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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Inglaterra - Grande Londres

Oxford

 

Em Oxford (1) fica a mais antiga universidade inglesa, criada em 1167, para evitar que os ingleses fossem estudar na França e de lá trouxessem minhocas na cabeça.

A cidade é outra de ar medieval, com prédios enegrecidos pelo tempo. Quase tudo estava fechado aos visitantes, principalmente as faculdades.

Dentre os pontos visitáveis, os mais impressionantes são a Praça Radcliffe e a torre da igreja de St. Mary.

A praça Radcliffe parece ter sido o coração da Universidade Brasenose. Nela saem as portas das várias faculdades, cujos nome em latim estão em placas sobre essas portas (Historiæ, Moralis Philosophiæ, Metaphysica ...). A capela tem teto assemelhado ao da King's College de Cambridge, em leques se entrelaçando.

A Câmara Radcliff é uma construção cilíndrica enorme, com uma cúpula tipo Basílica de São Pedro, igualmente enorme.

A capela de St. Mary tem como destaque sua torre. Superados os 127 degraus se tem uma vista da cidade por sobre seus prédios.

A cidade em si era saxã e foi tomada em 1066 por Robert d'Oilly como prêmio por sua participação na Conquista. Dessa época sobrevive a torre de St. Michael-at-the-Northgate (cerca de 1020) e a cripta da igreja de St. Peter-in-the-East, ereta cerca de 1100 por São Grymbald. O conde Robert se instalou no castelo na Castle St. e logo tornou o lugar num centro de aprendizagem.

No ano 1216 a universidade já contava com mais de mil pessoas (entre mestres e alunos). Um estudante típico iniciava seus estudos com 16 anos e seu curso durava 7 anos. Só homens podiam frequentar as aulas. Estudava-se gramática, lógica, retórica, aritmética, geometria, astronomia, música e três ramos de filosofia. Ao fim do curso, o aluno era sabatinado, discutindo um ponto com os mestres, para mostrar seu entendimento sobre o tema escolhido. Aprovado, podia lecionar em qualquer universidade, mas geralmente os estudos eram procurados pelos candidatos a uma carreira eclesiástica.

Em 1264 Walter de Merton criou um novo tipo de instituição, com estatutos e governo próprios.

A universidade e a cidade não se acertavam. O ápice disso foi o massacre do Dia de Santa Escolástica em 1355, quando uma discussão de taverna se espalhou pelas ruas. Arcos e flechas mataram muitas pessoas, igrejas e capelas foram saqueadas. Como punição, o rei obrigou o prefeito e meirinhos a comparecerem a uma humilhante cerimônia no dia dessa santa, no qual eles juravam observar os privilégios da universidade, inclusive o de fixar o preço do pão, cerveja e outros gêneros, o de controlar pesos e medidas etc. O castigo perdurou por 480 anos.

A universidade dominou a cidade até o século XIX. O papel de educadores eram cometidos aos clérigos. Isso levou a inevitáveis choques com o rei Edward VI e a rainha Mary.

Oxford foi o cenário do mais degradante episódio de perseguição religiosa da "Bloody Mary" (Mary sangrenta), onde os bispos protestantes Hugh Latimer e Nicholas Ridley e depois o arcebispo de Canterbury Thomas Cranmer foram levados à fogueira em 1555, por suas críticas aos rituais católicos.

Cranmer foi obrigado a assistir a Latimer e Ridley queimando na fogueira. Ele abjurou de suas críticas, mas isso não o salvou e cinco meses depois foi ele para o fogo.

Outra figura importante foi Thomas Bodley, que fundou a Bodley Library. Essa biblioteca se tornou importante quando em 1610 a Stationers' Company se dispôs a enviar à biblioteca uma cópia de cada livro que publicasse. Mais tarde passou a ser exigência legal o envio à Bodley Library cópia de todos os livros publicados no Reino Unido.

Durante a Guerra Civil o rei Charles I fêz de Oxford seu quartel-general. Ele se alojou na Christ Church e sua rainha Henrietta depois tomou posse de Merton. Praticamente todos os objetos de ouro e prata das faculdades foram fundidos para pagar a campanha do rei. O chumbo do telhado do mercado de milho da cidade foi derretido para fazer as balas dos canhões.

