Dirigimo-nos a Estoi (leia-se estôi) para ver o sítio arqueológico de Milreu, uma villa (chácara de ricaço) romana do século II d.C.
Distinguem-se duas áreas no sítio: a residencial e a rural.
As fundações da casa (mansio) mostravam os restos das tésseras (pequenas pedras coloridas, às vezes apenas em preto e branco, formando desenhos, geralmente de animais fantásticos ou peixes). Nota-se claramente os limites dos cômodos do senhorio e dos servos. Nela também havia termas para o uso da família.
Havia ali um lagar onde era amassada a uva para o fabrico do vinho, pois ainda se vê um tanque para receber o mosso, e uma adega.
Há também, afastada da área residencial, um baixo edifício sepulcral que servia tanto ao senhorio quanto à criadagem. Ele tem uma porta que conduz à câmara subterrânea onde nichos nas paredes recebem as urnas com as cinzas.
Como sabido, a liturgia fúnebre da cultura romana mais tradicional consistia em depor o cadáver amortalhado,sobre uma camada de madeiras (o ustrinum). Os assistentes podiam colocar junto ao morto suas oferendas para a viagem do finado ao Hádes. Finda essa cerimônia, um familiar próximo acendia a pira. Tendo o corpo sido consumido, as brasas eram apagadas com vinho e água. Os familiares recolhiam as cinzas e os ossos e os guardavam em uma urna, normalmente de pedra. A urna era colocada em um dos nichos na parede e o nicho coberto por uma lápide mortuária, normalmente evocando os deuses Manes (os deuses familiares) e identificando o defunto.
Três das lápides encontradas em Milreu são de defuntos com cognomen grego, o que geralmente os identifica como escravos. Os livres e libertos usavam a tria nomina (três nomes).
Na área há também os restos de um templo paleocristão, onde se vê restos de ladrilhos com desenhos no que outrora foi o tanque diante do templo.
Já no século XVI, sobre as ruínas de parte da vila, foi construída uma confortável casa rural. Hoje, dentro da casa, escavações deixaram tais fundações originais à mostra.
Voltamos a Estoi alguns dias depois para ver o Palácio de Estoi, um edifício requintado do século XIX, creio. Estava fechado e com a entrada coberta de matos. Mas dava para ver que ela é ladeada por estátuas greco-romanas e que o edifício é bastante colorido.
O pessoal da cidade fica irritado por as indicações rodoviárias feitas em Lisboa chamarem a cidade de Estói.
Segue para Castro Marim e Vila Real de Santo Antônio ...
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