Dali fomos para Tara (pron. tcháu-ira). O nome Tara parece estar relacionado com Teamhair, morro da região. Esse nome aparece em vários lugares da Irlanda.
É também no topo de um morro. Não há nada além de uma pequena câmara mortuária (Dumha na nGiall ou jazigo dos Reféns) e alguns montículos de terra circundados por fossos de cerca de 1,50 metros de altura e diâmetros de não mais de 20 metros.
Na igreja de St. Patrick se pode assistir a um vídeo (custa 1 libra por pessoa) mostrando a mitologia que cerca o lugar.
Esse conjunto é chamado de Ráth na Ríoch (Recinto Real). Os montículos são a Teach Cormaic (Casa de Cormac) e o Forradh (Trono Real). Acredita-se que o morro fosse cercado de postes e recoberto de palha, na arquitetura celta tradicional.
Algo longe, ao lado da igreja, está o Ráth dos Sínodos e dois montículos paralelos de terra (coberta por grama), a que chamam Teach Miodhchuarta (Casa da Campina ao Redor ou Salão do Banquete). Um pouco mais longe, três outros círculos com fossos.
O Ráth dos Sinodos é assim chamado porque a tradição reza que ali se reuniram São Patrick, S. Brendan, S. Ruadhán e Santo Adammán.
Do lado oposto do Recinto Real fica outro cercado, o Ráth Laoghaire (Recinto do (rei) Lear). Perto do Recinto Real está a Lia Fáil, pedra na qual eram coroados os reis.
O rei e bispo de Cashel Cormac Mac Cuilleanáin (falecido em 908) escreveu um glossário e nele deu inicialmente a deformada etimologia como Tea Múr (O Muro de Tea, a lendária fundadora de Tara) e depois uma forçada derivação do grego, para conceituar o termo como um lugar de onde há uma visão ampla.
As lendas são pródigas com relação a Tara, sede do governo dos ard-rí do Leinster, em particular de Cormac MacAirt, que governou no século III da Era Cristã.
Segundo elas, a Irlanda era povoada em 1900 a.C. pela tuatha Dé Danann, povo dos deuses tais como Nuada da Mão de Prata, Lughaidh Lamh fhada (lúi lava ráda) e Dagda Mor. Eles trouxeram a Lia Fáil da mítica cidade de Falais para a Irlanda.
Os Dedananns foram sucedidos pelos Milesianos, povo vindo da Espanha em 1700 a.C., descendentes do deus Mile (ou Milesius). Algumas histórias dizem que os milesianos deram esse nome a Tara (Teamhair), derivado de Tea, uma senhora que decidiu morar lá, protegida por um muro, tal como essa senhora havia visto e admirado na Espanha. Ela foi enterrada no interior das muralhas, daí deduzem o nome Tea Muir. Isso é pura fantasia, pois Teamhair significa "lugar alto" ou "lugar com ampla visão".
Um dos mais antigos reis milesianos foi Eochaidh (ôrrí). Ele era solteiro e enviou mensageiros para encontrar uma rainha para ele. Eles trouxeram uma resposta de Etain, uma dedananniana, e o rei se preparou para ir visitá-la. Apaixonou-se de imediato e a trouxe para Tara.
Todavia, mesmo sem ela saber, era casada com Midir, o belo e imortal filho de Dagda. Ele veio a Tara buscá-la e levá-la para a Tir na nOg (Terra da Juventude). Apesar de todos os seus pedidos, Etain se recusou a abandonar seu marido mortal e Midir teve de regressar sem ela.
Anos depois Midir voltou a Tara com um tabuleiro de prata e obrigou Eochaidh a jogar com ele pela rainha. Com truques divinos, Midir ganhou a partida e levou-a consigo.
Eochaidh, contudo, não aceitou a derrota e iniciou uma prolongada guerra contra os dedanannianos. Após nove anos de luta, ele reclamou sua esposa de volta e a levou para Tara.
Dessa união veio Conaire Mor (Conaire, o Grande), personagem da mais antiga saga da literatura irlandesa.
Quando o rei Conaire estava ausente, piratas desceram de Meath, saquearam e queimaram Tara. O rei chegando e vendo as chamas e fumaça, rumou imediatamente para a corte de Da Derga, perto de Tallaght, uma das seis grandes Casas de Hospitalidade existentes na Irlanda ancestral, onde reis e seus seguidores podiam pousar em suas andanças pelo país. Cada uma era administrada por um guardião, que a conservava sempre pronta para receber uma visita real.
