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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Escócia - Wester Ross

Ilha de Skye

Fomos conhecer a ilha de Skye, ou An t-Eilean Sgitheanach (pron. an tchêlan sgeanarr) nas Hébridas Interiores, terra de dois clãs poderosos: os McDonalds de Sleat (para distinguir dos McDonalds de Glencoe) e os McLeod (leia macláud). Chovia horrores. A neblina estava baixa. As cascatas e os riachos pareciam que iam levar tudo à frente: urravam, espumavam ... A ilha é o único lugar da Escócia onde as placas indicativas são bilíngues.

Passa-se à ilha por balsas (que no verão saem de Glenelg para Kyler Lea ou de Mallaig para Armadale) ou por uma ponte com pedágio em Kyle of Lochalsh (cuja taxa é de £ 5,20). Escolhemos a segunda.

Foi dificílimo achar um lugar para pernoite.

O castelo dos McDonalds em Armadale fica na península de Sleat, à esquerda de quem chega na ilha. Está situado num vilarejo a uns 20 quilômetros da ponte e para chegar nele tem-se de percorrer uma estrada de uma só pista. O percurso dura uma eternidade, pois cada vez que se encontra um carro no sentido oposto um deles tem de parar no acostamento.
O Dunvegan (danvégan) Castle, , nas margens do Dunvegan Loch, no norte da ilha, era a fortaleza dos McLeod.

Pela genealogia da família, os McLeod vieram do casamento de Leod com a herdeira dos MacArailts, que moravam em Dunvegan. Leod era filho de Olaf II, o Negro, rei da ilha de Man e descendente do rei norueguês Harald Hardrada. Leod e sua esposa tiveram os filhos Tormod e Torquil, progenitores dos clãs McLeod (de Dunvegan, Harris e Glenelg) e McLeod (da ilha de Lewis).

Quando o rei norueguês Haakon foi derrotado em Largs no ano de 1263, o domínio direto dos noruegueses se encerrou e os clãs se gaelizaram.

O clã vivia em constantes refregas com os vizinhos e o poder central em Edimburgo. Com o Estatuto de Iona, os chefes dos clãs foram obrigados a se anglo-saxonizar. E com a derrota em Culloden, seu poder esvaiu-se definitivamente.
O castelo guarda a mobília, fotos, documentos etc. dos séculos recentes. Quase nada muito velho. Os cômodos são atapetados e as paredes recobertas de papel de parede e quadros dos McLeods. Uma pérola. De destaque no acervo estão a Fairy Flag (Bratach Sith), o Cálice de Dunvegan, o Corno de Rory Mor e a Carta Real.

A lenda da família conta que a Fairy Flag teria vindo da Terra Santa, quando um dos McLeod lá lutou na época da cruzadas. Desfraldada, ela teria o poder de salvar o clã da extinção. Ela, porém, só funciona três vezes. Até o momento foi usada duas vezes: em 1066 (invasão normanda) e na Segunda Grande Guerra. Há várias outras versões de Bratach Sith, todas envolvendo a Terra Santa, as Cruzadas e o poder da bandeira.

O Cálice de Dunvegan é todo de ouro trabalhado e tem a forma de um chimarrão de seção quadrada. Foi presente do rei Neill da Irlanda, quando os McLeods lutaram na Ilha Esmeralda. Já o Corno de Rory Mor, um chifre com borda de prata, tinha significado simbólico. Todo chefe de clã quando nomeado deveria beber o conteúdo do chifre sem derramar uma gota, para não trazer azar ao clã. O chefe atual bebeu tudo em 1 minuto e 57 segundos.

A Carta Real, assinada pelo rei James IV da Escócia, confirma os McLeods na posse das terras que detinham.

Um audio-visual mostra a história dos clãs da ilha.

No caminho do castelo passa-se pelo minúsculo Museu do Gigante Angus MacAskill, o mais alto escocês de todos os tempos. Angus (1825-1863) nasceu na ilha de Berneray, no Sound of Harris. Media 2,36 metros e morreu de febres em St. Ann, Cape Breton, Nova Scotia, no Canadá, aos 38 anos de idade.

Prosseguimos visitando a ilha de Skye. Perto de Broadford um rio quase cobria a ponte de pedra.

Passamos ao largo das ilhas de Scalpay e de Raasay, chegando a Portree (1) , uma cidadezinha minúscula e bonita, então apinhada de gente.

Nela o Bonnie Prince Charles se despediu de Flora MacDonald, antes de fugir vestido de mulher sob o nome de Betty Burke, a criada irlandesa de Flora.

A ilha é pouco povoada, montanhosa e coberta por uma grama baixa. Tem uma serra de se admirar, perto de Drynoch (as Cuillin Hills). As chuvas são frequentes, criando centenas de quedas d’água despencando das montanhas.

Ao norte de Portree fica o Old Man de Storr. Passa-se por uma garganta nas montanhas para entrar num vale que parece lunar, com colinas erodidas, em formato de ponta de flecha. Ao fundo, o mar plácido entrando na ilha e formando os tradicionais loch.

Perto de Portree fica a Aros (2) Experience, uma apresentação áudio-visual multilíngüe de coisas sobre a ilha (história, modo de vida, etc.). Você coloca fone de ouvido e vai seguindo os painéis e escutando as explicações e detalhes sobre a história da ilha.

Há na ilha algumas destilarias de uísque (Talisker e Pràban na Linne, por exemplo). O Colbost Croft Museum, perto de Dunvegan, exibe implementos e mobílias do passado e uma réplica da produção ilícita de uísque.

Estando por ali, não deixe de tomar um barco para as Hébridas Exteriores (ilhas de Lewis, North Uist, South Uist e Barra). Na ilha de Lewis visite as "Standing Stones" perto de Callanish.

Os toponímicos da região lembram uma língua escandinava (Raasay, Barra, Miavaig, Tolsta ...).

 


(1) De port righ (porto do rei) ou, segundo outros estudiosos, de port ruighe (porto das encostas).

(2) Palavra do antigo gaélico significando casa ou lar.

 

Segue o Lago Ness...

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