Encontrar nosso hotel em Castelo Branco não foi uma tarefa simples. As indicações dos locais foram sui generis: "depois corta para cima, em seguida corta para a esquerda ...". Nenhuma referência objetiva (supermercado, banco etc.).
Mas Castelo Branco foi só um lugar de pouso. Não chegamos a conhecê-la e a 2 de junho rumamos para Coimbra.
O trajeto é um sobe desce de altas montanhas, em particular as altíssimas serras do Muradal, da Gardunha e de Lousã, e passa por diversos vilarejos tranquilos até demais, com casas geralmente brancas. As primeiras serras têm vegetação abundante, salpicada por giestras, uma flor silvestre amarela.
Em meio a essas serras corre o rio Zêzere.
Já no trecho final do caminho os morros já estão desmatados e cobertos de olivais. Nos cocorutos deles, fileiras de cataventos enormes giram solenes e preguiçosos, quebrando com suas pás o silêncio da mata.
Chegamos a Conimbriga, ruínas de uma cidade da Idade do Ferro ocupada pelos romanos em 136 a. C. Fica perto de Condeixa-a-Nova.
Posteriormente, o foro foi transferido para as margens do rio Mondego, para a cidade de Aeminium. Em 468, com a chegada dos hostis suevos, também o bispado foi transferido para Aeminium.
Conimbriga é extremamente bem conservada. Estão expostas as fundações de algumas casas (a dos Esqueletos e a do Mosaico da Cruz Gamada), em meio ao que sobrou dos espaços da lojas, junto ao muro romano. Ainda deste lado do muro está a Casa das Fontes, ou Casa dos Repuxos), coberta para proteção, com os cômodos ainda cobertos de téssaras, e umas termas pequenas, possivelmente privadas. Em torno da fonte principal, ainda mantêm um sistema de irrigação que ilustra como pequenos bicos de água umedeciam o ambiente e deixavam no ar o som suaves de minúsculos jorros de água caindo na fonte.
Já do outro lado do muro está a Casa de Cantaber, um nativo importante romanizado, citado num documento como sendo dono da primeira casa depois do muro. Ele vivia em 1468, pois foi também vítima do ataque dos suevos.
Desse lado também estão as termas grandes, públicas, cuja água era abastecida por um aqueduto ainda visível em grande parte. E, por fim, o foro, cercado pelas fundações das lojas e tavernas de então. Sob a área sagrada do fórum há restos de casas de nativos tão importantes que fizeram os romanos mudarem sua forma de construir os foros. Mais tarde, desaparecida a família importante, sobre essas casas se refez o foro, agora no modelo tradicional, com um templo diante de uma praça quadrilátera.
Ao lado das ruínas, o museu com as peças ali recolhidas.
Os guias de turismo sugerem uma visita a Condeixa-a-Nova para ver o Palácio dos Sás. Mas soubemos que ele foi demolido para o alargamento de ruas.
Segue para Coimbra ...
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