ícone carta
Contate-nos
ícone
Receba notícias
ícone lupa
Pesquise no site
adicionar aos Favoritos
Gostou? Adicione aos Favoritos!

CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - País de Gales

Carew e Pembroke

Carew

No caminho para Pembroke fica a cidadela de Carew. Num campo na entrada da cidade está uma cruz celta do século VI ou VII, com inscrições em latim (cheio de abreviaturas) e ogham. A cruz tem 4 metros de altura e foi erguida em memória de Maredudd ap Edwin, príncipe galês morto em 1035. Ela mostra influências celta e viquingue em seus desenhos.

Pembroke

Pembroke, a capital do condado, está às margens de um braço do mar. Uma cidade pequena.

Com a retirada dos romanos, Pembroke ficou à mercê dos ataques das tribos celtas vindas da Irlanda e que falavam o dialeto goidélico. Com o tempo os ataques se transformaram em colonização. Uma dinastia de príncipes de origem irlandesa governou a região até o século X. Com eles vieram os monges cristãos da Irlanda, inaugurando uma era conhecida como a Idade dos Santos.

Em 1093 um dos chefes da invasão normanda, o conde Roger de Montgomery se apossou da região onde o mar entra terra adentro, uma baía hoje conhecida como Milford Haven. Ali mandou erguer o castelo de Pembroke num morro, às margens do riacho de maré chamado Mill Pond. Não era um castelo real, mas propriedade particular de um senhor feudal, de onde ele administrava seus territórios.

Seu filho Arnulf usou o castelo como base militar para subjugar os celtas galeses da região à volta do castelo. A fortaleza foi duas vezes sitiada pelos galeses, mas conseguiu resistir ao cerco em ambas as ocasiões.

No ano de 1102 o rei normando Henry I apossou-se do castelo e estatizou a propriedade. Para aumentar o controle sobre a região, fundou uma cidade com praça de mercado, docas e casa da moeda. Essa cidade gaba-se de ter uma série ininterrupta de prefeitos desde então.

A região de Pembroke foi colonizada com imigrantes flamengos trazidos por William II para desenvolver o comércio e a indústria lanífera na região entre Haverford West e Narberth. Esses flamengos compuseram parte do exército do segundo Strongbow que partiu para a Irlanda em 1169.

 
 
   
 
   

No ano de 1138, o rei Stephen criou o condado de Pembroke para Gilbert de Clare, conhecido como "Strongbow" (arco forte). Por essa época, o castelo ainda tinha as paliçadas de madeira, sobre estruturas sólidas de pedra.

Gilbert foi sucedido por seu filho Richard (FitzGilbert) de Clare, também apelidado Strongbow. Ele casou com Aoife (pronuncia-se íva e correspondente ao latino Eva), filha de Diarmuid, rei de Leinster, que havia pedido ajuda a ele para derrotar outro rei irlandês (como contaremos no capítulo relativo à Irlanda).

A partir desse casamento, Strongbow II herdou o reino irlandês de Leinster (redondezas de Dublin) e conquistou militarmente o de Munster (sul da Irlanda), ficando senhor da maior parte da atual República da Irlanda.

Do casamento de Richard com Aoife veio apenas a filha Isabel, criada por Henry II da Inglaterra e dada em casamento a William Marshal, que desse modo se tornou conde de Pembroke em 1189. Ele foi um poderoso senhor feudal. Capitaneou as causas de Richard I (o Coração de Leão) e do príncipe John, assessorando esse último na assinatura da Carta Magna (a Constituição inglesa). Morreu em 1219 e jaz na igreja do Templo de Pembroke.

O filho e sucessor de William tinha o mesmo nome e igual combatividade. Apoiou o rei Henry III (sucessor do príncipe John) e trouxe uma força de soldados irlandeses para auxiliar na sufocação do levante galês liderado pelo príncipe Llywelyn ap Iorwerth.

O sucessor de William Marshal II foi seu irmão Richard, que não era do agrado das cortes inglesas. Henry III se recusou a permitir que ele fosse feito conde de Pembroke e Richard teve de suportar o cerco de tropas reais em seu próprio castelo. Em 1234 ele foi assassinado por seu irmão Gilbert, que ampliou o castelo. Gilbert caiu do cavalo durante um torneio de cavaleiros em 1241 e morreu. Seu irmão Walter foi empossado e modernizou grandemente o castelo.

Também Walter não viveu muito mais, apenas quatro anos, e foi sucedido por outro irmão, Anselm, que o sobreviveu por 18 dias e morreu sem filhos. Contam que com essa morte se cumpriu a praga lançada por um bispo irlandês a quem o primeiro Marshal havia desagradado. Pela praga, os filhos de Marshal não deixariam descendentes masculinos.

As propriedades da família foram, então, distribuídas às filhas de William Marshal. Joan ficou com o Castelo de Pembroke e teve uma filha de igual nome (casada com William de Valence, meio-irmão do rei Henry III, por ser filho de Isabella d'Angoulême, viúva do rei John, e seu segundo marido Hugh de Lusignan).

Essa família Lusignan se dizia descendente de Melusine, uma pessoa normal em todos os dias da semana, mas que aos sábados se transformava num animal meio serpente, meio mulher. Quando o marido dela descobriu, fugiu por uma janela do castelo em Lusignans e nunca mais foi visto de novo.

