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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Espanha - Catalunha

Barcelona

Em 1999, passamos apenas quatro dias em Barcelona. A cidade é grande, com 3 milhões de habitantes, a segunda maior da Espanha. Apesar da fama de criminalidade, não se sente inseguro nela durante o dia. Avenidas largas cruzam a cidade. Prepare-se: o catalão é voz corrente ali. As crianças brincam em catalão e o Espanhol é aprendido como segunda língua. Mesmo os cartazes públicos (nomes de ruas, avisos escritos e sonoros, etc.) são em catalão.

Ficamos num hotel perto da Rambla dels Studis, conhecida apenas como a Rambla.

 

Ciutat Vella

 

Nesta ocasião, quanse nos restringimos ao centro da cidade a Cidade Velha. Passeamos pela dita Rambla (do árabe rambla, leito seco de um rio sazonal), uma rua de pedestre movimentadíssima, com duas pistas de carro de cada lado. Na Rambla há inúmeros quiosques de venda de jornais, aves exóticas e coisas do gênero. Vários artistas imitam estátua.

A Rambla liga a Plaça Catalunya à Plaça Colón, defronte o porto de Barcelona. A Plaça Catalunya tem fontes e é muitíssimo movimentada. Do porto saem barquinhos (as golondrinas) para passeio pelo Mediterrâneo. Um teleférico liga o bairro de Barceloneta, à beira do porto, ao bairro Montejuic.

Vimos diversas casas arquitetadas por Gaudi (a Batlló e a Milá), assim como a famosa e inacabada Igreja da Sagrada Família, com suas torres altíssimas e exóticas.

O Palau de Musica Catalá estava fechado e só pudemos ver seu exterior de ladrilhos coloridos e formas bruxuleantes. Mas na viagem de 2008 tivemos a oportunidade de entrar no Palau. Trata-se de um teatro de bom tamanho, com duas salas de concerto: uma pequena para música de câmara, conferências, apresentações e aulas de canto orfeônico (a Sala d'Assaig de l'Orfeó Català) e a segunda, maior, a Sala de Concerts, cujo teto é todo ornamentado, em redor de uma claraboia com motivos florais. Esta tem dois andares, além do térreo, para acomodar os espectadores. Há vários bustos de músicos famosos.

As colunas no teatro são também ornadas, geralmente com motivos vegetais, a partir de pequenos fragmentos coloridos de cerâmica. Com a característica de Gaudí: sem repetição dos elementos decorativos.

A Catedral tem o tradicional estilo românico. Guarda os ossos do primeiro rei da Catalunha, Ramon Berenger, e de sua esposa. Na Capela de Cristo de Lepanto está o corpo incorrupto de São Olegário (que só é exibido no dia 6 de março) e um crucifixo que teria sido levado a Lepanto na nau de Juan de Áustria, chefe da esquadra cristã em 1571.

Na capela ao lado estão os restos de São Raimundo de Peñafort, mestre da escola da Catedral. Na cripta sob o altar fica o sarcófago de Santa Eulália.

O Palau Real fica nos fundos da Catedral, mas estava fechado.

Na direção de Barceloneta fica a igreja de Santa Maria del Mar, um templo românico simplicíssimo. Tem uma acústica perfeita e, por isso, é escolhida para casamentos.

Sob os bancos há lápides do século XVIII. As capelas laterais são despojadas. Têm apenas uma ou duas imagens de santo. No chão delas geralmente há lápides antigas. Os vitrais da igreja são muito bonitos por suas cores.

O Museu Arqueológico é uma festa. Está entre os melhores do país. São dois andares que mostram muito claramente a evolução do homem desde o Paleolítico até a era visigótica. Tudo muito bem arranjado por tema e período. Algumas salas reconstituem o interior de casas romanas.

Uma das melhores vistas da cidade é do Museu d' Art da Catalunya, no Montjuic (nome derivado de Mons Jovis, ou seja, morro de Júpiter). Dali se vê a Plaza de Toro de estilo mudéjar, as torres da Igreja da Sagrada Família, dos montes que circundam Barcelona e a bela Plaza de España.

O Museu de Arte é enorme, maior que o Museu do Ipiranga ou o Museu Imperial. De longe parece uma catedral.

