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CADERNOS DE VIAGEM

Europa - Itália

Roma

Nosso hotel em Roma ficava perto da Stazione Termini, um ponto esplêndido, com inúmeras atrações perto e com fácil acesso por metrô aos demais pontos turísticos.

Roma consegue ser mais desorganizada que as cidades brasileiras. A maioria das pessoas anda de graça no metrô e nos ônibus e as autoridades não estão nem aí. Várias escadas rolantes ficam quebradas por dias. Há pichação por toda a parte.

A novela brasileira Terra Nostra também estava passando na Itália.

Tivemos a experiência das crianças ladras. Umas cinco ou seis delas se aproximam falando rápido e pedindo dinheiro, com cartões ou papéis na mão. Enquanto elas distraem a vítima, as mãos passam por baixo dos papéis na sua bolsa. Eu tentei esbofetear a maior e elas se afastaram sem levar nada, mas a bolsa de cinta ficou aberta (infelizmente para elas, na divisória que continha as canetas).

Roma tem hindus espalhados por todo o canto, a maioria vendendo guarda-chuvas, pulseiras e bugigangas. Muito não falam italiano nem inglês. São muito risonhos, mesmo quando a gente sacaneia falando uma língua inexistente.

Há também muitos pretos. A maioria fica em atitude suspeita, sem fazer nada além de conversar pelo celular, como que controlando a polícia ou algum movimento de pessoas ou mercadorias.

No primeiro dia após a chegada andamos pelas proximidades do hotel, explorando a Piazza dei Cinquecento (defronte à Stazione Termini), a Pizza della Repubblica (onde encontramos um casal de brasileiros em férias) e andamos a esmo pelas ruas vizinhas.

O primeiro ponto que visitamos foi a igreja de Santa Maria Maggiore, sobre a colina Esquilino.

A igreja original data do ano 420. O templo atual é enorme, com o teto altíssimo. À parte as obras de arte arquitetônicas, esculturais e de pinturas, a igreja tem duas capelas papais: na Capela Paulina, de 1611, estão sepultados os papas Paulo V (1605-1621)e Clemente VIII (1592-1605), na Capela Sistina estão os restos dos papas Sisto V (1584-1587) e São Pio V (1566-1572).

Dali fomos ao Coliseu. Ele é realmente imenso e é fácil entender o porquê de ter impressionado o populacho de então. Suas arquibancadas tinham 4 ou 5 andares. A cabine imperial e dos senadores era de madeira e não existe mais.

O Coliseu (Colosseo em italiano) fica numa das extremidades da Via Sacra, onde ficavam os principais edifícios da época imperial.

Visitamos primeiro as construções na colina Palatino. Ali estão a Mansão Augustina, uma casa que deve ter sido imensa, a julgar pelas ruínas. O Palácio de Septímio Severo é uma ampliação da Mansão e estendia-se além da colina. Também está a Casa Júlia, com um pequeno museu mostrando as primeiras cabanas nas colinas de Roma e pedaços de peças que ornamentavam as casas dos patrícios do Capitolino. Numa outra casa interessante, a de Lívia, é de dois andares e está bem conservada.

De um dos cantos do Monte Palatino se tem uma vista maravilhosa de Roma e da área dos foros.

Na área dos foros encontramos um catalão que tinha vivido em Salvador e em Tiradentes (MG).

A maioria das edificações já se foi, deixando apenas suas ruínas. Mas por elas se calcula as dimensões das construções. Os edifícios que ainda sobraram foram os arcos (o de Tito, de Constantino e de Septímio Severo), uma parte da gigantesca Basílica de Constantino e Maxêncio, o Templo de Antonino e Faustina, o Templo de Rômulo e a Curia (casa onde os senadores se reuniam). As basílicas serviam como ponto de encontro de mercadores e oradores. Os foros eram onde os juizes julgavam as contendas entre os moradores da cidade e onde se realizavam cultos públicos.

Na extremidade oposta ao Coliseu, a área dos foros acaba com Templo de Paz e a igreja de San Giuseppe dei Falegnami, onde fica o Cárcere Marmetino, prisão onde tanto São Pedro quanto São Paulo estiveram presos, antes da martírio. A eles é atribuída a criação de uma fonte no meio da cela, cujas águas foram utilizadas para batizar dois guardas que se converteram ao cristianismo.

