As mais recuadas notícias dela remontam ao século XVII. Bárbara Pinto de Castilho, filha de João de Castilho Pinto (um dos Sete Capitães) se casou com Miguel Aires Maldonado, outro dos Sete Capitães. De um e outro recebeu em herança terras na capitania da Paraíba do Sul. Bárbara Pinto viria a se casar em segundas núpcias com José de Barcelos Machado. Quando o casal se divorciou, ao Machado coube na partição dos bens do casal, terras em Quissamã, as quais ele vinculou em morgado (isto é, tornou indivisível). Parece, inclusive, que nelas foi viver, pois seu testamento foi feito nessa propriedade. Lá ele morreu em 1691, deixando as terras em Macaé para o neto homônimo.
Luís de Barcelos Machado, filho do capitão, obteve provisão episcopal e mandou construir em julho de 1694 uma capela no Furado, junto à barra do rio desse nome, que dedicou a N. Sra. do Desterro. O bispo Alarcão elevou-a a capela curada, sujeita à freguesia de N. Sra. da Assunção de Cabo Frio.
Esta capela servia a todos os povos até o rio Macaé.
Em processo corrido em 1695 contra o vigário Sardinha, já há referência a esta capela. José de Barcelos Machado, o neto, teria conseguido do prelado do Rio de Janeiro licença para nela desobrigar a si e à família para a Quaresma. Isso irritou o vigário Sardinha, que lançou excomunhão sobre o Barcelos.
O bisneto do capitão, em busca de melhor lugar para seus cultivos e gados, mudou a fazenda para o Capivari e solicitou autorização do bispo para também mudar a capela. Obtido o beneplácito, ergueu nova capela àquela senhora em 1732.
Esta nova capela foi elevada, no alvará geral de 12 de janeiro de 1755 à qualidade de igreja paroquial perpétua. Com isso não concordou o então proprietário João José de Barcelos Coutinho. A capela pertencia a seu morgado e ele não a liberou ao uso público. Com isso, o povo passou a usar a capela de São José do Barreto, em Macaé, para os ofícios religiosos.
Mais tarde, reviu sua decisão e doou as terras em torno da capela à Igreja e, em troca, recebeu do bispo Antônio do Desterro, em provisão de 26 de junho de 1756, sepultura perpétua para si e seus descendentes em sua capela mor. Sua jurisdição abrangeu a capela de Santa Ana de Macaé, que em setembro de 1785 recebia batismos lançados no livro de N. Sra. do Desterro de Capivari.
A ela foi incorporada o território entre as lagoas de Jurubatuba e a lagoa Feia, abrangendo o sertão de Macabu e os campos de Quissamã.
Em 1798,, ela perdeu o sertão de Macabu para a freguesia de N. Sra. das Neves e Santa Rita, então criada.
Como o tempo foi danificando o templo, em 1795 erigiu-se u'a matriz provisória no Mato de Pipa. Conta Antônio Alvarez Parada que em 1804 o brigadeiro José Caetano de Barcelos Machado estava no Rio de Janeiro e foi tomado por um princípio de paralisia. Assustado, prometeu construir em Quissamã uma nova igreja, o que começou em julho de 1805 e se concluiu em novembro de 1815.
Abrangia a margem setentrional do rio Macaé, onde dividia em 1785 com N. Sra. da Assunção de Cabo Frio. A leste, divisava-se com a freguesia de São João da Barra. Ao norte, com as freguesia de São Salvador e de São Gonçalo.
Nome | Função | Período | |
---|---|---|---|
CAPELÃES | |||
Elias Duarte | 1694 | ||
Gaspar das Neves | 1696 | ||
Eusébio da Conceição, frei | 1698 | ||
Antônio da Piedade, frei | 1701 | ||
João de Santa Maria Moura, frei | 1703 | ||
Manuel de Santa Catarina, frei | 1707 | ||
Miguel Garcia, frei | 1707 | ||
Pedro da Rocha de Figueiredo | 1709 | ||
Domingos do Desterro, frei | 1715 | ||
Antônio Martins Monteiro | 1722 | ||
João de Jesus Maria José, frei | 1727 | ||
Faustino da Vitória, frei | 1728 | ||
Antônio Martins Monteiro | 1728 | ||
Faustino da Vitória, frei | 1729 | ||
Antônio Martins Monteiro | 1730-d.1733 | ||
Aleixo de Figueiredo | 1748 | ||
Manuel da Costa Moreira | 1748 | ||
Antônio Vaz Pereira | 1749 | ||
José de Jesus Maria, frei | 1749 | ||
VIGÁRIOS | |||
Bento Ferreira Pinto (1) | 1755-1788 | ||
Joaquim José de Sá Freire Souto Maior | 1788-1795 | ||
José Antônio de Souza (2) | 1795-1816 | ||
José Julião da Veiga | 1816 | ||
Domingos de São Bernardo Rocha | 1850-1851 | ||
Venâncio Lins Teles Barreto | 1853 | ||
(vago) | 1854 | ||
Alexandre Francisco Cerbelon | encarregado | 1855-1856 | |
Joaquim Teodoro dos Anjos Lima | 1856 | ||
(vago) | 1857-1859 | ||
Joaquim Ferreira da Cunha, dr. | 1860-1861 | ||
José Saturnino de Barcelos (3) | encomendado | 1862-1902 (?) | |
Nicolau Leurs, frei (4) | 1906 |
(1) COUTO REIS inclui o padre Anastácio Ferreira da Cruz no ano de 1779;
(2) Em (SILVA, 1819, p. 74), o autor informa que este vigário tomou posse em 6 de janeiro de 1794 e faleceu em 14 de outubro de 1812;
(3) O Almanak Laemmert diz que o cargo estava vago em 1870;
(4) Ele foi vigário de Quissamã e encarregado das paróquias de Dores de Macabu e Carapebus;
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