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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Inglaterra - Hampshire

Winchester

rei Alfred

Winchester foi a capital do reino saxão de Wessex. A cidade é cortada pelo rio Itchen, um remanso raso, de águas frias.

História da ocupação do território

A região era também habitada pela tribo celta dos belgas, que deslocaram os atrebates para o norte (Surrey, Berkshire ...). Quando os romanos chegaram, por volta de 70 d.C., denominaram o local de Venta Belgarum (Loja dos Belgas) e se estabeleceram numa fortificação da Idade do Ferro chamada de Pátio de Oram, nas encostas da colina que partem do rio Itchen.

ponte sobre  o Itchen

Da ocupação romana restou um pedacinho de muro junto ao calçadão que margeia o rio Itchen, dentro de uma proteção de vidro, as ruínas de uma casa no Brooks (bairro ao lado da Cidade Velha) e um cemitério.

Os romanos abandonaram a Inglaterra por volta do séc. IV, deixando a região à mercê dos anglo-saxões que ali se estabeleceram e denominaram o lugar de Wintanchester (do inglês antigo Wintan Caester ou Castelo de Wintan).

No período saxão a Inglaterra começou a se cristianizar mais rapidamente. Embora no período romano certamente houvessem cristãos na vila, a primeira referência concreta ao cristianismo em Winchester foi o batismo do rei saxão Cynegils em 635. Ele havia sido convertido por Birinus, enviado pelo Papa Honório em seguimento à missão de Santo Agostinho.

calçadão à margem do rio Itchen

Quando Cynegils morreu, seu filho Cenwalh mandou construir em 648 um mosteiro em Winchester e para essa vila transferiu a capital do reino. Por volta de 670 d.C. o bispo Haeddi transferiu sua cátedra de Dorchester-on-Thames para Winchester, unificando nessa cidade os poderes temporal e espiritual do reino.

Em 829 o poder do reino aumentou muito. O rei Egbert derrotou os exércitos de Mércia e foi aceito como suserano pela Nortúmbria.

Os viquingues da Dinamarca invadiram a Nortúmbria e em 860 chegaram ao Wessex. No primeiro momento os saxões foram derrotados e o rei Alfred (871-899) se escondeu nas charnecas de Devon e lá montou outro exército, que derrotou os viquingues e os empurrou mais para o norte, onde eles foram autorizados a se estabelecerem civilmente no território conhecido como Danelåg (pron. danelóg).

Alfred foi casado com a princesa gaulesa Ealhswith, cristã. Ele morreu em 899 e foi enterrado no Old Minster. Em 903 seu filho e sucessor Edward levou os ossos do pai para o New Minster e em 1109 os ossos de Alfred foram levados para a abadia de Hyde, também na cidade.

Ao lado da Catedral estão marcadas no jardim as localizações tanto do Old Minster quanto da capela do rei Cenwalh. O filho sucessor de Alfred foi Edward, o Ancião, que mandou erigir outro mosteiro (New Minster) em 903. A viúva de Alfred mandou construir a Nunnaminster, convento de freiras que originou a abadia de St. Mary.

O Old Minster foi reformado pelo bispo Ethelwold (963-984) e pelo arcebispo Dunstan no reinado de Edgar, no ano de 960, e ali foi estabelecida uma Ordem de beneditinos.

O mais conhecido bispo dessa época foi São Swithun (852-862), a quem atribuem a construção de uma ponte sobre o rio Itchen e um único milagre: o de recuperar os ovos que uma mulher quebrou ao deixar cair de sua cesta.

O bispo Aelfheah, sucessor de Ethelwold, ampliou o Old Minster, trazendo para dentro dele o túmulo do bispo Swithun. Dizem que a 15 de julho de 971, quando os ossos do santo foram exumados e solenemente trasladados para dentro do Mosteiro, uma terrível tempestade desabou sobre a cidade. A influência do santo sobre o clima entrou para o folclore desde então.

Pelos anos 1015-1035 Knut (ou Canuto), rei viquingue, reinava em Wessex.

Do período saxão pouca coisa sobrou. Escavações recentes encontraram no Staple Gardens um cemitério saxão. Entre as tumbas, uma trazia a inscrição:

 

ou seja, her lid Gunni se orles feolaga, que significa "Aqui repousa Gunni, companheiro do duque" (em inglês moderno, here lies Gunni, the earl's fellow).

Os normandos invadiram a Inglaterra e substituíram o bispo saxão Stigand (que, embora proibido pelos cânones, era também arcebispo de Canterbury) pelo bispo normando Walkelin (1070-1098). Do período normando é a maioria do que se vê hoje em Winchester.