Cada aluno entre 16 e 60 anos tinha de trabalhar um dia por semana na construção das defesas da cidade ou seria multado em um shilling. Em 1646 o rei teve de fugir da cidade na calada da noite, vestindo disfarce. Ele foi executado três anos depois.

Depois do governo do chanceler Cromwell, o rei Charles II ascendeu ao trono e começou a restauração da cidade.
As principais universidades de Oxford são:

 

  • Merton (1246)
  • University College (1249)
  • Balliol (cerca de 1263)
  • Exeter (1314), a única faculdade cujo fundador foi morto. Walter de Stapledon, tesoureiro de Edward II, foi morto pelos inimigos do rei em 1326.
  • Oriel (1324)
  • Queen's College (1341), fundado por Robert Eglesfeld, capelão da rainha. Em meados do século XVI quatro professores adjuntos foram expulsos por mau comportamento e o próprio reitor, em 1565, por bebedeira. Nela estudou o astrônomo Haley e o filósofo Jeremiah Benton. Desde sua fundação os estudantes são chamados para o jantar por um toque de corneta.
  • New College (1379), criado para educar clérigos em substituição àqueles mortos pela Peste Negra de 1348.
  • Lincoln (1427), criada especificamente para treinar clérigos contra os ensinamentos controversos de John Wyclif. Era frequentada por John Wesley, fundador da seita dos metodistas.
  • All Souls College (1437), fundada por Henry Chichele, arcebispo de Canterbury.
  • Magdalen (2) (1458), fundada por William de Waynflete, bispo de Winchester e Lorde Chanceler da Inglaterra.
  • Brasenose (3) (1519). Era uma faculdade puritana e vários de seus membros emigraram para os Estados Unidos, inclusive Richard Bellingham (governador de Massachussets e trisavô de George Washington).
  • Corpus Christi (1517)
  • Christ Church (1525), quartel general do rei Charles I
  • Trinity College, onde um dos primeiros presidentes (Ralph Kettell) se comprazia em emboscar estudantes de cabelos longos e cortar as melenas com tesoura que trazia escondida nas mangas.
  • St. John's
  • Jesus
  • Wadham (1610)
  • Pembroke (1624), onde estudou Samuel Johnson (1709-1784), o primeiro dicionarista inglês.
  • Worcester (1714)
  • Hert Ford (1740), onde uma Ponte dos Suspiros cruza sobre a ruela New College.
  • St. Hilda
  • St. Catherine (1964)
  • St. Edmund Hall que dizem vir dos anos 1190, quando São Edmundo de Abingdon ali lecionou.
  • Lady Margaret Hall (1879), específica para mulheres.

 

Algumas cerimônias bem curiosas ainda são tradicionais em Oxford. Na Eucaenia, em julho, Oxford concede graus honoríficos a pessoas de destaque de todo o mundo (4) . O chanceler e os agraciados desfilam pelas ruas após a cerimônia. Na Beating The Bounds (Ronda dos Limites), no dia da Ascenção, o vigário e os membros dos corais das paróquias de St. Michael e o de St. Mary percorrem os limites das dioceses. Visitam, inclusive, o supermercado Mark & Spencer's, onde há uma cruz no térreo. Dos parapeitos do Lincoln's Front Quad pessoas atiram moedas quentes, que são disputadas pelos garotos dos corais. A mais famosa das cerimônias de Oxford é a de May Morning (Manhã de Maio), na qual o coral da faculdade de Magdalen canta um hino do topo da torre da faculdade, dando boas-vindas à primavera. Cerca de 15.000  pessoas se acotovelam, algumas chegam às 4 horas da madrugada, na Magdalen Bridge.

De Oxford voltamos para Londres, para os dias finais da viagem e retorno ao Brasil

 

 

(1) De Oxen-ford, travessia do gado.

(2) Pronuncia-se modlín

(3) Esse nome vem de brazen nose (nariz de bronze), um animal cuja argola do nariz servia para se "bater" à porta.

(4) A solenidade é toda conduzida em latim.

 

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