Inácio de Souza Werneck, capitão de ordenanças do terno da Conceição do Alferes e depois sacerdote, foi mandado em 1789 para o território além da serra dos Órgãos, entre os rios Paraíba e Preto, com o intuito de combater os índios coroados que atacavam os colonos brancos.
Com intuito de atrair os nativos, José Rodrigues da Cruz, proprietário da fazenda Pau Grande, que agradava os naturais com presentes de sua fazenda, foi mandado em 1801 para a região.
A 5 de fevereiro de 1803, Manuel Gomes Leal, antes pároco encomendado da Sacra Família de Tinguá, foi nomeado capelão curado dela, com faculdade para ministrar os sacramentos, exceto o do matrimônio. Com provisão de 23 de janeiro de 1812, foi autorizada a ereção de uma capela a N. Sra. da Glória no vilarejo.
A construção da capela a N. Sra. da Glória é envolta em uma lenda, muito comum à época. Conta este mito que lá pelo ano de 1817 (sic!), um dos portugueses que chegaram ao território se apaixonou por uma índia bonita e sedutora, talvez a mais linda entre os Coroados da redondeza. Casou-se o estrangeiro com ela. E do matrimônio veio um pimpolho, que seis meses depois vítima, de moléstia gravíssima, levou os pais ao desespero. Mas, o português, devoto de Nossa Senhora da Glória, vendo que o pequeno não melhorava e faltando-lhe os recursos da metrópole, fez uma promessa àquela santa: mandaria vir de Portugal uma imagem de N. S. da Glória se o menino se salvasse. Operado o milagre, cumpriu-se a promessa, instalando-se, então, um oratório na capelinha (dos índios), onde a imagem foi posta à veneração da população portuguesa e indígena.
E em provisão de 15 de agosto de 1813, elevou-a capela de N. Sra. da Glória a sede paroquial.
No livro "A História de Valença” (1924), o autor Luiz Damasceno nos relata que no primeiro livro de batizados, que data de 1809, antes encontrado no arquivo da paróquia, trazia o assentamento de 59 pessoas batizadas, das quais 42 índios e o do cacique Tanguára que, ao ser batizado, recebeu o nome de Hipólito. Infelizmente, por um descuido imperdoável, o precioso livro não é mais encontrado no arquivoda Cúria Diocesana.
Em 1820 teve início a construção da igreja atual. Sob os auspícios do Barão de Aiuruoca, major Custódio Ferreira Leite, foi aberta, entre os fazendeiros e moradores da freguesia, uma subscrição popular, para a construção da capela-mor, coberta e assoalhada em 1825.
Em 1836, foi fundada ali a Irmandade de N. Sra. da Glória.
"Aos vinte dias do mez de Abril do ano de Nosso Senhor Jesus Christo, de mil oitocentos e trinta e seis, reunidos na Igreja Parochial de Valença, os devotos abaixo assignados, sob a presidencia do Revmo. Parocho da Freguesia Joaquim Claudio Vianna das Chagas, deliberarão crear e installar a Irmandade de Nossa Senhora da Glória, Padroeira desta Igreja Parochial e sendo lido o compromisso da mesma Irmandade foi ele approvado e adaptado; deliberando-se que sendo posto em limpo e organizado pela meza subisse à aprovação do Governo Imperial e do Ordinario. Foram eleitos para comporem a mesa que deve servir no corrente anno de mil oitocentos e trinta e seis: — Juiz — Exmo. Visconde de Baependy; Secretario — Major José Indefonso de Sousa Ramos; Thesoureiro — José da Silveira Vargas; Procurador — Major João Antonio da Silva Péres. Consultores: — D. Manoel da Assis Mascarenhas, Revmo. Vigario Joaquim Claudio Vianna das Chagas, Revmo. João Baptista Soares de Meirelles, Padre João Joaquim Ferreira de Aguiar, Cap. João Pinheiro de Souza, Major Genuíno Antonio da Silva Peres, Joaquim Pinheiro de Sousa, o Sargento-mór João Francisco Leal, Cap. Bernardo Vieira Machado, José Alvares Pinto, o cirurgião Casemiro Lucio d’Azevedo Coutinho Rangel, o alferes Pedro Gomes Pereira de Moraes. Juíza: — a lIma. D. Brandina Eufrozina de Vasconcellos Faro. Ayas: — as Exmas. Marquesa de Baependy, Condessa de Valença, Viscondessa dc Baependy e as Ilmas. donas Francisca Maria Valle da Gama, Anna Rita de Faro, Isabel Maria da Visitação, Claudina Felisminda da Silva, Joanna Maria da Conceição, Theodósia Candida Vieira Maia, Francisca Joaquina Ermelinda, Anna Joaquina de São José e Maria Joaquina da Silveira. Resolveu a mesa que houvesse sessão no dia seguinte, para a posse; e levantou-se a sessão. E eu, Genuíno Antônio da Silva Peres, secretário interino, que a escrevi e assignei.”
De uma parte Santa Ana de Piraí e de outra N. Sra. da Conceição e São Pedro e São Paulo da Paraíba.
Nome | Função | Período | |
---|---|---|---|
CAPELÃES | |||
Manuel Gomes Leal | cura | 1803-1813 | |
VIGÁRIOS | |||
Manuel Gomes Leal | encomendado | 1813-1815 | |
Gomes Antônio do Nascimento | encomendado | 1815 | |
João Machado de Freitas | 1816-1817 | ||
Joaquim Cláudio de Mendonça | colado | 1817-1824 | |
Joaquim Cláudio Viana das Chagas (1) | encomendado | 1825-1865 | |
Luís Alves dos Santos | encomendado | 1866-1884 | |
Sabino Ferreira da Rocha | 1884-1885 | ||
Ladislau Adolfo de Sales e Silva | 1887-1909 | ||
Antônio Correia Lima | 1911 | ||
Francisco de Lemos (ou de Lima?) (3) | comissionado | 1911-1931 | |
Isidoro Fernandes | 1931-d.1939 |
(1) Durante a ausência do vigário Joaquim Cláudio, foram vigários os padres Manuel Dias do Couto Guimarães (a.1845-1848) e Sabino Ferreira da Rocha (a.1852-1853);
(2) O Almanak Laemmert o dá como vigário até 1922;
(3) por muitos anos (1911-1928), o cônego André Salema assinou os assentos, algumas vezes como vigário interino. E durante o ano de 1930, a paróquia foi dirigida por outros três sacerdotes, na ausência do vigário;
Fontes
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