Os piratas enviaram espiões para ver a chegada do rei. Eles voltaram e contaram aos colegas sobre a magnificência da corte de Conaire. Cobiçosos, os piratas saquearam a corte, mataram o rei e seus soldados.
Outra lenda trata de um personagem que teria vivido no século II, Cú Chuláinn. Sua morte nas mãos de Lughaidh, filho de Curigh, e de Erc, filho de Cairbre Niafer, é uma das mais dramáticas peças escritas na literatura irlandesa.
No poema A Balada das Cabeças conta como Conall Cearnach, amigo de Cú Chuláinn, viu dois homens jogando futebol com a cabeça de Cú Chuláinn, a recuperou e voltou a Macha para levá-la à viúva do amigo. Junto entregou um bastão com várias cabeças de inimigos deles fincadas.
Em Tara ocorriam nos Samhantide (no começo de novembro) as Feis, ou festivais, onde os reis das províncias e seus régulos, os ollamh (pron. ólav, sábio, plural ollúna) e legisladores se reuniam com o ard-rí para discutir questões de importância do reino, sufocando por ora suas diferenças e seus ódios. Nessa ocasião nenhuma violência podia ser praticada. Os tributos e questões territoriais eram acertados entre os régulos e os conflitos mediados pelo ard-rí ou pelos ollúna.
Tais festivais, cujas origens remontam ao século XIII a.C., eram abertos pelo Ollamh fodhla (ólav fôla), rei de Tara. Só quando os ard-rí abandonaram Tara essa cerimônia teve fim.
Vários reis de Tara presidiram aos encontros. Um deles, Tuathal Teachtmhar (túol tchérr-tuar, Toole, o Lícito), se tornou rei em 76 d.C., destronando um plebeu usurpador. A ele se credita o estabelecimento do território real de Mide (Meath), retirando um pedaço de cada uma das províncias e reunindo as partes como território de apoio da monarquia.
Assim, ele se apropriou das melhores terras, reduzindo sua dependência dos régulos, o que no futuro levaria ao fortalecimento do poder central, não fossem os Tributos de Boru.
O rei Tuathal tinha duas filhas. A mais velha foi dada em casamento ao rei de Leinster. Algum tempo depois ele passou a desejar a mais jovem. Foi a Tara e disse que sua esposa tinha morrido e recebeu de Tuathal a mão da outra filha. Lá a mais nova descobriu a irmã viva. Cobertas de vergonha e desgosto, ambas morreram.
Quando a verdade chegou a Tara, Tuathal foi tomado de ódio, juntou seus exércitos e rumou para Leinster. Matou o rei desonesto e estabeleceu como tributo permanente sobre o reino dele a entrega anual de quinze vacas, outro tanto de porcos, carneiros, mantos, correias de prata e caldeirões de cobre. Além disso, um grande caldeirão deveria ser instalado na casa de Tara e nele deveriam caber vinte porcos e doze vacas. Ademais, deveriam pagar trinta vacas de orelha vermelha com bezerros da mesma cor.
Esses tributos empobreceram de tal sorte o Leinster que facilitaram as alianças dos régulos locais com estrangeiros.
Os reis que se seguiram a Tuathal trazem nomes mais conhecidos: Conn das Cem Batalhas, o grande Cormac MacAirt, seu filho Cairbre (Carbury) do Liffey, as célebres legiões dos Fianna, Niall dos Nove Reféns, Laoghaire e Diarmaid, o último dos ard-rí a governar de Tara.
Conn Ceadchathach, ou Conn das Cem Batalhas, foi conhecido por sua inúmeras guerras contra o Munster e Leinster.
Em 122 d.C. Cathaire Mór tomou o trono e expulsou o jovem príncipe Conn, que foi aceito como campeão de Conall, rei de Connaught.
Uma ocasião um homem culto veio visitar o príncipe. Encontrou-o jogando "hurling" e fê-lo ver que um usurpador ocupava o trono que pertencia a seu pai.
Conn, ainda criança, pediu permissão ao rei Conall para recuperar sua coroa. O rei ficou atônito: "Sossega, criança. Você não tem idade para guerrear contra o rei de Tara. Fique aqui comigo até amadurecer para julgar e agir". Tanto Conn insistiu que afinal Conall cedeu e deu-lhe homens e material.
