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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Espanha - Comunidade Valenciana

Valência

Vimos o Ebro iniciar seus últimos quilômetros antes de morrer no mar, em Amposta del Delta.

A primeira província da Comunidad Valenciana é a de Castellón, cuja capital é uma cidade grande e cheia de edifícios altos. Mais adiante vem Benidorm, também gigantesca e cheia de arranha-céus.

Chegamos a Valencia, a antiga Valentia Edatonorum, cuja referência mais antiga data de 138 a.C.

Estive três vezes em Valência e a Mithiko lá foi duas vezes. Por isso, nosso conhecimendo do local é um pouco mais detalhado.

Ela é linda e grande. As ruas são bem mais largas e retas que na maioria das cidades espanholas. O sistema viário é mais quadriculado, facilitando os motoristas.

Ela fica à beira do Mediterrâneo, mas o centro é afastado da praia. A cidade é cortada por um largo jardim sobre o antigo curso do rio Turia. Nesse jardim há campos de futebol, gramados e passeios. Edifícios comerciais moderníssimos foram construídos em suas laterais.

Em nossa primeira viagem a Valência, encontramos a rede hoteleira lotada por causa de uma feira. Só a muito custo conseguimos um hotel ao lado da estação ferroviária, que fica ao lado da Plaza de Toros. Pouco adiante, à frente da estação, fica a Plaza de Ayuntamiento, a principal do centro, ornamentada por uma fonte luminosa.

Depois voltei sozinho a Valência, para completar um curso de Espanhol que comecei em Barcelona. Daí, conheci muito melhor a cidade.

A exemplo de Barcelona e outras cidades grandes, avenidas largas cruzam a cidade e usualmente ao longo delas, afastados uns 200 metros das ruas por calçadas amplas, ficam os edifícios da gente de classe mais alta. Por exemplo, temos as avenidas Tres Creus (que continua com o nome de 9 de Octubre e depois Pio Baroja), Pio XII (que segue com os nomes de Gran Via Ferrán Catòlic, ou Fernando o Católico, e Ramón y Cajal), a av. Maestro Músic Puente de Campanar (que segue com o nome de Perez Galdós), a av. Blasco Ibáñez etc.

Mais uma dica cultural: quem quiser ver um espetáculo realmente diferente, vá a Valencia em inícios de outubro, quando começam as fallas (festas em que bonecos ou figuras gigantes ficam expostas de 15 a 19 de março, quando são queimadas), exceto um deles, escolhido pela população e que é recolhido ao Museu das Fallas com o nome de ninot indultat (boneco ou menino indultado). Aí a cidade se veste de burgo medieval para reproduzir a cavalgada cívica que Afonso, o Magnânimo, recriou em 1428 em memória do rei Jaume I. Mais de uma centena de cavaleiros em armaduras, cavalos com capas coloridas, bispos, infantes, jograis, besteiros, estandarte e outras figuras deste naipe pululam pela cidade. E o dia termina com a cavalgada que sai da Torre de Serranos, cruza a cidade velha até a igreja de Santo Agostinho.

No sábado, o primeiro acidente: o caixa eletrônico do BBVA engoliu o cartão de crédito da Mithiko. Corrida ao hotel, ligação para o Brasil e cancelamento do cartão. Dica para os viajantes: é comum os terminais eletrônicos engolirem cartões. Ou leve muitos ou procurem saber como recuperá-lo. Quando falarmos de Portugal, diremos como recuperá-los lá.

 

Os Jardines del Túria

Os Jardines del Túria são uma faixa de terra em forma de semicírculo por onde antigamente corria o rio Túria. Era, por fotos antigas, um vasto amontoado de grandes pedras por onde passava o rio na estação chuvosa. E possivelmente um possível foco de mosquitos na época de seca, quando a água empoçava.