   

William de Valence morreu em 1296 na França, mas foi repatriado para ser sepultado na abadia de Westminster, em Londres. Seu filho Aymer assumiu o condado. Venceu os escoceses em Ruthven em 1306, mas foi derrotado em Bannockburn oito anos depois. Estava em Paris como embaixador de Charles IV quando morreu, sem sucessão masculina. Sua filha casou com John de Hastings e teve o filho Laurence, que morreu antes de ser conde. John, filho de Laurence, morreu lutando na França em 1375 e em seu lugar ficou seu filho, também John, que morreu em 1389 com 17 anos. Finda a sucessão consaguínea, o condado passou para o Estado, na pessoa de Richard II.

Em 1400, o herói galês Owain Glyndwr liderou outra insurreição contra os odiados colonizadores ingleses. Pembroke escapou do cerco pagando pesando tributo a Glyndwr.

Richard II da Inglaterra foi deposto por Henry IV, pai de Henry e Gloucester. O primeiro virou o rei Henry IV e o segundo conde de Pembroke. Henry V, sucessor de Henry IV, se casou com Catherine de France (que viúva se casou com Owain Tewdwr). Do primeiro casamento veio Henry VI e do segundo Jasper Tewdwr. Jasper se tornou conde de Pembroke em 1454. O irmão mais velho de Jasper, Edmund, conde de Richmond, se casou com Margaret Beaufort, filha de John Beaufort, bisneto de Edward III e duque de Somerset.

Durante a Guerra das Rosas (uma guerra civil pela disputa do trono da Inglaterra, ocorrida no período de 1455-85, tendo como aspirantes ao trono: Edmund Beaufort, duque de Somerset, da casa de Lancaster, cuja insígnia era uma rosa vermelha, e Richard , terceiro duque de York, cuja insígnia era uma rosa branca), Edmund mandou a mulher para Pembroke, para ficar sob a proteção de seu irmão Jasper. Lá ela deu à luz ao filho Henry (mais tarde Henry VI), num quarto ainda existente numa das torres do castelo. Henry anglicizou seu sobrenome para Tudor.

Henry Tudor, sua mãe Margaret Beaufort e seu tio Jasper Tudor foram forçados a fugir de Tenby para a França, depois que os lancastrianos foram derrotados na batalha de Tewkesbury e Rhys ap Thomas cercou o castelo. Quatorze anos depois, Henry cruzou o mar e aportou em Mill Bay, poucos quilômetros do seu local de nascimento e ali pleiteou o trono inglês de Richard III. Meses depois venceu-o na batalha de Borworth Field e se tornou rei da Inglaterra, trazendo a dinastia Tudor ao trono inglês.

Nesse período turbulento, a cidade se transformou num próspero porto comercial, mantendo intenso tráfico com a costa inglesa, Irlanda, França, Espanha e Portugal. Enquanto a cidade progredia, o castelo foi perdendo importância, até ser abandonado por volta de 1560.

Assim estava em 1648, quando os parlamentaristas de Cromwell atacaram a cidade, que conseguiu se defender por um bom período, porque as muralhas da vila haviam sido reformadas há pouco tempo. Todavia, a cidadela caiu e o chefe dos parlamentaristas mandou demolir as defesas do burgo. As pedras do castelo foram usadas na reconstrução de várias casas afetadas pelos canhões de Cromwell.

O Pembroke Castle não é um castelo real, mas privado, ou seja, propriedade de um senhor feudal. Fica às margens do Mill Pond e ainda hoje conserva os altíssimos muros externos supergrossos (coisa de cinco metros de espessura), em cujo topo estão as passarelas por onde os vigias do castelo andavam. São poucas as paredes internas supérstites.

No meio do pátio, a imponente e enorme torre redonda (keep), um sólido bloco cilíndrico feito de pedras com mais de 20 metros de altura e 15 de diâmetro. Recomenda-se muito cuidado ao se andar nas passarelas do castelo em dias de vento forte ou chuvosos por serem muito perigosas.

Dentro dessa torre central quatro círculos enormes de madeira eram fincados em buracos na parede, formando cinco andares no interior do prédio. O topo é caiado e alto, criando um efeito de bela simplicidade.

   

Nos ângulos das muralhas ficam as torres. As mais interessantes são a Dungeon, onde fica o cubículo cavado no chão, no qual os prisioneiros eram atirados, e a torre chma ada de Henry VII, onde teria nascido esse monarca.

Outra construção impressionante é o Great Gatehouse, uma construção cúbica com formas cilíndricas nas extremidades. Ali ficava um dos portões de acesso ao castelo. Era também uma construção residencial e nela está hoje o museu que mostra a história de Pembroke, seus condes e dos Tudors. Há também salas dedicadas a histórias mais modernas, de cunho militar.

Do topo do castelo se vê o riacho e a ponte de pedra que passa sobre ele. É um conjunto muito bonito.

Segue para St. Dewi ...

Índice do País de Gales



Criado e administrado por Marco Polo T. Dutra P. Silva

® Site registrado na Biblioteca Nacional desde 2003. A reprodução de partes de artigo é permitida desde que informado o título dele, seu autor e o endereço da página web correspondente.