Nas margens do rio Boyne as tropas de Conn venceram as do rei de Tara, que foi morto. Conn assumiu o trono e reinou por 34 anos. Boa parte do seu reinado foi gasto em batalhas contra Eoghan Mor (Owen, o Grande), do Munster, a quem ele finalmente derrotou e matou na batalha de Magh Lena (mói lena).
A Conn é atribuída a construção de cinco grandes estradas levando a Tara, certamente influência das viæ romanas que se espalhavam na Inglaterra.
Também de inspiração nas legiões romanas parecem ter sido os Fianna (fíana), que inspiraram o chamado ciclo literário Feniano.
Como vimos na Giant's Causeway, havia um gigante irlandês de nome Finn Mac Cumhaill (Fín mac Cúl), personagem central desse ciclo de histórias lendárias. Outras figuras proeminentes desse ciclo são Diarmaid Ó Duibhne (Dermot Ó Dína) da Face Brilhante; Ossian (oxían), o famoso poeta, pai de Osgar; Caoilte (Cuíltcha); MacRonain dos Pés Ligeiros; Goll MacMorna, das Poderosas Façanhas; Conan Maol, o Ácido.
Os Fianna eram não só cavaleiros de Finn Mac Cunhaill, mas também poetas e amantes da cultura. Eis um conselho que Finn deu a um de seus capitães:
"So long as thou shalt live, thy lord for sake not.
Neither for gold nor for other reward in the world abandon one whom thou art pledged to protect.
Be no tale-bearer nor utterer of falsehoods, be not talkative nor rashy censorius. Stir not up strife against thee, however good a man thou be.
Dispense thy meat freely; have no niggard for thy familiar.
Two-thirds of thy gentleness be shown to women and to those that creep on the floor and to poets, and be not violent to the common people.
Be more apt to give than to deny, and follow after gentleness.
Stick to thy gear, hold fast to thy arms till the stern fight with the weapon-glitter be ended."
Vemos aí algo de cristão nas palavras de Finn Mac Cumhaill, talvez influência dos escribas que coletaram as histórias.
Desses Fianna vem o nome O'Feinneadha, anglicizado para Pheeney e Feeney. Modernamente são usadas as formas O'Fidhne em Co. Galway, O'Fighne em Roscommon, O'Fiannaidhe (Co. Sligo e Co. Mayo).
O rei Cormac MacÁirt foi filho de Áirt, o Solitário (assim chamado porque dos irmãos apenas ele chegou à idade adulta) e neto de Conn das Cem Batalhas.
Cormac governou de 227 a 266 e teria sido o Salomão da Irlanda, lembrado como grande guerreiro, filósofo, legislador e operoso. Ele era também conhecido como Cormac O'Cúin, por ter sido criado por um lobo quando bebê. Influência romana de novo?
Durante sua infância, um rei impopular chamado Lughaidh Mac Con ocupava o trono de Tara. Conta-se que uma ocasião ele estava julgando o caso de um carneiro que foi encontrado pastando nas terras da rainha. Ele deu o animal a ela, como compensação. Cormac estava presente no tribunal e gritou um sonoro não. A platéia imediatamente se voltou para o autor do grito e nele reconheceu realeza. Expulsaram Mac Con e deram o reino a Cormac.
Outra figura do ciclo feniano foi Grania, que distraída concordou em se casar com Finn Mac Cumhaill, o chefe dos Fianna. Na festa de casamento, Grania tediosamente se sentou perto de um dos conselheiros de Finn. Após alguns minutos de conversa, ela perguntou, para surpresa geral, o motivo de tanta festa. E pareceu surpreendida e desagradada quando ouviu a resposta.
"Se Finn tivesse pedido minha mão para seu filho Oisin ou para o jovem Osgar, nada teria a esperar. Mas ele é mais velho que meu pai ..." ela se lamentou.
Aí ela olhou à sua volta e deu de cara com o belo Diarmaid Ó Duibhna. Apaixonando-se por ele, ela não perdeu tempo para realizar seu desejo. Mandou sua criada pegar um chifre dourado em seu quarto, encheu-o com hidromel e deu a todos para beber. Todos se embebedaram e dormiram. Ela foi pé ante pé colocar-se ao lado de Diarmaid e contou-lhe de seu amor por ele. Diarmaid, dividido entre o desejo pela bela princesa e a lealdade ao chefe, tentou discutir com a moça. Ela entendeu o dilema do rapaz, mas não podia esperá-lo resolver sua dúvida. Pressionando o rapaz, fê-lo ceder e fugir com ela.
