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CADERNOS DE VIAGEM

AMÉRICA DO NORTE - Estados Unidos - Distrito de Colúmbia

Washington

O centro de Washington é deserto à noite. Ao contrário de Nova Iorque, os prédios aqui não são monstruosamente altos, embora sejam também muito bonitos e modernos. Ficam na faixa de 6 a 8 andares e não são marrons como os da Big Apple. Quase todos são em mármore claro, alumínio e vidro.

Já os prédios públicos são diferentes, têm estilo grego clássico e poucos andares (como o Museu do Ipiranga ou a Secretaria da Fazenda na Praça Clóvis), embora alguns deles sejam muito grandes, como o prédio da Secretaria da Agricultura americana, que toma o equivalente a vários quarteirões no Brasil. Outra edificação muito grande é a do Federal Triangle, com uns quatro andares espalhados em L por um grande quarteirão.

No centro da cidade fica o National Mall, enorme praça retangular cercada de grandes prédios no mesmo estilo grego clássico, abrigando repartições públicas e museus.

Assim que chegamos fomos à Casa Branca. Passamos pela Peace Square, onde estão o National Theater e uma estátua eqüestre de um general austríaco-alemão que morreu na guerra da independência. A praça é grande e repleta de frases inscritas no chão. Ao atravessá-la chegamos ao Departamento do Tesouro e dali à Elipse, uma enorme quadra elipsoidal gramada, onde o pessoal jogava beisebol (aliás, "softbol", uma variação do beisebol jogada em toda parte por grupos geralmente mistos). Dela se vê o fundo da Casa Branca e o Washington Monument, um obelisco no estilo daquele monumento aos combatentes no Ibirapuera, mas bem maior, com 150 metros de altura. No primeiro terço dele há u'a marca mostrando onde ele ficou inacabado por muitos anos, durante a Guerra Civil (1834-1859).

Demos a volta no quarteirão e fomos ver a Casa Branca de frente, pela Av. Pennsylvania. O edifício fica entre os prédios do Tesouro (espécie local da Casa da Moeda) e o antigo prédio do Executivo (onde alguns dos presidentes da República tiveram sua sala de despachos).

No dia seguinte, fizemos a caminhada mais cansativa. Saímos do hotel para o Washington Monument. Como a fila para subir ao topo dele estava longa, caminhamos pelo Mall às margens de um enorme espelho d'água que há entre o Monument e o Lincoln Memorial (esse espelho é conhecido como Reflecting Pool). Parecia perto, mas haja pernas!

O Lincoln Memorial é uma construção enorme e quadrangular, em mármore branco e sustentado por 36 colunas, representando cada um dos Estados da época. Sobre cada coluna está inscrito o nome de um dos Estados e o ano em que ele entrou para a Federação. Aqui convém lembrar que a adesão à Federação não foi automática e compulsória, como no Brasil. Cada assembléia estadual teve de discutir e votar a Constituição Federal. Se aprovassem-na, passavam a pertencer à União. Caso contrário, seguiriam estados a viver de seus próprios meios.

Dentro do Memorial, uma grande estátua de Lincoln sentado e nas paredes internas trechos de discursos dele. Como não podia faltar, uma loja de souvenires no edifício.

Ao lado Memorial está um monumento aos mortos do Vietnã. Lá achei um FEENEY (James T.), um Pacheco e um Andrade. É uma longa parede de mármore negro com os nomes dos mortos nela gravados.

Dali, passeando pelas margens do Potomac, um rio bem largo por onde navegam barcos de porte razoável, chegamos ao pé da ponte que vai para o Arlington Memorial, cemitério que fica do outro lado do rio, já na cidade de Alexandria, e onde estão enterrados vários heróis dos americanos, inclusive o presidente Kennedy).

Seguindo a margem do Potomac, circundamos a Tidal Basin, uma bacia do rio Potomac e chegamos ao Jefferson Memorial. Jefferson foi um dos constituintes do país recém-emancipado aos 36 anos de idade. A seguir foi vice-presidente de John Addams (o segundo presidente, que levou a capital federal de Nova Iorque para Washington) e, por fim, foi eleito como o 3º. presidente da República. Carreira brilhante! Seu memorial é cilíndrico e dentro há uma grande estátua do presidente em pé.

Voltamos ao Washington Memorial, pegamos a fila para, mais de uma hora depois, subirmos ao topo do obelisco. Janelas permitem visão de 360º da região. Sobre cada janela há foto do visual com indicações de onde estão os lugares de maior interesse que podem ser vistos daquela janela. Dali dava para ver o Pentágono (em Alexandria), o aeroporto, o cemitério de Arlington, o prédio de Watergate, a downtown etc.

Washington tem a maior taxa de criminalidade dos Estados Unidos e nos parques que estivemos vimos um monte de crioulos, provavelmente "craqueados", gritando e xingando, aparentemente para ninguém.