O burgo medieval

Na Cidade Medieval ficam as principais atrações. Ela é ladeada pela Broadway St., que cruza o rio Itchen e vai acabar numa praça, onde existe uma estátua em bronze do rei Alfred empunhando uma espada. Dali saem os muros que rodeavam o burgo medieval, englobando o Brooks e os edifícios da Igreja.

À esquerda da rua estão o Castelo de Wolvesey e a Catedral.

À frente a High St., um calçadão que sobe a colina, passa por uma pracinha onde está a City Cross (ou Buttercross), um monumento do séc. XV, remodelado, com imagens de santos em nichos ricamente entalhados na pedra. A High St. acaba no Westgate. Nesse portão está o museu do Westgate e perto dali se encontram o Tribunal ("Court"), o Museu Royal Green Jackets e o Great Hall.

Praça do Buttercross

A High St. e o Buttercross O Salão Nobre é a parte que sobrou do castelo normando ali construído logo após a conquista. É um recinto enorme que tem uma das paredes cobertas com os nomes dos nobres que viveram no burgo. No centro está a Távola Redonda, um disco semelhante ao alvo de jogo de dardos, porém bem maior. Em cada fatia está inscrito o nome de um dos cavaleiros da Távola Redonda. Nele, Sir Walter Raleigh, navegador e explorador que organizou viagens de reconhecimento e colonização à América do Norte, foi julgado em 1603. Sir Raleigh viajou pelo rio Orinoco e pela Guiana Inglesa e teria levado mudas de tabaco e batata para a Inglaterra.

O Museu da Cidade, entre várias relíquias, guarda uma pedra com a inscrição Alfred Rex DCCCLXXXI e uma coleção de tessaræ. Um desses assoalhos está praticamente inteiro (falta apenas um pedacinho, destruído pela raiz de uma árvore). O museu não cobra ingresso.

Perto da Catedral estão as ruínas do Castelo Wolvesey, palácio episcopal medieval. É imenso.

Wolvesey (do inglês antigo Wulveseye, que traduzem por "ilha de Wulf") parece que foi antecedido por um edifício oval da era anglo-saxã, junto ao muro do burgo. Sobre ele, o segundo bispo normando William Giffard (1107-1129) ordenou construir sua residência. Esse bispo tinha sido chanceler do rei William Rufus e depois serviu a Henrique I, era, pois, da aristocracia normanda.

Seu sucessor foi Henry de Blois (1129-1171), filho de Stephen, conde de Blois e neto de Guilherme, o Conquistador. Ele havia sido monge em Cluny, no Burgundy (França) e em 1126 se tornou abade de Glastonbury. Ganhou projeção quando o irmão Stephen se tornou rei.

Ao fim da administração Blois, o castelo era constituído de quatro edifícios em quadrilátero, cercando um pátio interno. Num deles ficava o salão onde o bispo recebia os prelados e administrava a justiça eclesiástica.

Por razões políticas, o castelo foi várias vezes cercado e queimado. Coube ao bispo William of Wykeham renovar o edifício após um desses ataques.

Os sucessores de Wykeham foram Henry (1404), o cardeal Beaufort (1405-1447) e William Wayflete (1447-1486). Nesse período Wolvesey esteve em permanente reparo.

Wolvesey foi hospedagem real em inúmeras ocasiões. A rainha Margaret veio dar à luz a seu terceiro filho em 1306 nesse local, a rainha Isabela ali se abrigou em 1310, em 1330 os reis Eduardo III e Phillipa visitaram o palácio. Em 1506 o rei de Castela esteve ali hospedado. Henrique VIII (1520) e Eduardo VI (1552) também estiveram ali. A rainha Mary se hospedou no castelo em 1554, quando foi à Espanha para se casar com o rei Felipe.

No século XVII o castelo declinou, pois os bispos se mudaram para Farnham e Southwark, raramente vindo a Winchester. Contudo, os bispos James Montagu (1616-1618), Lancelot Andrewes (1619-1626) e Richard Neile (1628-1632) investiram no castelo, que em princípios de 1630 estava preparado para receber a visita do rei Charles I. Em março de 1635 o bispo Walter Curle obteve licença para demolir o castelo, mas não foi avante. Mesmo na Guerra Civil o palácio continuou intocado. Mais várias reformas até que em 1773 a casa estava completamente abandonada e em 1786 foi quase todo demolido, exceto a ala oeste, devido à forte oposição do povo.o portão Kingsgate

Junto ao palácio episcopal fica o outro portão medieval remanescente: a Kingsgate.

Acompanhando o muro da cidade corre o rio Itchen. Um passeio asfaltado permite passear ao lado dele, um riacho de correnteza forte, encachoeirando nas pedras.

No Brooks está a Brooks Experience, uma exibição de dioramas contendo a história da cidade desde os tempos dos romanos. Com entrada franca.

Segue para Winchester (parte 2) ...

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