Dia 30. Estivemos no Mosteiro de Alcobaça, monumento em estilo gótico, segundo panteão da monarquia lusitana e também patrimônio cultural da Humanidade.
O uso dele começou em 1178, a partir da doação do terreno e feudo feita em 1151 (1153, segundo algumas fontes) por D. Afonso Henriques a São Bernardo de Claraval. Foi ocupado em 1223 pelos religiosos cistercienses.
A igreja é a maior existente em Portugal, com 106m de comprimento, 20m de altura e 21m de largura. As naves são muito altas, mas sem muita decoração.
No transcepto estão os túmulos de D. Pedro I e de dona Inês de Castro. O casal é famoso e já foi objeto de menção nos Lusíadas
Dona Inês ... mísera e mesquinha
Que depois de morta foi rainha
Dona Constança Manuel, filha do fidalgo castelhano D. João Manuel e de dona Constaça de Aragão, chegou a Portugal para ser esposa do príncipe D. Pedro. Com ela veio uma aia galega por nome Inês de Castro. Dom Pedro se enamorou da moça e a fez sua amante.
O pai de D. Pedro, D. Afonso IV, não aprovava a vida devassa do filho e encomendou o assassínio de D. Inês na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Mas quando D. Afonso morreu e D. Pedro ascendeu ao trono, mandou exumar a amante, mandou colocar o corpo já putrefato no trono, a fez rainha e obrigou os nobres a beijar respeitosamente a mão dela.
D. Pedro morreu em 1369 e foram ambos enterrados nesta igreja. No túmulo dele, uma testeira chamada A Roda da Vida, relembra o amor deles em várias figuras. Também mostra o desespero do infante vendo o corpo defunto da amada. Já o túmulo de Inês de Castro está assentado sobre os bustos dos cavaleiros que a assassinaram. A testeira representa o Dia do Juízo Final.
Ambos os jazigos foram bastante danificados em revoltas populares e pelos exércitos napoleônicos.
Ainda no transepto está a capela chamada Grupo da Morte de São Bernardo, igualmente bastante danificada pelos soldados da tropa de Napoleão, e parcialmente restaurada. São Imagens bem antigas, obra dos antigos barristas de Alcobaça. Nela, anjos acompanham a deposição do corpo do santo ao jazigo. Nos rostos deles lê-se facilmente a tristeza. Ladeando a capela estão os túmulos de D. Afonso II e D. Afonso III.
Numa capela ao lado do sepulcro de D. Pedro, está o panteão em que jazem as rainhas D. Urraca (cuja lápide tumular está deteriorada e dela só se lê "... uxor Regis alfonsis 2. Iacet hic anno 1220") e D. Beatriz, além de diversos infantes sem identificação.
Junto ao transepto está a Sala dos Reis, onde painéis em ladrilhos azuis e branco no terço inferior das paredes mostram cenas relativas à fundação do mosteiro por São Bernardo, o voto feito por D. Henriques antes da tomada de Santarém e outros eventos importantes para o mosteiro. Elevados nas paredes, nichos sustentam imagens de metro e meio de altura dos reis de Portugal (exceto os três Felipes espanhóis).
Da Sala dos Reis se sai para o claustro D. Diniz (ou Claustro do Silêncio), onde está a Sala do Capítulo, onde os monges se reuniam para orações solenes ou assembléias da ordem. Logo à entrada dessa sala se pode admirar o túmulo de um abade de Alcobaça.
Nas laterais deste claustro as paredes contém muitas inscrições epigráficas medievais, algumas tumulares, outras informativa. Como exemplo,:
HIC REQUIESCIT DON GÕDSALU' MENEDI DE SAISA CUIUS ANIMA IA(D?)Õ Ï PACE AMË |
Aqui descansa Dom Gonçalo Mendes de Sousa cuja alma (ininteligível) em paz. Amém |
Do pórtico do claustro saem os acessos ao dormitório, ao refeitório, à cozinha e à sala dos noviços. Todas em pedra lisa, sem suntuosidade. E também é ali o acesso à Capela das Relíquias, ou Relicário.
Por uma escada se pode subir ao dormitório, um enorme espaço com três naves de quase 67m de comprimento, austero, sem decoração. Dele se vê a nave e altar da igreja e o claustro.
O refeitório é um salão grande e em uma das paredes há uma escada que leva ao púlpito de onde era lido o Evangelho ou outras obras pias durante as refeições. A cozinha, ligada ao refeitório, tem uma chaminé enorme, hoje decorada. No portal do refeitório uma inscrição em latim: "considerai que comeis os pecados do povo"
A Sala dos Noviços é mais próxima ao rio Alcoa e, por isso, tem o teto mais baixo, para manter algum calor no ambiente.
Não pudemos visitar a Capela das relíquias por estar fechada. Mas as fotos mostram uma pequena capela poligonal em madeira policromada predominando o dourado, com nichos que albergam 7 estátuas de santos e 71 bustos-relicários (figuras de Jesus ou de santo que trazem um estojo ao peito com visor de vidro e uma relíquia de santo no interior).
Uma escada pequena ao lado da fonte do claustro nos conduz ao Terraço do Lavabo, onde ainda existe um relógio de sol.
O conjunto monástico tem outros quatro claustros seiscentistas ou mais novos, nenhum aberto à visitação: Claustro de D. Afonso VI, o a Prisão, o do Cardeal e o da Biblioteca (ou do Rachadoiro).
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