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HISTÓRIA

EUROPA - O Período Paleolítico

Introdução

 

A falta de habilidades náuticas e as glaciações alpinas e nas estepes russas fecharam o caminho para o ingresso de contingentes humanos na Europa. Ademais, populações tropicais da África e do Oriente Médio tiveram de esperar até o atingimento de um patamar cultural que lhes permitissem sobreviver nos climas árticos e sub-árticos europeus: o domínio do fogo, a habilidade de fazer vestimentas, a capacidade de caçar animais que fornecessem alto teor calórico etc.

Os primeiros humanos teriam chegado à Europa há cerca de um milhão de anos atrás, mas só existem raros sítios desses primeiros colonos com datação confiável a partir de 600 mil atrás. Todavia, os sítios consistentes são datados de 350 a 250 mil anos.

 

 

O Paleolítico Inferior (800.000-250.000 a.C.)

 

A tradição industrial Acheulense foi levada para a Europa quando, no período interglacial, o Homem pôde, finalmente, migrar para lá. Os primeiros humanos viviam em acampamentos a céu aberto, próximos a cursos de água. Nessa época, era comum o uso desses sítios como açougue, para a retirada de tecidos, peles, carnes e ossos dos animais.

 

culturas paleolíticas

 

A Tradição Acheulense e, portanto, a humanidade chegaram à Espanha por volta de 700 mil anos atrás, conforme datação de sítios dessa cultura. Por volta de 600.000 a.C., se estabelecia no distrito de Perigord, Quercy, no sudoeste da França.

À medida em que se isolavam na imensidão do novo território, a Tradição Acheulense vai ganhando peculiaridades locais.

No Paleolítico Médio, surgem técnicas de obtenção de utensílios líticos, como a de Levallois, aparecida há cerca de 250 mil anos.

 

técnica de levallois

 

A mais antiga espécie humanóide européia conhecida é a do Homo Antecessor. Sua indústria era uma variedade da Tradição Omo. Crê-se que esse gênero espalhou na Europa as sementes do Homo Heidelbergensis, enquanto os exemplares que permaneceram na África evoluíram para o gênero Sapiens.

Em Sima de los Huesos (Atapuerca, Burgos, Espanha) foram achados indivíduos desse gênero Homo Antecessor, ali depositados na chamada Cueva Mayor por volta de 300 mil anos atrás.

Em meio aos ossos humanos, haviam ossos de um urso, três leões, 24 raposas, linces e lobos. Tudo indica que, atraídos pelo cheiro de carne, teriam caído na Cueva Mayor e dali não conseguiram sair. No local não há restos de herbívoros, o que reforça a tese.ursos em Atapuerca

A falta de utensílios domésticos indica que a caverna não era utilizada como habitação.

Eram 32 indivíduos, atirados pela fenda da Cueva Mayor, um poço seco e profundo, em um sepultamento aparentemente ritual, talvez mostrando um princípio de capacidade de abstração e o surgimento da religiosidade.

Nesse conjunto, não há restos de crianças menores de três anos de idade. Tampouco foram achados indivíduos maiores de 35 anos de idade. São quatro crianças menores de 13 anos, onze adolescentes entre 13 e 17 anos e só treze pessoas com mais de 30 anos. Aventa-se a hipótese de se tratar de um grupo de caçadores atacados por alguma enfermidade ou feridos numa caçada malsucedida. Outra hipótese, mais fantasiosa, sustenta que a enfermidade teria acontecido longe da serra, mas que só os indivíduos mais fortes, isto exclui crianças muito novas e anciãos, teria chegado à serra, onde morreram e receberam sepultamento.

Relativamente a sexo, nove indivíduos eram masculinos, nove mulheres e o resto não pôde ser identificado.

Os esqueletos revelam homens com altura superior a 1,75 metros, alguns dos quais chegando a 1,80 metros e até 80 quilos, e mulheres com altura rodeando 1,70 metros.

A análise dos dentes mostra um período de escassez de alimentos e doenças: um terço dos indivíduos mostram sinais de desnutrição ou enfermidades. Um dos crânios indica óbito por septicemia ou infecção generalizada, que começou nos dentes e chegou quase à órbita ocular. Abundam sinais de recebimento de golpes. Um dos indivíduos era surdo pelo crescimento de um osso interno, talvez decorrente de uma oitite crônica.

Eles usavam palitos para limpar os entredentes, como mostram marcas nos dentes. Não há cáries, mostrando dieta com pouco carboidrato.

