CADERNOS DE VIAGEM
AMÉRICA DO NORTE - Estados Unidos - Montana
Big Hole
Continuando a viagem, a estrada passa a subir, subir, subir. Para o alto das Rochosas. No sentido descendente vem o rio Bitterroot, saracoteando por baixo da estrada. De lado a lado pinheiros. Não há acostamento.
Perto de Hamilton, muita madeira e log cabins (cabanas de madeira). Muitas empresas fazem casas pré-moldadas de madeira.
Lá em cima está a divisa com Idaho, mas não a cruzamos e fomos ver o campo de batalha de Big Hole.
No alto de uma colina está o Visitor Center, com museu e um filme sobre a batalha. Dele se descortina à frente como foi a refrega.
Os soldados vieram a cavalo e acamparam ao pé de uma montanha, a uns 300 metros de uma aldeia de Nez Perce que se recusaram a ir para a reserva deles (que tinha sido reduzida a 10% da área acordada, com a chegada dos mineradores e comerciantes de peles).
Iam atacar a aldeia, que estava à beira do rio Beaverhead (olhando de cima dá para ver que ele tem uns 3 a 4 metros de profundidade).
Os cavalos dos índios estavam pastando sob a guarda do índio Na-tal-le-kin que de velho já não enxergava bem. Uns voluntários civis que se juntaram ao exército, em vez de deixarem o índio passar, atiraram nele. Ouvindo tiros, o soldado que deveria atirar ordenando o ataque se precipitou e deu o sinal de atacar, mas o exército ainda estava a meio caminho, no meio de umas sebes que há à margem do rio.
Alguns índios nem ouviram os tiros iniciais e tiveram de ser acordados. O ataque dos primeiros soldados causou vítimas, principalmente de velhos, crianças e mulheres.
Refeitos do ataque inicial, os poucos guerreiros da tribo contra-atacaram e sitiaram os soldados por dois dias, enquanto o resto da tribo enterrava os mortos e fugia. Só com cerca de 60 índios, os 800 soldados ficaram presos ao pé da montanha.
Quando a tribo já ia longe, os guerreiros iam se retirando aos poucos, até que todos se foram. O chefe de guerra era Looking Glass, que se descuidou da proteção do acampamento. Durante a batalha foi substituído por Lean Elk. O chefe Joseph se encarregou de retirar os cavalos e pessoas do local.
No local estão as estruturas dos tipis. Marcos em forma de pena indicam onde os índios morreram. Outros em forma de bonés azuis mostram as baixas do lado dos brancos.
Neste, ao contrário da batalha de Little Big Horn, a escaramuça poder ser vista do ângulo dos soldados e dos índios.
Voltamos ao topo das Rochosas e cruzamos a fronteira de Idaho. Começou, então, a descida, ainda dentro da floresta. Junto vai descendo um braço do rio Lost.
Ao pé da montanha, o rio Lost, de corredeira tão forte que é difícil canoar nele e virtualmente impossível voltar. Daí ser conhecido como “River of No Return”, apelido dado pela expedição Lewis-Clark.
Pela primeira vez vimos uma cabra montanhesa de perto. Adiante cruzamos a linha imaginária que marca o meio do caminho entre o Equador e o Polo Norte.
Dormimos numa cidadezinha chamada Salmon. Da janela do quarto se via o rio Bitterroot correr veloz em dois braços (um de cerca de 20 m de largura e outra de cerca de 30 m).
Uma pausa para fofoca. O Brasil apareceu três vezes na TV. O programa de Xuxa aqui é o Xuxa’s Guests. Um programinha de auditório pobre, como a maioria dos programas infantis ao vivo. No Late Night with David Letterman (acho que era reprise de 1994), num dos quadros, ele mostrava uma figurinha rara e apresentava opções de respostas (obviamente todas gozadoras). Numa aparecia um velhinho feliz e uma das opções era “não haverá nenhum brasileiro vencendo a Copa Stanley” (há uma copa de golfe com esse nome). Logo depois, mostrando algo sobre hóquei, ele comentou que no Brasil, em São Paulo, havia um time muito bom de hóquei, rápido e forte.
Segue Crateras da Lua ...
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