1540, a mando de Martim Afonso de Souza. Mas em realidade, ele já estava em São Vicente em 1531. Pode ser que tenha voltado ao reino e regressado com os irmãos, como conta o frei Gaspar.
Há quem enxergue aí uma confusão de homônimos, afirmando que Antônio teria vindo para o Brasil em 1581, como carpinteiro da esquadra de D. Diogo Flores de Valdez, que partiu da Espanha para pesquisar o Estreito de Magalhães. Este Antônio morreu num naufrágio de volta a Portugal.
Casou-se com uma filha de Vicente Pires assim que chegou ao Mundo Novo.
Exerceu em diversas ocasiões e cargo de oficial da Câmara de Santos. Também lá foi escrivão e tabelião.
Subiram a serra e se estabeleceram em São Paulo, onde a 18 de junho de 1617 receberam sesmaria no Ipiranga.
Prim. Troncos Paulista, 59/79
Os Capitães Mores Vicentinos, p. 28
Rev. IGB, n. III, p. 52 e 53
Rev. IGB, Edição do Cinquentenário, p. 417
MADRE DE DEUS, frei Gaspar, Mamórias para a Capitania de São Vicente, p. 161.
Antônio nasceu em Portugal por volta de 1558.
Antolina nasceu na Espanha.
Pedro Taques afirma que eles, casados, vieram para São Vicente em 1571 na esquadra de D. Diogo Flores de Valdez.
Desembarcaram em Santos, onde ele ficou servindo ao rei.
Mais tarde, ele trouxe a família e seus bens para o planalto de Piratininga. Morava em sua sesmaria, que abrangia terras no Juqueri, Nhumirim e cabeceiras do córrego de Aricanduva.
Sertanista, esteve em 1595 no Ibitirapoa e desceu o rio Tietê sob o comando de Belchior Dias Carneiro. O comandante da expedição morreu no sertão e ele foi escolhido para assumir a chefatura da bandeira. Ela retornou a São Paulo em 1608.
Em 1599, avisado da presença de corsários na barra de Santos, Antônio juntou seus escravos à expedição do governador geral D. Francisco de Souza a Araçoiaba, Bacaetava, São Roque e Jaraguá, onde o governador inspecionou minas de ouro.
Por tê-lo acompanhado nesta expedição, D. Francisco de Souza o armou cavaleiro em 1601.
Em São Paulo, serviu como almotacel em 1590, mamposteiro dos cativos em 1601 e vereador, de 1594 a 1615.
Voltou ao sertão em 1613 na bandeira de André Fernandes à região do rio Paraupava. Fez ainda uma outra entrada, em 1628, na bandeira de Raposo Tavares ao Guairá.
Ele morreu em São Paulo no dia 7 de janeiro de 1633.
PT, II, p. 87
SL, III, p. 3
Carvalho Franco, p. 326
Manuel nasceu em Portugal cerca de 1550, filho de Antônio Preto e Águeda Rodrigues. Veio de sua terra junto com os pais em 1562 (ou 1581, cfe. RGB).
Fundou em sua fazenda às margens do rio Tietê, entre 1610 e 1615, a capela que daria origem à Freguesia do Ó, dedicada a N. Sra. da Expectação do Ó.
Recebeu em 1610 sesmaria às margens do Tamanduateí, junto às terras de seu pai. E em 1615, uma parte da sesmaria que fora de seu pai, próxima ao Jaraguá. A 28 de setembro de 1618, com os irmãos Sebastião, José e Inocêncio, viu confirada a doação de outras terras pedidas em sesmaria.
Em 1619, sua bandeira atacou as missões de Jesus-Maria e de Santo Inácio, no Guairá. Voltou desta missão com inúmeros índios, que empregou em sua fazenda na Expectação do Ó. Dizem que em 1625 já ali trabalhavam cerca de mil braços cativos indígenas.
Voltou a bandeirar nesta região em 1623, com Domingos Cordeiro,.
Em agosto de 1628, como mestre-de-campo, deixou São Paulo rumo ao sul. Levava como lugar-tenente a Antônio Raposo Tavares, de cerca de 31 anos de idade. Trafegaram pelo caminho que os índios conheciam como Piabiru (rebatizado pelos jesuítas de Caminho de São Tomé), cujos restos ainda existem am alguns pontos e que liga o litoral catarinense aos Andes bolivianos.
A princípios de 1629, a bandeira alcançou as primeiras missões guairenhas. No dia 8 de outubro, eles teriam atingido o Tibagi e a vanguarda da expedição, comandada por Antônio Pedroso de Alvarenga, aprisionou catecúmenos da missão de Encarnación. À frente de 1.200 índios armados, o padre Cristóban de Mendoza, inaciano dirigente da missão, exigiu a devolução dos cativos. Começou o tiroteio e o padre foi ferido. Receiosos da reação dos índios, os bandeirantes libertaram os prisioneiros.
Neste mesmo 1629, ele recebeu permissão do Conde de Montessanto para tomar o governo da ilha de Santa Catarina. Possivelmente pensasse em ali estabelecer uma base para as entradas ao sertão. Mas não chegou a concretizar o projeto.
Voltaram a São Paulo, mas já no ano seguinte, Manuel Preto chefiava outra missão aos mesmos sertões. Desta última bandeira ele não retornou. Morreu no sertão do Guairá em 1630.
SL, VIII, 24 e 179
Curso Básico de História do Brasil, Ary da Mata, p. 103
Prim. Troncos Paulistas, 59/115
DAESP, I&T, XIII, p. 461
DAESP, Sesmarias, I (p. 121) e IIbis (p. 9)
HistSP, Tito Lívio, p. 232 e 234
AE TAUNAY, Hist, Bandeiras Paulistas, p. 28, 43 a 45, 131 e 182
RGB, n. 3, p. 53
Fidalgo português.
Casou-se com Catarina Nunes Velho, filha de Fernão Vaz Pacheco e Isabel Nunes Velho.
Doc. Interessantes, I, p. 80
PT, p. 332 a 334
Ela foi filha de Fernão Vaz Pacheco e Isabel Nunes Velho.
Doc. Interessantes, I, p. 80
AG, p. 102
PT, p. 332 a 334
Pedro nasceu em Portugal, onde se casou com sua patrícia Maria de Faria.
Vieram para o Brasil e se estabeleceram em São Vicente.
Cultivavam lavoura de cana-de-açúcar próxima à usina de São Jorge dos Erasmos. Neste mesmo ano venderam terras, que já possuíam desde 1546, a Pedro Rodrigues.
PT, p. 330 e 331
Ele foi irmão de Lucas Fernandes.
Casou-se com Domingas Antunes, filha de Antônio Preto.
A família morava em sítio em Embuaçava.
Gaspar fez testamento em 1599. A 17 de abril de 1600 já estava morto, pois o escrivão Belchior da Costa registrou a ordem do juiz Bernardo de Quadros para dar início ao inventário de bens de Gaspar.
DAESP, I&T, I (p. 375)
Ele foi filho de Antônio Borges de Souza e Antônia Pereira de Melo.
Casou-se com sua parenta Teresa Gomes Rebelo, filha de João de Lousada de Ledesma e Senhorinha do Rego Borges.
Foram senhores de Carvalhal e Gaspar foi fidalgo da Casa Real.
Apont. Geneal., p. 25
26922. Francisco Martins de Cerqueira
Apont. Geneal., p. 25