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CADERNOS DE VIAGEM

AMÉRICA DO NORTE - Canadá - Região Leste - Nova Scotia

Halifax

De Montreal, 22 horas de trem para Halifax. A maioria do trajeto foi à noite. Uma parada perto de Rivière du Loup (leia riviér di lú) sobre uma bonita queda dágua e um rio encachoeirado. Quando amanhece, a gente viaja um bocado às margens do rio Matapedia, um rio meio largo, totalmente acascalhado e raso, que dizem ser de águas frias e muito piscoso.

Nas torres de transmissão de energia há muitos ninhos de falcão, a quem os guardas protegem erguendo cercas ao redor das torres e colocando cartazes que dizem que eles se assustam muito fácil e abandonam os ninhos e pedindo para não fazerem barulho por ali.

Por fim, Halifax. O trem vem em curva, contornando o morro, e de repente a cidade. Difícil falar algo quando se está pela primeira vez numa cidade de onde vieram seus ancestrais. Sol e vento frio. Foi assim por quase dois dias.

Já no primeiro dia não me contive e fui ver o mar por onde meus antepassados navegavam. Estava aquele clima típico da Irlanda e Escócia: uma neblina forte, o mar agitado, de águas cinzas e frias. Não dava para ver Dartmouth, que fica do outro lado do canal. Chuviscava.


A cidade é limpinha e fica numa espécie de península. A ponta é tomada pelo Parque Point Pleasant. Na margem do canal norte há passarela onde havia exposição de navios antigos, o cais do "ferry" que vai para Dartmouth (a 25¢ a passagem), curiosamente chamado de Pier 21. Fiz esse trajeto inúmeras vezes. Às vezes voltava à pé pela ponte que há sobre o Narrows.

Da ponte se vê o braço de mar e o porto da Marinha Canadense. As bordas da ponte são cobertas de telas de arame, não sei se para evitar suicídios ou para proteger os navios militares. Ela acaba no fim da Barrington St., onde meus trisavós moraram no fim do século passado e onde ficava meu hotel.


halifax

Esse Narrows foi onde ocorreu a maior explosão do mundo antes da bomba atômica, em 1917. Dois navios vinham na mesma rota e se recusaram a alterá-la alegando estarem com a razão. Colidiram. O navio francês estava carregado com 2.500 ton. de TNT e outros explosivos. Toda a área local foi destruída. Milhares de pessoas morreram. A explosão foi tão forte que a âncora do Mont Blanc foi parar à distância de 3 km do local da explosão, que foi ouvida em Truro (a 90 km dali). A nuvem de fumaça subiu a 360 metros.

No Pier 21 acontece todos os anos os shows conhecidos como Buskers Festival, em fins de agosto/começo de setembro. São festas com músicas e comidas de diversas partes do Canadá, a maioria ressaltando a herança irlandesa ou escocesa da cidade. Vez por outra, estudantes estrangeiros também apresentam suas músicas nativas.


No centro da cidade fica um cemitério do século XVIII (Old Burying Ground), como se depreende da leitura das lápides que sobreviveram às chuvas contínuas e à neve. Defronte a ele está a basílica católica de St. Mary.

Mais para o norte se pode ver o conjunto de salas e shopping center chamado Scotia Square, todo interligado por passarelas elevadas sobre as ruas. Uma forma de se passear no período invernal, quando a neve e o frio tomam conta da cidade.

Ainda no centro histórico ficam a igreja de São Patrício, fundada pelos irlandeses ao santo patrono de sua terra, e a igreja protestante de São Paulo, a mais antiga do Canadá (fundada em 1749).


Na parte alta da cidade há a Citadel, um forte do século XVIII, onde soldados e colonos em roupas típicas recebem os visitantes. Cada compartimento do forte tem os apetrechos típicos. Ele tem a forma de uma estrela, com fossos, canhões, casa de pólvora, alojamento de soldados e tudo o mais. Dele eu vi um "fog" sobre a cidade que só deixava as torres mais altas à mostra. Era uma neblina tão tênue que levava muito tempo até molhar a roupa. O sol brilhava e passava por dentro da neblina. Havia um telhado que refletia a luz do sol.


