GENEALOGIA BRASILEIRA
Fontes Primárias - Rio de Janeiro - História de Paróquias
Freguesia de São Gonçalo do Amarante
Histórico
Segundo a tradição, a primeira capela a São Gonçalo do Amarante foi ereta às margens do rio Guaxandiba em 1622 por Gonçalo Gonçalves, proprietário de terras na região.
Em 22 de janeiro de 1645, a capela tornou-se sede paroquial, sendo confirmada por alvará real de 10 de fevereiro de 1645, desmembrada da freguesia da Candelária. Seu território abrigava as capelas da Santíssima Trindade, a de Santo Antônio do Caceribu e a de São João de Itaboraí, em Tapacorá.
Antônio Lopes de Cerqueira, cunhado de Gonçalo Gonçalves, deu 50 braças de terras em quadra para servir de cemitério da igreja.
Em 1806, o edifício foi restaurado.
Limites
Em 1794, a freguesia confrontava-se a leste com a de N. Sra. do Amparo de Maricá, com o mar, ao norte com N. Sra. do Desterro de Itambi e com N. Sra. da Piedade de Magé (depois, com Bom Jesus de Paquetá). Ao sul, com São João Batista de Icaraí e a nordeste com São João Batista de Itaboraí.
Capelas
A freguesia de São Gonçalo teve quinze capelas. Em 1794 o Monsenhor Pizarro inventariou as seguintes:
- da Santíssima Trindade. Edificada antes de 1729 e certamente a mesma desse nome era palco de batismos em __________. Reerguida com provisão de 21 de fevereiro de 1774 por Domingos Rebelo Leite, autorizado por escritura de 20 de setembro de 1775. Mais tarde, passou à administração de seu filho dr. José Rebelo Leite e, por falecimento deste, para o capitão Cláudio José Pereira da Silva. Ainda em uso em 1855;
- de N. Sra. do Rosário, no Engenho Pequeno. Ereta muito antes de 1713. Muito depois, foi renovada pelo capitão Miguel de Frias de Vasconcelos, que mudou o primitivo orago, que era de N. Sra. da Conceição. Em 17___ estava na fazenda de Manuel dos Santos Coelho. Em 1719 era do capitão Marcos da Costa e depois passou ao capitão Joaquim Frias de Vasconcelos. Estava interditada em 1794;
- de N. Sra. da Conceição. Erguida por provisão de 17 de dezembro de 1714. Havia sido do capitão Dionísio de Souza Araújo e em 1794 estava com sua viúva d. Quitéria Maria de Jesus;
- de N. Sra. da Luz, no campo de Itaoca. Fundada pelo capitão Francisco Dias da Luz, dos primeiros povoadores do Rio de Janeiro. Já recebia batismos em 1693. Foi mais tarde de José Luís Saião e dele passou a sua viúva d. Leonor Luísa de Portugal (já defunta em 1794). Em 1804 ela ali capelão o padre Manuel João (RJ33.B4, 124). Ainda estava em uso em 1845;
- de Santa Ana, no lugar conhecido como Pachecos. Ereta por Francisco Ferreira Dorlando antes de 1713 e reformada em 1747. Foi reerguida por alvará de 27 de abril de 1750 e em 1794 era administrada por José Pacheco Pereira e Manuel Esteves da Fonseca;
- de São Francisco, em Quibangaça. Fundada por Francisco Martins Coutinho em sua fazenda. Já em uso em 1694. Depois passou à administração do capitão Sebastião Martins Coutinho. O Mons. Pizarro diz que foi fundada com provisão do bispo de 25 de novembro de 1747, o que não confere com os assentos de batismos, a menos que seja outra capela ao mesmo santo fundada por homônimo do primeiro fundador. Estava em estado lastimoso em 1794. Decerto a capela de São Francisco Xavier, que era dita em 1799 do falecido Francisco Martins Coutinho;
- de Santa Ana, antes era N. Sra. do Monserrate, no Colubandé. Pertenceu primeiramente ao capitão Félix de Proença Quintanilha. Entre 1694 e 1701, estava na fazenda de Ana do Vale e recebendo batismos de paroquianos da freguesia. Em 1794 era administrador o dono da fazenda, João Ribeiro de Magalhães. Ainda ativa em 1833;
- N. Sra. do Desterro, na fazenda de Riba, em Ipiiba Grande. Fundada em 1730, com provisão de 12 de janeiro desse ano, por Domingos Pais Pereira. Talvez a mesma que foi chamada de N. Sra. do Desterro de Maricá.
