No dia seguinte seguimos para Limerick (Luimneach), uma "cidade grande", onde o rio Abbey se encontra com rio Shannon, quase já no mar.
Paramos para ver o King John's Castle, construído entre 1200 e 1212. A entrada do castelo é toda moderninha, mas depois ficamos sabendo que isso era para preservar as estruturas originais (recém escavadas).
O museu do castelo é muito bom. Fala sobre a colonização viquingue em 922, quando a cidade passou a ser Hlymrek. Foi depois corrompido para o irlandês Luimneach e finalmente anglicizado para Limerick.
Enormes tendas de lona coloridas como na Idade Média vão guardando as atrações. Numa, um vídeo ininterrupto mostra um filme (extraído do clássico "Henrique V"), em que a cavalaria vem marchando e vai acelerando o passo até estar a toda carga para o ataque. Os cavaleiros vão de armadura, lanças e estandartes. Do outro lado arqueiros esperam a ordem para despejar uma carga de flechas sobre os cavaleiros atacantes. Quando a ordem é dada, os dardos saem zumbindo como um enxame.
Outra tenda mostra a divisão política da Irlanda celta. Outra a dinastia do reino de Thomond. Outra os 400 anos entre os reinados de John e Elizabeth I.
No andar superior está a história de Munster Plantation, onde a rainha tentou "britanizar" os irlandeses.
Descontentes, os condes se dividiram e passaram a brigar entre si. Da cisão do poder local resultou a Ulster Plantation, em que colonos ingleses e escoceses (leais à Inglaterra) foram agraciados com terras desapropriadas dos irlandeses no norte da ilha.
Assim por diante, os painéis vão percorrendo a história até a revolução cromwelliana, quando o castelo sustentou por vários anos o sítio das tropas dos parlamentaristas. Como nenhum lado conseguia vencer o outro foi assinado o Tratado de Limerick, em que o castelo passava à Coroa, mas os soldados poderiam sair livres para lutar no exército francês (os Wild Geese ou Gansos Selvagens).
Saindo do castelo, passamos pela catedral de St. Mary The Virgin. A Mithiko entrou para ver, mas não me contou o que havia lá dentro. É o mais antigo edifício de Limerick ainda em uso por ser do século XII. Foi ereta no local onde ficava o palácio real de Donal Mor Ó Brien, um dos reis de Munster. Esse rei foi o mesmo que mandou construir a catedral no topo da Rocha de Cashel, a catedral de St. Flannan em Killaloe e a abadia de Holy Cross no condado de Tipperary.
Ele morreu em 1194 e foi enterrado na catedral. A lápide fica no Santuário.
Na catedral fica também a Capela dos Ó Briens. Ali foi enterrado em 1674 Murrough ("of The Burnings") Ó Brien, um cidadão extremamente impopular. Ele era tão odiado que na manhã seguinte os cidadãos de Limerick invadiram a catedral, tomaram seu corpo e o lançaram no rio Shannon. Seu apelido "das Queimadas" provinha de seu gosto por atear fogo a igrejas. Foi ele que tocou fogo na catedral da Rocha de Cashel, na esperança de o arcebispo estar lá dentro.
Depois atravessamos o rio Shannon e fomos ver, ao pé da ponte, a pedra sobre a qual dizem foi assinado o Tratado de Limerick em 1691, trazendo paz entre os partidários de Cromwell e os cidadãos de Limerick.
Segue para Galway ...
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