Ao sul do condado de Laois (leia lích) fica Cashel, a antiga capital do reino celta dos eoghanacht, no Munster.
No século IV ou V Cashel foi escolhido para sede do reino dos eoghanacht (egônarrt), descendentes do lendário Eoghan, filho de Oilioll Olum. A fortaleza ficava no topo de uma colina cercada de planícies. Hoje ali fica a catedral de St. Patrick, dominando a região a seus pés.
O rei mais antigo que a história registra é Conall Corc, que dizem ter sido filho de mãe britânica e que fora exilado na terra dos pictos.
Isso pode indicar a expulsão dos governantes locais por colonos irlandeses vindo do sul do País de Gales por volta de 400 d.C. De qualquer modo, está assente que o poder dos eoghanacht sobre a terra solidificou-se na segunda metade do século V por Oenghus, filho de Nad Fraoich.
O poder passava de um a outro ramo dos eoghanacht e Cashel servia mais como centro simbólico de soberania. Nem sempre o rei morava ali. E mesmo quando os Dál gCais de Munster Ocidental expulsaram os eoghanacht do governo de Munster, Brian Boru e sua família se denominaram Reis de Cashel, embora a residência deles estivesse no Shannon.
Em 1091 Muircheartach O'Briain tinha residência ou fortaleza em Cashel. Em 1101 ele concebeu o plano de entregar o edifício à Igreja, para sede da nova diocese, tornando-o um reformador eclesiástico e privando seus inimigos, os eoghanacht de seu símbolo tradicional de poder.
Os eoghanacht reapareceram no século XII como reis de Desmond (atual condado de Cork), sob o nome de Mac Cárthaigh. O último governante eoghanacht foi Cormac Mac Cárthaigh, rei de Desmond e bispo de Cashel entre 1127 e 1134. A ele se deve a capela de Cormac, a mais bela da Rocha de Cashel. O rei Cormac foi apunhalado nas costas por um O'Briain e morreu.
Na Rocha há uma torre redonda de 28 metros de altura que se acredita ser de princípios do século XII.
A Igreja da Irlanda foi reformada no século XII e quatro dioceses criadas: Tuam (em Connacht), Dublin, Cashel e Armagh (no Ulster, hoje Irlanda do Norte).
Maoilísa Ó hAinmhire foi o primeiro bispo de Cashel pós-reforma.
Em 1169 Domhnall Mór Ó Briain, rei de Thomond, mandou iniciar a construção de uma nova catedral na Rocha. Ela foi completada no governo do arcebispo Marianus Ó Briain (1224-1238) ou de seu sucessor Dáibhí Mac Ceallaigh (1238-1252). Este último também fundou o mosteiro de São Domingos na cidade, em 1243.
O arcebispo Dáibhi Mac Cearbhaill (1253-1289) fundou a abadia cisterciense de Hore em 1272, depois dada aos beneditinos. Conta-se que o arcebispo expulsou os beneditinos da Rocha depois de sonhar que eles planejavam cortar sua cabeça. Essa abadia fica na planície aos pés da Rocha. Está abandonada e em ruínas, mas dá para perceber a grandiosidade que teria sido em seu auge. A ela se chega deixando a rua e andando por uma trilha cimentada, passando pelos pastos que a rodeiam.
Entre 1406 e 1440 esteve na Sé de Cashel o arcebispo Risteard Ó hÉidhin, que reparou a igreja e mandou construir o castelo episcopal no canto da catedral.
A catedral foi queimada no fim do século XV por Gerald, conde de Kildare, que se desculpou ao rei dizendo pensar que o arcebispo estivesse lá dentro.
Seguiram-se a esse fato os arcebispos Maurice Fitzgerald (1504-1525), Edmund Butler (1525-1553), Roland Baron (1553-1561). Em 1567 James Mac Caghwill foi nomeado pela rainha Elizabeth, enquanto o Papa nomeou Maurice Reagh Mc Gibbon.
No ano de 1571 a rainha Elizabeth nomeou Miler MacGrath, nascido em 1522. Ele acumulou a Sé, três outros arcebispados e cerca de 70 outras fontes de renda. Viveu até os cem anos de idade. Sua tumba está na Catedral.
O Papa nomeou Diarmuid Ó hIarlaithe arcebispo de Cashel em 1581, mas ele foi martirizado em Dublin três anos depois.
Em 1647 a cidade foi tomada por tropas do lorde de Inchiquin Taafe, o general confederado, que deixou uma guarnição de guarda lá.
A população fugiu com seus pertences para a Rocha. A soldadesca passou a persegui-los. Uma grande matança se seguiu, sendo 800 o número de mortos de ambos os lados. Na Rocha 20 padres morreram asfixiados pela fumaça do fogo que pegou na abóbada do castelo quando bombardeado pelos soldados. A carnificina só teve fim com a chegada do próprio lorde Inchiquin.
Embora em uso até meados do século XVIII, a decadência da catedral foi ficando notável. A derradeira catástrofe ocorreu quando parte do castelo ruiu em 1847, durante uma forte tempestade.
O guia começou por um museu nos fundos do centro de informações. Nele está o original de Patrick's Cross, cuja réplica está no jardim da catedral, onde estava o original no passado. Sob a cruz está a Pedra da Coroação dos reis do Munster.
No castelo o edifício mais imponente é o Vicars Choral, onde ficavam os membros do coral da catedral, geralmente leigos. Em Cashel haviam oito vigários, que eram agraciados com terras ao serem nomeados. Mais tarde o número foi reduzido a cinco.
Dizem que essa igreja inspirou o conto do conde Drácula. Hoje ela está em ruínas, mas alguns remanescentes são ainda formidáveis (como a capela do rei Cormac, que conserva alguns arcos no estilo chamado normando-romanesco e um pedaço da pintura original do teto).
Na cidade fica o Cashel Royal Hotel, de propriedade da princesa Anne.
Há um centro de tradições chamado Brú Boru, que é mais um "shoppinzinho" igual a qualquer Centro de Informações.
Segue para Cahir ...
Índice da Irlanda
Criado e administrado por Marco Polo T. Dutra P. Silva
® Site registrado na Biblioteca Nacional desde 2003. A reprodução de partes de artigo é permitida desde que informado o título dele, seu autor e o endereço da página web correspondente.