Em Isernia della Pineta (Itália), há artefatos líticos atribuídos a esse gênero, com a mesma datação dos restos humanos de Sima de los Huesos. Em Orce, centro-sul da Espanha, também foram encontrados instrumentos da indústria do Antecessor, datada de um milhão de anos.

 

O Paleolítico Médio (250.000-35.000 a.C.)

A tradição Musteriense e os Neandertais

Nesse período, ocorreu um fenômeno exclusivo da Eurásia: formas locais do gênero Homo Erectus ficaram isolados em meio às geleiras do norte, dos Alpes e dos Pirineus e evoluíram para o gênero Homo Neandertalensis há cerca de 100 mil anos atrás. Esse novo gênero apresentava crânio maior, indicando capacidade intelectual maior que a de seus predecessores, necessária à sobrevivência no clima hostil da Europa.

Entre os Neandertais, se desenvolveu uma adaptação funcional da Tradição Acheulense, conhecida pelo nome de Técnica Musteriense, surgida há cerca de 90 mil anos e caracterizada pela fabricação de raspadores laterais, para a raspagem de couros, e objetos serrilhados e denticulados. Junto vieram os buris (instrumentos de ponta quadrada, para cortar e esculpir), perfuradores e bolas de sílex. As pontas de pedra eram provavelmente encaixadas em bifurcações feitas nas hastes, para formar lanças. As bolas possivelmente serviriam com boleadeiras.

 

 

ferramentas musterienses

Artefatos musterienses

outras ferramentas musterienses
ferramentas Musterienses

 

Surgiram, também, indústrias regionais, adaptadas a diferentes meio-ambientes: o Vasconiense, os da Europa Central, o pontiense italiano, o do tipo Tata húngaro e outros. Dessa maneira, entre os períodos Pleistoceno Médio e Pleistoceno Superior, a Europa vê a coexistência de indústrias líticas distintas: Acheulense, Epiacheulense, vários tipos de Musteriense e outros tipos mal definidos. A Tradição Musteriense dominou a Europa e durou até cerca de 33.000 a.C.

Sua indústria revelava serem dotados de visão espacial e capacidade de abstração, habilidades necessárias para programar e calcular o ângulo de incidência para tirar lascas do núcleo de pedra, bem como projetar mentalmente o resultado desejado.

Seus criadores, os Neandertais, eram caçadores que se vestiam de peles de animais, para proteger-se do frio, fabricavam e usavam instrumentos perfurantes e machados para descarnar suas presas.

A alimentação deles era provida quase exclusivamente por proteína animal, que permitiu a seu metabolismo acumular gorduras para enfrentar os rigorosos invernos. Ervas e outros vegetais eram consumidos mais como remédios. Entre os animais que compunham sua dieta, o gamo se destacava. Todavia, discussões recentes levantaram a hipótese de que também os Neandertais talvez não tivessem tecnologia suficiente para organizar caçadas. Nesse caso, eles se alimentariam e se proveriam de ossos de animais mortos por causas naturais ou por seus predadores. A descoberta de uma pontas de lanças fincadas no pescoço de um burro selvagem no sítio sírio de Umm el Tlel, datado de 50 mil anos, parece resolver a questão.

Uma ocupação humana na caverna de Moula (Guercy, França), de 120 a 100 mil anos atrás, foram encontrados seis esqueletos que mostram sinais de remoção de carne de forma análoga à que utilizavam para remover a carne das carcaças animais. Um sítio em Krapina (Iugoslávia) continha restos destroçados e queimados de uns 20 indivíduos. Por outro lado, sítios na Espanha que mostravam sinais de canibalismo apontaram para a ação de hienas e roedores.

Levavam uma vida nômade, seguindo o errar dos animais de que se alimentavam. Por isso, seus acampamentos eram também temporários, mesmo quando a ocupação das cavernas começou a prevalecer sobre os estabelecimentos a céu aberto.

O pensamento simbólico, inovação surgida no seio dessa populações, parece indicar a capacidade de comunicação oral, embora essa linguagem certamente fosse muito rudimentar. Talvez ela tenha permitido a caçada coletiva.

Embora os Neandertais não tenham deixado obras artísticas, o uso de corantes (talvez no tingimento de peles) mostra a existência de um senso estético.

Crê-se que entre eles surgiram as primeiras manifestações de religiosidade, pelo modo com que lidavam com os mortos, principalmente em práticas como o sepultamento intencional em covas, algumas simples e outras múltiplas. No sítio de Shanidar (Irã), um cadáver estava coberto por ramos de plantas medicinais.

