Viajamos quase o dia inteiro. Passamos de novo por Huesca e por Lleida. Esta foi uma surpresa: uma cidade bonita, com avenidas largas.
Perto de Lleida está o vilarejo de Poblet e nele o mosteiro onde estão os restos de oito reis de Aragão-Catalunha.
O edifício é enorme e fica em meio a olivais. As visitas são guiadas. Demos sorte de conseguir um guia jovem e simpático. Dava as explicações em catalão (para uma família), em espanhol (para nós) e em inglês (para um grupo de britânicos). Com o tempo, vendo que a gente entendia o inglês, suprimia vez por outra a versão em espanhol. Muito falante e conhecedor, respondia a tudo com boa vontade e vivacidade. Depois juntou-se a nós um grupo de simpáticos jovens catalães, todos muito bem humorados.
Puxei assunto com uma senhora inglesa de uns 60 anos, de Somerset, muito simpática, risonha e falante. Ela elogiou nosso inglês e ficou abismada por sabermos algumas línguas. Disse que o monoglotismo deles impedia de se relacionar com as pessoas.
O claustro do mosteiro dá acesso a vários cômodos: a enfermaria, local aquecido onde os frades doentes ou idosos ficavam: a sala capitular, onde a cada dia o abade lia um capítulo da Bíblia, daí o seu nome. A cadeira do abade se destaca da arquibancada quadrangular de bancos de madeira. Ali estão enterrados os abades da época em que o cargo era vitalício.
Ali estão enterrados Pedro de Alferic (fal. 1312), Ponç de Copons (1316-1348), Guillermo Agullo (1361-1393), Bartolomé Conill (1437-1458), Juan Payo Coello (1480-1498), Domingo Porta (1502-1526), Fernando Lerín (1531-1545), Pedro Boqués (fal. 1564), Francisco de Oliver de Boteler (1583-1598), Juan Tarrós (fal. 1602) e Simón Trilla (fal. 1623). Do claustro saem também o refeitório e a biblioteca.
A Igreja mor parece uma catedral. Ao fundo do altar mor há um retábulo em mármore. Em ambos os lados há largos vãos em forma de arco. Nesses arcos está a maioria dos reis e suas esposas: Jaime I (1213-1276), Pedro (1336-1387) e suas três esposas, Fernando (1412-1416), Alfonso II (1162-1196), Juan I (1387-1396) e suas duas esposas, Juan II (1458-1479). Dois outros: Martin, o Humano (1396-1410) e Alfonso III (1416-1458) estão em sepulcros à parte.
Vimos também o dormitório dos abades e a sala dos conversos, com o cômodo onde era fabricado o vinho local. Uma tina grande de pedra era usada para o esmagamento das uvas. Um canal levava o suco por gravidade ao local onde era deixado fermentar.
À lista de abades acima se pode acrescentar Juan Martinez de Mengucho (1413-1433), Miguel Delgado (1458-1478), Vicente Ferrer (?-1411), Miguel Major (1632-1636), Gabriel Forrés (1545-1546), Pedro Virgili (1688-1692), Felix Genover (1728-1732), Baltasar Sayol (1732-1736), Guimerá (1564-1583).
Por volta do mosteiro há algumas capelas, mas não as visitamos.
Assistimos às Vésperas no fim da tarde, rezadas em catalão, antes de viajarmos para Vic.
Voltei a Poblet em 2008, quando estudava Espanhol em Barcelona, com uma animada colega italiana. Eu ansiava por ouvir novamente as vésperas, em catalão e ela nunca havia ouvido uma. De carro não se gasta muito mais de uma hora para ir lá.
Quando retornávamos a Barcelona, demos uma paradinha em Montblanc, um pequena cidade com uma vila medieval admiravelmente conservada. As muralhas estão praticamente intactas e no interior, lojas e casas geralmente estão em edificações medievais. É claro que as ruas são estreitas.
No centro do castelo há uma pequena colina e dela se divisa o vale em
360 graus.
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