Seguimos para Bragança, onde nos hospedamos na zona rural suburbana da cidade, no vale do rio Fervença. Como estava quente, pensamos em terminar a tarde na piscina no fundo do hotel. Mas, para surpresa nossa, quando chegamos lá, a piscina mais parecia um tanque de peixes. O sol já estava se pondo e desistimos da água.
No dia seguinte fomos de mala e cuia para a cidade. Deixamos o carro numa ladeira perto do Centro de Turismo e saímos a passear pela cidade.
Visitamos o interessante Museu do Abade de Baçal, um dos melhores da região. São apresentadas diversas peças romanas, principalmente uma grande coleção de lápides. Da época pré-romana sobraram três berrões (figuras de animais, geralmente porco ou javali ou touro). Em outra sala há bonecos e máscaras de um carnaval local, chamado de Festa dos Rapazes, que ocorre em dezembro. Há também louças e porcelanas antigas. E imagens a óleo dos bispos locais, iniciando com o galego que conseguiu a transferência da sé de Miranda do Douro para Bragança.
Perto do museu, vimos a igreja de São Vicente, onde uma lápide informa que ali se casaram o rei D. Pedro e sua célebre amante D. Inês de Castro.
Subimos ao forte e nele entramos pela porta da rua Rainha D. Maria I. Após a porta uma ampla praça, tendo à direita a Torre de Ménage do século XV, hoje um museu militar, que estava fechado.
À esquerda da praça, a igreja de Santa Maria, também conhecida como N. Sra. do Sardão, cuja fundação remonta à fase da reconquista do território transmontano aos castelhanos pelos guerreiros neo-cristãos das Astúrias, o Museu Ibérico da Máscara e do Traje (dedicado à Festa dos Rapazes) e o Domus Municipalis, um misto de edifício de cisterna para captação das águas pluviais e de Câmara Municipal.
Perto da porta da rua Trindade Coelho vimos o pelourinho, composto de duas peças: o pelouro propriamente dito e uma figura zoomórfica proto-histórica que forma a base do conjunto, conhecida como Porca de Bragança ou Porca da Vila.
Das rondas do forte não se consegue ver o rio Fervença, por ser estreito e ter a calha funda. Entretanto o alinhamento das casas nos faz perceber o curso do rio.
Descemos o morro em direção à catedral de Bragança. Ela não é grandiosa, mas guarda um ar grave e antigo.
Quando chegamos, a igreja estava fechada, mas uma porta parecia levar ao interior dela. Quando entrei, um cachorro branco estava ali, cochilando, se refrescando do calor reinante. Quando me viu, chispou. Claro que o sem-vergonha estava acostumado a ser enxotado dali. Pois bem, rodamos alguns minutos na praça diante da catedral. Mais tarde abriram o museu e lá fui eu. Ao entrar, quem estava lá deitado no chão se refrescando? Novamente saiu zunindo pela porta. E provavelmente pensando "esse brazucas não vão me deixar em paz?"
Detrás da catedral, uma praça com uma refrescante fonte. Descemos da catedral para o carro. No meio do caminho entrei num barzinho para comprar uma garrafa de água. Percebendo o sotaque, o dono do estabelecimento passou a comentar as revoltas de junho no Brasil. E arrematou: "Portugal só tem velhos, não consegue fazer o mesmo".
Segue para Miranda do Douro ...
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