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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Espanha - Andaluzia

Sevilha

Chegamos a Sevilha. A cidade é muito bonita e grande. O centro é padrão: ruas estreitas e tortas.

Suas origens lendárias remontam a Hércules. Em termos históricos, nela o povo turdetano adotou costumes orientais, incluindo-se na cultura tartéssica. Os cartagineses se estabeleceram na região, fundando a efêmera Hispalis, tomada pelos romanos em 205 a.C.

Ela esteve depois nas mãos de vândalos e visigodos, até sua colonização em 712 pelos mouros invasores da península, que a chamavam (Ixbilia?). Em 1248 caiu em mãos das tropas cristãs de Fernando III.

A cidade fica em ambas as margens do largo e plácido Guadalquivir, sobre o qual navegam barcos em cruzeiro para turistas.

Às suas margens fica a Torre de Oro, construída em princípios do século XIII pelos asmoades para controlar a navegação no rio e hoje transformada em um moderno museu naval.

Marginal é também a Plaza de Toros, arena que já foi cenário do atribulado romance de D. José, renomado toureiro com a cigana fabricante de cigarros Carmen. A fábrica de cigarros ficava onde hoje está a Universidade de Sevilha.

Há visitas dirigidas pela Plaza de Toros. Além do picadeiro, visita-se o museu local, que guarda cartazes de lutas, capas de toureiros famosos, cabeças de touros (inclusive a da mãe do touro que matou o famoso toureiro Manolete). Na Capela do Toureiro, o Cristo carrega uma cruz vestindo um manto bordado como a roupa dos toureiros. A Nossa Senhora também veste um manto no mesmo estilo. Nas paredes azulejadas: orações para os toureiros lerem antes de entrar na arena.
Na cidade nasceram toureiros que deixaram nomes: Pepe-Hilo, El Espartero, Belmonte, Gitanillo de Triana, Rafale "Galo" e o supremo Joselito.

Atrás da Plaza de Toros fica o Hospital de la Caridad, em cuja capela estão expostas telas de Murillo (pintor sevilhano) e Valdéz Leal. Deste último há dois quadros imperdíveis: o Finis GloriæMundi (Fim da Glória do Mundo) e o In Ictu Oculi (Um Piscar de Olhos). O primeiro retrata com impressionante realismo um cardeal, um cavaleiro da Ordem de Calatrava e, ao fundo, um rei apodrecendo em seus caixões abertos. Insetos passeiam sobre os corpos decomponentes. No alto, a mão chagada de Cristo segura uma balança que pesa virtudes e vícios.

O segundo mostra a Caveira da Morte, segurando um caixão sob o braço esquerdo e apagando a vela da vida com a mão direita. Espalhados pelo chão uma espada de cavaleiro e livros de sábios, mostrando a vitória da Morte sobre todos.

Um pouco mais recuada do rio fica a Catedral. Ela tem um panteão real, onde estão sepultados o corpo incorrupto do rei São Fernando, sua esposa Beatriz de Suávia, e o filho deles, o rei Alfonso X, o Sábio. Há outros membros da família real ali enterrados, mas o local não é acessível à vista do povo. Um vigilante de cor tentou me "enrolar" porque também ela não sabia o motivo da proibição.

Ali também estão os ossos que se supõe sejam de Cristóvão Colombo, trazidos de Havana em 1899, após peregrinação de Valladolid a Sevilha, dali a Santo Domingo (República Dominicana) e a Havana.

A Catedral foi assentada em 1248 sobre uma mesquita almoade construída a mando do califa Abu Iacub Iussufe (1172-1182) e parte da edificação original aparece no Pátio das Laranjas e ao lado, com entrada pela Catedral, fica a torre de Giralda, um minarete de onde o muezim chamava os muçulmanos para as orações. Um terremoto derrubou o minarete em 1356, mas ele foi reconstruído entre 1558 e 1568. Mede 94 metros de altura e os turistas podem chegar quase ao topo em 33 lances, ascendendo por rampas internas. Há algumas salas dentro dele mostrando objetos a ele relacionados.

A Catedral é a maior da Espanha e a terceira maior da cristandade, atrás da Basílica de São Pedro (Vaticano) e da Catedral de St. Paul (Londres). Mede 116 metros de comprimento por 76 de largura.