O resto da história é dedicada à perseguição do casal por Finn até a reconciliação de ambos e a morte de Diarmaid.
Outra lenda desse ciclo é a de Niall dos Nove Reféns, do século IV. Nessa época os irlandeses costumavam atravessar o Mar da Irlanda para atacar os romano-britânicos e os galeses. Talvez dessa época seja a colônia irlandesa em Gales.
Niall é o mais famoso rei desse período e seu nome vem dos prisioneiros que fez em suas batalhas. Esse costume de tomar reféns dos príncipes subordinados ou dos inimigos vencidos em batalhas parece ser antiquíssimo já naqueles dias. Serviam como garantia pelo pagamento dos tributos e indenizações de guerra. Às vezes os reféns eram tratados com consideração, às vezes confinados em miseráveis prisões. Como regra eram executados se os tributos e indenizações falhassem.
O Monte dos Reféns em Tara era provavelmente o jazigo de tais infelizes.
Niall morreu perto do rio Loire, em uma de suas incursões à Gália. Seu sucessor foi morto pouco além, aos pés dos Alpes, certamente quanto se dirigia à Itália.
O rei Laoghaire (o rei Lear de Shakespeare) assumiu o trono em 428 e voltou a reinar em Tara. Beneficiou-se grandemente dos tributos de Boru. No reinado dele São Patrício visitou Tara e acabou o paganismo nessa região, introduzindo uma nova força, a do cristianismo.
A vida de São Patrício está envolta em mistério. Teria nascido na Inglaterra e levado para a Irlanda como escravo. Adulto, fugiu e tomou contacto com o cristianismo. Esteve estudando em Roma e voltou à Irlanda para pregar a nova fé.
Contam os bardos que às vésperas da Páscoa de 433 os habitantes de Tara viram uma luz na colina de Slane, no meio da planície azulada de Meath. Eles estavam esperando a fogueira que o rei mandara acender na colina Real. Quem seria o intruso que tivera o peito de acender um fogo antes do fogo real? Levaram a dúvida aos sábios de Laoghaire, que alegoricamente recomendaram ao rei que mandasse apagar o fogo dos intrusos imediatamente ou ele brilharia ainda mais, consumiria o fogo deles (pagãos) e tomaria a própria fortaleza de Tara. Era o fogo de St. Patrick, trazendo uma nova fé à Irlanda.
São Patrício vinha do norte e tinha programado chegar a Tara no dia da Páscoa para pregar o Evangelho. Pernoitou na Colina Slane, onde acendeu a dita fogueira.
O rei imediatamente mandou preparar a carruagem e foi encontrar São Patrício em Slane. O santo os confundiu tanto com sua sabedoria que eles não ousaram apagar o fogo.
No dia seguinte São Patrício chegou em Tara e pregou para os moradores.
Num episódio conta que o rei queria pôr à prova qual fé era a verdadeira e sugeriu que se lançasse às águas os livros de São Patrício e os dos mágicos, para ver quais permaneciam intactos. Há aqui uma certa incoerência, pois os druidas não tinham escritos, para não vulgarizarem seus conhecimentos.
Estes discordaram afirmando que Patrício adorava a água como um Deus e foi nela batizado em nome desse Deus. O rei propôs substituir a água pelo fogo, mas novamente os magos discordaram alegando que Patrício também adorava o fogo. O rei, então, alvitrou construir uma casa, metade feita de madeira verde e metade com madeira seca, infestada de vermes. Na parte verde ficaria um mago com as vestes de Patrício e na parte seca o garoto Benignus com trajes de um mago. A casa seria incendiada e a religião do representante que sobrevivesse seria tida como a oficial do reino. Todos concordaram.
Quando o fogo foi ateado, consumiu furiosamente o mago deixando intacta a veste do santo e a madeira verde da casa. Nem tocou no garoto e na madeira seca, embora reduzindo a cinzas o traje que o menino vestia.
O rei ficou furioso com a morte do mago e tentou matar Patrício, mas um novo milagre o impediu.
A despeito de autorizar a pregação cristã em seu reino, Laoghaire morreu pagão em 458, quando ia extorquir o infame tributo de Boru. Seu corpo foi levado para Tara e lá enterrado.