Cobriram tudo com terra, ajardinaram, colocaram vias para pedestres e para ciclistas. Há de tudo neste Jardim: áreas de esportes, praças com fontes, o Palau de la Música (um edifício de dois andares todo em vidro, em forma de um barco invertido). À noite é muito bem iluminado e as pessoas desfrutam deles para caminhar, correr, andar de bicicleta, levar as crianças para brincarem. Calculo que este jardim tenha de 5 a 8 km de extensão.

Nas vias laterais estão, entre outros edifícios que se destacam pela beleza e imponência, tais como o Palácio São Pio V, hoje Museu de Belas Artes, e o Palau de la Música (um edifício de dois andares todo em vidro, em forma de um barco invertido).

Numa das extremidades dele, algumas construções no estilo Niemeyer (mas sem o acanhamento de suas dimensões) compõem a Ciudad de las Artes y las Ciências e o Oceanografic.

A Cidade das Artes e Ciências é um conjunto de prédios fantasticamente altos e com arquitetura de design futurista. É composto pelo Palau de les Artes Reina Sofia, o Museo de las Ciencias Principe Felipe, o Hemisfèric, Jardin de las Esculturas, Oceanográfico e o Umbracle.

Percorremos o edifício das Ciências, com um sem-número de informações científicas para leigos, crianças e adolescentes, jogos etc. Chegamos no momento em que o ovo de um pintinho eclodia. Há salas com diversos efeitos de cunho científico.

Há um formigueiro com paredes de vidro para se ver a atividade delas.

Numa das saletas há uma cadeira em que uma pessoa senta-se à frente da outra, tendo um vidro entre elas e uma lâmpada em cada parte. Quando v. acende ou apaga a lâmpada, fica visível para a outra pessoa e esta fica invisível para você. Uma outra mesa semelhante serve para dar retardo ao som que vem da pessoa do outro lado da mesa. Há jogos com sons, luzes, ilusões de ótica ...

Um instrumento mostra como passar uma barra inclinada por uma fenda reta.

Uma seção é dedicada a perguntas e respostas, com cartéis com perguntas sobre diversos temas. Levantando plaquetas, a resposta é exibida.

Em outra seção, você é apresentado a várias figuras, as esconde e é apresentado a outra série de figuras para identificar as que estavam na série anterior. Invariavelmente "lembra-se" de figuras que não existiam na série precedente, pois o cérebro tende a preencher as lacunas com informações.

No Hemisfèric, assistimos a um filme tridimensional sobre as fallas. Pode-se optar por assistir ao filme em valenciano, espanhol ou inglês. Fica mais saboroso em valenciano.

Há um aquário em que se passeia sob as águas, num túnel de vidro, em meio aos peixes.

 

O Casco Viejo

A área medieval de Valência, o Casco Viejo, tem seu extremo sul na Estació del Nord, uma estação de trem com o estilo das estações de inícios do século XX, e a Plaza de Toros, a arena de touradas da cidade. Ela é rodeada por um lado pela calle Guillem de Castro e pela calle Colón. Há, como sempre, alguns nomes diferentes em pequenos trechos delas. Ao norte, é circundada pelos Jardines del Túria.

Ele é igualmente dividido em bairros: Ajuntament, Velluters, el Mercat, la Xerea, la Seu e el Carme.

Na praça do Ajuntament está o edifício do governo da cidade. Nela uma fonte que à noite a cada alguns minutos muda de cor. Ao longo da praça, outros edifícios monumentais, a exemplo dos Correios. Por dentro, ele não é grande, mas tem um saguão coberto por uma gigantesca abóbada de vidro branco com faixas, também de vidro, multicoloridas com brasões diversos. O centro e topo da abóbada é de metal escuro e traz as insígnias reais.

A Plaça del Ajuntament sai por um lado para a Estació del Nord e Plaza de Toros e por outro para a Catedral e para o bairro de El Mercat. Sai também para a Plaça Alfons el Magnanim.

