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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - País de Gales

Caerleon

Perto de Caerphilly está outro forte romano, o de Caerleon (pron. caerléon).

imagem aérea. À esquerda, redonda, a arena.

Ele fica na cidade de mesmo nome, às margens do rio Usk. Desse rio veio o nome romano do forte que marcou o início da urbanização: Isca.

Na época da invasão dos romanos, quatro tribos celtas dividiam o País de Gales: os siluros ao sudeste, os demetas ao sudoeste, os ordovices ao centro e os deceanglos ao norte.

A Legio Secunda Augusta, proveniente de Estraburgo, na França, estabeleceu-se no sul de Gales após derrotar a tribo celta dos siluros, que tinham como um de seus postos de defesa o forte na colina de Twyn y Gaer, perto de Abergavenny.

Os siluros, que ocupavam os atuais condados de Gwent, Brecknock e os Glamorgans, resistiram aos ataques romanos por cerca de 30 anos e infligiram sérias derrotas aos invasores, valendo-se principalmente do terreno montanhoso que dificultava o uso das táticas de guerra dos mega-exércitos romanos.

Um dos chefes siluros que entrou para a história foi Caradog (Caractacus para os romanos), que assassinou seu irmão Geta em 212 e se tornou um régulo local. Derrotado pelo general romano Aulus Plautius em 50 d.C., ele fugiu para o norte procurando refúgio entre a tribo dos brigantes (que ocupavam o norte inglês: Liverpool, Lancashire e Yorkshire). Todavia, a rainha dos brigantes mandou aprisioná-lo e entregá-lo aos romanos e Caradog foi enviado a uma prisão em Roma.

Anos depois, os siluros voltaram a se rebelar e derrotaram a 20ª Legião. Nero ordenou a subjugação completa da região e para lá mandou Suetonius Paulinus, que varreu o país de sul a norte, invadiu Anglesey (Inis Môn, ilha de Mona, para os celtas) e massacrou os druidas, responsabilizados por insuflar os celtas contra os romanos.

Uma revolta dos icenos da rainha Boudica na East Anglia fez com que os romanos deixassem o País de Gales. Durante os governos de Julius Frontinus (74-78)e Julius Agricola (78-84) retomaram a tarefa de dominar os habitantes de Gales. Três das quatro legiões romanas nas ilhas foram aquarteladas em Caerleon.

O imperador Vespasiano designou Sextus Julius Frontinus para comandar a legião. Este escolheu o terreno plano às margens do Usk e de seu tributário Afon Lwyd (rio Lwyd) para nele assentar o forte Isca, núcleo da atual Caerleon.

Dali os romanos atacavam os siluros e também dali saíam homens que iam defender outras partes do império.

Depois de batidos, aos siluros foi concedido fundar a civitas (povoação) de Caerwent, que ficou conhecida como Venta Silurum (loja das siluros).

Sobre essa região reinou Hywel ap Rhy, que faleceu em Llantwit Major em 886. No National Museum of Wales há uma cruz celta em sua homenagem.

interior do museu

O museu local guarda inúmeros tesouros dessa época. Ao lado do quartel general, os saxões ergueram a igreja de São Cadoc.

Nos jardins dessa igreja foi achada uma longa inscrição, da qual se pôde restaurar um quarto (em fundo de mármore areia e letras em vermelho, acima), que tratava de reconstrução do quartel general nos anos 198-209 (sob o império de Septímio Severo).

interior do museu

Há também estátuas e moedas antiquíssimas, placas e esculturas a deuses e imperadores. Uma lápide romana de Caerleon dizia:

lápide de Tadia Vallaumus

que se traduz por:

Aos espíritos dos que se foram.

Tádia Vallaumus viveu 65 anos e Tádius Exupertus, seu filho, viveu 37 anos, morto na expedição à Alemanha. Tádia Exuperata, filha piedosa do pai e mãe. Jaz ao pé do túmulo dos pais.

O anfiteatro romano

O anfiteatro perdeu os assentos e está hoje coberto por grama, mas ainda conservam as entradas dos espectadores e dos "artistas" (jogadores e lutadores, em sua maioria). Tem o tamanho de um pequeno campo de futebol e teria capacidade para seis mil espectadores. Ele foi construído por volta de 80 d.C., mais ou menos à mesma época que o Coliseu era construído em Roma. Rezam antigas crônicas religiosas que nesse anfiteatro os cristãos Julius e Aaron foram martirizados, lançados às feras no ano 303.

anfiteatro de Caerleon

As termas romanas

Os banhos romanos (termæ) podem ser visitados por uma passarela suspensa, de madeira, de onde se vêem as ruínas e placas explicativas das finalidades dos cômodos (caldarium, frigidarium ...). No chão das termas há fragmentos de tessaræ. Ao lado dos banhos ficava a área de exercícios ao ar livre.

inscrição romana igreja de São Cadoc
detalhe de mosaico no piso
lápide votiva à saúde de César

A Cama de Artur

Próximo a Caerleon fica o dólmen conhecido como Cama de Artur, numa estranha referência ao rei mitológico, que teria vivido milhares de anos depois.

Cama de Artur

Segue para Carwent, Abergavenny e Tintern ...

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