Dormimos em Tuba City, um buraquinho à toa, e no dia seguinte fomos para o Grand Canyon via Cameron.
No caminho passamos pelo desfiladeiro do rio Little Colorado. Muito profundo, com paredes verticais e o Little Colorado em seu fundo. O belvedere é administrado pelos índios e se encontra semi-abandonado, com algum perigo para os turistas.
Quilômetros à frente o Grand Canyon. Visto do Desert View, o Colorado é um filete de água esverdeado lá no fundo (desnível de 1.650 m), mal visível em algumas curvas. O outro lado exibe várias mesas muito distantes. À direita se vê ao longe o Painted Desert (próximo a Flagstaff, na reserva dos Navajos), o cume nevado do monte São Francisco e os desfiladeiros (gorges) do Little Colorado. Subimos ao topo da Watch Tower (uma torre feita à semelhança dos postos de observação anasazi, tendo a parte interna desenhada com motivos indígenas: cobras, corujas etc). Há outros observatórios no Canyon, mas o do Desert View é o mais legal.
O rio Colorado no Grand Canyon desce cerca de 600 m e tem profundidade média de 11 m (variando de 30 m em alguns poços a 30 cm em algumas corredeiras). Onde o rio é mais raso, a água tem de passar mais rápido, formando as corredeiras.
No Canyon conversei com os primeiros brasileiros: 4 garotos na passarela e uma família no supermercado.
Visitamos também ruínas dos Cohoninos/Anasazi (Tusayan Ruins), grupo que incluia os pecos, os zunis, os hopis... Alguns astecas rumaram para o norte, cerca de 1.000 d.C. Eles faziam casas de adobe/pedra, moravam em mesas, pintavam cerâmicas, eram enterrados na horizontal etc. Se espalharam por Santa Fe (os Pecos, e.g.), Grants (os Acoma), entre outros. Alguns se estabeleceram no Grand Canyon (os Hopi). Séculos depois vieram os Kohoninos do Oeste. Por volta de 1.300 d.C. também do Oeste vieram os Cerbat (leia cêrbeit). Também os Paiutes vieram por essa época do sul em pequenos bandos. Esses grupos todos eram genericamente chamados de Anasazi, isto é, "inimigos de nossos ancestrais" pelos Navajos, índios aparentados dos Apaches e que vieram do estado de Washington, do Canadá e do Alaska por volta de 1.400 d.C.
Os Navajos aprenderam com eles a agricultura e o pastoreio de ovelhas. Tornaram-se a maior e mais forte tribo dos Estados Unidos.
No Grand Canyon há um micro-ônibus que vai parando nos diversos belvederes. Você pode descer, passear por lá e tomar outro para seguir adiante. Vimos o Lipan Point, o Moran Point (perto de onde Garcia Lopez Cárdenas, militar espanhol, tentou por três dias alcançar o rio e só conseguiu chegar a um terço do trajeto), o Grandview Point e o Yaki Point. Cada um deles mostra o Canyon de um ângulo.
No fim da tarde, fizemos uma caminhada pela Indian Trail, uma trilha asfaltada que acompanha a borda do canyon. Marquei bobeira ao não esperar pelo pôr-do-sol. A Mithiko insistiu e centenas de pessoas estavam no nosso contrafluxo, mas eu fiquei com preguiça de voltar à Indian Trail e perdemos esse espetáculo.
O lado oeste da borda (West Rim) só é acessível por um micro-ônibus gratuito e super-concorrido, que parte a cada 15 minutos. Descemos no Hopi Point e fizemos uma caminhada de 1,3 km por uma picada que segue beirando os precipícios até o Mohave Point e que não recomendo. O chão é de cascalhos (podendo escorregar) e se passa em trechos onde um deslize pode representar queda de centenas de metros de altura.
A paisagem é magnífica: Paredões quase perpendiculares, de centenas de metros de altura, em cor marrom claro ou avermelhados. Um calor danado! Lá no fundo, o rio esverdeado e com várias corredeiras.
Dali tomamos o ônibus para o Pima Point.
Do Visitor Center várias trilhas podem ser feitas à pé. A mais interessante é para o Indian Garden (a 7,5 km do Centro) e a mais longa é a Bright Angel Trail (a cerca de 34 km de distância).
É imperativo levar água. Pelo menos 4 litros por pessoa, pois o calor desidrata mesmo. Há relatos de pessoas cuja água acabou e não duraram mais de três horas. A cegueira vem primeiro, depois a perda dos sentidos e, por fim, a morte. Vez por outra acham ossadas de "hikers" (caminhantes) ousados demais. Isso sem contar as cascavéis, freqüentes no vale.
Há um trenzinho a vapor que parte do Canyon a Williams, mas não pegamos.
Segue Las Vegas ...
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