Em Monte Circeo (Itália), foi encontrado um crânio isolado, depositado no fundo de uma cova circundada por pedras. A primeira idéia de um culto do crânio foi depois identificada como obra de animais carniceiros e não um ritual funerário.

Os Neandertais também deixaram sinais de sua passagem pelos montes Lessini, pelo altiplano de Asiago e pelo monte Avena.

Os Cro-Magnons vieram substituir a população Neandertal na Eurásia.

 

O Paleolítico Superior (35.000-10.000 a.C.)

A tradição Aurignaciense

O horizonte cultural Aurignaciense surgiu no Oriente Médio e chegou aos Bálcãs (sítios de Istallöskö e Bacho-Kiro) há cerca de 40 a 38 mil anos atrás, no fim do interstádio climático de Arcy e início do pleniglaciário de Würms II, período de resfriamento intenso, que impediu a vida de homens e animais nas montanhas européias mais altas e nos vales próximos.

A Tradição Aurignaciense trazia uma tipologia mais padronizada e uma indústria lítica mais leve, baseada na produção de lâminas foliáceas, obtidas pela percussão indireta, isto é, mediante o uso de uma cunha de madeira dura ou de osso sobre o núcleo do seixo. As lâminas assim extraídas eram presas nas pontas de hastes.

A Tradição Musteriense européia, composta sobretudo de buris e raspadores, não foi sobreposta de pronto e permaneceu viva até o entorno de 33.000 a.C., dividindo o pouco denso território da Eurásia por vários milênios. A partir daí, a indústria Aurignaciense suplanta sua predecessora. Mas a forma com que essa transformação ocorreu ainda não é clara. Alguns entendem que os Neandertais se aculturaram, gerando o horizonte cultural Chatelperroniense, outros sustentam a simples extinção dos Neandertais.

Aparentemente, essas comunidades criam em vida pós-morte, pois uma sepultura em Riparo di Stallavena (norte da Itália) continha um macho adulto com os braços estendidos ao longo do tronco e era recoberta de pedras. Sobre uma dessas pedras, havia a gravura de um felino grande (quase certeza tratar-se de um leão) e de um uro, bovino de grandes proporções e de chifres compridos, já extinto na era histórica.

Também na Itália meridional foram recuperados objetos de arte gravetiense. Em Riparo Tagliente havia ossos com incisões geométricas e um outro com uma representação estática de um bisão. Havia também seixos com incisões paralelas, como se usados para representar valores numéricos. Um outro pedrisco continha em sua superfície representações de animais: um gamo, uma cabeça de bovino, uma de cervídeo, uma de felino e a parte anterior do corpo de um bisão.

A Tradição Chatelperroniense (ou Perigordiense Inferior) surgiu principalmente nas faixas atlânticas francesas e espanholas e na Itália (com o nome de Tradição Ulizziense). Caracteriza-se pela produção de lâminas de dorso curvo sobre um substrato Musteriense (raspadores e objetos denticulados). A seguir, essa indústria é suplantada pela Aurignaciense, que se difunde por toda a costa norte ibérica.

Começam a aparecer os primeiros sinais das técnicas de manufaturar os ossos, o marfim e o barro cozido. O que não se sabe ainda é se foram produzidas pelo substrato nativo musteriense ou se são culturas européias do Paleolítico Médio, influenciadas pelos vizinhos Aurignacienses.

Arte tosca, como esculturas humanas esboçadas, aparecem aqui e acolá.

Na França, os sítios dessa cultura na região de Dordogne são os primeiros a apresentarem ossos de salmão, datados de 25 mil anos.

A tradição Gravetiense

O sítio mais antigo dessa indústria é de 26 mil anos (Weinberghöhle e Brillenhöhle, na Alemanha). Ela já estava estabelecida na França e na Espanha há 23 mil anos atrás. Na península ibérica, esta é uma cultura tipicamente mediterrânea, onde poucos sítios Aurignacienses foram achados. Na Itália, há alguns objetos dessa indústria na Ligúria e no Vêneto.

Suas características básicas são as folhas e pontas de dorso e raspadores sobre folhas, buris e perfuradoras. A indústria óssea perde importância no seio dessa tradição.

Ela recebeu o nome de Perigordiense na região cantábrica (Espanha) e aquitana (França).

Achados desse período entre a França e a Rússia mostra que era disseminada a técnica de espantar os animais caçados para beiras de precipícios por meio de tochas e gritos. Lá, os animais em disparada caíam ou eram empurrados pelos que vinham atrás para o abismo.

