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CADERNOS DE VIAGEM

AMÉRICA DO NORTE - Estados Unidos - Utah

Salt Lake City

Salt Lake City, apesar do nome, está a dezenas de quilômetros do lago. Ele sequer é visível de lá. Fica no vale, subindo pela Wasatch Range. É industrial e tem aquela feiúra das cidades grandes. O centro, contudo, é um primor. Gira quase em torno dos mórmons e do Temple Square. Tem prédios lindos como os edifícios administrativos dos mórmons e da cidade (City Hall, o Council Hall - antiga prefeitura -, o State Capitol...). O Capitol tem uma abóbada imensa, como a do capitólio de Olympia, estado de Washington) etc.

O atendente do hotel é filho de portugueses e ensaiou algumas palavras nessa língua, mas com muito sotaque.

Passei um dia inteiro na Biblioteca dos mórmons, onde centenas de pessoas, a maioria velhos passa horas pesquisando genealogia.

O pessoal da região é quase todo de mórmons. Os homens vestem as tradicionais camisas sociais brancas de mangas curtas e gravata. As mulheres, vestidos compridos, de cores agradáveis e tecidos caros, ao contrário das crentes do Brasil.

A Temple Square é o Vaticano deles. Um quarteirão inteiro, cercado por altos muros. Dentro, o prédio administrativo, a capela (o Tabernacle) onde está o (segundo?) maior órgão de ar do mundo e onde se apresenta o famoso Coral do Tabernáculo dos mórmons. Num desses prédios ouvi uma mórmon com um sotaque que parecia de brasileiro falando inglês. Não deu outra: era a irmã Bracale, de São Paulo.

Viajamos bastante para ver o Salt Lake. Como caía a tarde, dormimos em Clearfield, nas proximidades. No dia seguinte fomos para a Antelope Island, a maior das ilhas do lago. Dizem que ali tem uma praia. Uma balela. Há areia, mas misturada com pedras brancas e chatas. Essa mistura se estende água adentro, dificultando andar sem machucar os pés. A água é gelada e na beira vive um mundo de mosquitos, milhões deles. Eles não picam e ficam no chão, provavelmente para se refrescar. Da água parece que a areia está fervilhando. Quando você corre, ouve um barulho que parece champanha borbulhando. Quando se joga água na areia perto da água, você vê uma onda de mosquitos recuar e se reposicionar na areia. É muito interessante. Nunca tinha visto nada igual. E no lago também vivem centenas de gaivotas.

Há na ilha um morro de onde se vê o lago, a ilha e imediações. Uma vista que vale a subida.

Rumo ao Colorado, pegamos estradas que contornavam a Wasatch Range, entrando em canyons e vales típicos de Ogen e a Nephi, onde pegamos a I-89, outra rodovia que corta centenas de quilômetros de deserto sem qualquer cidade ou sequer posto de gasolina.

Dormimos em Salina, a última cidade antes de um trecho de mais de 150 km sem recursos. Um motelzinho jeitoso, com piscina gelada e hidromassagem.

O caminho passa por vales que não devem ser evitados em hipótese alguma. São formações lindas, multicoloridas, altas e "rugged". Em particular, o San Rafael Valley, que lembra um pouco o Monument Valley.

Segue Moab ...

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