Chegamos a Burgos. uma cidade grande, cortada pelo rio Arlanzón. A parte nova é cheia de edifícios novos, embora sóbrios.
O casco viejo gira em torno da Catedral, do castelo, de Fernan Gonzalez e de El Cid.
Na região foram achados importantes sítios arqueológicos em Atapuerca e em Ojo Guareña. No primeiro foram achadas ossadas do Homo Ancestor, o exemplar de hominídeo mais velho da Europa.
Tribos celtiberas de cántabros, antrigões, berões, turmodigos, vacceos, pelendões e arévacos se distribuíam na província.
Depois vieram os romanos e os visigodos. O rei godo de Wamba foi enterrado em Pampliega.
Em 884 o rei Alfonso III mandou o conde Diego Porcelo construir uma fortaleza no atual sítio de Burgos.
Nesse castelo, no topo da colina, com ampla visão do território, junto à Puerta de San Martín, morava Rodrigo Diaz de Vivar (nascido na vizinha Vivar del Cid), que mais tarde seria conhecido como El Cid, Campeador (a propósito, Cid é lido como síss).
A região era governada pelo conde Fernán González, que se nomeou rei de Castela e estabeleceu em Burgos sua capital.
O burgo se ampliou até às margens de Arlanzón. Sua parte mais bonita é a de Santa Maria, o lado da Catedral. Lá está sendo apresentada uma exposição comemorativa ao milênio de El Cid.
Por Burgos passa o Caminho de Santiago, que vai nos acompanhar até à Galícia.
A Catedral é de 1077. Uma nave enorme, em estilo gótico. Em seu centro estão o altar-mor e o coro. No primeiro ficam os túmulos de El Cid e sua esposa Jimena. Ao fundo fica uma catedral dentro da catedral: é a Capela do Condestável, onde estão enterrados o condestável Pedro Fernandez de Velasco, sua mulher Maria Mencia de Mendonza e seus filhos Juán (natural) e Pedro (falecido em 1601).
Também ali jazem os bispos Pedro Rodriguez Quijada (fal. em 1313) e Domingos de Arroyuelo (fal. em 1380). Nos lados, capelas privadas com bispos, cônegos e familiares. Entre elas fica a Escada Dourada, obra do artista local Diego de Siloé. Ao lado dela está o túmulo do Cavaleiro da Ordem de Alcántara Alonso Gutierrez de Ayala, falecido a 21 de fevereiro de 1617.
Um personagem curioso da Catedral é o Papa-mosca, um boneco do século XVI que abre a boca ao puxar o badalo do sino. Ele fica sobre um relógio dentro do templo.
Na Capela do Santíssimo Cristo de Burgos fica uma imagem de Cristo Crucifixado que tem por calça um "saiote" verde. Ali estão enterrados vários arcebispos, inclusive o corpo incorrupto do cônego Pedro Barrantes Aldana. Na Capela da Apresentação está o sepulcro do cônego e protonotário Gonzalo Diaz de Lerma. Na Capela da Visitação repousa o bispo Alonso de Cartagena, filho do judeu convertido Pablo de Santa Maria, o Burguense. Na Capela de San Enrique foi enterrado o arcebispo Enrique de Peralta Y Cárdenas (fal. 1679), o cônego Juan Garcia de Pomar (fal. 1492) e Juán Fernandez de Alaunza (fal. 1554). Na Capela de San Nicolás jaz Pedro Diaz de Villahoz (fal. 1230). Na de San Gregório os bispos Gonzalo de Hinojosa (fal. 1327) e Lope de Fontecha (fal. 1351). Na de San Juan Bautista está o bispo Juan Cabeza de Vaca (fal. 1413) e seu irmão Pedro.
O túmulo do bispo Mateo Rynal (fal. 1259) foi levado do claustro para local desconhecido.
Na sacristia e entrada para o museu fica um braseiro rococó do século XVIII que ainda hoje é mantido sempre com brasas acesas, para aquecer o ambiente.
Perto da Catedral fica a igreja de Santa Águeda, onde o rei Alfonso VI jurou perante El Cid que não havia tomado parte no assassínio de Sancho II, irmão de Alfonso.
Também perto da Catedral fica a Plaza Mayor e, ao largo de ambos, o Paseo del Espolón acompanhando o rio Arlanzón, em realidade, um córrego onde patos e gansos vão refrescar o traseiro.
