Adiante se pode ver o Castelo de Caernarfon, onde os príncipes de Gales são coroados.
A palavra Caernarfon vem do galês y gaer yn Mhon (fortaleza na terra que controla a ilha de Mon).
Havia em Caernarfon um forte romano, Segontium, palavra originária de Segeint ou Seiont, o nome galês do rio local.
imagens do castelo real de Caernarfon |
O governador da Britania Cnus Julius Agricola completou a conquista de Gales ao submeter a rebelião dos celtas ordovices e capturar Mona (a ilha hoje conhecida como Anglesey) em 77 d.C. Depois dessa campanha, mandou construir o forte para vigiar o estreito de Menai.
Esse forte podia abrigar até mil soldados. A maioria era de soldados que serviam por 25 anos para se tornarem cidadãos romanos.
Nesse forte estava estacionada em 200 d.C. a Coorte dos Sunícios, um forte regimento de infantaria com soldados recrutados na Germania (Alemanha).
Os romanos chamaram para essa região a tribo celta dos Filhos de Cunedda, originária da Nortúmbria, para servir de anteparo entre eles e os ordovices que se escondiam nas montanhas de Snowdonia.
Foi essa tribo dos Filhos de Cunedda que enfrentaram tribos vindas de Meath (na Irlanda), que tentavam se estabelecer na região de Gwinedd.
Após a partida dos romanos, o forte passou para a lenda galesa ao ser mencionado no conto O Sonho de Macsen Wlelig na saga Mabinogion.
O povoado de Vicus cresceu ao redor do forte e nele se acomodaram as famílias dos soldados, os comerciantes etc.
Ao lado do forte foi encontrada um templo ao deus Mithras (o Mithrum).Perto dali, o cemitério. Do forte hoje só restam as bases.
Na frente dele está um pequeno museu, com uns poucos objetos e pedras votivas em latim. A localização de um e de outro não são muito bem sinalizadas, mas ficam em rua de fácil acesso.
Neste forte se formou a dinastia saída dos Filhos de Cunedda, que governou Gales até sua tomada pelos ingleses. O governador romano Magnus Maximus(Macsen Wledig para os galeses) invadiu o continente, nomeando-se governador de Bretanha, Espanha e Gália, entre 383 e 388. Na tradição local ele é tido como pai de Peblig (nome celta para Publitius).
Llywelyn tomou o poder sobre todo o país em 1057, mas foi derrotado nove anos depois pelos normandos invasores.
Um aparentado de Hugh de Avranches (general de Guilherme, o Conquistador, e o primeiro conde de Chester, na divisa com a atual Inglaterra) estabeleceu um castelo, cantrefi (distrito) e casa de cunhagem em Rhuddlan, no reino de Gwynedd (noroeste de Gales) em 1073.
Robert de Rhuddlan morreu em 1088 nas mãos dos galeses e as terras voltaram à administração do conde Avranches.
Ele estabeleceu castelos em Aberlleiniog (em Anglesey), em Caernarfon pelos anos 1090 e, parece, no distrito de Meirionydd (em Gwynedd).
Os castelos foram erguidos sobre colinas e decerto tinham paliçadas de madeira.
A elite galesa recuperou o poder em Gwynedd em 1115. Há relatos que os príncipes Llywelyn ab Iorwerth (Llywelyn, o Grande) e seu bisneto Llywelyn ap Grufudd (Llywelyn, o Último) moraram no castelo de Caernarfon.
Llywelyn foi morto em 1282 perto de Builth e o castelo de Dolwyddelan, portão de entrada para a Snowdonia, tomado.
Outros castelos caíram em mãos inglesas em poucos meses. Dafydd, senhor do Castell y Bere e irmão de Llywelyn, foi morto em 1283 e seu castelo também ocupado.
Com a vitória dos normandos, o velho forte foi substituído por outro, de pedra, como parte do anel de castelos do rei inglês Edward I (1272-1307).
O Estatuto de Gales (ou de Rhuddlan, como também era conhecido) de 1284 estabeleceu, entre outras coisas, os três shires (distritos) de Gwynedd: Anglesey, Caernarfon e Merioneth. Caernafon se tornou a sede deles.
Uma revolta explodiu na região uma década depois, sob o comando de Madog ap Llywelyn, que assumiu o título de Príncipe de Gales.
O "sheriff" (um dos postos estabelecidos em Gales pelo Estatuto de 1284) foi assassinado. A resposta do rei da Inglaterra foi rápida e devastadora.
Conta-se que depois de dominada a revolta. Diversas rebeliões exigiam a ida das tropas britânicas para abafá-las. Os galeses queriam sua autonomia. Para acalmar os galeses revoltosos, o rei da Inglaterra prometeu que Gales seria governado por um indivíduo ali nascido, escolhido entre aqueles de sangue real, que não falasse inglês. O alvoroço se instalou entre a nobreza local, principalmente os de fala galesa. Foi uma excitação nunca antes vista na corte local, com inúmeras especulações sobre quem deveria ascender ao trono. Contudo, astutamente, o rei trouxe sua rainha grávida para dar à luz em Gales e em seguida nomeou seu filho como príncipe de Gales, sem quebrar a promessa. De fato, ele era de estirpe real, nascido em Gales e que não falava língua nenhuma, inclusive o inglês. A partir de 1921 retomou-se essa atitude, quando o então infante Edward foi entronizado em Caernarfon. Hoje em dia, todos os primogênitos da casa real inglesa são nomeados príncipes de Gales.
O castelo de Caernafon é o mais completo de todos os castelos medievais ingleses e está ainda em uso pela família real britânica.
Suas torres têm painéis ou exibição da história da região ou do castelo. No centro do gramado interno há um enorme círculo de pedra negro, onde é colocado o trono no qual a rainha preside a cerimônia.
O texto em vermelho diz, em latim: Llewelyn foi decapitado |
As muralhas da cidade também estão conservadas e se estendem por uma área imensa, às margens do rio Seiont.
A igreja matriz de Caernarfon é chamada Llanblebig , isto é, igreja de (São) Peblig. A igreja está em uso desde o século V.
Segue para a Península de Lleyn ...
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