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CADERNOS DE VIAGEM

AMÉRICA DO NORTE - Estados Unidos - Califórnia

Los Angeles

Dia 13. Trem para Los Angeles. Uma novidade, não sei se por iniciativa do condutor ou dessa linha do trem: pelo alto-falante interno do trem ele vai indicando as coisas curiosas no caminho, como se fosse um guided tour: perto de Helendale, no meio do deserto, ele informou que naquele vale havia um verdadeiro mar debaixo da terra, a maior bacia do deserto de Mohave; em Barstow ele mostrou as fendas no prédio da estação, dizendo que eram seqüelas do último terremoto; já chegando, ele contou que estávamos andando pelo meio da falha de Santo André, uma depressão parecida com um vale de pedras, expostas pelo terremoto de 1908 (acho que é essa a data), que destruiu San Francisco; em Cleghorn Pass ele indicou pueblos nas montanhas. Nesse trajeto vi pela primeira vez ao vivo o famoso roadrunner e o coelho que aqui se chama jackrabbit.

Chegamos a Los Angeles. Ela se parece com São Paulo: grande, suja, congestionada, cheia de pixações, com o céu cinza (embora considerado limpo naquele dia). Ela é, em realidade, uma metrópole formada de várias cidades: Los Angeles propriamente dita, Pasadena, San Gabriel, Santa Monica, Alhambra etc., tal como em São Paulo (São Paulo, Osasco, Diadema ...).

Aqui acabou o sotaque chiado do Kansas, Novo México e Arizona (I misch ao invés de I miss, por exemplo).

Rodamos pelo centro de Los Angeles, vendo os enormes edifícios de escritórios, sobre uma colina.

Uma avenida bonita desaparece num túnel por baixo do centro.Perto dali, na parte baixa, um bairro pobre, desses que se vê nos filmes sobre marginalidade. Era marcadamente hispânico.

Aqui em Los Angeles, os washes são contidos em enormes calhas de concreto, de creio que uma centena de metros de largura. Eles aparecem em filmes onde carros correm dentro de leitos de rio de concreto.

O maior desses washes que eu vi foi o que contém o Los Angeles River, uma enorme calha de concreto com cerca de 60 metros de largura por 20 de altura ao lado da linha férrea. O Los Angeles River não tem mais de 5 m de largura, embora no terceiro dia ele estivesse bem mais largo, com alguns centímetros de profundidade. Parece um esgoto correndo. Suas águas são bem escuras, o que confere um aspecto feio a ele.

Curiosidade: ontem no Arsenio Hall Show foi entrevistada a ex-mulher de Steve Spielberg, hoje esposa de Bruno Barreto. Ela fez referência a "Dona Flor e Seus Dois Maridos".

Nas autopistas é comum se cruzar com caminhonetes com aqueles rodões de smashing vans. Por falar em carro, aqui é a delícia do Itamar Topetudo. Fazia tempo que não via tanto fusquinha junto. E as placas rodoviárias e muros também lembram o Brasil, tantas são as pichações. As ruas estão cheias de plásticos, cigarros etc.

É curioso como apesar de ter população semelhante à de São Paulo e muito mais freeways, as vias estão sempre cheias de carros e se congestionam mesmo à noite. Haja carro! Também pudera, pois quase todos os carros têm apenas o motoristas. Há uma campanha para aumentar o número médio de passageiros por carro e se pensa seriamente em transportes coletivos (recentemente foi inaugurada uma linha de metrô).

Em Los Angeles fomos à Universal Studios, episódio que contamos em outra página.

Outro ponto alto em Los Angeles é o Gene Autry Heritage Museum. Esse museu foi montado pelo cantor-cowboy das décadas de 1940-50, ao lado de Roy Rogers. Nessa época se começou a romantizar a vida do caubói. O museu guarda capas de discos, partituras, roupas, guitarras, selas, arreios, chaparreiras ... Até uma armadura espanhola está lá.

Há também versões originais de canções coletadas nas fazendas (algumas das quais escritas por D.J. O' Mally nos anos 1896). Um tal de Jack Thorp andou tocando gado com os vaqueiros em 1940 e colecionando suas canções. Dizia ele que nunca vira vaqueiro com voz bonita. Se a tivesse, perdia gritando com o gado, dormindo ao sereno ou dizendo ao juiz "que não tinha roubado aquele cavalo". Contou, também, que os vaqueiros jamais cantavam em grupo.

