Passamos por Rennes, uma cidade de porte médio e paramos na área onde está o escritório de turismo da Floresta de Brocéliande. Estávamos meio desanimados porque os guias davam a entender que a floresta era grande e os pontos de interesse de difícil acesso. Não é bem assim. Mas uma das atrações, a Tombeau de Géant, nos foi desaconselhada pelo funcionário, sob a alegação que havia muitas trilhas para ela, sem indicação e que, por isso, não conseguiríamos chegar até lá. O cara não sabe como brasileiro é teimoso!!! Chegamos. Ninguém sabe ao certo a etimologia de Brecéliande, mas apenas a sua origem bretã. Uma versão a deriva de brec'h (colina) e a traduz como Colina Marécageusa, nome relacionado com a topografia local. A outra versão a deriva de bro (país) e a traduz por país do outro mundo.
Do escritório fomos para Paimpont, um vilarejo sossegado não fossem os inúmeros turistas que ali visitavam. Ela é pequena e às margens de um lago bem grande, rodeado de árvores grossas e altas. Suas casas de pedra, com telhados feitos de pequenos quadriláteros de ardósia, a título de telha. O centro de informações ali é tido como o oficial do parque.
O parque é cortado por estreitas vias interligando as vilas que nele existem. Boa parte da floresta já foi para o chão, para dar lugar a casas, vilas, pastos e campos de trigo.
De Paimpont fomos em direção a St. Malon para ver a Tumba de Merlin e a Fonte da Juventude (Fontain de la Jouvence).
Na Tumba de Merlin fomos abordados por um rapaz que me perguntou se eu falava espanhol. Talvez por ouvir nossa conversa. Quando ele disse que era austríaco, falei que a Mithiko fala alemão perfeitamente. Daí, ele falava em alemão com ela, em inglês com o Paulo e alternava inglês e francês comigo.
A tumba é cofre pequeno de pedra (cerca de 1,5 m de comprimento), que certamente não caberia um corpo humano adulto.
Em alemão, ele riu das fitas e objetos de veneração na tumba, perguntando como alguém poderia endeusar alguém que nunca existiu, senão na cabeça dos escritores?
Encontramos outra vez o rapaz na Fonte da Juventude, uma parede baixa de pedras superpostas que recolhe a água que desce da colina pelo subsolo. Um senhor francês explicava para o filho que a fonte dava a eterna juventude. Mas a explicação oficial é que, para efeitos censitários, os pais tinham de apresentar no solstício de verão seus filhos neonatos. Acontece que a cerimônia se repetia no solstício de inverno. Neste, as crianças eram consideradas como nascidas na época do solstício de verão, "rejuvenecendo" formalmente.
Perto da Fonte da Juventude, numa erosão do terreno, há milhares de minúsculos dólmens, a maioria malfeita, que as pessoas erguem por diversão.
Seguimos a trilha para Concoret (Konkored em bretão). Ali almoçamos e fomos a uma feirinha de produtos artesanais feitos pelo povo da vila. Numa tenda, um grupo tocava músicas bretãs com instrumentos que muito lembram os grupos musicais irlandeses. Compramos uns vinhos com mel e especiarias e uns pães redondos grandes.
Bem junto a esta vila está outra atração da floresta: o Chêne à Guillotin, que nada tem a ver com a guilhotina. Na época da Revolução Francesa, muitas igrejas perdiam seus bens ou eram fechadas. Quando o padre Guillotin viu os soldados chegando, escondeu-se em uma fenda enorme no tronco deste carvalho. Diz a tradição que Nossa Senhora, na forma de uma aranha, teceu uma teia na frente da cavidade. Vendo a teia, os soldados acharam que o tronco não havia sido tocado, ou a teia se rasgaria.
Continuamos a viagem até a vila de Tréhorenteuc (no bretão Trec'horanteg). Ninguém soube dizer o que significa o nome da vila.
Nela, está a capela de Santa Orenne, na qual alguns vitrais fazem referência ao Santo Cálice, daí a capela também ser chamada de Capela do Graal. Também cavaleiros numa távola redonda e outras pinturas fazem referência à lenda arturiana.
Subimos uma ladeira longa para o alto de um morrote. Lá em cima, apenas a vista bonita, mas sem novidades, dos campos e morros da região. A descida foi penosa, por uma trilha de pedras irregulares, algumas altas e escorregadias.
No fundo da descida, o Carvalho de Ouro, uma árvore pintada de ouro, do século XX.
Fomos ao Val Sans Retour. Do estacionamento partem duas trilhas. Uma leva ao Hôtié de Viviane, um dólmen em que a lenda colocou como a casa dela, esposa de Merlin. Antes era conhecida como (Casa dos Druidas?).
A outra trilha leva à Croix de Lucas, uma cruz de pedra de cerca de metro e meio de altura, marcando o lugar da batalha em 876 entre Gurvant e Pascweten pela coroa do reino bretão. Em memória desta batalha, o vale recebeu o nome de Gurvant.
Desta cruz, por caminhos pobremente marcados, chega-se ao Tombeau de Géant, um túmulo neolítico grande, em que a campana está deslocada para o lado. Conta-se que os locais procuravam ouro no interior dos menires e cromlechs, destruindo muitos deles.
Segue para Lorient ...
Índice da França
Criado e administrado por Marco Polo T. Dutra P. Silva
® Site registrado na Biblioteca Nacional desde 2003. A reprodução de partes de artigo é permitida desde que informado o título dele, seu autor e o endereço da página web correspondente.