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GENEALOGIA BRASILEIRA

Fontes Primárias - Rio de Janeiro - História de Paróquias

Freguesia de São Sebastião da Sé

Histórico

 

A primeira capela construída onde é hoje o Rio de Janeiro remonta a 1567. Foi dedicada a São Sebastião e levantada a mandado de Estácio de Sá, lá para as bandas do morro da Urca (então, morro da Cara de Cão), possivelmente de pau a pique, coberta de folhas e cuidada pelos jesuítas. Depois, ela foi transferida para o morro do Descanso ou de São Januário (depois, morro do Castelo), onde estava a fortaleza que defendia o povoado ali estabelecido. E com ela, foram transferidos os ossos do comandante do domínio do Rio de Janeiro, Estácio de Sá.

Lápide de Estácio de Sá

 

“Aqui jaz Estacio de Saa prº capitão e cõqvístador desta terra e cidade e a campa mãdov fazer Salvador Corea de Saa sev primo segdº capitão e glrº com svas armas e esta capella acabov o ano de 1583”.

 

Em português moderno: “Aqui jaz Estácio de Sá, primeiro capitão e conquistador desta terra e cidade, e a campa mandou fazer Salvador Corrêa de Sá, seu primo e segundo capitão e governador, com as suas armas. E essa capela acabou no ano 1583”.

Junto à igreja de São Sebastião foi erguida em 1558 uma capela a Santo Inácio pelos jesuítas que administravam a freguesia da cidade.

Enquanto na jurisdição da primazia da Bahia, a capela de São Sebastião foi elevada à categoria de sede paroquial e inicialmente paroquiada pelo padre Mateus Nunes, provido em 20 de fevereiro de 1569, acumulando a função de ouvidor eclesiástico.

A freguesia de São Sebastião se estendia por toda a cidade, seus arredores, chegando à banda de além da baía de Guanabara, até que em 1634 dela se destacou a freguesia de N. Sra. da Candelária (1634). As paróquias de São José e Santa Rita dela se destacaram em 1751. Em 1762, desmembrou-se São Francisco Xavier do Engenho Velho.

O livro de batismos mais antigo que chegou até nós começa em 1616. Igualmente antigos, são os livros supérstites de óbitos (com assentos de casamentos), que começam no mesmo ano.

Os primeiros assentos vêm firmados por Martim Fernandes, que foi entre pelo menos 1601 e 1616. A ele seguiu-se o padre João Pimentel, que estava na função em 1628, confirmado pelo prelado Mateus da Costa Aborim (ibidem). Mas em 1626, o coadjutor Francisco Gomes da Rocha passou a assinar sistematicamente os assentos de batismos. E em abril de 1626, este coadjutor passou a assinar os termos como cura e em maio assinava alguns termos como vigário.

Chegado de Portugal, o padre Nóbrega apresentou ao então prelado Aborim a carta régia de 11 de agosto de 1625 que o nomeou vigário do Rio de Janeiro. Mas já estando empossado o padre Pimentel, Nóbrega passou a criar cizânias na vila contra o prelado Aborim e seu sucessor Lourenço de Mendonça. Em carta deste prelado Mendonça ao rei de Espanha em fevereiro de 1638, ele contou que seu antecessor havia morrido envenenado por não admitir o padre Nóbrega como vigário. Consta que o padre Nóbrega era apelidado de Arrevesa Toucinho, porque em sua habilitação de De Genere saíra fama de cristão novo.

Em novembro de 1628, os assentos vêm assinados pelo padre João Pimentel. Mas em dezembro do mesmo ano, o coadjutor Manuel (Álvares?) assume o registro dos batismos e a partir de abril de 1629, ele passa a assiná-los como vigário.

Em dezembro de 1629, o dito licenciado Manuel da Nóbrega finalmente assumiu a função de vigário e nele se manteve até abril de 1633, quando voltou a Lisboa. Mas retornou ao Rio de Janeiro e reassumiu a função até janeiro de 1662 como vigário perpétuo.

Em julho de 1662 começava o vicariato do padre Diogo de Sá da Rocha, 13° vigário encomendado, mas cabia ao padre Manuel de Araújo ministrar os sacramentos, o que fez com exclusividade até março de 1665, com um pequeno interstício em que assinava o padre Francisco da Silveira Dias e alguns outros. O título de vigário não aparece em qualquer assento.