A colina do Capitólio fecha esse lado da área dos foros

Sobre o Capitólio estão a Praça de Campidoglio (com seus Museus Capitolinos) e a igreja de Santa Maria in Aracoeli, construída sobre o templo de Juno.

Numa face do Capitólio está a rocha Rupe Tarpea, de onde, diz-se, eram lançados os inimigos de Roma. Dali se divisa o Tibre e a área do Templo Boiarum.

Visitamos os Templos do Fórum Boarium e a igreja Santa Maria in Cosmedin, onde está guardada, presa numa parede, a Boca da Verdade, um antigo bueiro que ficava ao lado de um dos Templos do Boarium. Conta a lenda que se prestava juramentos com a mão dentro da Boca da Verdade e que, se fosse falso o juramento, a boca se fecharia, decepando os dedos do perjuro.

Fomos conhecer o rio Tibre, que fica a poucos metros de distância. Nesse ponto o rio tem uma ilha fluvial habitada (a famosa Isola Tiberina) e a Ponte Arruinada (Ponte Rotto).

Na outra vertente do Capitólio ficam a continuação da área dos foros e o Monumento a Vittorio Emanuele. O monumento é gigantesco. Dali Benito Mussolini se dirigia à turba.

A área forânea é cruzada pela avenida Via dei Fori Imperiali. Na área além da avenida estão a coluna e Mercado de Trajano e o foro de Augusto.

Ainda no tema Roma Imperial, estivemos na Área Sacra di Largo Argentina, uma praça que guarda ruínas romanas, entre as quais o templo onde Júlio César foi morto por seu filho adotivo Brutus.

Ali perto visitamos a igreja de Gesù onde está enterrado o fundador da ordem dos jesuítas Santo Inácio de Loyola e o último governante, o basco Pedro Arrupe.

Procuramos o templo na Piazza Augusto Imperatore, que não existe mais. Porém, próximo está o magnífico Panteão, um templo cilíndrico, com cúpula semi-esférica com um buraco no centro, por onde entrava a luz. O primeiro templo era retangular e foi construído por Marcus Agripa entre 27 e 25 a.C. A atual estrutura foi erguida pelo imperador Adriano em 118 d.C. Hoje guarda os restos primeiros reis italianos: Umberto I (junto à sua mulher Margherita) e Vittorio Emanuele.

Defronte ao Panteão, uma praça medieval cheia de cafés e trattorias, onde comemos e desfrutamos o ambiente.

Fizemos uma visitas às famosas praças da Espanha, da Fonte dos Trevos e Navona. Na primeira, a atração maior é uma escadaria lateral em arco, circundando jardins floridos. No alto fica a igreja medieval de Trinità dei Monti e aos pés uma fonte cujas águas saem das flautas de Nerões de pedra.

A famosa Fonte dos Trevos (Fontana di Trevi) é um conjunto de estátuas gigantescas de mármore, com água jorrante sobre uma piscina em semicírculo e com águas verdes claras.

Na Praça Navona estão três esculturas enormes, também com água cadente: a Fontana dei Quattro Fiumi, ereta em 1651 e que tem em seu centro um obelisco, ao redor., os quatros gigantes (Danúbio, Ganges, Nilo e Rio de la Plata), a Fontana del Nettuno e a Fontana del Moro. Ali fica a Embaixada do Brasil, num palácio renascentista belíssimo (o Palazzo Pamphili.

Também nessa praça fica a igreja de Santa Agnese in Agone, uma igreja simples por fora, mas que no interior exibe uma cúpula estonteante, grande e decorada. Nela estão os ossos do Papa Inocêncio X. A igreja de Santa Agnese foi construída sobre um estádio romano, o Circus Domitianus (de 86 d.C.), e inaugurado com os Agoni Capitolinos. Na Idade Média, o termo campus in agonis foi se corrompendo até se tornar Navona, o atual nome da praça onde a igreja se encontra (in agonis > n'anogis >nagona > navona).

Visitamos também a igreja de Santo Inácio de Loyola, com sua imensa cúpula e paredes ricamente adornada com pinturas e mármore.

