A primeira parada no Novo México foi no Pecos Pueblo, a antiga missão de Nossa Senhora dos Anjos, de 1540, mais ou menos.
Nessa povoação viviam os Pecos, que descendiam dos Anasazi e eram negociantes. A vilota era cercada por mureta, marcando até onde os índios das tribos vizinhas podiam se aproximar para trocarem seus produtos com os Pecos.
Intramuros estavam as casas e os kiva, porões redondos cavados no chão e recobertos com pedras. Neles eram realizadas as cerimônias religiosas. Os kiva tinham um buraquinho no centro, que ligava o mundo exterior àquele que acreditavam existir dentro da terra. Uma escada de madeira permite entrar num deles. Eram mais de vinte. Como o kiva é cavado no chão, apesar do calor sufocante do ambiente, lá dentro é fresco.
Os pecos estranharam a chegada de uns homens barbudos montados em esquisitos alces sem chifres (os cavalos). Entretanto, como eram pacíficos, foram facilmente aculturados. Os jesuítas providenciaram a construção de uma igreja em 1600, que durou até 1680, quando uma seca prolongada foi atribuída aos brancos, em particular aos jesuítas, e os índios expulsaram os frades e construíram um kiva ao lado da igreja queimada. Depois, em 1700, uma outra igreja foi construída. Era grande, feita de adobe e com paredes grossas.
Das casas e da igreja só sobraram ruínas. Caminha-se por meio dessas ruínas sobre uma passarela asfaltada. Ao lado dela algumas placas alertam para a possibilidade de se encontrar com cascavéis, muito comuns no deserto (embora eu não tenha visto uma única). Recomenda-se que não se saia da passarela e que se notifique os rangers no caso de ver alguma. Alguns dos cartazes são bem-humorados: "respect the right of rattlesnakes to privacy. Stay on the stroll".
Do pueblo se pode ver o Rio Grande e as planícies no lado oposto à serra Sangre de Cristo.
Ao fim da tarde chegamos a Santa Fé, ponto final da Santa Fe Trail. É uma cidade alta, aos pés da serra de Sangre de Cristo, montanha que acompanha a I-25 e passa pelo Pecos Pueblo.
Santa Fé está a 7.000 pés (cerca de 2.100 m) de altitude. É a mais velha capital dos Estados Unidos, posto que estabelecida em 1610 pelos espanhóis onde era a cidade Tanoan dos índios Anasazi. No tempo dos espanhóis tinha o nome de Villa Real da la Santa Fé de San Francisco.
Em 1609/1610 se instalou ali o governo de Peralta. Em 1680, como dissemos, os anasazi e os apaches se juntaram e expulsaram os espanhóis para El Paso, no Texas, fronteira com o México. Porém em 1692 o governador Vargas recuperou pacificamente o domínio do local.
Em Santa Fé há um centro histórico (La Plaza), bem ao estilo das plazas de armas espanholas, com a igreja de São Francisco e o Palácio dos Governadores , onde hoje funciona um museu. A serra Sangre de Cristo pode ser vista ao fundo da catedral.
Perto, a antiga estação ferroviária que era o ponto final da Santa Fe Trail, aliás, a primeira ferrovia internacional dos EEUU, dado que Santa Fe era parte do México. Algumas composições ferroviárias estão expostas.
Perto do centro está o Santuário de Guadalupe, nítida influência mexicana.
De resto, uma cidade pequena e espalhada, como as cidades americanas. O estilo das casas, porém, é um misto de índio e espanhol, como a hacienda do antigo Zorro-de-capa-e-espada dos seriados da TV. Elas são geralmente de marrom clarinho, para imitar a cor do adobe do qual antigamente eram feitas. Some aqui o estilo alumínio-vidro das outras cidades americanas.
Por todo canto há lojas ou mascates vendendo tapetes ou cerâmica indígenas. Também por todo lado há a apimentada cozinha mexicana (tacos, enchilladas, tortillas, feijões ...). Das casas caem fieiras de chillis (leia-se txíles), pimentas vermelhas grandes, secando ao sol.
Seguem Cerrillos e Madrid ...
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