Em meados de 2008 fui estudar Espanhol em Barcelona por dois meses e meio. No primeiro mês a Mithiko ficou comigo, mas no resto do tempo (incluindo as duas semanas em Valência), a Mithiko voltou e eu fiquei numa residência estudantil no chamado Altos de Barcelona. Saía para caminhadas de horas e horas, não raro chegando a 5 horas. Conheci tão bem a cidade que assistia os pedestres ou os motoristas que paravam para pedir informações sobre bairros e ruas da cidade.

Outro dia estive no Museu de História da Catalunha. São dois andares mostrando a Catalunha desde o Paleolítico Superior até nossos dias. Cheio de dioramas, cartazes e reconstruções (de cidades, casas, cenas etc.), vai percorrendo a história. Mostra a chegada dos indo-europeus (séc. VIII a.C.), dos gregos e fenícios (séc. VI a.C.), com o impacto deles, principalmente estes dois últimos, que induziram a formação dos mundos ibérico e tartéssico. Depois os romanos, com a latinização, o direito, o fim das tribos e imposição do estado. Mostra as guerras de oposição das tribos ibéricas e celtibéricas.

Passa depois à Idade Média, a chegada dos muçulmanos, o mundo moçárabe. A formação dos reinos e condados franco-catalães. As pestes, uma senhora depõe como acusada de bruxaria. Mostra as revoltas campesinas contra os tiranetes. E assim vai.

Embora não tenha a profusão de material antigo como outros museus, este é bem didático e completo, embora enfoque preferencialmente a Catalunha.

Passeio pelo Barri Gòtic e o Born

Fui à praia pela Barceloneta no sábado pelas ruas do Born. Quis achar uma papelaria para comprar um bloco de notas e nada no bairro. Muitas lojas de miudezas eletrônicas, de roupas, artigos hindus etc. E os infindáveis restaurantes para tapas, paellas, petiscos, cervejas ....

No caminho passei pela igreja de Sant Pere, cujas paredes são curvas. Adiante entrei na igreja de Santa Maria del Mar, criada como Santa Maria de las Arenas por uma comunidade cristã fora das muralhas e, então, junto ao mar. Ali existiu uma necrópole onde dizem foi enterrada a mártir Santa Eulália em 303. Em 713 os árabes invadiram Barcelona e, para que não fosse profanado o túmulo dela, seu corpo foi levado e escondido em outra igreja. Olvidado, ele só foi reencontrado em 878 pelo bispo Frodonio e reconduzido a Santa Maria. Em 1339, a santa foi transladada para a Catedral de Barcelona.

A igreja foi ampliada em 1324, num estilo misto de românico e gótico, sob os olhares do arquidiácono Bernat Llull, que está enterrado na capela que tem a imagem de N. Sra. do Monte Serrate. Em 1936, durante a Guerra Civil, a igreja foi quase toda destruída por um incêndio provocado por gente enfurecida contra a Igreja. O mesmo ocorreu com as demais igrejas da cidade. Santa Maria Del Mar ardeu por onze dias e muito pouco sobrou de suas obras.

Da igreja, a Rambla del Born leva ao Antigo Mercado del Born, que está passando por reformas. Perto dali ficam os enormes edifícios da administração de Barcelona e a Estação Ferroviária da França. Perto dela está um edifício de vidro difícil de descrever: ele é composto de figuras geométricas de ângulos internos agudos e não retos, como de praxe.

Também neste bairro estão o Museu de Arte Pré-Colombiana e o Museu de Picasso.

 

O Eixample e Guinardó

O Eixemple é o exemplo de arquitetura de Barcelona. São quadras residenciais quadradas, com os cantos chanfrados, ladeando a av. Gran Via de les Corts Catalanes. Os edifícios têm um enorme pátio central, que serve de ventilação e local de lazer.

Esta via atravessa algumas da maiores e mais bonitas praças da cidade, como a Plaça Catalunya e a Plaça de les Glóries Catalanes.

Desta, sai a carrer de la Independência, que nos leva ao Hospital de la Santa Creu i Sant Pau, no Guinardó. Uma edificação que também joia do modernismo catalão, obra do arquiteto Lluís Domènech i Montaner. Este hospital foi fundado no Raval em 1401, mas com o crescimento da cidade, foi transferido para o Guinardó em 1902.

Suas paredes são de tijolo aparente e seus tetos de materiais coloridos. Sua fachada está repleta de mosaicos, capitéis e esculturas.

A praia da Barceloneta

Geralmente usávamos duas vias para chegar à Barceloneta: quer pelo Port Vell, quer por detrás de Estació de França.