A sacristia exibe os tesouros do templo, principalmente um enorme relicário totalmente de prata.
Atrás da Catedral fica o Alcázar, uma reconstrução do alcácer original, levado a cabo sob a ordem dorei Pedro, o Cruel, em 1326.

Originalmente, o Alcázar foi edificado sobre a basílica paleoromana (ano 426) a São Vicente. Ali foi enterrado primeiramente São Isidoro de Sevilha. Com a vinda dos mouros, os restos do santo foram trasladados para Oviedo. Sobre a Basílica, o emir Abd al-Ramã III mandou erguer em 913 ou 914 a Dar al-Imara (Casa do Governador) de Sevilha.

Ali tiveram sua residência os Banú Hachá, senhores de Sevilha e representantes locais do califa.
No período taifista, o castelo serviu de moradia para os reis abaddistas Abad al-quassim al-Mutadid (1042-1069) e seu filho Muamad al-Mutamid (1069-1091).

O Pátio do Leão dá acesso à Sala da Justiça ou do Conselho, construído por Alfonso XI em 1340, após sua vitória na batalha do Salado.

Do Pátio do Leão sai também o Pátio da Monteria, onde sai o salão do Almirante, os nomes dos almirantes gravados em tapetes pendurados nas paredes e quadros épicos.

Por outra porta se entra no Palácio do Rei Dom Pedro, que conserva vários cômodos com o rendilhado e azulejos árabes. Os tetos são de madeiras escuras e salpicadas de desenhos geométricos.
O palácio está em volta do Pátio das Donzelas. Desse pátio saem o Dormitório Real (ou Dormitórios de los Reyes Moros), o Salão dos Embaixadores (o mais ricamente ornamentado) e as Salas dos Infantes. No andar superior fica o Oratório dos Reis católicos onde se casou a princesa Helena, filha do rei Juan Carlos.

Atrás do Palácio de Dom Pedro ficam o Tanque de Mercúrio, uma piscina com uma fonte encimada por uma estátua em bronze de Mercúrio, os jardins do Pátio del Crucero, um de jardim com arbustos baixos e fontes de água. Dele sai o Baño de Doña Maria Padilla, uma gruta em forma de túnel com um longo espelho de água central.

Há no Alcázar outros pátios externos (o do Tênis e o das Bandeiras) e internos (los Levies, del Asistente e outros sem nome), além de diversos jardins.

Muito apreciado por ser pequeninho e delicado é o Pátio de las Muñecas.

O Museu Arqueológico fica no Parque Maria Luiza, uma enorme área verde próxima ao rio Guadalquivir.

O museu tem um razoável acervo pré-histórico e um riquíssimo conjunto de objetos fenícios, inclusive uma imagem votiva de (Astarte?), com uma inscrição fenícia em sua base, e o chamado Tesouro de Carambolo, um grupo de vinte e um objetos de ouro ricamente trabalhados.

A ala romana e ibero-romana (ou tardo-romana) é também muito rica, inclusive por estátuas como o Torso de Vênus e o Imperador Trajano, assim como a cabeça da deusa Hispania.

Um local que não fomos, embora lindo, é a enorme Plaza de España, criada por ocasião da Exposição Ibero-americana. Uma fonte em seu centro e um canal em um dos lados refrescam o ambiente. Em volta da praça ficam a Capitania General, o Governo Civil e o Governo Militar da província.

Em Sevilha uma garçonete insistia em nos atender em inglês, embora a gente se dirigisse a ela sempre em espanhol. Perguntei se ela sabia de onde éramos e a resposta foi rápida: americanos. Disse que éramos de um país grande. Canadá? México?, tentou a moçoa. Não, da América do Sul. Argentina? Chile?, continuou ela tentando descobrir. Diante dos meus nãos, foi fundo: Madagascar? Aí foi demais! Brasil, disse a ela. Ela ficou embaraçada por ter esquecido esta opção. E a noite inteira ria quando passava por nós.

Em Sevilha assistimos a um show de fandango. Algumas danças eram coreografadas com sapateado e castanholas sobre músicas clássicas. Dançaram uma jota, houve canto (parecendo música árabe) etc.

 

Segue Santiponce ...

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