GENEALOGIA FLUMINENSE

Região Serrana Central - Genealogias

BAPST

Henrique José da Silva Bon

 

A família Bapst, católica e de expressão francesa, era seguramente uma das mais pobres da migração, assinalando o prefeito de La Roche que ela nada possuía, encarregando-se a comuna de custear o traslado até a Holanda. Composta pelo agricultor Jean Bapst, sua mulher Marie Passpland (ou Passapland) e quatro filhos, embarcaria ela com passaporte no Urania, já sem o caçula, falecido no acampamento holandês em 29 de agosto de 1819. Os remanescentes chegariam a bom porto, ocupando em Nova Friburgo a casa 6 e o lote 12.

O casal teria já em solo brasileiro, mais seis filhos, três nascidos na colônia e os últimos em Cantagalo; Alexandre Antônio, João Pedro, Protazio Antônio, Antonia Maria, Maria e um menino, cujo nome não foi assinalado, falecido aos 18 de março de 1830 de "mal de sete dias". De fato, à folha 81 do Livro de Notas do tabelião da "Villa de Cantagallo", vamos encontrar em 20 de dezembro de 1823 uma escritura de venda de benfeitorias "ao pé do Rio Negro" que fazem Xavier Bussard e sua mulher Marie, a "João Bast", suíço. Este último, que adquire o imóvel por 115.200 réis assina em cruz o documento revelando ser analfabeto. Tal escritura, traz ainda a assinatura de Alexandre Bussard "a rogo da outorgante ", assinalando ter sido a citada propriedade pertencente ainda ao também suíço Nicolas Volluz. No Livro 4, à folha 60, em 13 de maio de 1829, o colono François Joseph Xavier Berthet, transformado pelo escrivão em "Francisco José Vieira Berte" vende a Claude Aucour uma posse de terras confrontante com a "do suíço João Basto".

Tais documentos demonstram haver permanecido o núcleo original da família, ou parte dela, em Cantagalo pelo menos até o ano de 1829, quando o seu destino, sob o ponto de vista documental, não mais é conhecido, ainda que subsista, em 1865, uma única referencia a Jean Joseph Bapst, conforme se verá abaixo. A possibilidade, contudo, de que o sobrenome Bapst se tenha transformado nos anos subseqüentes é mais que uma simples conjectura, com a descoberta de uma família "Bast" em São Sebastião do Paraiba nos dias atuais, não se reconhecendo a mesma em um primeiro momento, suíça, assinando mesmo seus mais novos representantes o sobrenome em sua forma "Bastos".

Quanto às primeiras gerações, uma derradeira nota, de 19 de maio de 1842, em Nova Friburgo, noticia o nascimento de Jorge Perisset, dado como filho natural de Jean-Jacques Bapst e Anna Maria Perisset, sendo este o único rastro documental de um neto dos patriarcas ainda na antiga colônia.

 

Genealogia

Jean Bapst nasceu em 4 de janeiro de 1788 e se casou com Marie Passpland, nascida em 14 de fevereiro de 1784.

Filhos:

1.1 Jean-Joseph Bapst, nascido em 21 de outubro de 1811. Teria se casado em Cantagalo, aos 11 de novembro de 1837 com Maria Genoveva Josefina Bussard, tendo, provavelmente, mais de uma filha. Em 14 de junho de 1846, no entanto, é assinalado o seu matrimonio na mesma vila, com Maria Magdalena Bussard, filha de Philippe Bussard e Marguerite "Chapi"(Chappuis?).

Tiveram:

2.1 Luísa Bast (1o leito), nascido em 9 de abril de 1838 em Cantagalo. Casou-se com Augusto "Saipe"(Será Sui, aliás Suet, por sua vez Dessoies?).

2.2 Maria Josefina "Basto" (2o leito), batizada a 2 de julho de 1841 em Cantagalo. É referida como "filha natural de João José Basto e Madalena de Sá, todos suíços".