Foi depois do capitão José de Frias e entre 1794 e 1808 estava com o capitão José Fernandes Pereira.
- N. Sra. da Esperança, em Ipiiba Pequena. Já existente no tempo do bispo frei Antônio de Guadalupe. Foi levantada antes de 1710 por Gregório Dutra da Silva, pai de Antônio Dutra da Silva. Depois passou a pertencer a José Dutra da Silva. Arruinada, foi reerguida por Alexandre da Costa Barros, então proprietário da fazenda, em 1766. Passou a sua viúva d. Catarina Viana de Freitas, por provisão episcopal de 27 de julho de 1767. Em 1794 estava sob cuidados do capitão João da Costa Barros;
- de São Tomé, na ilha dos Flamengos, depois ilha do Engenho. Erguida com provisão do Vigário Capitular, de 13 de setembro de 1746 pelo cônego João Vaz Ferreira. Foi do dr. Bernardo da Costa Ramos e em 1794 estava com seu filho, Tomé Ramos. Após isso, a fazenda passou por períodos de arrendamento e a capela estava em ruínas em 1794;
- de N. Sra. das Neves. Em 1794 pertencente ao dr. Domingos Francisco Leal;
- de N. Sra. da Penha. De acordo com data antigamente vista no frontispício dela, sua fundação havia ocorrido em 1702. Em assento de batismo de 17___, essa capela estava na fazenda do coronel Miguel Aires Maldonado. Foi também do mestre de campo Jorge de Lemos Paradis e dele passou aos herdeiros d. Maria Isabel Rangel e d. Maria Joaquina. Com o desaparecimento destas, a capela e a fazenda passou à administração do tesoureiro dos ausentes. Em 1794 encontrava-se arruinada;
- de N. Sra. da Conceição, na fazenda do padre José Leite Pereira, ereta com provisão do bispo São Jerônimo, de 5 de agosto de 1723. Em 1794 só restavam dela pedaços das paredes;
- de N. Sra. do Desterro, na fazenda que foi do dr. Roberto Carr Ribeiro de Bustamante, em Itaitendiba. Passou a Luís Carr Ribeiro e depois a Francisco Roberto Carr Ribeiro, filhos do fundador. Elevada à natureza de curada por provisão de 27 de junho de 1726, serviu em tal estado até 1747. Em 1794 estava arruinada e sem uso;
- de N. Sra. Madre de Deus, na fazenda da Ponte. A fazenda foi do cônego Roberto Carr Ribeiro de Bustamante. Não mais existia em 1794.
Outras capelas e ermidas que existiram na freguesia foram as:
- de São José. Em 1695 pertencia ao capitão José Barreto de Faria. Estava em uso ainda em 1707;
- de São Jorge, na ilha de Paquetá, já em uso em 17____;
- do padre Antônio Correia do Amaral (ou Leitão), em uso de 1714;
- do engenho de João Gonçalves Calaça, também em uso em 1714;
- uma fundada por Manuel del Rios em casa na rua dos Pescadores. Ficou para sua filha Isabel del Rio;
- na fazenda do capitão Francisco de Brito Meireles, em funcionamento em 1706.