As pessoas ainda viviam nas entradas das cavernas ou em abrigos sob rochas salientes. Nas planícies européias, algumas comunidades viviam em cabanas, às vezes semi-enterradas no solo.

Expandem-se as manifestações artísticas, principalmente decorativas e nos adornos pessoais. Nesse período são também produzidas as Vênus Paleolíticas (sítios de Wilendorf, Lespugue, Brassempouy e Vestonice, por exemplo). Sobre ossos, marfim ou cerâmica rústica, aparecem traços razoavelmente simétricos e representações zoomorfas e antropomorfas. As figuras de animais são esquemáticas.

 

ídolo de Willendorf

As Vênus geralmente são gordas e nuas. Não têm rostos e braços ou eles são desfigurados. Seriam talvez as antecessoras das deusas da fertilidade dos povos agricultores que surgiriam milênios depois.

No campo social, aumentam os rituais funerários e as sepulturas guardam oferendas mais abundantes e mais diversificadas. Alguns corpos eram pintados de ocra vermelha.

Na Espanha, a indústria Gravetiense se restringia à costa mediterrânea.

 

A tradição Solutrense

Por volta de 20 a 18 mil antes do presente, quiçá devido ao avanço das geleiras do norte do continente e consequente fechamento das passagens alpinas, a Europa se fragmentaria em duas dinâmicas culturais distintas: a Epigravetiense na zona oriental e a Solutrense na banda ocidental.

A Tradição Solutrense prosseguiu a produção de lâminas curvas bifaciais. Em seu curso, renasceriam técnicas musterienses de produção de raspadores e discos. Os demais utensílios líticos e ósseos ligados a essa cultura não merecem destaque por não se diferenciarem da fase Aurignaciense anterior.

Em algumas regiões, a Tradição Solutrense parece intrusiva, sobrepondo-se a substratos gravetienses ou aurignacienses, o que gerou a suspeita de movimentos importantes de populações. Em outras partes, como Valência (Espanha) e Périgord (França), a transição parece ter sido suave.

Nesse período, as figuras humanas rareiam nas decorações de objetos e, por sua vez, a arte zoomorfa apresenta um desenvolvimento muito grande.

 

A tradição Magdaleniense

A Tradição Magdaleniense foi a última grande transformação do período Paleolítico. Ela apareceu no final da glaciação de Würms III, na época da última pulsação ártica (o Tardiglacial), ocorrida por volta do XVI milênio antes da Era Cristã. Pelas passagens naturais, chegavam à Península Ibérica levas populacionais procedentes da França e Europa Central.

A primeira manifestação da indústria Magdaleniense foi identificada na França e duraria até cerca de 8.000 a.C. Essa tecnologia se espalhou pela França (13.000-8.000 a.C.), Espanha, Países Baixos e sul da Alemanha. Na Dinamarca, os traços mais antigos de caçadores de bisões, cavalos selvagens e renas datam dos períodos Bølling (12.500-12.000 a.C.). Na fase seguinte, dita Allerød (11.800-11.000 a.C.), bem mais quente, apareceram as primeiras clareiras nas florestas e as renas, alces e grandes veados entraram na dieta dos caçadores. A ele seguiu-se um período mais frio (Younger Dryas, 11.000-9.300 a.C.), que trouxe a tundra de volta, só permitindo a sobrevivência de grupos pequenos, não maiores que 50 pessoas.

Provavelmente na época do resfriamento Younger Dryas (12.900-11.500 a.C.), pequenos grupos de caçadores teriam passado à Escócia e Inglaterra, então ligadas ao continente por um gigantesco piso de gelo.

O Magdaleniense continuava a indústria lítica precedente e nela predominavam os grandes buris, raspadores e perfuradoras. Os micrólitos ganharam formatos padronizados: triângulos, trapézios ou semicírculos. A indústria óssea eclodiu com uma força nunca antes vista. Os objetos eram frequentemente adornados com imagens gravadas e novas formas surgiram: bastões, arpões, discos, zagaias, espátulas etc.

No final desse período, identificam-se os primeiros sinais de escambos: conchas marítimas são achadas a centenas de quilômetros da costa e sílex provêm de regiões longínquas.

A caça apresentava matizes regionais: as renas na França, cervos no norte da Espanha, cabras na franja mediterrânea ou mamutes nas planícies russas. Em um sítio na gruta de Sainte Eulalie (França), datada de 15.000, 87% dos restos ósseos eram de renas.

