CADERNOS DE VIAGEM
EUROPA - Espanha - Castilha-León
Soria e Numancia
Passamos para Tarazona, cuja igreja tem uma linda torre mudéjar, e fomos para Soria. Era hora da siesta e tudo estava fechado, à exceção do imperdível Museus Numantino. São três andares: No primeiro é apresentada de forma bem didática a evolução das culturas pré-históricas na região. Também aí ficam os achados da era romana na região. No segundo andar são mostrados os achados das populações celtibéricas de Uxama e Tiermes. Na terceira, os achados da cidade de Numantia, que foi sitiada e destruída pelos romanos.
No museu, cada pedra romana tem seu texto transcrito e traduzido. Muitas moedas celtibéricas vêm com inscrição no alfabeto deles. Trazem nomes de cidades, tais como Uarkas (Rio Vargas), Letaisama (Ledesma), Belaiskom (Velazco) e outras.
De Soria fomos a Garray, onde fica a antiga cidade de Numantia. No alto de um morro estão as marcações das ruas e as fundações das casas que ali existiam. Uma das casas foi reconstituída com paredes de taipa, portas e janelas de madeira, etc. A melhor vila do período de romanização da península que já vimos.
Na cidade há uma Aula Arqueológica sobre o cerco de Numantia. Nela se mostra o enfrentamento de duas culturas: o celtibérica e a romana.
Uma vez consolidado o domínio de Roma no sul da península e no Levante, os exércitos imperiais se aprofundaram no território. Os celtiberos se opuseram, mas o cônsul Graco conseguiu, em 179 a.C. um tratado. Mas a pressão dos administradores romanos e a piora da situação econômica de celtiberos e lusitanos levaram-nos a se rebelar. Os primeiros foram os segedenses (Mara, Zaragosa). Os romanos, sob o comando de Nobilior, intervêm e os segedenses pedem refúgio aos arévacos de Numantia e para lá se dirigem. Nobilior os perseguiu até Numantia, mas foi derrotado, apesar de infligir graves baixas aos adversários, inclusive matando Caros, o chefe segedense. Nobilior esperou a chegada de reforços, inclusive de dez elefantes. O impacto de uma pedra lançada sobre a cabeça de um dos elefantes fê-lo enfurecer-se e criar uma disparada dos animais, matando muitos romanos e gerando uma confusão que ajudou a vitória dos numantinos.
Cornelius Scipio, o Africano, trouxe suas tropas a Numantia em 134 a.C. e estabeleceu seu quartel-general na colina de Castillego e sete acampamentos isolando a cidade. Entre os acampamentos mandou erigir sólidos muros e fossos.
Os numantinos padeceram fome durante onze meses, até a queda da cidade diante de forças mais numerosas. Segundo contam, eles mataram as crianças e tocaram fogo na cidade, imolando-se nas chamas para não caírem escravos dos romanos.
Pouco depois a cidade voltou a ser habitada, até a chegada dos germânicos, no século IV d.C.
Em Soria vimos também a Concatedral de San Pedro, que permanece quase o tempo todo às escuras e que não guarda nada muito especial. Vimos de longe a Ermida de São Saturio, sobre uma roca na encosta de um morro e tendo o rio Duero correndo no fundo da garganta. Também às margens do Duero ficam as ruínas do mosteiro de San Juán, do século XIII e que pertenceu à Ordem dos Templários.
A vista mais bonita da cidade é do topo do morro onde fica o Parador Nacional. A cidade em si não é particularmente bonita, mas não chega a ser feia.
A TV de Aragão mostrou um mega evento do padre Marcelo no Maracanã. No dia seguinte a TV de Barcelona, numa mesa redonda, em catalão, mostrou os 10 melhores gol de Romário, Ronaldinho e Rivaldo. O apresentador jogou um babador para um ex-jogador inglês (Lineker) que participava da mesa redonda. Todos concordavam que os gols tinham sido maravilhosos. O quadro Aixo è Increíble, do mesmo programa, definiu o Clube Super 3 como o grupo de jogadores que tinham feito 3 goles num só jogo. Ao clube pertenciam um basco e três brasileiros.
Segue Zaragoza ...
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