Defronte à Plaça Alfons el Magnanim está o monumento denominado Porta de la Mar, saída para os Jardines del Túria e, por ele, ao mar. Um edifício muito bonito e majestoso que há nesta praça é o da Casa de Ahorros y Monte de Piedad, hoje Centro Cultural Bancaja.

Não longe dali, mais dois edifícios imponentes: o da Capitania Geral e o Convento de São Domingos, ambos na praça Tetuán.

Também nesta parte da cidade, na calle Cirilo Amorós está o Mercado de Colón, outra pequena pérola de Valência. Com suas bancas de comércio e lanchonetes nas laterais, guarda o estilo dos mercados antigos: com estrutura de ferro e vitrais coloridos para iluminação.

Numa de nossas caminhadas, passamos pela calle Salvá, onde fica escondida outra igreja grande: a de San Juán de la Cruz. Lembro-me de que por ali perto havia um espaço onde se serviam dezenas de sucos, muitos com nomes brasileiros, se referindo a Curitiba, Pernambuco etc. Mas passamos por Valência também em 2013 e não mais encontrei o estabelecimento.

O cristianismo não chegou à terra dos editanos até o século IV. A Catedral de Valencia é muito diferente das demais, pois é clara e de paredes muito despojadas. Foi iniciada em 1262, a mando do bispo Andreu de Albalat.

Na Seu de Valencia foram bispos, entre muitos outros, Jaspert de Botonach (1276-1288) e Videl de Blanes (1365-1369).

Nas laterais da Catedral, capelas com relíquias dos santos valencianos, tais como São Vicente (martirizado em inícios do século IV e de quem um braço é exibido atrás do altar-mór), São Vicente Ferrer (há um púlpito no qual ele se dirigia aos fiéis em 1412), São Luís Bispo (há um busto dele e, no peito dessa imagem, um cubículo de cristal exibindo o crânio do santo. Abaixo, outro cubo de cristal mostrando ossos do santo).

Além dos santos, há também sepulturas de pessoas que um dia foram importantes na sociedade valenciana. Tais como:

 

  • poeta Ansias March (1397-1459)
  • beata Josefa Naval Girdes
  • erudito Gregório Mayars y Líscar (1699-?), na capela de Santo Agostinho
  • arcebispo López García (1824-1931), na capela de São José
  • cardeal arcebispo Mariano Barrio (fal. 1876, participante do Concílio Vaticano I) e o arcebispo Martí de Ayale (fal. 1566, participante do Concílio de trento), na capela da Virgem do Rosário
  • D. Diego de Covarrubias (marquês de Albaida, fal. em 1697, com 61 anos de idade), Maria Díaz Covarrubias (segunda esposa do marquês de Albaida e antes casada com Joan Ruiz Castell Blanch de Lanza, estes pais de Margarida Castell Blanch, esposa de Francisco Mileno de Aragón)
  • São Tomás de Villanueva (1486-1555), Arias Texeiro (1815-1824), Marcelino Olaechea y Louzago (1946-1966), Micael Roca y Cabanella (1978-1992) e o côneg Francisco Pérez Bayer (17111-1794), na capela de São Tomás
  • D. Berenguer Guillem de Enteza (fal. 1222, tio do rei Jaume I de Valencia), D. Berenguer de Blanes (fal. 1413, governador de Valencia)
  • frei Andrés de Albalat (fal. 1276 em Viterbo, Itália, e que foi o 3° bispo de Valencia e lançou a pedra fundamental para a construção da catedral) e o cavaleiro Mossén Jaume Castelas (sep. 1431), na capela do Cristo da Boa Morte
  • D Raimundo de Gastón (bispo entre 1312 e 1348)
  • cônego arcediago Pedro Esplugues (séc. XIV, mártir valenciano nas perseguições religiosas entre 1336 e 1339)
  • o bispo Raimón Despont (fal. 1312), arcebispo Andrés Mayoral (fal. 1769), arcebispo Ludovico Antônio de los Cameros (fal. 1676) e Juán Ximénez del Rio (fal. 1800)
  • alguns arcebispos dos séculos XIX e XX, na capela da Imaculada Conceição.

