De Burgos fomos para León, antiga capital do reino visigótico de Leão. Seu nome vem da Legio romana ali acantonada.
Na confluência dos rios Torio e Bernesga, a cidade foi fundada cerca de 163 d.C. sobre um povoado ibérico pela Legio VII Gemina, com seis mil soldados de infantaria, cento e vinte mil da cavalaria e outros soldados. A igreja de San Isidoro tem várias peças desse período. As escavações já recuperaram a casa do governador Lucio Terencio Hormullo.
León foi conquistada pelos árabes em 717 e com eles ficou por 25 anos, até ser recuperada por Alfonso I e reconstruída por Ordoño I em 826.
Quando Alfonso III morreu, seu filho e sucessor Garcia transladou a capital do reino astur-leonês para Torio e Bersnega.
No século X as tropas de Al-Mansur destruíram a cidade, que foi reconstruída por Alfonso V. Esse rei mandou erigir na atual igreja de San Isidoro o panteão real. Seu filho Bermudo III foi o último rei leonês, pois seu sucessor Fernando III uniu as coroas de Leão e Castela e mudou a capital para (Valladolid?).
O centro histórico de León é meio decadente, mas a parte nova é bem agradável.
Visitamos a Catedral onde o rei Ordoño II foi sepultado atrás do altar, no corredor das capelas. Seu epitáfio diz:
OMNIBs.EXEMPLU.sit.q. venerabile. têmplu rex dedit Ordonius quo iacet ipse pius hanc ferit sei(þ)in quã. p'mo fuerat edens virginis ortatu que fulgit pontificatu pavit eam dones per eam nitet irbs legioms que (ums) ergo di gratia pascat ei. Amem.
Em túmulos colocados sobre as paredes laterais da capela-mor estão as relíquias de São Pelágio (criança martirizada em Córdoba no ano de 925) e de Santo Albito.
Embaixo do altar-mor fica uma caixa de vidro e dentro dela uma urna de prata dentro da qual está o corpo de San Froilán, padroeiro da cidade.
A Catedral tem o mais lindo conjunto de vitrais que já vimos. Vitrais enormes e coloridos permitem iluminar a igreja tenuemente, convidando à oração.
Ao lado da atual Catedral estava estacionada a Legio VII, da qual foram achadas várias lápides votivas ou sepulcrais que estão guardadas na Basílica de San Isidoro.
Vimos o que restou das muralhas, perto dessa mesma basílica.
A Basílica de San Isidoro não é grande.O jazigo do santo fica num elevado no topo do retábulo atrás do altar. O museu anexo à basílica é também um panteão real e ali estão enterrados onze reis, doze rainhas, 10 infantes, 9 condes e outros membros da aristocracia local. Depois da invasão napoleônica, quando os sarcófagos foram profanados, apenas estão identificados os corpos de Alfonso V (999-1027), do infante Garcia (último conde de Castilla, assassinado em León em 1028) e da infanta-rainha D. Sancha (fal. 1158, cujo corpo estava intacto).
Os esqueletos já foram separados e estão sendo submetidos a teste de DNA. Até agora só se pode reconhecer o do rei Bermudo III (1027-1037), de quem há uma lápide. Sabe-se que ele morreu pelas feridas que recebeu na batalha de Tamarón. É sabido também que o último enterramento no local foi o de Maria, a última filha do rei Fernando III e sua primeira esposa Beatriz da Suábia.
Sabe-se que o primeiro rei ali enterrado foi Ordoño II (910=914). Certamente também estão ali seus sucessores Fruela II (910-925), Alfonso IV (925-930), Ramiro II (930-950), Ordoño III (950-955), Sancho I, o Gordo (955-967), Ramiro III (967-984), Bermudo II, o Gordo (984-999), Alfonso V (já identificado), Bermudo III (já identificado).
No claustro da basílica estão várias lápides romanas pré-cristãs. Entre elas uma de um legionário romano, talvez nativo da área leonesa, com uma pele de lobo sobre os ombros.
Outra parte do museu abriga a biblioteca capitular com centenas de livros desde o século X, compreendendo bíblias visigóticas, românicas, moçárabes, missais e outros impressos.Outra sala do museu guarda um cálice coberto de ouro e pedras preciosas, com a inscrição feita de fios enrolados: In nomine Domini Urraca Fredinandi. Há uma arca esmaltada, um ídolo viquingue em marfim, o Pendão Milagroso (a que se atribui a vitória de Alfonso VII sobre os mouros no cerco de Baeza. Traz a figura equestre de São Isidoro, como havia sonhado o imperador antes da vitória e relíquias de vários santos.
Fomos ver a Plaza Guzmán El Bueno e ao lado dela, o rio Bernesga.
O rio é cortado por sete pontes. Em suas margens há passarelas em cerâmica avermelhada. Há umas quatro ou cinco minibarragens (30 a 50 cm de altura) e uma com uns 5 metros de altura. Todas formam cachoeiras, quebrando o ritmo plácido do rio.
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