- de N. Sra. da Conceição, em fazenda no Baldeador. Em 1785 era dos herdeiros do tenente Bento Rodrigues Pereira. Em 1840 pertencia a Luís Pinto de Oliveira;
- de N. Sra da Conceição, na fazenda do Laranjal. Ativa em 1846;
- N. Sra. da Piedade, no Porto do Velho. Em uso em 1862;
- N. Sra. da Conceição, na fazenda do Coelho. Ativa ainda em 1852;
- N. Sra. da Conceição, na paragem de Cordeiros. Em 1854, já havia sido elevada à categoria de sede paroquial;
- N. Sra. da Conceição, em uso em 1719. Pertencente a São Gonçalo ou a Icaraí;
Oratórios
- do dr. José Gomes da Costa Pacheco, na Luz, autorizada em breve apostólico assinado em Lisboa em 2 de abril de 1787;
- do dr. Cláudio José Pereira da Silva, em seu engenho no Cabuçu. Dedicada a N. Sra. do Bom Sucesso. Ativa entre, pelo menos, 1794 e 1855;
- do mesmo dr. e capitão Cláudio José Pereira da Silva, em sua fazenda Engenhoca, ou Bom Jesus. Dedicada a N. Sra. do Amparo e em atividade em 1793;
- de d. Ana de Bustamante e sua irmã Luísa Vitória de Bustamante, no Engenho Novo;
- do capitão Tomás Carr Ribeiro de Bustamante, no engenho da Vera Cruz. Ativo em 1795 e em 1839;
- do capitão Sebastião da Cunha, no Barreto;
- do dr. Félix de Proença Quintanilha, em Vila Viçosa, junto a Itaúna. Provavelmente o oratório de N. Sra. da Ajuda, ainda em uso em 1852;
- do capitão Luís Manuel Pinto, em seu engenho de Nuan. Em 1794 estava interditado, por vencida a licença;
- de d. Paula Gomes da Conceição, viúva de Bento Lopes da Cunha Velho, no engenho de Nuan;
- do dr. Felipe Gomes de Matos, no Nuan;
- do capitão Francisco da Costa Barros, em seu engenho em Salva;
- do padre José Leite Pereira, no engenho dos Cordeiros. Provavelmente o oratório de São Pedro dos Cordeiros, ainda em uso em 1833 e em 1840. Ou o oratório de N. Sra. da Conceição, na fazenda do Coelho, na paragem de Pacheco, que em 1856 estava elevada a sede de freguesia;
- de d. Ana Teixeira. Estava interdito em 1794;
- de d. Joana Isabel de Jesus, viúva do capitão Manuel Raposo de Vasconcelos;
- do dr. Francisco Xavier Fagundes, em sua ilha;
- do dr. Antônio Francisco Leal das Neves;
- de d. Josefa Sebastiana Barreto, em sua fazenda no Barreto;
- de N. Sra. da Ajuda, do capitão Manuel Rodrigues de Barros, em sua fazenda da Itaúna, já em uso em 1799. Depois , passou a sua viúva d. Rosa da Fonseca Costa. Ainda estava em uso em 1852;
- de N. Sra. do Monte do Carmo, que foi de Antônio Dias Delgado e, depois, do ajudante Francisco Muniz Barreto Escudeiro (já em 1807);
- de João Dique de Souza, em sua fazenda. Estava em uso em 1696. Talvez o oratório de N. Sra. da Conceição, do mesmo proprietário e em uso em 1713;
- de Manuel da Costa Cordeiro, em uso em 1707;
- de N. Sra. da Ajuda, no engenho de Itaúna, pertencente à viúva Paula de Azeredo Coutinho;
- do coronel Miguel Aires Maldonado, em uso em 1721;
- do capitão mor Clemente Pereira de Azeredo Coutinho, também em uso em 1721;
- de Sebastião da Silva Brandão, que recebia batismos em _________;
- da fazenda de João de Castilho Góis, operando em 17____;
- do padre Manuel Fernandes de Azevedo, ativo em 17____;
- do padre Manuel de Castro, onde se celebravam os sacramentos em 1717;
- do capitão Félix de Madureira Gusmão, em uso em 1715;
- de Bento da Fonseca e Silva, operando em _____.