 

Na porta gótica dos Apóstolos, se reúne às 6as. feiras o Tribunal das Águas, para decidir conflitos e dificuldades no abastecimento de águas aos moradores e agricultores.

No lado de fora da Catedral fica a capelinha onde foi celebrada a missa de ação de graças pela vitória de Jaime I sobre os mouros.

De Valencia é também o Papa Calixto III, da família Borja, que na Itália adaptou o sobrenome para Borgia. Dessa família saíram cardeais e papas, alguns deles de muito má fama e que até hoje servem de argumento aos acusadores da Igreja Católica.

A capela mais importante da catedral é, sem dúvida, a do Santo Cáliz, que fica logo à direita de quem entra na catedral, na antiga sala capitular. Nela está exibido o cálice que teria sido usado por Cristo na Santa Ceia, que ficou muito conhecido nos romances de cavalaria com o nome de Santo Graal. Em realidade, o copo seria original e a base adicionada depois. Essa peça foi trazida da Palestina pelos cruzados e durante a ocupação árabe esteve escondida na catedral de Huesca por ordem do Papa Sisto II.

Atrás da catedral, está a praça de la Virgen, com sua fonte onde estátuas femininas representam as oito fontes de águas da cidade. Na praça está também está a Real Basílica de la Virgen de los Desamparados Real, construída entre 1652 e 1667. Não é um templo grande. Na terceira vez que estivemos em Valência, pudemos ali assistir a u'a missa cigana, com batismo de crianças. Todos vestidos a caráter, roupas muito coloridas, cantando e tocando músicas típicas da cultura deles.

Nesta praça, crianças brincam até altas horas da noite e convidativos barzinhos chamam para uma copa.

Detrás da Basílica de los Desamparados, na Plaza de Almuín ou Almodí, encontra-se um espelho de água sobre um piso de vidro. Por ele se pode ver as fundações romanas da cidade. Por uma certa quantia, há visitas guiadas pelo enorme espaço sob a praça, onde repousam os troços de ruas, templos e edifícios da Valencia romana, árabe e medieval. As visitas são oferecidas em diversas línguas: espanhol, valenciano, italiano, inglês ...

Próxima dali, a igreja de Santa Catalina, antiga mesquita consagrada em 1239 ao culto católico, de cujo topo se vê a cidade antiga.

Perto do Palau de la Generalitat assisti auma celebração do El Cid, que morreu em Valência em (1066?). Atores com trajes medievais, reepresentando cavaleiros, pajens, damas etc. iam acompanhadas do povo nas principais praças de la Seu e ali havia combates de cavaleiros (com espadas ou hachas). O povo se divertia. Quando um cavaleiro era abatido e se perguntava se era para conceder-lhe clemência, o povo urrava "mátalo! mátalo" e caía na gargalhada. Um gaiato que assistia de seu apartamento gritava "a la horca! a la horca!". Outro, "al garrote vil! al garrote vil". Entrando no clima, o cidadão que conduzia o espetáculo disse ao microfone, numa das apresentações: "quien piensa que merezca cleméncia, llame al 35509" (como se houvesse celular na Idade Média).

No bairro de El Mercat, av. Maria Cristina, há quatro edifícios dignos de uma visita. O primeiro é o Mercat que dá nome ao bairro, na Pla del Mercat, onde havia mercadores desde a Idade Média. O edifício atual tem o estilo dos mercados municipais dos princípios do século XX de muitas das cidades brasileiras, é um amplo espaço fechado, com finas colunas de ferro e a parte superior das paredes e alguns vitrais são de vidros coloridos. No exterior, ladrilhos coloridos arrematam as paredes, em torno das janelas. Na parte talvez mais nobre, também uma cúpula de 50 metros de altura, com vidros coloridos, com as cores da bandeira valenciana, a Senyera, escudos e no topo o de Valência. Sobre esta cúpula, uma coroa sustenta um mastro com um peixe-espada e outros símbolos.