Com o advento dos cristãos veio também a cobiça pelo poder temporal e o conflito com as autoridades civis, usando o medo da morte e do inferno para seus propósitos terrenos. Os monarcas, dispondo apenas da espada, se tornaram mais e mais impotentes.
Diarmaid Mac Fergus Ceirbhuil (Dermot, filho de Fergus Boca Retorcida), reinou de 539 a 558. Pediram-no para julgar uma disputa entre São Finnian e São Columba. Este tomara emprestada uma cópia dos Salmos a São Finnian e o copiara. São Finnian exigiu também a cópia de volta. O rei concordou com Finnian, baseando-se no princípio "junto a cada vaca seu bezerro", o que irritou São Columba.
Na última Feis de Tara, celebrada no reino desse Diarmaid Mac Fergus, um tal de Curnan, filho do rei de Connacht, assassinou um dos homens de Diarmaid, merecendo a morte pelos costumes do festival. Mas ele fugiu para o norte e se colocou sob proteção de Columba.
Diarmaid, determinado a manter a lei da terra, prendeu Curnan e o executou. São Columba se irritou novamente com o rei e insuflou seus homens para vingar Curnan. O religioso e seus homens enfrentaram os exércitos do rei em Cul Dreimhne e mataram 3.000 monarquistas. O caso arranhou seriamente o prestígio do rei.
Com remorso por essas mortes, São Columba abandonou Tara e foi se estabelecer na solitária e minúscula ilha de Iona, a oeste da ilha de Mull, nas costas da Escócia.
Outro conflito sério entre o poder temporal e o religioso ocorreu com o rei Diarmaid e São Ruadhan.
Era costume que o lanceiro do rei entrasse em cada fortaleza do reino para inspeção. O funcionário real Kinelfechin foi à mansão de Aedh Guaire (Hugh Guaire, em inglês) no Connacht. Encontrou a casa em festa e foi bem recebido. Mas, exigindo que a entrada da casa fosse desbastada para que ele pudesse entrar comodamente, recebeu uma resposta furiosa e um golpe de espada que arrancou sua cabeça.
Pelo costume local, a vida de um homem não podia ser compensada por gado ou outro bem de valor, mas apenas com a morte do ofensor.
Aedh procurou a proteção de São Ruadhan. O próprio rei veio procurar o assassino, que estava escondido num buraco cavado na terra. Perguntou pelo criminoso ao santo, certo de que ele não iria mentir. O monge disse não saber onde Aedh estava, mas que certamente não estava naquela thatch (cabana coberta com palha).
Antes de partir o rei interpretou as palavras do religioso, voltou à casa do padre e viu levarem um candeeiro para o buraco. Atacou o mosteiro e, embora perdendo dois homens na batalha, presos pelos seguidores de Ruadhan, levou Aedh a ferros.
Ruadhan convocou toda a irmandade religiosa para resgatar Aedh: Ciáran de Clonmacnoise, Brendan de Birr, Columbcille (Columba) e outros, todos tinham estudado em Clonard.
Como era hábito naquele período, todos começaram uma greve de fome de protesto. Diarmaid, confiante em seus status real, também começou a jejuar.
Essa disputa durou anos, enquanto Aedh permanecia a ferros em alguma masmorra.
O rei resistia a todos os apelos dos religiosos para devolver o prisioneiro a seu guardião. Por isso lançaram a maldição de que nenhum outro rei viria a residir em Tara, que seria perdida para sempre.
Centro e trinta e seis reis pagãos e seis cristãos governaram ininterruptamente em Tara. Diarmaid foi o último deles. Seus sucessores foram morar em outro lugar e Tara se tornou deserta. Os monges continuaram na colina em que se estabeleceram para o jejum e o nome de Santo Adámna está associado com vários monumentos em Tara. Adámna foi abade na ilha de Iona de 624 a 704, mas vinha com frequência à Irlanda.
Os Anais do Ulster registram uma assembléia entre os Uí Neill e os homens de Leinster em Tara no ano de 799. Em 816 outro concílio eclesiástico teve lugar em Tara, mas pelo século X os clérigos já haviam abandonado o local.
O rei Brian Boru explorou o prestígio de Tara ao ir lá receber em 1002 o voto de lealdade de Maoilseachlain (Malachy ou Malaquias), rei de Tara e descendente da raça de Niall.
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Criado e administrado por Marco Polo T. Dutra P. Silva
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