Às margens do arroio do Pico fica a igreja de San Lesmes, nome dado pelo povo ao monge Adelelmo, falecido em 1097. O templo foi construído no século XIV ou XV no lugar onde ficava o mosteiro do monge. Ali também foi enterrado San Martín.
Pertinho da igreja de San Lesmes fica a Plaza de España, com duas magníficas fontes de água. Uma em forma de cacto brotando redondo e espinhoso, e a outra que lança água e depois pára, como um gêiser artificial e de águas frias.
Por trás e não muito longe da fonte fica a Capitania General, onde se constituiu a 11 de julho de 1936 a Junta de Defensa Nacional e Francisco Franco, o Generalíssimo, foi nomeado presidente dela. Ele foi ditador de Espanha até sua morte em 1975.
Mas a verdadeira referência da cidade é a estátua de El Cid, às margens do Arlanzón. As informações são dadas em relação à ela.
Burgos tem enorme importância, primeiramente por ter sido a sede do reino de Castilla que, ao se expandir, criou a Espanha. Em conseqüência disso, vem o segundo ponto: ali era falada a língua da qual se derivou o espanhol, o castelhano. Dizem os entendidos que ali o espanhol é falado com precisão e cadenciosa tonalidade por pessoas de todas as classes.
Para além do rio Arlanzón
Fora dos muros da cidade, do outro lado do Arlanzón, fica o Mosteiro de las Huelgas, assim chamado porque ficava em pastos de criação de gado leiteiro e de corte ("huelgos"). Esse mosteiro foi construído em 1187 para ser panteão da dinastia real de Castela. Nele foram armados cavaleiros Fernando III (1219), Alfonso XI (1254), Enrique II (1356) e Juán I (1379).
As tumbas dos reis, rainhas e infantes ocupam várias salas. Os túmulos foram profanados pelos de Napoleão, exceto o de Fernando de la Cerda (assim apelidado porque nasceu com um pelo grosso no peito), falecido de peste em 1275m filho de Alfonso X, o Sábio.
Os moradores ilustres do panteão são:
O rei Henrique I morreu num acidente de caça, quando uma pedra caiu sobre sua cabeça. O crânio com o buraco está em exposição..
O mosteiro era poderoso. A abadessa tinha jurisdição eclesiástica e criminal sobre 40 vilas. Nomeava seus notários e capelães e recolhia para si os impostos reais. Não era à toa que o rei nomeava suas filhas e sobrinhas, bem como parentas de algum fidalgo de confiança para abadessa. A primeira delas foi Sol (1187-1203). Em 1279 era abadessa Berenguela, filha do rei D. Fernando.
O museu do mosteiro exibe objetos pessoais e vestimentas da família real.
Ainda do outro lado do rio fica o Museu Histórico de Burgos, com invejável acervo, principalmente relativo à pré-história, devido ao descobrimento do sítio de Atapuerca, com o mais antigo hominídeo da Europa.
O museu tem três andares. No térreo há um pátio interno com entradas para a área artística (pinturas e esculturas) e outro para a área histórica (1º e 2º andares).
Nas laterais estão várias lápides da era romana. As inscrições mais interessantes são:
(ver nas fotografias)
No primeiro andar está uma espetacular coleção que parte do Homo Ancestor (c. 100.000 a.C.), passa pelo Neandertal e Cro-Magnon. Mostra os objetos da arcaica cultura achelense e das culturas musteriense, asturiana. Apresenta o impacto que teve a chegada da cerâmica (cultura do Vaso Campaniforme), do bronze (cultura do El Argar) e do ferro (culturas tartéssica, ibérica e celta). Depois trata da iberização dos celtas.
No salão seguinte se toma contato com os romanos. São exibidas moedas com caracteres ibéricos (derivado do fenício) e romanos. Objetos de uso cotidiano e outras pedras votivas.
Os guias não souberam dar explicações sobre nada. Aliás, parece que nos museus e igrejas eles contratam pessoas com o objetivo exclusivo de ser bedéis. E com que gosto essa gente dá broncas e chama a atenção dos visitantes! Mas não tente saber nada com eles, pois são completamente ignorantes quanto aos acervos.
Segue Clunia Sulpicia...
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