A escala das caçadas coletivas continua limitada, pois grupos grandes certamente afugentariam as presas. O instrumental mortífero se aprimorou com a invenção do lançador de dardos e do arco e flecha.

O salmão, a truta, a percha e a enguia complementam a dieta protéica. No final dessa fase, a pesca com arpões e anzóis feitos de osso é intensa.

Nesse dois últimas horizontes culturais, o tamanho da população aumentou, como mostra a colonização do norte da Eurásia após a retração ártica e a proliferação de acampamentos nas demais regiões.

Nas regiões de tundra, onde a madeira era escassa, ossos de mamutes eram utilizados como postes para sustentar as peles de animais que formavam as paredes das habitações. Mas na região oeste e mediterrânea da Europa, as cavernas continuavam sendo os habitats preferidos.

No campo artístico, predomina a gravação de figuras de animais em cornos de cervídeos. Ao final do período, reaparecem os temas femininos estilizados, ao lado de representações de animais.

A esse período segue aquele conhecido como Epigravetiense, iniciado com o degelo das montanhas e vales, há cerca de 12 mil anos atrás. Na Itália há diversos sítios com material dessa época: Riparo Tagliente (nos montes Lessini) e nos altiplanos de Asiago e Cansiglio. No vale de Cismon foi encontrado um acampamento temporário sob uma saliência rochosa, onde foi enterrado um jovem caçador que morreu subitamente. Junto as seu corpo foram deixados grandes seixos pintados de ocra.

 

Chega o Homo Sapiens

 

Uma forma arcaica do gênero Sapiens, chamada na Europa de Cro-Magnon, se espalhou pela Eurásia há cerca de 40.000 anos atrás. Ele chegou à Europa e aniquilou a população dos Neandertais que ali viviam.

Os Cro-Magnons desenvolveram a indústria lítica Chatelperroniense, resultado do empréstimo e adaptação que o Sapiens fez das tecnologias Aurignaciense e Musteriense do Homo Neandertalensis.

A análise dos esqueletos encontrados no sítio de Vaclav-Vancata (República Tcheca) demonstrou que os machos eram muito altos e as fêmeas baixas e robustas. A locomoção dinâmica era comum a ambos os sexos, confirmando a vida nômade de toda a comunidade. Os novos povos tinham altura média de 1,85 metros, cerca de 20 cm. a mais que os neandertalenses.

Cada tribo Cro-Magnon que chegava tomava os campos de caça dos nativos, normalmente à força. Como eram maiores e melhor equipados, geralmente levavam vantagem. Poucos neandertalenses machos sobreviviam aos combates. As mulheres eram por certo levadas para gerar proles Cro-Magnon. Não há indícios que os neandertalenses tenham sido escravizados.

Na caverna de Franchthi, perto da vila de Koidala (Grécia), há sinais de ocupação humana desde cerca de 35.000 a.C. Na camada mais antiga há ossos de equinos (provavelmente asnos selvagens), corças, porcos, lebres, tartarugas e pássaros. Um estrato mais recente trazia sinais de grandes bovídeos (possivelmente bisões), caprinos de grande porte (talvez cabras selvagens) e alguns peixes pequenos. Na camada superior, a maioria dos ossos é de cervídeos, há alguns equinos, alguns caprinos e até sinais de ratos selvagens. Não há restos de bovinos nesse nível.

Os habitantes da caverna eram provavelmente caçadores e coletores de frutos. Não há indícios de coleta de plantas comestíveis até cerca de 11.000 a.C. As sementes eram possivelmente de plantas destinadas a servir de cama ou tingimento.

Por volta de 11.000 a.C., as lentilhas, ervilhacas, pistaches e amêndoas. Cerca de meio milênio depois, surgiam uns raros indícios do uso de cevada e aveia selvagens, que só se tornaram usuais por volta de 7.000 a.C.

Eles se valiam de ferramentas líticas de pedras de sílex lascadas. Uma pequena quantidade de obsidiana oriunda de Melos apareceu bem no final desse Período.

Nessas populações não havia cerâmica, arquitetura nem sepultamentos rituais.

Por volta de 13.000 a.C., as geleiras começaram a se derreter pelo aquecimento geral do planeta. O nível dos mares se elevaram e o calor e umidade induziram o crescimento de florestas densas, propiciando o aparecimento de algumas espécies novas e o fim dos grandes mamíferos (bisão, mamute, urso, tigre de dente-de-sabre ...), que migraram rumo ao frio norte da Eurásia.

 

 

Segue o Mesolítico europeu



Criado e administrado por Marco Polo T. Dutra P. Silva

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