- do sargento mor Elias Alexandre da Silva Correia, em uso em 1800;
- de São José das Sete Pontes, ativo em 1833 e em 1860;
- de N. Sra. das Dores. Ativo em 1836;
- de N. Sra. da Conceição, na fazenda do Tribobó. Em uso em 1838;
- de São Pedro, do padre José Pereira dos Reis. Ativo em 1839;
- do padre Joaquim Alves Muniz, operante em 1838;
- de Santo Antônio, no porto de São Gonçalo;
- de N. Sra. da Piedade, no Porto do Velho. Em uso em 1852 e em 1858 (quando a fazenda pertencia ao Comendador João da Costa Lima);
- de N. Sra. da Conceição da Itaoca. Em uso no ano de 1853. Ou talvez o oratório de Antônio Pires, que recebeu casamento em 1842;
- de São João Batista, em Itaoca. Operando em 1860;
Conventos
Capelães e Párocos
Nome |
Função |
Período |
CAPELÃES |
(desconhecidos) |
|
|
VIGÁRIOS |
João de Basto |
encomendado e depois colado |
1647-1670 |
Antônio da Rocha Freire |
colado |
a. 1688-1693 |
João Álvares Maciel |
colado |
1693-1698 |
Inácio de Morais |
interino |
1698 |
Gregório Caldeira de Melo |
colado |
1698-1716 |
Inácio Rodrigues de Figueiredo (1) |
|
1717-1721 |
Francisco Correia Vidigal (2) |
encomendado e depois colado |
1721-c.1730 |
Manuel Carvalho de Castro |
encomendado |
1730-(...) |
Francisco Correia Vidigal (3) |
|
1736-1746 |
Manuel Monteiro de Campos |
coadjutor que assumiu a vigararia |
1746 |
Antônio Moreira |
encomendado |
1747-(...) |
Francisco Correia Vidigal |
colado |
1747-d. 1755 |
João da Mata (de Jesus Maria?) |
encomendado |
a.1757-1761 |
Bento José Caetano Barroso Pereira |
colado |
1761-1791 |
Bento José Ferreira da Mata |
encomendado |
1791-1796 |
Antônio Vicente Rodrigues Pereira de Amorim |
encomendado |
1796-1819 |
Manuel Luís dos Reis Carril |
|
(...)-1833 |
Manuel Dias de Carvalho (4) |
encomendado |
1834-1836 |
Manuel de Freitas Magalhães |
|
1836-1839 |
Manuel Dias de Carvalho |
encomendado |
1839-1840 |
Eduardo de Andrade Lima (5) |
|
1840-1850 |
João Ferreira Goulart, cônego (6) |
|
1850-1903 |
Paulo de Estibayre |
|
1903-1915 |
José Silveira da Rocha, monsenhor |
|
1915-d. 1923 |
(1) A partir de 1721 passou a ser substituído pelo coadjutor Gonçalo Correia de Farias até pelo menos 1729.
(2) Foi afastado por culpas apuradas em visita pastoral.
(3) Inúmeras vezes substituído pelos coadjutores Pedro Lopes e Manuel Monteiro de Campos.
(4) Coadjutor que assumiu o vicariato.
(5) O Almanak Laemmert o traz como vigário em 1855, em 1860 e 1870;
(6) De 1892 a 1901, por ele assinava o padre Paulo de Estibayre. Assento de casamento na matriz de São José, Rio de Janeiro, em 1853 informa que o padre Eduardo era vigário em São Gonçalo. E assentos de 1862 e 1865 (por exemplo, Casamentos de Forros e Livres 1833-1865, fls. 161 e 186), também diz ser ele vigário da freguesia. Por fim, o Almanak Laemmert traz o padre Eduardo de Andrade Lima como vigário colado em 1865;
Fontes
- Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, O Rio de Janeiro nas Visitas Pastorais de Monsenhor Pizarro - Inventário da Arte Sacra, vol. II, p. 247;
- ARAÚJO, monsenhor José de Souza de Azevedo Pizarro, Memórias Históricas do Rio de Janeiro e das Provincias Annexas à Jurisdicção do Vice-Rei do Estado do Brasil, dedicadas a El-Rei Nosso Senhor D. João VI, Impressão Régia, Rio de Janeiro, 1820, vol. III, pp. 18 e ss.;
- COSTA ABREU, Antonio Izaías da, Municípios e Topônimos Fluminenses-Histórico e Memória, Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 1994, p. 205;
- LAEMMERT, Eduardo von, Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Corte e Província do Rio de Janeiro, anos 1846 a 1889, Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 1994;
- Arquivo da Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro, livros paroquiais;
- Arquivo da Cúria Diocesana de Niterói, livros paroquiais;
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