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CADERNOS DE VIAGEM

AMÉRICA DO NORTE - Estados Unidos - Colorado

Cripple Creek

No dia seguinte partimos para Cripple Creek. Pegamos um caminho extra-oficial (leia-se errado) e chegamos à cidade por uma estrada de terra de cerca de 30 milhas. Passamos por Goldfield e Vitor, duas pequenas cidades estilo faroeste.

Cripple Creek é outra ex-cidade mineira que se transformou em cidade-cassino. Quase não há estacionamento para o público, porque os cassinos tomaram todos os lugares apropriados para parar carros.

As ruas da cidade são retas e as casas do começo do século, muito bem pintadinhas. Em 1856 ela pegou fogo duas vezes em menos de uma semana, deixando 5.000 desabrigados, quase todos mineradores.

Visitamos o museu. Como todos os americanos, o mundo se resume aos Estados Unidos e eles apregoam a todos os pulmões que Cripple Creek é a maior mina de ouro do mundo. Pobres ignorantes!

O museu tem três andares. No térreo, à esquerda, objetos de mineração e notícias locais antigas. Li um artigo de jornal sobre um negro que atirou num branco. O negro era considerado um homem bom (apesar de parecer feroz nas fotografias tiradas). Tinha cerca de 60 anos. O artigo vai descrevendo a ação da polícia e só retorna o foco ao crioulo, quando diz que ele não seria condenado por homicídio, porque a vítima estava se recuperando muito bem.

Ainda no térreo, à direita de quem entra, está uma sala dedicada ao jogo e ao chamado "red light district" (ou, em bom português, a zona). Eis as histórias que chamaram minha atenção: a primeira sobre um tal de não-se-o-quê Long, que era minerador, foi à cidade, bebeu demais, andou apostando em vários lugares. Mais tarde entrou no bar de Crumbey (?), jantou e voltou ao jogo. Há duas versões. Numa ele teria saído, quando soube que seu cunhado estava sendo ameaçado pelo dono do bar. Noutra versão, ele teria xingado o Crumbey de estar usando máquina de jogo viciada.

De qualquer modo, tiveram uma discussão e o "barman" atirou nele bem acima do olho direito. Ele não morreu na hora, mas não mais recobrou a consciência. O jornal mostra a foto do Long estendido no chão, morto, de olhos abertos.

Um outro recorte de jornal falava de umas irmãs que tinham uma lavanderia no local e de um dos dois incêndios que destruíram a cidade e acabaram com a lavanderia. As máquinas, contudo, sobraram e já no dia seguinte lá estavam elas com as máquinas funcionando de novo.

Há um caso interessante. Havia naqueles tempos jornais que mandavam representantes para viajar pelo país contando como as notícias corriam nas cidades. Um tal John Street passou por Cripple Creek e sentou a ripa na cidade em seu artigo, Como vingança, brincando com o nome dele, a população deu no nome de John Street à rua do puteiro local.

Ainda nessa sala há um vestido de noiva que Pearl de Vere (a mais famosa prostituta do Old Homestead, prostíbulo local) sempre guardou. Também ali está a lápide (de madeira) que existia sobre sua tumba (ela faleceu em 5 de junho de 1897) e foi levada ao túmulo por quatro oficiais da polícia montada, 20 músicos de banda do Elk's Club e uma dúzia de charretes cheias de garotas "do pedaço".

O segundo andar mostra de um lado artigos ferroviários e de outro , artigos de mineração. Nesta última sala há uma interessante maquete. Feita de diversas placas de vidro, a cerca de l cm uma da outra. Em cada uma o desenho de como é naquele nível. Cada placa representa um corte a cada 100 m. Olhando de cima da maquete (há um degrau de cada lado para isso), se vê a mina com um senso de profundidade.

No terceiro andar um apartamento mobiliado à moda do começo do século. Até papel de parede tinha.

Nesta cidade pegamos novamente neve caindo. Floquinhos leves.

Segue Florissant ...

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