Atrás do morro da Citadel há um grande e bonito parque municipal, cheio de flores e árvores: os Public Gardens.

Apesar dessa névoa, algumas nativas tomavam banho de sol de biquíni no parque da cidade, o Point Pleasant Park, nesse dia. É ... Apesar do "fog" e do vento frio.

Aliás, essa neblina eu já tinha visto no parque, um parque bem maior que o Ibirapuera. Lá o pessoal passeia, toma banho de sol, nada no mar (umas prainhas de cascalho puro). Quando a neblina veio, um navio (veleiro tipo pirata) teve de parar no meio do mar e ficava tocando o apito o tempo todo, para não ser abalroado. As velas saíam por cima do nevoeiro, dando a impressão de ser o próprio Dutch Flying.


Do outro lado está Dartmouth, onde meu tetravô se casou e teve meu bisavô. Como era barato, fui várias vezes até lá. Há um cemitério indígena antigo, no qual uma escada nos conduz à parte mais alta da cidade. Nessa escada há um observatório de onde se tem uma vista realmente linda do canal, com o alto mar muito ao fundo.

No meio do canal há duas ilhas (uma chamada Mic Mac, em homenagem aos índios da região), que dizem ter sido valhacouto de piratas. Aliás, a região atrai muitos turistas à cata de tesouros escondidos e restos de navios piratas afundados.


Na downtown de Halifax estão a igreja de Santa Maria (antiga São Pedro), catedral católica. E à frente dela o Cemitério Velho (séc. XVIII), onde inúmeras lápides amarronzadas pelo tempo mostram os nomes de quem ali repousa. Na entrada uma catálogo geral das covas que puderam ser identificadas e a indicação de onde estão.

Há um jardim grande e bonito perto da Delhousie University, onde está o Arquivo Público da Nova Scotia. Ali achei todo o ramo canadense dos meus antepassados.


O clima em Halifax é carregado das tradições escocesas e irlandesas. Há festivais de danças e músicas dessas duas etnias, livros mostrando como pesquisar a genealogia nessas terras etc. Descender de irlandeses ou escoceses é orgulho para as famílias locais.

Uma coisa que me chamou a atenção é a garra com que eles defendem seu meio ambiente. Não são de passar a mão na cabeça e dizer "coitado, não sabia..." ou "deixa para lá, é um excluído ..." Estava eu conversando com uma garota de uma empresa de aluguel de botes e barcos quando um barquinho pequeno aportou. De repente, o navegante saiu com uma lata de óleo queimado e jogou o conteúdo no mar. A moça me pediu licença, entrou na loja e chamou a polícia marítima. Que, diga-se de passagem, não levou mais que alguns minutos para chegar. Ela apontou o infrator e dali a pouco estava ele assinando sua multa.

Num outro dia, fui andar pelo Point Pleasant Park. Nas entradas do parque há letreiros falando da proibição da entrada de animais. Já lá dentro, vi um sujeito folgadão com seu dog. Pensei comigo: "é igual em todo canto", mas queimei a língua, pois logo apareceu um guarda, multou o engraçadinho e fê-lo retirar o cachorro de lá incontinenti.


Peggy's Cove

Uma atração perto de Halifax e que atrai turistas de toda parte é o farol de Peggy's Cove.

Ele fica na beira de uma pequena enseada e ali o mar é sempre bravio.


A volta aos Estados Unidos eu a fiz de ônibus, cerca de 8 baldeações entre Halifax e Boston (nos Estados Unidos).

O ônibus sai da Nova Escócia e entra em New Brunswick. Vai rodeando a Bay of Fund, com manguezais nas margens, até a capital Saint John, na foz do rio de mesmo nome. Passa por pequenas cidadezinhas muito limpas e floridas, a maioria com canteiros nas janelas e flores nos postes públicos. A mais bonita me pareceu St. Andrew.

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Criado e administrado por Marco Polo T. Dutra P. Silva

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