Outros oito encomendados serviram em São Sebastião até que, a partir de março de 1665, o nome do padre Francisco da Silveira Dias, cura colado em 20 de janeiro desse ano, se tornou mais frequente nas assinaturas dos livros de batismos, embora não seja o único assinante. O padre Manuel de Araújo voltava a dividir com o padre Francisco a tarefa de realizar batismo até maio de 1671.

Os nomes de novos padres começam a ser frequentes a partir de: Manuel Fernandes Leça, Francisco Barreto, João Duarte, Matias da Costa Silva, Manuel de Aguiar e, principalmente Inácio Fernandes Neves.

Em agosto de 1668, ganhou proeminência o padre Francisco Álvares da Fonseca.

Criado o bispado do Rio de Janeiro em 1676, a paróquia perdeu sua condição de colada para curato e ela passou a ser administrada por curas amovíveis. A partir de então, a matriz da cidade era tratada quase como capela e seus vigários geralmente assinam os documentos como cura da paróquia da Sé. Por isso, os assentos da freguesia eram assinados por sacerdotes que se identificavam como curas da Sé.

A planície era mais adaptada ao comércio e para lá a população foi se mudando. O morro ficou deserto e ali começou a aparecer o latrocínio e o sacrilégio. Conta-se que em 1659, a igreja de São Sebastião estava em lamentável estado.

Certo dia, a sentinela da fortaleza do Castelo ouviu um estrondo e, com medo, afastou-se mais para um telhal. Pela manhã, achou uma porta travessa sobreposta. Tinham roubado a caldeira de prata da água benta e tentado furtar o sacrário e castiçais. Então, o bispo determinou que o sacrário da Sé não tivesse sacramentos, mandando consumir as hóstias. E andou recolher o sacrário à igreja de Santa Cruz (dos Militares). Informou tudo isso ao soberano também do perigo às crianças levadas ao batismo e às procissões. A partir daí, a freguesia de São Sebastião passou a seguir a sede episcopal, até 1821.

A capela curada de São Sebastião teve, no período do bispado, doze curas (segundo Monsenhor Pizarro,a obra "Memórias Históricas don Rio de Janeiro ..."), até o decreto de 29 de maio de 1753, que instituiu a conezia paroquial, isto é, a administração da matriz por um cônego. O padre Antônio José Malheiro foi nomeado cura da igreja em 25 de novembro de 1758 (Mem. Hist. RJ, p. 42). Ele ficou ausente da cidade em três ocasiões: de junho de 1755 a 1759, de fevereiro a março de 1766 e de junho de 1770 a 1772.

O padre Malheiro foi substituído em 13 de novembro de 1772 pelo padre Roberto Carr Ribeiro de Bustamante, até então vigário colado de São José do Tocantins, na comarca de Traíras (GO). O padre Roberto permaneceu cura dela até sua morte em 6 de fevereiro de 1778. Quatro vigários encomendados supriram as três ausências do primeiro colado e a vacância pela morte do segundo colado.

A velha igreja de São Sebastião, primeira catedral, foi restaurada em 1823 e 1824 e passou aos cuidados dos capuchinhos, já há muito sem o status de sede paroquial. Era, então tratada como capela imperial e freguesia dos empregados do paço.

Demolido o morro do Castelo na década de 1920, um outra igreja com esse orago foi reconstruída em 1928 na Tijuca. Para ela foram trasladados a imagem original do santo, trazida de Portugal no século XVI, assim como um relicário com um fragmento do osso de São Sebastião, os restos mortais de Estácio de Sá e o marco de fundação da cidade.

 

Limites

 

A freguesia de São Sebastião originalmente abrangia toda a área do atual Grande Rio.

 

Capelas

 

  • São José, depois elevada a freguesia;
  • N. Sra. da Candelária, depois elevada a freguesia;
  • Santa Rita, depois elevada a freguesia;
  • Santa Cruz (dos Militares);
  • Santa Ana do Campo, depois elevada a freguesia;
  • N. Sra. do Parto, já realizando casamentos em 1616;
  • Santa Luzia, capela que em 1592, o único edifício na praia da Piaçava, posteriormente chamada praia de Santa Luzia. Nela, estabeleceram-se, durante quinze anos, os primeiros frades franciscanos. Com o desmonte do Morro do Castelo e o aterro dele proveniente, a igreja de Santa Luzia perdeu sua praia e secou sua fonte de água límpida, tida como milagrosa para as enfermidades dos olhos;
  • N. Sra. do Bonsucesso, no Hospício da Santa Casa de Misericórdia. A primeira construção, simples capela de barro, data da época da fundação da Santa Casa da Misericórdia (1582). Situava-se ao sopé da ladeira da Misericórdia, caminho íngreme pelo qual se subia até alcançar o Castelo propriamente dito, local onde se encontrava a igreja e o colégio dos Jesuítas;
  • São Francisco Xavier, depois elevada a freguesia.

