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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Portugal

Alcácer do Sal

Em Alcácer do Sal conseguimos um quarto de frente para o largo e escuro rio Sado. O dono do hotel é falante, mas a esposa parecia envergonhada dos estrangeiros. Mas soltou-se com o passar dos dias. Conhecemos um goiano que trabalhava no conserto das vias e sempre se hospedava nesse hotel.

A cidade já foi chamada de Bevipo e Kétion nos antigos mapas e teria sido fundada como uma feitoria fenícia. O rio Sado, em verdade, é o fundo de um estuário ao sul do Tejo, com foz em Setúbal e Tróia. O território é ocupado há pelo menos 10 mil anos e foi um importante produtor de sal, sagum (peixe salgado), lãs e ânforas. Pelo sal, os romanos denominaram-na Salatia Urbs Imperatoris. Depois vieram árabes e ela virou Al-Kassr Abu Danis, de onde procede o nome atual. Mas os nativos são chamados de salaciense, salaciano, alcacerense ou alcacerano.

No mesmo dia, visitamos o Castelo local, fortaleza defensiva cedida para uso da Ordem Militar de São Tiago da Espada. Em 1573 a Ordem foi substituída e o local serviu para abrigar o Convento de N. Sra. de Aracoeli, das freiras clarissas até o século XX. Em fins desse século, foi ali inaugurada a Pousada D. Afonso II e feitas escavações arqueológicas. Um museu hoje guarda parte das estruturas e objetos encontrados nessas escavações, a chamada Cripta Arqueológica.

A visita ao museu inicia-se com um vídeo de 8 minutos mostrando a ocupação do local desde a Idade do Ferro (século VII a.C.), passando pela era romana, visigótica, muçulmana e cristã. A meu ver, erram ao associar a Idade do Ferro aos fenícios, uma vez que nenhum objeto desta gente foi ali achada, datável de antes do século IV a.C., quando gregos e fenícios passaram a freqüentar a área em intensa troca comercial com a população local. Deste comércio vemos algumas peças interessantes, tais como um escaravelho sagrado, tipicamente egípcio, encontrado na Necrópole do Olival do Senhor dos Mártires, um talismã representando o olho do deus egípcio Hórus, estatuetas de guerreiros orantes de Mariz oriental ...

Em seguida sai-se a ver o que foi mostrado no vídeo. No corredor de entrada, uma galeria expositiva das peças mais importantes encontradas e em seguida a visita aos salões onde estão exibidas e explicadas as diversas áreas dos antigos edifícios.

Ainda no castelo, está a igreja de Santa Maria, que foi de propriedade da Ordem de Santiago. Ali estão enterrados alguns antigos cavaleiros. Seu púlpito é do século XVIII e dizem ser o primeiro em Portugal.

Uma das capelas era azulejada e nela estava enterrado o cavaleiro dessa Ordem, Rui de Melo de Noronha.

Em outra igreja, de São Tiago, serviu um frade brasileiro, o beato Francisco de Magalhães, falecido em 1570.

No restaurante do hotel provamos um torta de pinhão, um bolo de mel e um rebuçado de ovos, típicos da região. Mas eles se orgulham também do bolo real, dos pastéis de feijão e amêndoas. Também de destaque, o tempero típico da cozinha alentejana é o coentro.

Numa noite fomos jantar num restaurante próximo ao hotel. Aliás, é restaurante no térreo e pizzaria no andar de cima. Nota: lá elas falam piza e não pitsa como nós.

Pois bem, fomos atendidos por uma jovenzinha muito tímida, que nos trouxe um monte de pratos de entrada: azeitonas, chocos, pão, diversos tipos de queijos, manteiga ... Tudo muito farto. Nisso vem o mestre-cuca, um gajo divertido chamado Rui, para ver se estava tudo a contento. Nisso a moça esbarrou na bolsa da Mithiko e ele não perdeu a vez: "cuidado! ela é uma famosa "carteirista" (punguista) em Alcácer". A moça ficou toda sem graça. Já na véspera de partir de Alcácer, fomos à "pizaria" e na saída demos de cara com ele. Quando soube que estávamos indo a Albufeira, recomendou: "cuidado, que as garotas de já são muito "giras" (lindas)".

No dia seguinte, fomos conhecer as ruínas romanas de Cetóbriga, perto de Tróia, na península que fecha a parte sul do estuário do Sado. Mas o sítio fica em propriedade privada e estava fechado. Na região, um monte de resorts. No caminho, passamos pelas minúsculas Montevil e Comporta. Nesta última, inúmeros quadriláteros inundados na terra. E nos topos dos postes, ninhos de cegonhas.

Segue para Setúbal ...

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