O trânsito é supertranquilo e ninguém avança o sinal. O metrô é pequeno, mas novíssimo e muito moderno. Há uma diferença no modus operandi dele: enquanto em Nova Iorque você deposita a ficha na catraca, aqui o bilhete é devolvido e você deve usá-lo para liberar a catraca na estação de destino. Como as estações têm tarifas diferenciadas, esse foi o jeito encontrado de evitar "tombos".

Estivemos no teatro onde Lincoln foi assassinado em 1865 pelo escravagista John Wilkes Booth. Um teatro modesto para os padrões de hoje, certamente era o que havia de melhor nos Estados Unidos de então. Ele é administrado por uma fundação privada, mas rangers trabalham como guias.

A sala onde ele foi morto ainda permanece como naquele dia. Pela história que o ranger contou, houve uma conspiração para matá-lo, pois no mesmo dia tentaram matar também Seward, Secretário da Agricultura de Lincoln. Na casa de Seward, os conspiradores feriram um filho dele, que os recebeu no saguão da casa. Esses conspiradores estariam descontentes com o fim do escravagismo, que teria provocado pesados prejuízos às fazendas do sul do país, dependentes de mão-de-obra barata.

No teatro, John Booth se aproximou da cabine em que o presidente e sua família assistiam a uma apresentação teatral. Gritou em latim que assim acabavam os tiranos e de imediato puxou uma pistola e atirou na cabeça de Lincoln. Ato contínuo, pulou de uma altura de cerca de 10 metros e caiu no palco, com uma perna fraturada. Saiu se arrastando por uma porta lateral do palco e ganhou a rua, onde um cavalo arreado estava esperando por ele. Esse fato aumentou a certeza de que se tratava de ação de um grupo e não de um ataque isolado.

Com a cabeça sangrando sem parar, Lincoln foi levado com extremo cuidado (cerca de duas horas apenas para atravessar a rua) para a casa da família Peterson, defronte ao teatro e igualmente conservada hoje. Nela se vê a sala onde a esposa de Lincoln esperou pelo médico e a cama onde o presidente morreu. Dos artefatos da casa, apenas o travesseiro é original e sobre ele morreu Lincoln.

Do teatro fomos aos museus. O de História Natural é uma cópia um pouco mais modesta do de Nova Iorque. Nele o Brasil foi esquecido, menos quanto à Amazônia, quando falaram da América do Sul. Já na área de pedras preciosas, cerca de 70% delas são brasileiras. Cada uma mais linda que a outra. A parte de história antiga me pareceu mais rica que no de Nova Iorque. Há muito mais animais pré-históricos, múmias, tijolinhos com escrita cuneiforme, papiros, animais mumificados (gato, vaca ...). Pelo estudo dos ossos, puderam apresentar a simulação de um homem pré-colombiano enterrado, com cordas para mantê-lo encolhido na posição fetal.

A visita seguinte foi ao museu da aviação e espaço. Embora citado na projeção sobre a história da aviação, Santos Dumont aparece como uma figura terciária. Aliás, ele apareceu num programa de TV sobre balões tipo Zeppelin. Nesse museu se exibem os principais tipos de mísseis e foguetes: Tomahawk/Cruise, Apolos, Gemini, Mercury etc. Há pedras lunares, jipe lunar, observatórios espaciais. Um mundo de aviões modernos (inclusive os brasileiros Tucano e Bandeirantes) e antigos, modelos que demonstram o funcionamento das turbinas, etc. Todos originais, chamuscado e amassados. Inclusive entramos no Skylab. É uma sensação superbacana saber que aquele treco pequeno (do tamanho de um quarto de um apartamento médio brasileiro) estivesse solto a milhares de quilômetros do solo.

Ainda no Mall, vimos um museu meio sem-graça: o das artes e indústria, com maquinário do princípio da Revolução Industrial.

No dia seguinte fomos ao Capitólio, prédio instalado sobre uma colina (a Capitol Hill), dotado de uma cúpula feita à imagem daquela da Catedral de São Pedro, no Vaticano. Nele guias dão explicações sobre o prédio antigo e o moderno. Dizia a guia que foi muito difícil convencer os aristocratas a abandonarem a Filadélfia e Nova Iorque, então capital, pela pantanosa Washington, comprada pela União ao Estado de Maryland e construída depois da drenagem do local, sempre sujeito aos humores do Potomac.

Entre as salas está uma que a prefeitura de Washington pediu em 1800 ao Congresso para nela instalar a Suprema Corte, que estava em Nova Iorque.

No Capitólio assistimos a uma sessão do Senado, onde se debatia o Orçamento Federal. Ali quase tudo é proibido: tirar fotos, falar, debruçar-se sobre o peitoril, fazer ruídos, respirar (acho) ...

Passamos defronte a Suprema Corte atual. Ali estava ocorrendo uma das intermináveis manifestações pró-aborto.

Segue Philadelphia

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