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Trento
Viajamos a Trento, cujo nome provavelmente vem de trent, deus celta das águas, possivelmente em razão do rio Ádige, que banha a região.
Ela foi sede de um Concílio Ecumênico em 1545-63, conselho estabelecido pela Igreja Católica para discutir reformas, cujas mudanças ficaram conhecidas como Contra-Reforma. Ele foi realizado na escura Catedral, atrás do altar-mor.
Em 1517, aconteceu a Reforma Protestante, ocasião em que o monge rebelde Lutero desvinculou-se da Igreja Católica, contrariado com o que ele chamava de venda de indulgências e com a primazia da sede romana da Igreja. Com essa cisão, apareceu o Protestantismo, depois facetado em inúmeras denominações.
Como reação a à Reforma, surgiu a Contrarreforma católica no Concílio Ecumênico em Trento, que aconteceu entre 1546 e 1563. Foi presidido pelos papas Júlio III, Paulo IV, Pio V, Gregório XIII e Sisto V e durou 18 anos. Suas decisões foram a rejeição explícita ao protestantismo, a oficialização do Tomismo (de São Tomás de Aquino) e da Vulgata (versão latina da Bíblia) como fontes doutrinárias da Igreja, a condenação de livros apócrifos ou deuterocanônicos, a divulgação de uma lista de livros proibidos – o Index Librorum Prohibitorum (de 1559) e a Inquisição.
Em suma, condenou a venda de indulgências, conforme Lutero já as combatera e a igreja romana admitiu ser erro. Também condenou a intervenção de príncipes nos negócios da Igreja; a doutrina protestante de justificação apenas pela fé e reafirmou que a salvação é pela fé e também pelas obras. Decidiu que a missa deve ser ressaltada em sua importância na liturgia; ainda confirmou cultos aos santos, à virgem Maria e relíquias; reativou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição); reafirmou a doutrina da infalibilidade papal, do pecado original, da existência do purgatório e dos sete sacramentos (batismo, confirmação ou crisma, confissão, eucaristia ou comunhão, matrimônio, ordem e extrema unção); confirmou a indissolubilidade do casamento, mas o proibiu para membros do clero (celibato clerical) e criou seminários para formar seus sacerdotes. Também estabeleceu decretos e metas para a unidade católica, fortalecendo sua hierarquia. E definiu os ritos que deveriam ser seguidos na concessão dos sacramentos.
Nesse igreja há uma estátua de pedra de Nossa Senhora dos Afogados, assim chamada porque fica na lápide onde os corpos dos afogados no rio Brenta eram colocados para serem reconhecidos.
Ao lado fica o Museu Diocesano, dentro do qual fica a basílica paleolítica cristã (fins do séc. IV) e os túmulos de diversos bispos locais desde o século XIV, entre eles Sisínio. Martirio e Alexandre, mortos em Val di Non em 29 de maio de 397. Pouco depois, foi ali sepultado Virgílio, terceiro bispo e patrono de Trento. Mais tardiamente, o lugar recebeu os despojos do príncipe e bispo Udalrico Frundsberg (morto em 1493).
Também nele há relicários, tapeçarias e pinturas ilustrando o Concílio de Trento.
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