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CADERNOS DE VIAGEM

Europa - Itália

Veneza

De Pádua seguimos para Mestre, nas redondezas de Veneza, cidade com a qual guardo uma relação especialíssima, pois foi nela que meu pai, ainda antes de conhecer minha mãe, escolheu o nome de seu primeiro filho: Marco Polo. De ônibus cruzamos a Ponte de La Libertà para chegar às ilhas.

Veneza fica num estuário pontilhado de centenas de ilhas, a maioria das quais encobertas na maré alta. Elas foram primeiramente habitadas por povos neolíticos fugidos das pressões dos invasores indoeuropeus.

Em Veneza circulamos pelas dezenas de ilhas interligadas por pontes e separadas por canais. É uma torre de Babel, gente de todo canto. Nos canais trafegam negras gôndolas, barcos-táxi e barcos particulares. Um deles portava o idílico nome de Marco Polo.

As ruas são estreitas, pois não há carros ou motos na cidade. Algumas mal cabem duas pessoas lado a lado.

Há umas poucas praças, algumas grandes, como a Piazza San Marco. Também pudera!!!

Tomamos um vaporetto, espécie de ônibus que trafega pelo Canal Grande e pára em estações. Conosco iam dois brasileiros duas canadenses de Calgary e um americano de Atlanta (George), todos muitos simpáticos.

Paramos na Piazza San Marco, um gigantesco espaço vazio, cercado por enormes edifícios. Na praça, milhares de pombos. As pessoas compram milho só para brincar com eles. Atrás de comida, eles se amontoam nos braços, ombros e até na cabeça das pessoas. Mulheres e crianças e até alguns marmanjos têm chiliques com o assédio das aves.

A Basílica de São Marcos é algo incrível. Seus tetos são todos no estilo bizantino (fundo dourado e figuras coplanares). A decoração é proporcionada por pastilhas minúsculas (cerca de 1x1 cm2) das diversas cores, arranjadas para formar as figuras. Tons de cores dão a idéia de sombras nas figuras.

Visitamos também o mais valioso bem da basílica: a Pala d' Oro, uma peça de altar coberta de jóias, do sec. X , com 250 pinturas esmaltadas sobre folhas de ouro com uma moldura de prata dourada. Esta peça fica atrás do altar-mor.

Na parte superior, o coro, se tem acesso ao balcão da igreja que dá para a Piazza. Nesse balcão estão os célebres cavalos de bronze de Lisippo, do século IV a.C., que o doge Enrico Dandolo trouxe de Constantinopla em 1204, como troféu de guerra.

Ao lado da catedral fica o riquíssimo palácio ducal, residência oficial dos doges governantes de Veneza.

Em uma das ilhas fica a Igreja de Santi Giovanni e Paolo, uma capela particular dos doges, onde diversos deles estão sepultados e onde fica a cátedra da qual presidiam o governo local.

            De Marco Polo, o original, só ficou uma placa em pedra, desbotada, colocada em 1827 pelo cura Vicenzo Zenier, indicando a rua onde morava, próximo à Igreja de São João Crisóstomo.

 

AEDES PROXIMA THALIAE CULTUI MODO ADDICTA
MARCI POLO P V ITENERUM FAMA PRAECLARI
IAM HABITATIO FUIT

 

Traduzindo:

O vizinho templo de Tália já foi habitação de Marco Polo, P. V., ilustríssimo pela fama de suas viagens.

 

Segue para Belluno ...

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