Indo pelo Port Vell, geralmente tomávamos o Passeig de Colom e o Passeig de Joán de Borbó. Dali, uma rua transversal até a praia. Numa delas vimos bandeiras brasileiras nas janelas. Geralmente nesses apartamentos, as janelas têm varais para a rua, suponho que por falta de local próprio no interior.

Recomendo ir até a Plaça del Mar. Dali sai um bondinho como o do Pão de Açúcar, que liga a Barceloneta ao morro Mont Juïc.

A outra opção era sair da Estació de França pelo Passeig de la Circumval.lació, até a Ciutadela Vila Olímpica. Neste caminho, pode-se admirar um edifício (creio que da companhia de gás), todo envidraçado, mas que parece feito de peças encaixadas, que varia de formato conforme o ângulo em que é visto.

Ainda nesse caminho, passa-se pelo ponto final do tramvía (VLT, dizemos aqui no Brasil) que segue para o Poble Nou. Chegando´s e um jardim que abriga a Plaça desl Voluntaris Olimpics, dobra-se à direita e segue-se em frente até passar entre dois edifícios altos, um dos quais da seguradora Mapfre. Chega-se à Barceloneta no ponto onde há uma grande baleia de ferro.

Na praia da Barceloneta quase todos os quiosques têm caipirinha. Parei num para perguntar de onde era a cachaça e chamaram um garçon goiano, que disse que a bebida (Brasillera, no rótulo) era de Gurupi (GO).

Por fim, fui almoçar no Port Vell, onde encontrei e almocei com eles, um casal de velhos gaúchos de Caxias do Sul.

O Parc Güell

Ainda nesta viagem fomos ver o Parc Güell, estabelecido sobre o morro deste nome. Subimos parte da av. Argentina e à direita de quem sobe, vê-se uma escadaria e escadas rolantes que levam ao topo do morro onde fica o parque. A subida é muito íngreme.

No parque se pode visitar a Cruz, de onde se vê o lado norte da cidade, a casa de Güell, o proprietário do terreno) e a de Gaudí (desenhada por outro arquiteto).

Na descida, o famoso caminho em meio a palmeiras de pedra, com assentos pelo caminho. Ao cabo da descida, chegamos a um espaço quadrilátero dotado de bancos de pedra ornados de retalhos de ladrilhos e sob ele um amplo salão com tetos igualmente ornados. Ali um senhor tocava um acordeão, para angariar algum dinheiro, enquanto uma criança muito pequena dançava, sob os olhares incomodados do artista.

Deste salão desce a escadaria onde está o famoso dragão multicolorido. Todos querem tirar fotografia acariciando o monumento, o que torna uma briga de foice achar um momentinho para fazer o mesmo. Um pouco mais abaixo, a entrada principal do parque, com edifícios novamente decorados com pedaços de ladrilhos.

Saímos por aí, pela Carrer de Larrard, em direção à Travesssera de Dalt, uma continuação da Ronda del General Mitre. Compramos algumas lembrancinhas aí para parentes e amigos. Enquanto a Mithiko escolhia, reclamando de preços e qualidades, eu conversava com a moça do caixa sobre o porquê de usarem sempre músicas americanas, quando as espanholas eram mais bonitas. No fim das compras, ela me deu uns chaveiros de presente. Nada como ser simpático!! rsrsrs

O Montjuïc

Fomos conhecer o Mont Juïc (que alguns traduzem como Monte Judeu por mero desconhecimento de que vem de Mons Jovis, ou Monte de Júpiter). O teleférico que sobe da avenidaParal.lel estava em manutenção. Por isso, fomos pelas ruelas laterais do morro. Passamos pelo Museu Arqueológico, pelo Museu Etnográfico, pertos do ponto final do teleférico que vem da Barceloneta sobre o Porto de Barcelona.

Chegamos ao Complexo Olímpico, um enorme espaço rodeado de salas para os esportes olímpicos. Tudo muito amplo, muito bem cuidado. Seguimos subindo até o forte. Como ele fica no topo do morro, dali se vê toda a cidade, o porto, o cemitério e a saída das estradas para o sul.

Na descida passamos pelo Museu d' Arts de Barcelona, um gigantesco edifício em estilo clássico, destinado a exposições. Dele também se divisa boa parte de Barcelona, a Plaza de Toros e ao fundo o monte do Tibidabo, de que falaremos adiante.