Estivemos também nos subúrbios de Roma, para ver a igreja de Domine, Quo Vadis, que guarda uma pedra que teria sido pisada por Pedro quando fugia da perseguição de Nero. A igreja fica na Via Appia, que saía de Roma para ... Quando começaram as perseguições aos cristão, o apóstolo Pedro decidiu fugir da cidade e tomou a Via Appia. Nela encontrou Jesus e perguntou a Ele: "Aonde vai, Senhor? (Domine, quo vadis?, em latim) e Este respondeu que iria a Roma ser crucificado novamente. Pedro entendeu o recado e voltou a Roma, onde foi martirizado, crucificado de cabeça para baixo, a seu pedido, entendendo não ser digno de morrer como o Mestre.

Vimos também a Via Appia e as vias que saíam da cidade.

Visitamos também as catacumbas de São Calixto, São Sebastião e Santa Domitilia. Todas elas só podem ser visitadas em grupos capitaneados por guias e a visita é muito acelerada, para não atrapalhar os grupos seguintes. Dessa forma, fica difícil desfrutar bem o ambiente.

Nelas, os corredores são estreitos. Nas paredes foram cavadas inúmeras covas de cerca de 30 cm de altura, pouco mais de l,5 metros de extensão e cerca de meio metro de profundidade. Os corpos envoltos e cobertos de cal virgem eram nelas depositados.

Os guias fazem questão de desmistificar o lugar, deixando claro que ele não era destinado a reuniões clandestinas, pois as autoridades sabiam da existência desses cemitérios, cuja escavação pelos fossori dependia de prévia autorização do imperador. Ademais os familiares dos defuntos tinham de pagar uma taxa para levar o morto à catacumba onde seria sepultado.

Em realidade, os primeiros cristãos foram enterrados dentro dos muros da cidade, como São Pedro na Colina do Vaticano, junto aos pagãos e seguidores de outras crenças. Apenas na área do pœmerium (o templo) era vedado qualquer tipo de enterramento.

Mas a população cresceu. No século II, Roma teria já quase um milhão de habitantes. Por razões de espaço e higiene, aliado ao preço mais baixo dos terrenos extramuros, lá os fossori passaram a cavar tumbas cristãs, hebréias e pagãs.

O número de cristãos cresceu muito, enquanto o de pagãos diminuía, mercê de conversões em massa. E uma cova era sagrada demais para ser reaproveitada. Assim sendo, os fossori passaram a cavar jazigos em galerias cada vez mais fundas.

Lápides pagãs foram reaproveitadas e os símbolos cristãos (a pomba, o peixe e as figuras orantes de braços para o alto) são vistos na face oposta das lápides com inscrições aos deuses Manes, tipicamente pagãs.

Na Catacumba de São Calixto fica a Tumba dos Papas, local de repouso de papas Sisto II, Urbano, Félix I, Lúcio I, Cornélio, Ponciano, Antero, Fabiano e Eutiquiano, identificados pelo título Episcopus colocado em suas lápides.

Nas lápides são comuns as inscrições em grego, resultante da difusão dessa língua com a predominância do Império do Oriente sobre o ocidental. Só sob o pontificado de Libério o latim se tornou a língua litúrgica oficial da Igreja, principalmente porque o povaréu o entendia bem, ao contrário do grego.

Os cemitérios, após o imperador Constantino ter determinado que o cristianismo era a religião oficial do estado, se tornaram como local de veneração, pois ali estavam os ossos dos mártires. Do século V ao IX, os sepultamentos cristãos passaram a ocorrer no interior das igrejas, mas as catacumbas eram ainda centros de respeito e liturgias. Mais tarde, quando os ossos dos mártires foram transferidos para as igrejas, o lugar foi esquecido e decaiu. O mato tomou conta do lugar. Só no século XIX as catacumbas foram limpas e recuperadas.

O terceiro tema romano é o do papado. Principalmente porque ali está o Vaticano, Sede da Igreja Católica.

A Praça de São Pedro é imensa, cercada por dois corredores semicirculares suportados por grossas colunas de pedra.

A Basílica de São Pedro é um edifício gigantesco, embora com uma fachada austera. Seu interior, entretanto, completamente decorado por alto-relevos, principalmente com figuras de papas, santos e anjos. No transepto fica um baldaquino em cobre e, sob ele, a urna com os restos mortais de São Pedro.

Uma escada perto do baldaquino leva à cripta onde descansam os restos mortais de 178 (?) papas (e antipapas?).

Também na Basílica há um museu onde estão guardados os paramentos papais, anéis e inúmeras jóias da Igreja, constituídas principalmente de tiaras, cálices, turíbulos, báculos e crucifixos. Nele há diversas relíquias, incluindo muitos pedaços da Santa Cruz.

