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CADERNOS DE VIAGEM

AMÉRICA DO NORTE - Estados Unidos - Pennsylvania

Philadelphia

Philadelphia

Philadelphia, ou Philly, para os íntimos. Geograficamente, ela se parece com Manhattan, pois é circundada por dois rios, o Schuykill (leia Scúlquil) e o Delaware, que vem dos Lagos e separa os estados da Pennsylvania e de Nova Jérsei. O Delaware é mais largo que o rio Paraíba em Campos e o Schuykill é um Tietê sem mal-cheiro, escuro e não muito largo.

Nosso hotel era um nojo: o Apollo. Foi o primeiro lugar em que recusaram cartão de crédito. O quarto era escuro e voltado para os fundos de um prédio. As roupas de cama estavam queimadas por cigarro. Não havia lençol nas camas e o carpete era tão nojento e grudento que resolvemos usar a colcha como tapete.

A cidade segue o padrão americano: um centro (downtown) com um City Hall de alta torre na forma de cúpula, cercado por prédios muito altos. Fora disso, só casas.

Quase todos os edifícios são espetaculares e o maior deles é o Liberty One, com a parte superior muito parecida com a do prédio da Chrysler em Nova Iorque. O Liberty One fica iluminado à noite, parecendo uma imensa árvore de Natal. Mas, ao contrário dos demais lugares, nesse prédio não há observatório público.

As casas são em sua maioria de tijolos aparentes, muito limpas e com jardins floridos. A maioria de dois ou três andares.

Há um centro histórico, em realidade um grande quarteirão, cerca de quatro superquadras brasilienses. Numa construção em meio ao jardim de entrada está o Liberty Bell (sino que teria anunciado a libertação do país).

No centro histórico estão o prédio onde foi a primeira Suprema Corte, o primeiro Congresso (no térreo, a Casa dos Representantes, representando o povo, e no primeiro andar o Senado, representando os Estados). Contrastando com a simplicidade da Casa dos Representantes, no salão do Senado tudo era mais luxuoso. Havia até retratos a óleo de Luis XVI e Maria Antonieta, ironicamente executados pouco depois da independência dos Estados Unidos. Segundos os rangers, que tomam conta de todos esses prédios oficiais e proferem as palestras e respondem às perguntas, os senadores não eram eleitos, mas nomeados pelos governadores até 1930, mais ou menos. Só então passaram a ser eleitos.

Nesse centro está o prédio onde foi assinada a Declaração de Independência. Lá foi a capital da República entre 1790 e 1800.

Em vários locais nas redondezas há placas descrevendo algum fato histórico que tenha ocorrido naquele lugar. Entre os prédios merecem visita a Christ Church e o boteco "Man Full of Trouble" Tavern e os dois primeiros bancos da nova república, ambos em estilo grego clássico e de mármore. Perto dali fica a casa de Betsy Ross, a mulher que bordou a primeira bandeira americana.

Pouco à parte desse centro histórico está situada uma outra praça, em realidade um antigo cemitério, que recebeu restos mortais de soldados americanos e também alguns corpos de soldados ingleses mortos em combate. Parece que a maioria dos soldados teria morrido de febres e não de ferimentos.

Também na Philadelphia está a tumba de Benjamin Franklin, num cemitério do século XVIII. Perto do cemitério, a primeira Casa da Moeda nacional.

Paralelo ao rio Delaware corre um bonde típico da década de 30, que em São Paulo era apelidado de camarão por ser pintado de vermelho. Ao contrário dos bondes abertos que rodavam no Rio de Janeiro, o camarão da fria e chuvosa São Paulo era fechado.

Casa de Betty Ross

Há à beira do Delaware um porto de onde saem as balsas para Camden, na Nova Jérsey. Ali no porto, passou por mim uma garota cuja camiseta dizia, em bom português: "Quer comprar um animal? Procure em Brasília", tristemente jocosa referência ao Presidente Collor.

Nova Jérsey é também é ligada à Philadelphia por uma enorme ponte sustentada por cabos de aço, em dois níveis, com uma rodovia no superior e a metrovia no inferior.

Uma das razões para ir de Washington para Philadelphia foi porque achei que sendo ali o berço da independência, a parada local de 4 de Julho (dia da independência) seria soberba. Triste ilusão. Estava anunciada uma parada com soldados vestidos a caráter, mas na hora um grupo pró-aborto entupiu a rua defronte o centro histórico com cartazes "No Choice, No Parade" gritavam, e o desfile foi transferido para a rua de trás. Quando chegamos lá, só vimos a rabeira do desfile. A parada oficial foi ridícula: moças fazendo espetáculo com bambolês, grupos de dança, bloco dos coreanos, bloco dos hispânicos (aí incluídos os brasileiros, pode?) com cartazes dizendo que eles eram a cultura européia mais antiga das Américas, chineses com seus dragões etc. À noite, uma enorme queima de fogos em Camden. Aproveitamos para treinar o uivo junto com os americanos. Milhares de pessoas disputando as ruas com os carros. Fomos rangar no MacDonald's, um templo à sujeira, com restos de sanduíches e respingos de refrigerantes por tudo quanto é lado.

No dia seguinte, como não achamos passagem de trem para Nova Orleans, fomos para Boston, a terra dos Kennedy. A viagem de trem durou 7 horas. Conosco ia uma família de amishes (puritanos religiosos), que desembarcaria em Providence. É curioso que, embora isolados, essa comunidade não sofre de problemas de consanguinidade e são pessoas muito bonitas, geralmente loiras e de olhos azuis.

Segue Boston

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