Diante deste estão as escadarias de acesso para quem vem da Plaza de España, as escadas rolantes e ladeando a descida do morro, um espelho de água desce o morro em canaletas escadeadas, formando minicascatas. De vez em quando estas águas são coletadas em piscinas e delas novamente lançadas morro abaixo. Já na praça ao pé do morro, essas águas são coletadas numa enorme fonte (a Font Mágica). Os caminhos das águas são iluminados à noite e a enorme fonte proporciona espetáculos de luzes e sons, por seus jatos dançam ao som de diversos tipos de músicas (clássicas, populares, de cinema ...), sempre iluminadas com cores cambiantes. Por fim, as águas voltam a circular em canaletas nas calçadas laterais da rua que leva à Plaza de España. Nesses caminhos, também iluminados à noite, elas vão formando jorros verticais.

No fim do caminho, a área é fechada por duas torres no formato da famosa Torre de Londres. Segue-se uma área de enormes edifício dedicados a feiras e amostras e diante deles a Plaza de Espãna, uma espaço muito largo com um monumento ao centro, encontro de algumas da mais largas avenidas da cidade.

O Poblenou

Durante um período, estivemos no Hotel San Martí (ou Four Points?), na avenida Diagonal, junto à Rambla del Poblenou (Povoado Novo, em catalão). Local também conveniente, pois em frente ao hotel passa o bonde que leva ao Parque da Ciutadela e a algumas quadras há uma estação de metrô. Nesta avenida fica um dos cartões postais de Barcelona: a Torre Agbar, que apelidamos de Pintão por seu formato. Ele é iluminado com as cores do Barça.

A rambla do Poblenou passa por um barzinho onde dizem se faz a melhor horchata de Barcelona (chamado Orxatería El Tío Ché). Claro que a provamos.

A praia do Poblenou não difere muito da praia da Barceloneta, mas é mais tranquila. E entre ela e a Ronda Litoral há um parque bastante aprazível.

Depois que fiquei sozinho em Barcelona, aproveitei um dia para tomar o bonde que passa sai do Parc da la Cuitadella, passa pelo Poblenou até o Auditóri Fòrum. Dali, segue pelo Carrer d' Eduard Maristany (paralela à Ronda Litoral). Não dá para ver o mar, que fica escondido por muros e bancos de areia. Mas o bonde faz ponto final junto à foz do Rio El Besós, que divide Barcelona de Badalona.

O Besós é um rio pequeno e em sua foz, um grande número de pessoas pobres pescavam peixes minúsculos.

Neste lugar, fica também uma antiga usina (de gás, me parece), cujas altas torres são vistas de qualquer ponto elevado de Barcelona.

O Tibidabo

O Puig de l' Aliga (Montanha da Águia) é o morro mais alto de Barcelona. Dali se vê a cidade a seus pés, razão pela qual, ao se estabelecerem no morro, os frades jerônimos rebatizaram a montanha como Tibidabo (Te Darei, em latim), lembrando a passagem da Bíblia em que, jejuando no deserto, Cristo foi tentado pelo Demônio que o levou a uma alta montanha e mostrando o mundo abaixo falou (na versão em latim: "Tibo dabo ...". Ou seja, "a ti darei isso tudo se me adorareis".

A ela se chega de ônibus ou tomando um bonde que sobe uma primeira colina andando pela avenida Tibidabo e nos deixa na pracinha do funicular, que se encarrega do resto do caminho.

O templo dedicado ao Sagrat Cor é, em realidade, um conjunto com duas igrejas superpostas. A de baixo tem paredes num estilo que lembra o bisantino. Não pude ver a igreja superior, do século 20, devido o adiantado da hora. Ela fecha às 6 horas da noite. Lá em cima venta muito, mas convém ficar até um pouco mais tarde para ver a cidade iluminada à noite. Este conjunto fica num enorme parque de diversões.

Desci de funicular, mas o resto do trajeto fiz à pé. De lado a lado da rua estão postados edifícios enormes, um dos quais parecia uma igreja, mas como não estava encimada por uma cruz, suspeito que tenha outra destinação.

Deste modo se pode ver iluminado um prédio enorme, estilo mosteiro, que abriga o Museu da Ciência. Mais abaixo se passa sobre a Ronda Dalt (Ronda do Alto, uma via expressa que circunda Barcelona). Continuando a descida pela avenida Tibidado à direita está o hotel e restaurante El Asador de Aranda, cuja arquitetura em estilo árabe fica fantástica quando iluminada à noite.