Da cúpula da Basílica se tem uma das mais bonitas vistas de Roma.

Junto à Basílica ficam os magníficos e enormes Museus do Vaticano, os maiores que já vi. São salas e salas repletas de tapetes, quadros, objetos litúrgicos, cerâmicas e esculturas. Cada sala leva o nome do Papa que patrocinou sua montagem. O ponto culminante do Museu é a Capela Sistina. Os afrescos do teto foram pintados por Michelangelo, a pedido do Papa Júlio II entre 1508 e 1512. Os painéis principais, a Criação do Mundo e a Expulsão do Homem do Paraíso, estão cercados por imagens do Velho e do Novo Testamento. Também é de Michelangelo o afresco da parede do altar, O Juízo Final, uma obra-prima. As pinturas das paredes laterais são de Botticelli, Signorelli, Ghirlandaio e Perugino.

Nele ficam também museus específicos: o Museu Etrusco, Museu Egípcio, Museu Pio-Clementino e Museu Pio-Cristão.

Dali fomos ver o castelo Gandolfo ou Sant' Angelo, uma gigantesca construção medieval redonda às margens do rio Tibre, residência de verão do Papa. O local, no tempo da Roma Imperial, foi o Mausoléu dos imperadores.

Nas vizinhanças do Coliseu visitamos a igreja de San Clemente, onde se pode ver as instalações da igreja paleocristã, no subsolo da basílica atual. Ali está o mausoléu das comunidades eslavas homenageando São Cirilo e São Metódio, irmãos nascidos na Tessalônia (Grécia) e que criaram o alfabeto cirílico, no qual escreveram o Evangelho para evangelizar os povos eslavos que adotaram essa escritura para escrever essas línguas (russo, croata, tcheco, esloveno, búlgaro ...).

Nesse subsolo foram encontrados restos de um antigo templo pagão romano dedicado ao Mitreo, uma religião oriunda da Pérsia e praticada somente pelos homens, principalmente pelos soldados romanos.

Nessa igreja estão sepultados os ossos que acredita-se serem de São Clemente, o terceiro Papa, e os de Santo Inácio.

A enorme igreja de São João de Latrão é uma das mais antigas igrejas cristãs de Roma e ali ficam os mausoléus de seis Papas e outros tantos cidadãos ilustres sepultados.

A igreja de Santa Maria Sopra Minerva guarda em seu altar-mor o corpo de Santa Catarina de Siena. Em capelas laterais se encontram as sepulturas do pintor florentino Giovanni da Fiesole (Fra Angelico) e mais dois Papas originários da Ordem Dominicana: Clemente VIII (na Capela Alda Brandini) e Paulo IV (na Capela Carafa).

Nessa igreja está também sepultado o cardeal dominicano espanhol Juan Torquemada (ou Turrecremata, em latim), tio do mal-afamado inquisidor-mor.

Ela foi ereta sobre o templo a Minerva Calcidica que Cneu Pompeu mandou erguer no 692º ano da fundação de Roma, sobre o Iseum (dedicado a Isis) e o Serapeum (dedicado a Serápides).

Essa igreja foi sede de dois conclaves. No ano de 1431, quando foi eleito Eugenio IV, e o de 1447, de onde saiu escolhido Nicolau V.

Atrás do altar estão os monumentos funerários aos papas Clemente VII e Leão X (capela do Coro), ambos da família dos Médicis. Na Capela de São Domingos está o sepulcro de outro Papa dominicano: Bento XIII (falecido em 1730). Na capela de São Pio V está o sepulcro desse Papa, que promoveu a liga que levou a frota cristã à vitória em Lepanto no ano de 1571.

A igreja de Santa Práxedes é uma das primeiras igrejas de Roma, onde viveram os irmãos santos Cirilo e Metódio, tessalonicenses, criadores do alfabeto cirílico, como já dissemos. Ali está enterrada a santa mártir Práxedes e na lateral da igreja encontra-se a capela de São Zenão, decorada com mosaico bizantino do século __. O altar também é todo decorado no estilo bizantino, uma combinação linda de cores e brilhos. Ali também se encontra os restos da coluna de madeira onde Jesus Cristo teria sido flagelado.

Consta que essa igreja abriga os restos mortais do Papa São Fabiano (O Papi, de Antonino Lopes).

Segue para Viterbo ...

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