O museu fala também de índios, do Pony Express, do Wild West Show de Buffallo Bill. Em cada sala há uma tela de TV onde um botão aciona um filme (geralmente de 2 a 5 minutos) sobre o tema.

Há a sala dos bandidos, a reprodução do tiroteio do OK Corral, inúmeras insígnias que teriam pertencido a xerifes famosos, revólveres deles ... Numa está a famosa escultura End of Trail, mostrando um índio sobre seu cavalo, ambos exaustos.

Existe a sala dos mineradores, dos emigrantes. Nesta, projeta-se slides tridimensionais, ou seja, um é projetado na tela e outro no fundo, como se o primeiro estivesse se lembrando do segundo. Vozes de homens e de mulheres vão lendo trechos de diários, contando coisas do dia-a-dia das viagens. É uma pena que ninguém se lembre que esta terra foi mexicana até o século passado (1847). Falta referência a essa cultura, ainda hoje influente na Califórnia.

Outro museu que visitamos foi o Southwest Museum, especializado em índios. Embora falasse possuir coisas sobre os índios da América do Sul, em realidade tudo era sobre os norte-americanos. Caixas com tampo de vidro embutidos nas paredes mostravam minúsculas reproduções de cenas do cotidiano de algumas nações indígenas, feitas de madeira, barro e folhas, dando uma perfeita visualização de como viviam, seus utensílios, habitats etc. É interessante notar que tribos nômades constroem casas ou abrigos "baratos (usando folhas ou peles como cobertura e árvores como suporte), para que possam seguir adiante sem remorso de abandonar suas casas.

Cerâmicas, pontas de flexas e artesanatos pululam, para delícia dos especialistas. Um "display" permite excursionar pelos diversos tipos de cerâmicas, mostrando slides com vários tipos de desenhos em cerâmica (zuni, hopi, ...).

Dali fomos à Casa de Adobe, mas ela estava fechada.

Para encerrar Los Angeles, duas localidades que visitei: O Pueblo de Los Angeles e Hollywood.

O Pueblo, é o que sobrou da vila original, chamado El Pueblo de Nuestra Señora Reina de Los Angeles sobre el Rio de la Porciuncula, nome dado pelo frei Juan Crespi, que chegou a Los Angeles em 2 de agosto de 1769. O nome foi mudado para Los Angeles, com a incorporação da cidade em 4 de abril de 1850. Bem que merecia o apelido.

A casa mais velha ali existente é a Avila Adobe, de 1818. Junto com a matriz, do mesmo ano, são as construções originais da vila. Merece uma visita a Casa Sepulveda, de 1887, pertencente à sra. Eloisa Martinez de Sepulveda e por ela dada a sua sobrinha. O quarto e a cozinha estão conservados como eram originalmente. Também é interessante a Pico House, que foi do governador Pio Pico (o último governador mexicano em Los Angeles) e construída para ser um hotel. Convém lembrar que esse governador foi muito mal afamado: era tido como pouco honesto e que concedia terras a parentes, as quais muitas vezes voltavam a ele próprio.

Sobre Los Angeles um zeppelin trazia propaganda de Goodyear pintada em sua superfície. Projetando luz de dentro para as paredes, o efeito fica muito interessante.

Fomos visitar a missão de San Fernando, Rey de España, fundada em setembro de 1797. A construção é uma varanda longa e paredes grossas. Era sábado e a missão também estava fechada.

Vários casamentos foram celebrados nesse dia e os casais estavam no jardim à frente da igreja. Todos mexicanos. Cada grupo tinha uma cor predominante, quase como se fossem torcidas organizadas. Conversei com alguns, mas eles não estavam muito a fim de papo.

Tentamos ver o MONA (Museu do Neon), mas ele tinha se mudado para muito longe e ninguém tinha o endereço certo.

Demos uma volta à pé pela downtown de Los Angeles. Era fim-de-semana e os enormes prédios estavam quase vazios.

Estivemos na Missão de San Gabriel Arcanjo, fundada em 1771, a quarta mais velha da Califórnia, na cidade de mesmo nome. Ela estava fechada.

Ee em Pasadena, fomos à Planetary Society, para eu me tornar membro da sociedade.

Seguem as praias da Califórnia ...

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