A avenida Tibidabo começa na praça John F. Kennedy e na av. Sant Gervasi. Neste cruzamento está o Hospital San Gervasi, hoje desativado. Ele tem um quê de estilo Gaudí, Sua torre chamada Rotonda é conhecida e atrai turistas da cidade.

Este bairro, chamado Sarriá-Sant Gervasi, é de classe alta. Na av. Sant Gervasi está o Colégio de Bacharelato (segundo grau) Jesus Maria José, num edifício imponente, cercado de enormes jardins. E uma igreja paroquial dedicada aos santos irmãos mártires Protásio e Gervásio.

Sant Gervasi, Sarriá e Pedralbes

7 de setembro. Saí por um passeio nos arredores. Começamos pelos Altos (San Gervasi e Sarriá).

Perto da praça de Bonavita, à direita de quem vai para o Sarriá, é o lugar das clínicas chiques e das escolas grandes. Das escolas, duas sobressaem por seu gigantismo: a Escola Pia Sarriá-Calassanç e o Colégio dos Jesuítas, ambos assemelhados a mosteiros.

Chegando ao Sarriá, se pode ver a igreja de San Viçent de Sarriá, fundada em 987, portanto milenar. Ela não é grande e tem formato e interior românico.

Um pouco mais além, fica outro ponto histórico: o Monastir de Santa Maria de Pedralbes, onde está sepultada a Reina Elisenda, que ao se tornar viúva de Jaume II, deixou o filho como rei e foi viver junto deste mosteiro. Seu sepulcro tanto pode ser visto na capela, onde de fato parece um túmulo real, quando pelo claustro, onde aparece em um túmulo simples na parede, com uma estátua jacente de monja. Ao lado dela, na capela do claustro, está enterrada Francesca Portela, falecida em 1366.

Duas outras tumbas são também visíveis da capela e do claustro: as de Beatriu de Fenollet e a de Constança de Cardona (falecida nas II das calendas de março de 1320) . A de Beatriz traz o seguinte epitáfio: HIC IACET SOROR BEATRIX DE FENOLETO QUI HOBIIT MENSE MADII ANO DNI. MCCCLXII QUID AIA. REQUIESCAT IN PACE AMEN.

Outra tumba no claustro é a de Eleonor de Pinos, em cuja lápide se lê: HIC IACET NOBIL. DNA. ELIENOR D' PISIO Q. OBIT I. (i com til) MON. D. PATRALBA XVII KUS. FBROARI ANO DNI. MCCCLXI A(B?)STITUIT DTM. MON. HEREDESU UNIVERSALLAM. AIA. QUIS REQUIESCAT IN PACE. AMEN. DEVOTUM SATI. P.

O museu tem uma sala para os tesouros do mosteiro, basicamente objetos de ouro (cruzes, patenas, cálices, relicários, etc.), arcas, imagens e quadros de diversos séculos.

A igreja do mosteiro, em estilo românico, é bem simplesmente decorada, salvo pelos vitrais muito coloridos. Nela estão enterrados, além dos acima citados, alguns nobres antigos. Numa das capelas perto do túmulo da rainha é uma placa informando.

SBTO I. HR. FOSSA VI. VRNABILIS OSSA DEXTRE IN SOLO SUNT IACOBI DE PUDIOLO Q'UQ'ES VUIIES ANIS CELEBERIME JESSIT CURA HUIO DOMO QUTA ET QLIA FECIT FAMA REFT FABRATA DOCET COTRTA LOQUTO (...) HUIO IDUSTRA (i com til) H. SPLENDIDA ML'TA FRUNT QD'DERET YCONOMU M(L)TI NO DEFUIT ISTI PROUIDO ET VIGILI PRO MAGNO MUNE Y MEUM HOC EXTULIT NATA LIBERA DONIS TANTO Q. ADPOSTOS CRED'T CEDERE (LU?)MIS VIS SEPTE RERIESDUOBN NUMERO NICTIS DUM ERAT ANNI ANATO PRESIDE (...) CUTIS. OBIIT I (i com til) MADIO DIE QUA INCIPIT ESTAS UT VIVAT I(i com til) GTIA. T'IMAT DIUINA MA. MAGESTAS

A propósito, estava copiando os dizeres acima quando uma senhora e um rapaz vieram me perguntar algo. Ela se dirigiu a mim em português, sem saber que eu sou brasileiro. Ele é de Vassouras (RJ) e veio fazer um pós-doutorado. Ela é sogra dele e já morou em Barcelona. Coincidência ... Ainda mais num lugar desses. Mais curiosamente, no mesmo dia fui ao Museu Histórico da Catalunha. Na volta, fui comer algo no Port Vell e um casal jovem me parou para perguntar, também em português, onde era o Aquário. Eu respondi em português e a moça ficou me olhando até que a ficha caiu: "o senhor é brasileiro?". Diante da resposta afirmativa, disse "nós também". Eu apenas completei: "eu percebi". Agradeceram e se foram.