Em 1912, o rei Afonso XIII e a rainha Victoria Eugenia marcaram simbolicamente com um piquete de prata a obra de derrubada dos prédios velhos e erguimento do edifício atual. Em 1928, o mesmo rei inaugurou o mercado.

Ao lado do Mercat vem a igreja de San Joan del Mercat (em castelhano, Igresia de los Juáns), que está em reforma.

À frente dos dois fica a Lonja de la Seda, Lontxa de la Seda em valenciano, um espaço onde funcionava a Junta Reguladora do Comércio. Há um amplo salão com colunas retorcidas, onde se reuniam os comerciantes para deliberar sobre as regras, que dizem eram muito mais restritivas que as de hoje. Um salão ao lado servia para a reunião do conselho diretor ou para o julgamento de infrações. Um claustro com uma fonte em formato estelar, lembrando as construções árabes, se prestava para as reuniões de negócio.

Detrás da Lonja está situada, numa pracinha acanhada. a igreja jesuíta do Cor Iesu, dos jesuítas. Nesta pracinha o povo valenciano, em assembléia, declarou guerra à França napoleônica que ocupava a península. Um cartaz diz que o povo em 23 de maio de 1808 "alsant un crit un palleter", declarou a guerra. Também ali está posto maquete em bronze da praça e da Lonja, com caracteres em braille, para que cegos possam tatear o formato dos dois edifícios e obter informações escritas.

Não longe da Lontxa está o Palácio do Marquês de Dos Águas com sua porta pesadamente decorada com figuras esculpidas em pedra. Hoje ele abriga o Museu Nacional de Cerâmicas e de Artes Suntuárias de González Marti.

Não encontramos nada muito especial em la Xerea. E no Carme, a vida noturna é movimentada porque é uma espécie de zona boêmia do Casco Viejo. Bares nas ruas estreitas e nas pracinhas, como a de Mossén Sorell ou do Tossal.

Nele estão duas torres do antigo burgo: a de Quart e a de Els Serrans. Como eram grandes! Cada cômodo comportaria a sala do meu apartamento.

Também numa das extremidades do Carme, perto do Passeig de La Petxina, está um fantástico museu arqueológico de dois andares, onde você passeia pela história de Valência. Cada período é fartamente documentado com peças de época: as pedras lascadas e polidas do Paleolítico e Neolítico, diversas placas de pedra com linhas esboçando animais. Inúmeros exemplares de objetos de cobre, bronze e ferro. O desenvolvimento da cultura ibérica e a romanização. Filmes em saletas especiais mostram os sítios arqueológicos. Por fim, uma exposição de fotografias da Valência antiga.

O bairro de Sant Isidre

Fora do Casco Viejo, a exemplo de Barcelona e outras cidades grandes, avenidas largas cruzam a cidade e usualmente ao longo delas, afastados uns 200 metros das ruas por calçadas amplas, ficam os edifícios da gente de classe mais alta. Por exemplo, temos as avenidas Tres Creus (que continua com o nome de 9 de Octubre e depois Pio Baroja), Pio XII (que segue com os nomes de Gran Via Ferrán Catòlic, ou Fernando o Católico, e Ramón y Cajal), a av. Maestro Músic Puente de Campanar (que segue com o nome de Perez Galdós), a av. Blasco Ibáñez etc.

Percorri a rua Sant Viçent Martir por cerca de meia hora. No caminho, passamos pela Estação de Joaquim Sorolla, onde desembarcamos na terceira viagem e de onde saímos para Madri num trem-bala dias depois.

A rua San Viçent acaba num monumento de porte médio chamado Creu Encoberta, uma cruz de pedra em baixo de um baldaquino também de pedra. Este trajeto acompanha a linha da estrada de ferro até uma larga avenida, de nome Giorgeta. Cruza bairros de classe média baixa (La Roqueta, El Senabre).

