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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Inglaterra - Somerset

Glastonbury

Glastonbury (leia-se Gléssonbri) é a antiga Glaestingabuhr (isto é, fortaleza de Glaestinga). É o ponto de encontro das lendas de José de Arimatéia e do rei Artur.

No centro da cidade há uma abadia, que se diz ter sido fundada no século I d. C. por José de Arimatéia, mandado por Felipe como líder de um grupo de 12 pregadores (não parece relacionado com os apóstolos?) para cristianizar a Grã-Bretanha. Ao chegar teria ganhado do rei Arviragus terras onde erigiu uma igreja. As escavações, contudo, só revelaram peças posteriores ao séc. XII.

No século III os celtas durotriges criaram um povoado na região e do semi-deus Avalloc ou Avallach, que governava o mundo subterrâneo, teria vindo a palavra Avalon. Avalon teria sido onde o mar e a terra (simbolicamente, a vida e a morte) se encontram.

Guinevere, esposa de Artur, teria sido raptada por Melwas, rei das Terras do Verão (Somerset) e aprisionada em seu castelo no Tor (palavra celta para colina), um morro de 250 metros de altura, no meio de um vale no Somerset. Artur teria vindo resgatá-la.

Contam que o mar vinha até o pé do Tor e, com o tempo, foi recuando e deixou um lago onde hoje é a cidade. O Tor teria sido Avalon, à beira do lago onde uma divindade das águas teria dado a espada Excalibur a Artur.

Caldeirões são importantes na mitologia celta. A associação entre Arimatéia e Cristo e entre Este e o Cálice Sagrado da Santa Ceia se ligaram com perfeição às lendas celtas. A evolução das associações fez José trazer o Cálice Sagrado a Avalon e enterrá-lo no Poço do Cálice (Chalice Well). Esse cálice teria sido objeto dos romances medievais sobre a procura do Cálice Sagrado.

Por volta de 1120 William of Malmesbury, morador local e historiador, pesquisou nos livros da abadia e escreveu sobre a história dela. Teria sido hospedado pelo abade Seffrid (c. 1120-1125) e desencorajado a contestar as lendas. Os ossos do abade Seffrid foram encontrados em 1960 em escavações locais. Ele era bispo de Chichester e caiu em desgraça diante do rei Stephen. Foi obrigado a se retirar para Glastonbury, onde viveu como monge.

Apesar disso, William deixa claro não ter achado nenhuma conexão com José de Arimatéia e remonta a história de Glastonbury ao rei Lucius, um governante celta do século II que voltou de Roma acompanhado de missionários.

No séc. VII os anglo-saxões invadiram o condado de Somerset e seu rei Ine teria construído uma igreja de pedra onde hoje está o fundo oeste da nave. Essa igreja teria sido ampliada no séc. X (após pilhagens de viquingues) por St. Dunstan, que foi abade em Glastonbury entre 943 e 957 e depois arcebispo de Canterbury em 960. Ao lado da capela de St. Dunstan está o antigo cemitério

.

 

 

O monge Geraldus Cambiensis (Geraldo de Gales) escreveu que os monges de Glastonbury, dirigidos por visões e indicações de velhos manuscritos, encontraram em 1191 os corpos de Artur e Guinevere numa cova rasa ao lado da igreja velha e os transladaram para dentro da igreja nova. Alguns historiadores dizem que a "descoberta" foi jogada de "marketing" do abade Beere para atrair mais peregrinos e, com eles, mais espórtulas e doações. De qualquer forma, no centro do gramado há um local marcado como sendo a tumba deles.

Junto à capela de St. Dunstan estão as ruínas da capela da Senhora, onde fica o altar dedicado à devoção de José de Arimatéia, e as da abadia normanda em cujo interior está o pretenso túmulo de Artur.

Foram identificados os seguintes abades de Glastonbury do período pré-Dissolução:

 

601

Worgret

 

905

Ealthun

 

1222

Robert

 

Lademund

 

 

Aelfric

 

1235

Michael de Ambresbury

 

Bregoret

 

943

Dunstan

 

1252

Roger Ford

705

Beorwald

 

962

Aegelward

 

1261

Robert de Petherton

 

Aldbeorth

 

973

Sigegar

 

1274

John de Tanton

 

Atfrith

 

1000

Beorhtred

 

1291

John de Kent

 

Kemgisel

 

1017

Brichtwyn

 

1303

Geoffrey Fromond

 

Guba

 

1027

Aegelward

 

1322

Walter de Tanton

754

Tica

 

1053

Aegelnoth

 

1323

Adam de Sodbury

 

Cuma

 

1078

Thurstin

 

1334

John Breynton

762

Walthern

 

1101

Herlewin

 

1342

Walter Morrington

 

Tumberht

 

1120

Siegfried

 

1375

John Chinnock

 

Beadwulf

 

1126

Henry de Blois

 

1420

Nicholas Frome

 

Muca

 

1171

Robert de Winchester

 

1456

Walter More

824

Guthlac

 

1189

Henry de Sully

 

1456

John Seewood

850

Ealmund

 

1192

Savaric (2)

 

1493

Richard Bere

860

Herefyrth

 

1206

Jocelyn (3)

 

1525

Richard Whyvel

(2) Depois bispo de Bath

(3) Também depois bispo de Bath

 

 

Ainda nas vizinhanças fica a cruz e o Espinheiro Sagrado, uma muda do arbusto que há na Wearyall Hill, que falaremos adiante.

Também na área da abadia estão a capela de São Patrício, uma capela reconstruída por volta de 1500, a antiga igreja de Santa Maria e os edifícios dos monges (refeitório, celas, ...).

Outra atração da cidade é o morro do Tor, que já mencionamos. No topo do Tor estão ruínas da capela de São Miguel. Essas ruínas eram de uma segunda construção posto que a primeira veio abaixo no terremoto de 1275. No Tor, em 1539, o abade Whiting e três monges foram enforcados e depois esquartejados por ordem de Henrique VIII, por prédicas contra o rei, e a igreja foi desmontada.

Perto dali, aos pés do Tor, meio escondido, está o poço Chalice Well, onde José de Arimatéia teria escondido o Cálice Sagrado, usado por Cristo na Última Ceia.


 

O Chalice Well fica em meio a pequenos jardins, onde as pessoas se sentam para piquenique, rezar, meditar ... O ambiente é solene e silencioso. Aqui aconteceu um episódio tragi-cômico. Eu estava esperando uma senhora acabar suas rezas à beira do poço para tirar uma foto dele. A Mithiko cobrou: "vai tirar a foto ou não?". Eu, certo tratar-se de uma inglesa respondi: "Assim que a tia acabar as mandingas eu tiro". De fatom quando ea acabou e se afastou, eu pude tirar a foto do poço. Fomos andando para o carro e acabamos por alcançar a tia. Ela carregava uma mochila nas costas, onde se lia o nome dela e o endereço da residência: Brasília, SQN xxx, Brazil.



 

Numa outra colina ali perto, a Wearyall Hill, está uma árvore torta, cheia de fitas coloridas amarradas. Diz a história que José de Arimatéia fincou ali o seu cajado, que enraizou e formou aquele arbusto, hoje entortado pela ventania que recebe diariamente. Não há indicações e o arbusto fica no meio de um pasto aos pés do qual a cidade se espalha. "Hippies" e outras tribos ali se juntam em agosto pelo festival de música de Glastonbury, famoso em toda a Europa como sendo o Woodstock da contracultura.

Segue para Bath ...

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