A maior diversão dos moradores de Machynlleth é ver os turistas pronunciarem o nome da cidade. Ele reúne os três sons mais difíceis do galês: o /ch/ (o rr soprado, como no alemão Buch), o /th/ (ç soprado, como no inglês think) e o maldito /ll/ (que para ser pronunciado a gente deve dizer ao mesmo tempo um X e um L e com a boca semi-aberta).
Nessa cidade há o festival chamado Celtica, um belo espetáculo de sons e imagens.
Ele é apresentado num casarão enorme que abriga uma sala de chá e salão de conferências de um lado. No térreo estão também a livraria e a loja de suvenires.
No primeiro andar está o centro interpretativo com murais, fotos e réplicas de artefatos mostrando o ambiente celta.
Ainda no primeiro andar está o Historium, onde num mural o Pai Nosso é recitado nas cinco línguas celtas conhecidas (galês, irlandês, gaélico, córnico e bretão), quando se aperta os botões respectivos.
Também os números de 1 a 10 são lidos nessas línguas.
No térreo fica a entrada para o espetáculo audio-visual mais interessante.
O espetáculo se inicia pela Sala do Caldeirão (Foundry).
Luzes no teto dão impressão de um transe mágico, enquanto se conta como foram identificados os celtas na Europa pelos gregos e sua expansão até a península ibérica.
Na sala seguinte, a do Templo, figuras geométricas são projetadas sobre duas pedras chatas verticais e se falava das crenças e da cultura celta.
A terceira sala é a da Vila.
Uma moça falando rápido feito o diabo e com sotaque galês fortíssimo vai mostrando bonecos e os apresentando como outros moradores da vila em que ela "vive".
São eles o guerreiro voltando da guerra com duas cabeças de inimigos pendendo do cavalo, o filho que o recebe alegre e sonha ser mágico, o bardo, a irmã da "tagarela" e assim sucessivamente.
Adiante, a Sala da Pedra. Uma pedra redonda com imitações de cristais ou pedras preciosas dispostas regularmente nas bordas. À medida em que você toca numa delas, um boneco personagem é iluminado e na tela ele começa a falar de sua importância social na tribo. Tiveram o cuidado de gravar atores parecidíssimos com os bonecos. Falam o guerreiro, o druida, o carpinteiro, o ferreiro, ...
O quinto cômodo é um salão escuro, a Floresta. Fala dos espíritos que habitam as crenças celtas.
O enterro do celta |
A última sala é a do Vórtice. Há duas projeções simultâneas. Ao alto, o druida aparece na tela. No chão, o poço com o aprendiz Gwydion dentro da água. Um e outro tiveram o rosto filmado e projetado sobre pequenas telas, de modo que se pode ver suas expressões faciais. O druida diz que não está conseguindo ver o futuro e manda o aprendiz olhar por ele. Com seu bastão cria um rodamoinho na água e nele joga o menino. Propõe ao garoto quatro enigmas, dizendo não poder trazê-lo de volta se ele não os respondesse direito. Para o primeiro enigma a resposta é uma águia. O aprendiz então se transforma numa águia e sai voando e vendo o futuro: a invasão romana, os normandos, a revolução industrial, as guerras, os carros, aviões. Nem ele e nem o druida entendem muito bem essas coisas. A águia é morta por um avião.
Para conseguir mais informações, o druida propõe a segunda charada, cuja resposta é um cavalo.
O aprendiz agora se transforma num cavalo e tem novas visões. Acaba quando o cavalo é atropelado na estrada por um caminhão. No terceiro enigma, o menino se transforma num rato e recolhe mais visões do futuro, inclusive a existência de inúmeros outros druidas que dizem só existir um Deus, um tal de Jesus. O druida diz que o garoto está falando bobagens. Acaba quando um gato come o rato.
Por fim, o jovem se transforma num lobo e vê a invasão dos romanos, e a matança dos druidas e ..."mestre, estão matando o senhor !!!" O vórtice se tinge de sangue e tudo acaba.
Passa-se a uma saleta onde um coro canta em galês a música "Ainda Estamos Aqui" (Yma o Hyd), para celebrar que a cultura celta sobrevive.
Segue para Llangollen ...
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