Chegamos a Mérida, às margens do rio Guadiana, de tarde. Estabelecidos no hotel, fomos logo conhecer a cidade, uma joia encrustada de monumentos deixados pelo período romano.
O nome da cidade vem de Augusta Emerita. Ela foi fundada no ano 25 a.C. para nela serem assentados os soldados veteranos da guerra cantábrica, alistados na V Aludae e na X Gémina. região pertencia à então província Lusitana. Acabou como capital da província.
Ali foi construído um teatro para 6 mil espectadores e um circo para 30 mil pessoas.
Foi sede episcopal católica, uma das três estabelecidas na Hispania, desde pelo menos o tempo do bispo Marcial (ano 258). Só por bula do papa Calixto III, a sede episcopal foi transferida para Santiago de Compostela em 1119.
Com o fim do Império Romano, álanos, suevos e visigodos tomam a região. Ali, o rei suevo Hermigario foi derrotado pelo vândalo Giserio. Os suevos retomaram a cidade e seu reu Réchila fez dela sua capital. Pouco depois, cerca de 457, o visigodo Eurico a assalta. Com a chegada dos árabes em 713, conquistada por Muza, ela cai no esquecimento e quase desaparece na Idade Média.
Começamos visitando o templo de Diana, do qual restaram apenas umas colunas e parte da cobertura, o arco de Trajano e os restos do foro provincial.
No dia seguinte, fomos ver os mais espetaculares monumentos, talvez de toda a Espanha: o teatro, o anfiteatro e a casa romana do anfiteatro.
O teatro está maravilhosamente bem conservado. Eu declamava no palco um salmo em latim:
De profundis clamavi ad te, Domine,
Domine, exaudi vocem meam.
Fiant aures tuæ intendentes. in vocem deprecationis meæ..
Si iniquitates observaveris, Domine, Domine, quis sustinebit?
Enquanto isso, a plateia (Mithiko) vaiava. Passou um casal de espanhóis, tipicamente baixinhos, e ele, num sorriso largo, entrou na brincadeira e passou a gritar:
¡Héchalo a los leones!
¡Héchalo a los leones!
Conhecemos também a palestra, espécie de ginásio de esportes da época, e o circo romano, local das corridas de bigas.
Ainda em Mérida, fomos ver a Casa Romano do Mithraeo, ruínas de uma mansio (casa de ricaço) sob telhados protetores e com passarelas em torno delas, para se observar cada cômodo e os banhos.
Quem for com mais tempo, pode ver também o Museu Nacional de Arte Romana e o Museu de Arte Visigoda, que guardam peças, geralmente decoradas, ou estátuas que ornavam a cidade ou seus edifícios. Ou a necrópole de Albarregas. Os cemitérios romanos geralmente se situavam ao largo das saídas da cidade, para que os viajantes dedicassem uma oração dos defuntos.
Vimos também o aqueduto de Los Milagros, com até 25 metros de altura e cerca de 830 metros de comprimento, feito para levar água da represa de Proserpina à cidade. O aqueduto é datada do século III ou IV d.C.
Outro aqueduto impressionante é o de San Lázaro. Porém bem mais danificado.
Há pontes romanas dignas de visita tanto sobre o rio Guadiana, com 792 metros de comprimento, quanto sobre o Albarregas, com 145 metros de comprimento.
Segue Badajoz ...
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