2.3 Josefina "Vas" (2o leito – vide dados complementares), casada em Cantagalo, aos 27 de novembro de 1858, com João Pedro Teódulo Gachet, filho de Michel Gachet e Antoinette Murith.

2.4 Carolina "Vas" (2o leito – vide dados complementares)

2.5 Eugênio "Ba", batizado em 6 de baril de 1845. É referido como filho de "João José Ba (Bapst) e Madalena Bucard (Bussard)".

 

1.2 Jean-Baptiste Bapst, nascido em 24 de julho de 1813. Destino incerto. Teria falecido em 26 de dezembro de 1841 (vide dados complementares).

1.3 Jean-Jacques Bapst , nascido em 30 de janeiro de 1816. Um filho natural com Anna Maria Perisset, assinalado com o nome da mãe. Em 20 de julho de 1862, ele se casaria em Cantagalo com Madeleine Reloge, natural de Berne, viúva de "Carlos Seipel".

1.4 Jorge Perisset , nascido em 19 de maio de 1842

1.5 Jean-Laurent ( ou Victor ) Bapst , nascido em cerca 1818 e falecido em 25 de agosto de 1819.

1.6 Alexandre Antônio Bapst , nascido em 7 de março de 1820 e falecido em 21 de maio de 1820.

1.7 João Pedro Bapst, nascido em 16 de julho de 1821 em Nova Friburgo e casado aos 8 de janeiro de 1858 com Josefina Gachet, natural de Nova Friburgo, filha de Michel Gachet e Antoinette Murith.

1.8 Protásio Antônio Bapst , nascido em 8 de setembro de 1822 em Nova Friburgo, e casado em Cantagalo, aos 8 de janeiro de 1858, com Leopoldina Gachet, natural de Nova Friburgo, filha de Michel Gachet e Antoinette Murith.

1.9 Antônia Maria Bapst, casada em 20 de abril de 1846 em Cantagalo com Joseph Silvester Benjamin Sermoud, filho de Jean François Sermoud e Anna Marie Thurler.

1.10 Maria Bapst, casada aos 5 de fevereiro de 1848 com Hercules Folly, filho de Jean Claude Folly e membro de migração posterior.

1.11 um menino, nascido em 9 de março de 1830 e falecido a 18 de março de 1830 de "mal de sete dias", em Cantagalo. Sepultado na Igreja velha.

 

Dados complementares:

Em 3 de novembro de 1852 Joaquim Vieira de Souza vende "uma situação com benfeitorias"na Taquara, a "Pedro Bastiat" (ou Bastias), confrontando com Pedro José Charles e o finado Aucour. Será "Bastiat", João Pedro Baptst ?

Em 26/12/1841 é assinalado o falecimento, por afogamento no Rio Preto, de João Batista "Vas", 26 anos, filho de João "Vas", cujo corpo desapareceria. O sacerdote José de Santa Mônica Diniz, autor do registro, eventualmente substituía a letra "b" pela letra "v" em seus apontamentos. É interessante observar que encontraremos em Cantagalo também o nascimento de Josefina e Carolina "Vas", em 16 de outubro de 1842 (gêmeas?), filhas de João José "Vas" e Madalena "Busa" (Jean Joseph Bapst e Magdalena Bussard), figurando como padrinhos Francisco Manuel Lugon "Mule" (Lugon-Moulin) e Antonia "Vas" (Antonia Maria Bapst). O sobrenome Bussard, por sua vez, não estaria imune a estas inusitadas adaptações, ora figurando sob a forma "Busa", como acima, ora metamorfoseando-se em um confuso e inesperado "de Sá".

 

Este texto é uma versão revista e ampliada do tópico sobre a familia Bapst, publicado inicialmente no livro "Imigrantes", Henrique Bon, Ed. Imagem Virtual, 2004. O livro pode ser adquirido diretamente do autor, através do contato acima.

 

 

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