 

Oratórios

 

  • sem informação

 

Conventos

 

  • de Santo Inácio, no morro do Castelo;

 

Capelães e Párocos

 

Nome Função Período
CAPELÃES
(desconhecidos)    
VIGÁRIOS
Mateus Nunes   1569
Martim Fernandes colado 1601-1616
João Pimentel colado a.1625-1628
Manuel da Nóbrega colado 1629-1662
Diogo de Sá da Rocha encomendado 1662-1665
Francisco da Silveira Vilalobos (1) encomendado e depois colado 1665-1672
Gaspar da Costa   1673
Inácio Fernandes Nunes   1673-1678
CURAS
Francisco Álvares da Fonseca   1678-1681
Manuel Fernandes Leça   1682-1688
João Barcelos Machado   1688-1700
João de Lima (2)   1700-1704
Manuel Bolcão do Canto   1704-1709
Bernardino de França   1709
Manuel Bolcão do Canto   1709
Bartolomeu de França   1709-1721
Manuel Furtado de Mendonça (3)   1721
Manuel Vieira Nunes, chantre (3)   1721-1722
José da Fonseca Rangel   1722-1725
Manuel Rodrigues Cruz   1725-1747
Antônio José Malheiros   1748-1751
João Bento Barreiros de Souza   1751-1753
Antônio José Malheiro (4) cura colado 1753-1772
Roberto Carr Ribeiro de Bustamante   1772-1788
Francisco Camelo da Mota (?) coadjutor e depois cura 1788
Antônio Rodrigues de Miranda, dr. (5)   1788-1817
(desconhecidos)    
Joaquim Pereira dos Reis   1842-1845
Sebastião Pinto do Rego (6)   1846-1852
Joaquim de Oliveira Durão   1852-1876
Manuel Marques de Gouveia interino 1876-1877
Augusto Ferreira de Lacerda, padre-mestre (7)   1877-1883
José Gurgel do Amaral Barbosa   1888-1889

(1) A partir de 1664 se assinava Francisco da Silveira DIAS;

(2) Em 1701, assinava assentos de batismo o mestre escola Manuel Álvares Correia. Em 1709, o vigário voltou a assinar assentos;

(3) os assentos paroquiais são sempre firmados por coadjutores, principalmente o padre Jerônimo Barbosa;

(4) por três ausências do cura (1755-1759, fevereiro a março de 1766 e de junho de 1770 a 1772) e morte do padre Bustamente, serviram na administração da igreja quatro vigários encomendados;

(5) Raramente o cura assinava os assentos, deixando a tarefa para seus coadjutores;

(6) Depois, bispo da diocese de São Paulo;

(7) Por não ser cônego, como exigia o estatuto da Capela, foi questionado pelos jornais, mas sem consequências;

 

Fontes

 

  • ARAÚJO, Mons. José de Souza de Azevedo Pizarro e, Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das provincias annexas à jurisdicção do Vice-Rei do Estado do Brasil, dedicadas a El-Rei Nosso Senhor D. João VI, Impressão Régia, Rio de Janeiro, 1820, vol. II, pp. 37 e ss., vol. III, pp. 175 e ss.;
  • CAVALCANTI, Nireu, em comunicação pessoal
  • INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, Efemérides Cariocas, ed. de 1978;
  • site http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com/2008/06/igrejas-histricas-do-centro-do-rio_24.html?m=1 (igreja de São José), consultado em janeiro de 2025;
  • site http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com/2008/06/igrejas-histricas-do-centro-do-rio_24.html?m=1 (igreja de Santa Cruz dos Militares), consultado em janeiro de 2025
  • site http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com/2010/11/igrejas-historicas-do-centro-do-rio.html?m=1 (igreja de N. Sra. do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, consultado em janeiro de 2025;
  • site http://literaturaeriodejaneiro.blogspot.com/2008/06/igrejas-histricas-do-centro-do-rio_24.html?m=1 (igreja do Carmo), consultado em janeiro de 2025;
  • site Sou Mais Carioca, https://soumaiscarioca.com.br/voce-sabia-que-o-rio-de-janeiro-ja-teve-5-catedrais/noticias/.html, consultado em janeiro de 2025;

 

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