Do mosteiro, sai a av. Pedralbes, de edifícios residenciais de alto luxo e nela está o Palau Reial, cujo jardim foi idealizado por Gaudí. Ela chega até a av. Diagonal, na Plaça Pius XII, junto ao prédio da Caixa onde num andar alto está incrustado um logotipo que gira em torno do prédio.

Horta e El Carmel

Caminhei também pelos populares bairros do Vall d' Hebron, Horta e El Carmel. Quando contei isso em classe o professor abriu um olhão: "Foi fazer o quê lá? Não é bairro turístico".

Desci pela av. del Estatuti de Catalunya até uma rambla agradável para caminhar ( Rambla del Carmel), que leva ao túnel do Can Baró. Subi por uma rua muito íngreme até o Parc Creueta de Coll e dali desci rumo ao parque Jardins del Turó del Putxet, que era perto da residência onde me hospedava.

Os subúrbios

Num outro dia, peguei o trem para ver como era a periferia. Fui até Terrasa, que então descobri que não era bairro afastado, mas uma cidade a uns 50 km de Barcelona. O trem levou cerca de meia hora para chegar até lá. Não é um vilarejo, mas uma cidade dormitório pequena.

Na volta de Terrassa desci na estação Peu del Funicular, por razões óbvias. Subi pelo funicular até Vallvidrera. A vista é semelhante à do Tibidabo. Pedi permissão a um senhor que aguava as plantas para poder entrar no pátio do edifício, de onde poderia ter uma vista panorâmica. Em pouco tempo ele começou a explicar que não era o jardineiro, mas morador e que chegava de férias e achou as plantas maltratadas pelos pés e equipamentos de pedreiros que ali trabalhavam. No começo teve um pouco de dificuldades de entender que eu não era italiano, mas depois mostrou-se conhecedor do país, insistindo em falar da Petrobrás e do álcool anidro combustível. Disse que não entendia como o Brasil não se tornava uma potência. E elogiou meu espanhol (coitado, devia ser meio surdo).

Deixando o papo para trás, fui ver de perto a altíssima torre de televisão, e novamente a vista de Barcelona. Acho que ali estraguei uma cena de sexo que se desenhava à margem da estradinha de terra que desce à cidade. Paciência.

Ao descer novamente ao Peu del Funicular, achei melhor voltar à residência caminhando. Da av. Vallvidrera tomei a calçada ao lado da Ronda de Dalt, que é outro passeio fantástico.

Não parou aí a exploração do entorno. Num outro dia fui à Universitat de Barcelona procurar material sobre a língua ibérica, principalmente um corpus epigráfico. Sucesso relativo. Ali peguei o bonde até Cornellà de Llobregat. Ele vai nos mostrando subúrbios tranquilos e asseados, longe do roteiro turístico tradicional.

 

Sitges

Uma sobrinha da Mithiko morava com seu marido em Sitges (silos, em catalão). Como nos disseram que a água da paia era mais tépida, pelas pequenas dimensões do lugar, fomos até lá em dupla finalidade: visitá-los e pegar uma praia.

De fato, as águas eram mais quentes que as das praias de Barcelona.

Almoçamos com eles e fomos dar um giro pela vila. Segundo nos foi dito, as praias são maio que especializadas: numa se jogava futevôlei (que logo logo os espanhóis vão chamar de esporte tipicamente espanhol ou catalão rsrsrs), outra é frequentada pelos homossexuais, em geral estrangeiros e assim por diante.

Visitamos o pequeno, mas elegante, castelo de Sitges e demos umas voltas pelas ruas do pueblo. Foi interessante que numa delas, com bares para os homossexuais, eles ficam com as cadeiras voltadas para a rua, encarando os transeuntes fixamente, para ver se pescam algo.

Voltamos de trem para Barcelona, descendo na estação de Passeig de Grácie.

Segue Tarragona ...

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