Cruzada a avenida, entra-se no bairro de Sant Marcel.lí. São apenas mais umas centenas de metros para uma passagem sob a linha rápida de trem (ainda em construção) para Madri. E um pouco mais além, o rio.

Rio é modo de dizer. Oficialmente é chamado de Cauce Nuevo Del Rio Túria (novo leito do rio Túria), que antes cruzava a cidade de Valência ao norte do bairro medieval, onde hoje está o passeio Jardines Del Túria. Mas trata-se de uma enorme calha seca, com mais de 300 m de largura, e um leito de grandes blocos de pedra e um pouco de mato entre elas. Talvez na época de degelo ou de muitas chuvas ele se torne um rio. Hoje é apenas uma feia cicatriz, onde as pessoas jogam dejetos, como carrinho de supermercado, cadeiras velhas ...

Voltei da visita ao rio Túria pela av. Tres Creus, uma das largas avenidas. Cruzei os elegantérrimo bairro de Sant Isidre. Ali também fica o cemitério da cidade. Tomei a carrer de l'Arxduc Carles, que atravessa um bairro de classe média, o Zafranar.

Dali tomei a av. El Cid, também muito larga, até um edifício de três andares, em reforma, muito grande e em forma de pé de galinha, o Antigua Carcel Modelo de Hombres. Ele fica perto de um viaduto de linhas muito modernas, onde começam os Jardines del Túria,

O bairro do Cabanyal

Fui caminhando da residência onde me hospedava até a praia de Malve-rosa pelos Jardines del Túria. Não recomendo. É muito longe para se caminhar. Da Ciutat de les Artes rumei à marina de onde partem as regatas da Admiral's Cup, passando ao largo do autódromo de Fórmula 1 de Valência. O bairro que está na região do porto é bastante simpático: uma avenida larga (av. del Puerto) e bonitos edifícios baixos ao longo dela.

A areia é bem fininha e a água não estava gelada, embora fosse fria. Para variar, quase todas as mulheres de monoquini (que termo mais antiquado!).

Voltei andando pela avinguda Blasco Ibáñez. Como informei na introdução, uma avenida muito larga. Comi num restaurante chinês. Vi buffet libre e não titubeei. Comi e ia saindo, quando a chinesa comentou: "muito rápido". Está acostumada com os espanhóis, que ficam horas à mesa.

Na volta, acabei passando pelo bairro de Mestala, onde fica o estádio de mesmo nome, campo do Valência. Ele naquele domingo enfrentaria o Osasuna. Estava cheio de gente. Famílias, grupos de jovens amigos e amigas, gente com namorada. Uma festa!

Em uma outra ocasião, voltei à praia. Mas da Torre dels Serrans cruzei os Jardins do Túria até a Pont de Fusta, onde peguei um bonde que vai pelos bairros mais novos, pelas avenidas Dr. Vicente Zaragoza e dos Tarongers, passa pela Cidade Universitária e pela Universidade Politécnica  e chega ao Cabanyal. Outra boa pedida.

Os bairros do norte

Ao norte da cidade, largas avenidas levam aos subúrbios. Andei um pouco na av. Pio XII, de hotéis luxuosos.

A ponte liga a av. Pio XII à Gran Vía Ferrán el Católic. Dali se divisa um prédio de 3 andares da Antigua Carcel Modelo. Seguindo pelo Passo de la Pechina, passa-se pelo Jardín de las Hespérides, um espaço ajardinado, onde pessoas buscam momentos de paz e meditação. Chamei u'a moça que passava para perguntar o nome do lugar. Ela me atendeu solícita e sorridente. Mas de repente emburrou. Só depois percebi que seria por tê-la chamado de "usted" e não de "tu". Cuidado, que espanhol faz muito bem a distinção e parece que se ofende quando tratado de forma inadequada.

Mais a oeste está a ponte Nou de Octubre, praticamente início dos Jardins do Túria.

 

Segue Alicante ...

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Criado e administrado por Marco Polo T. Dutra P. Silva

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