Uma das principais cidades do condado de Kent é a de Canterbury (leia quénterbri), primeiramente chamada de Curwhern pelos celtas, depois Durovernum Cantiacorum pelos romanos que ali se estabeleceram em 43 d.C. e Cantwarabyrig pelos saxões.
Nessa casa (a Olde Weaver's House), às margens do rio Stour, viviam os huguenotes no século XVI. |
A cidade é pequena, com um centro medieval. A Catedral de Canterbury se destaca ao longe, com suas torres altas. Casas pequenas, arrumadas e juntinhas ladeiam as ruas.
O povo daqui tem um sotaque sui generis, o denominado stuary English. Fala páiper para "paper", rôit para "right", gráit para "great", chêit para "sheet" e áit para "eight". Talvez daqui tenham saído os colonizadores de Austrália e Nova Zelândia.
Pela Mercery Lane, uma viela estretíssima, chega-se a uma pracinha linda, rodeada de casas muito arrumadinhas, chamada Butter Market, primeiro centro comercial da cidade. Nele há um monumento aos heróis da Guerra Mundial. Também nessa praça está o portão Christ Church Gate, de 1517, um dos acessos ao burgo medieval de Canterbury . A porta do burgo é de madeira toda trabalhada.Apenas transposto o portal, a igreja aparece, enorme, pesada, solene, cercada de gramados sempre verdes e aparados. A área da vila medieval era cercada por muralhas tal e qual se vê nos filmes sobre a Idade Média.
Apenas algumas partes do muro ainda existem, ao fundo da abadia. São paredões volta e meia quebrados por uma larguíssima torre redonda. Dentro do burgo medieval as ruas são de paralelepípedos.
Fora do burgo, cerca de 100 metros atrás das muralhas, pelos fundos da catedral, em meio a casas residenciais, uma ruazinha conduz às ruínas da abadia de São Pedro e São Paulo, onde se acredita que Santo Agostinho rezava e esteja sepultado. Tudo indica ter sido uma construção bem grande, de pedras. A abadia inicialmente serviu como cemitérios dos reis de Kent e dos primeiros abades e arcebispos de Canterbury até 758.
Dessa época são conhecidos os abades Peter (598-607) e Hadrian (669-706), ali enterrados, e o arcebispo Laurence vivente em 613. Após a Conquista se tornou uma abadia beneditina normal, até que a Dissolução a desmontou em 1538. A igreja passou por várias reformas de vulto sob a administração do abade Dunstan (depois abade de Glastonbury em 940 e arcebispo de Canterbury em 959), do abade Aelfmaer (1006-1017) e do abade Wulflric (1047-1059). Também na era normanda, o monge Scolland foi chamado de Mont Saint Michel, na Normandia, pelo arcebispo Lanfranc para ser abade de Canterbury entre 1070 e 1087. Seus sucessores Wydo (1087-1099) e Hugo de Fleury (1099-1124) também empreenderam grandes reformas na abadia. Depois da Dissolução, o local foi transformado em palácio real, para servir de ponto de repouso do rei no caminho entre Londres e os portos do sudeste.
Canterbury se tornou um importante centro de tecelões da Inglaterra no século XVI, principalmente depois da Noite de São Bartolomeu, em Paris, no ano de 1572, quando os huguenotes foram massacrados. Muitos deles, assim como alguns valões, fugiram para a Inglaterra e se estabeleceram em Canterbury. Ainda hoje protestantes franceses usam a Capela do Príncipe Negro, na cripta da catedral, e assistem ao culto na sua língua nativa. Os huguenotes construíram muitos dos edifícios da cidade.
Se você curtir, há passeios noturnos na cidade, à procura dos fantasmas do burgo medieval.
Há, fora do burgo, as ruínas de um castelo normando em que apenas as altíssimas paredes externas estão em pé. Ele está fechado e não dá para ver seu interior. Fica fora dos muros da cidade velha. Pertíssimo dele, a igreja de S. Mildred, toda em pedra, datada do século XII.
Segue Sandwich e Richborough...
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